Leio no blog do Jamildo:
Segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda), a renúncia fiscal das medidas anunciadas hoje –como a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) por três meses para uma série de materiais de construção e a prorrogação da redução do mesmo imposto para veículos– será de R$ 1,5 bilhão.
Para compensar essa perda de arrecadação tributária, o governo vai elevar as alíquotas do IPI e do PIS/Cofins sobre os cigarros, que terá validade a partir de 1º de maio. A perspectiva do governo é que o preço final do produto suba até 25% com a decisão.
[…]
Segundo ele, a decisão de elevar a carga tributária sobre os cigarros tem efeito positivo duplo. “É bom para a saúde daqueles que fumam porque vão sentir no bolso, mas é melhor que eles sintam no bolso do que no pulmão”, disse Mantega.
Pergunta óbvia que não quer calar: caso o “efeito positivo” de “desestimular o consumo de cigarros” seja realmente alcançado, quem vai pagar a conta do R$ 1.5 bi, já que os ex-fumantes desestimulados pelos altos preços dos cigarros não vão mais pagar os impostos que a medida mesma de aumentar o preço dos cigarros se propunha a arrecadar? Como pode uma medida qualquer ter “dois efeitos”, cada um dos quais anula o outro?
Se os duplos efeitos positivos do Ministro da Fazenda são obviamente excludentes [já que para arrecadar impostos é necessário que as pessoas não deixem de fumar e, caso elas deixem de fumar, o resultado vai ser a não-arrecadação dos impostos], que sentido – à exceção de uma demagogia barata – faz o discurso do sr. Guido Mantega?
A não ser que seja o sr. presidente a tomar sobre seus ombros o encargo de arcar com a conta…
Caro Jorge,
Pelos seus posts já notei que tens o vício do fumo. Nunca pensastes em parar de fumar? Só terias a gahar, não achas? Mas claro, a decisão é 100% tua! ;)
Caro Alien,
Não, ainda não pensei seriamente em parar de fumar ;-)
Obrigado pela preocupação.
Abraços,
Jorge
Para o Alien:
http://lusavoz.blogspot.com/2008/01/sade-como-instrumento-da-felicidade-o.html
http://lusavoz.blogspot.com/2008/01/o-totalitarismo-dos-bens-individuais.html
Caro anônimo:
Obrigado pelos links – muito interessantes!
Mas veja bem: em nenhum momento eu discordei da opinião de Jorge Ferraz acerca da posição dúbia do governo. Concordo com ele nesse aspecto. O que quis questionar ele, somente, foi se ele nunca tinha pensado em parar de fumar.
Eu, por exemplo, nunca fumei. Nem minha esposa. Nem ninguém do meu círculo próximo de amigos. Na nossa casa não possuímos nem cinzeiro, e os convidados sabem que lá não se fuma nem é permitido fumar (em casos extremos pede-se que se vá fumar no pátio, e que as cinzas caiam no gramado).
Tenho um casal de tios que esses sim fumam bastante e nota-se na casa dele, nas roupas deles nitidamente o cheiro da fumaça de cigarro. Tanto é que nossa filha pequena (de 6 meses e meio) nem suporta ficar muito tempo no colo dessa minha tia… para vocês verem que não é “birra” de adulto…
E ninguém pode negar os malefícios do cigarro, não é? Inclusive o uso de cigarro por gestantes pode contribuir para abortos, não é? Podemos, sim beber socialmente. O próprio Jorge já disse indiretamente em outros posts que gosta de um chopinho (e eu também!) mas nunca soube que se pode fumar socialmente. Fuma-se porque está viciado, não é? Corrijam-me se eu estiver errado, por favor!
Jorge, você não se importa que eu fale essas coisa, não é? Notei que és uma pessoa muito inteligente e instruída, por isso gosto de expor minhas opiniões aqui, onde posso não concordar e não ser “concordado”, mas sempre com respeito (desde que mantendo o “nível”), ok? :-D
Caro Alien:
Os motivos para se fumar são bastante diversos. Fuma-se para passar o tempo, para aplacar o cansaço, para espantar mosquitos etc. Para uns é vício, para outros é descanso, para outros é satisfação etc.
E, sim, claro, pode-se fumar socialmente.
Basta você fazer parte de um clube de apreciadores de charutos, por exemplo.
Casualmente, uma amiga trouxe-me uns “puros” cubanos. Como não sou assim tão viciado, ainda nem abri a caixa.
Mas prometo fumar um ou dois após o almoço no Domingo de Páscoa. Junto com o cafezinho expresso que minha esposa faz! Hmmm! É uma verdadeira Ressurreição!
Caro Alien:
Minha esposa cozinha muito bem e nossos almoços de Domingo são famosos aqui na cidade.
Prometo que ninguém vai fumar cigarros. Se você suportar o cheiro dos charutos, venha também que você não vai se arrepender.
;-)
Meus filhos adoram o cheiro achocolatado do tabaco honesto.
Caro João de Barros:
Peço perdão: quando falei em “fumar socialmente” estava me referindo especificamente à fumar o cigarro normal, desses que se vende em qualquer boteco da vida.
Falando em charutos: o que talvez tivesse curiosidade em provar alguma vez seria um cachimbo (não o “da paz” como fala Gabriel, o Pensador, rsrsrs) mas aqueles tradicionais: uma vez estive perto de um fumador deles o o odor até me pareceu agradável, aromático! ;-)
Alien,
Pode ficar à vontade para falar “essas coisas” – eu não me importo. ;-)
Quanto ao cigarro, o JB fez um comentário pertinente. De minha parte, estou convencido de que é necessário lutar contra a substituição da Moral Católica pela moral do Paulo Cintura. A virtual totalidade das medidas anti-tabagistas que encontramos [supertaxação, terrorismo psicológico dos ministérios da saúde, imposição da proibição de fumo em certos ambientes, etc, etc] possui algum vício de princípio.
Permanece muitíssimo atual o que disse certa feita Chesterton: “To have a horror of tobacco is not to have an abstract standard of right; but exactly the opposite. It is to have no standard of right whatever; and to make certain local likes and dislikes as a substitute”.
Abraços,
Jorge
Caro Alien:
Por motivos financeiros, eu fumo com mais frequência cachimbo que charutos. Embora hajam importantes diferenças, psicológicas entre um e outro, o gosto e aroma é mais ou menos semelhante.
Se quiser, posso lhe dar umas dicas sobre cachimbos e tabacos para cachimbos.
Concordo inteiramente como o Jorge Ferraz.
Hoje em dia, fumar também é uma forma de resistência.
Caríssimo Alien,
eu não sou viciado e costumo “fumar socialmente”, o que contraria a tua tese. Gosto de fumar quando estou curtindo uma boa conversa numa roda de amigos – coisa que tem acontecido, no máximo, duas vezes por mês.
Abraços,
Claudemir Júnior.
Caro Claudemir Júnior:
Muito obrigado pelo esclarecimento!
Pena que, para a esmagadora maioria da população (principalmente os jovens, a “gurizada”) fumar socialmente é muito difícil… praticamente todos que conheço (adultos incluso) são fumantes inveterados já…
Mas concordas ao menos quanto aos malefícios do fumo, não é?
Abraço!
Alien
Caro Alien,
Com todo o respeito, até esses tão decantados malefícios do fumo eu ponho em dúvida.
Parece-me que isso é uma daquelas coisas que se repete sem parar, mas que nunca se comprova e que nem precisa ser comprovada. Uma espécie de imperativo categórico.
Há alguns anos eu não perdia o Programa do Jô (Eca! maus tempos!). Pois bem, lembro-me perfeitamente de uma série de entrevistas nas quais ele recebeu as quatro pessoas mais velhas do Brasil (dois homens e duas mulheres). Cada um tinha em torno de 115 anos. Sabe quantos destes fumavam? Todos os quatro. E era cigarro mesmo, destes que se compra em qualquer boteco. E todos tinham começado a fumar lá pelos nove, dez anos, o que dá mais de cem anos de alcatrão e nicotina para cada pulmão.
Fico pensando: se o cigarro faz tanto mal à saúde, como dizem, essas pessoas, se não fumassem viveriam, sei lá, uns 200 anos?
Um abraço.
Carlos.
Ah, antes que me esqueça, todos os quatro velhinhos gostavam também de uma cervejinha e de uma cachacinha.
Como diria o Kiko: que coisa, não?
Carlos.
Alien,
concordo sim que existem malefícios no fumo, assim como existem malefícios numa boa picanha (a propósito, sabemos bem que as carnes vermelhas têm levado mais gente ao hospital – e à morte – do que os cigarros) e até mesmo numa coca-cola. Mas, não é algo generalizado como os meios de comunicação costumam alardear aos quatro ventos. Concedo que algumas pessoas não têm problemas com cigarro enquanto outras mais frágeis não podem sequer chegar perto da fumaça. Para estas últimas, fumar seria suicídio.
Que sejam feitas campanhas informativas para alertar as pessoas dos riscos do tabaco – assim como dos riscos da carne vermelha, dos refrigerantes, da fumaça dos canos de escape, etc – é perfeitamente compreensível – aliás, até colabora para que as pessoas tenham maior liberdade de escolha. Todavia, o que existe no Brasil e em outras partes do mundo é uma tentativa clara de cercear a liberdade das pessoas através da demonização descarada do cigarro que, ao meu ver, não é nada mais que uma substituição de princípios – ou, melhor dizendo, uma demolição destes: troca-se a autêntica moral católica – de cunho sobretudo (mas, não exclusivamente) espiritual – por uma “moral” gnóstica arbitrária puramente carnal e material.
Abraços,
Claudemir Júnior.
Existem informações rodando na net que dizem ser o cigarro um preventivo contra o desenvolvimento do Mal de Alzheimer.
Terminando minha participação com uma piadinha, inspirada nas informações de N. B. Guarinelo:
“Mal por mal, prefiro o de Alzheimer ao de Parkinson. É melhor esquecer de pagar a cerveja do que derrubar tudo no chão….”
Com todo o respeito a possíveis portadores de algumas das duas doenças… ; )
P. S. – Piadas assim pode (para evitar complicações em futuros posts)… :-/
Correção: na frase final tinha uma interrogação no final da mesma!