Estive agora pela manhã na audiência pública sobre o aborto realizada na Câmara dos Vereadores do Recife, que foi aqui noticiada. Nós fizemos o nosso dever de casa. Houve ontem uma reunião do movimento pró-vida, à qual infelizmente não pude participar; hoje, no entanto, chegamos cedo, ocupamos o plenário, levamos cartazes, faixas e banners. Distribuímos entre os presentes textos, calendários, DVDs de The Silent Scream, folders explicativos; faltando pouco para começar a audiência, éramos quase todos pró-vida.
A audiência foi iniciada pelo presidente da mesa, o vereador Vicente André Gomes, “com a graça de Deus e a proteção do Divino Espírito Santo”. Já ao entrar havia percebido o crucifixo que ficava por detrás da mesa. Esperamos a composição daqueles que iam usar a tribuna; por diversas vezes o presidente da mesa chamou as pessoas para se inscreverem, mas teve que registrar ao final: “não aparece ninguém inscrito para falar em defesa da legalização do aborto”.
Não apareceu ninguém para falar em defesa da legalização do aborto – registre-se. Os abortistas não tiveram coragem de mostrar a cara numa audiência promovida para (nos dizeres da mesa) “ampliar e discutir este tema [o aborto] profundamente delicado”. Na verdade, os abortistas não têm coragem de sustentar a sua posição em um debate público, porque sabem que ela não é sustentável; esta raça de gente só aparece em lugares onde tem certeza de que grande parte do público é a seu favor, ou onde não haja debate e eles sejam somente chamados para pregar os seus descalabros diante dos “companheiros” de militância. Por diversas vezes, do início ao fim da audiência, o presidente da mesa facultou a palavra aos presentes, perguntando com insistência se havia alguém que desejava falar em defesa do aborto; não apareceu ninguém.
Havia abortistas. O médico do CISAM, dr. Sérgio Cabral, estava lá, bem à minha frente; não teve coragem de falar. Havia algumas senhoras da ONG abortista Curumim: tampouco tiveram coragem de subir à tribuna para defenderem a sua causa, a despeito dos rogos do vereador Vicente Gomes. Como baratas que fogem à vista da luz, como morcegos a quem o sol é odioso, eles simplesmente não apareceram. Então, falamos nós.
O Dr. Lamartine falou sobre a novilíngua abortista, aplicada na substituição do termo “aborto” por coisas como “antecipação terapêutica do parto”; como – disse o médico – “se, chamando um leão de gatinho, ele diminuísse de tamanho ou de ferocidade”. Empolgou-se e falou contra o CISAM, dizendo que a sigla bem que poderia significar “Cabeças Inocentes São Amputadas Monstruosamente” – o que fez com que a mesa se sentisse obrigada a, no fim de sua fala, registrar o “órgão sério que é o CISAM”. Após, falou a Dra. Dolly – “como mulher, para defender os nossos direitos”, falando sobre a população brasileira que é majoritariamente (97%) contrária ao aborto, sobre controle populacional e o relatório Kissinger, e sobre a possibilidade de que a garota de Alagoinha tivesse um acompanhamento de sua gravidez sem que os seus gêmeos precisassem ter sido assassinados. A Dra. Gisela Zilsch, por sua vez, lembrou que “liberdade e responsabilidade caminham juntas”, que o feminismo não podia reivindicar o “direito de matar”, que o aborto era inconstitucional – “se nós não garantimos o direito à vida, vamos garantir o quê?” -, que a Curumim e a SOS Corpo cometeram crime de incitação ao aborto, e terminou convidando “o Ministério Público a se manifestar (…) que seja averiguado tudo pelo Ministério Público”. Chuva de aplausos.
Claro, não poderia ser perfeito. Havia uma pessoa que estava do lado do CISAM no plenário: a promotora do Ministério Público, Maria Ivana Botelho. Ao final, ela disse muito claramente que “no caso dela [da menina de Alagoinha], havia respaldo legal para que o CISAM fizesse o procedimento”, porque o artigo 128 do Código Penal admite a exclusão de ilicitude em caso de estupro e o fato da menina ser menor de idade, por si só, já configura estupro, não havendo necessidade de investigar mais absolutamente nada. No meio de suas “ponderações de ordem legal”, fez questão a promotora de frisar que o CISAM “agiu no estrito cumprimento do seu dever”. Dois advogados inscreveram-se para falar neste momento, mas o Dr. Sérgio Cabral retirou-se: após ter ouvido do Ministério Público que ele estava cumprindo o seu dever, não quis mais ouvir as argumentações em contrário.
Basicamente, falou-se o seguinte do artigo 128 do Código Penal: primeiro, que não é uma exclusão de ilicitude e, segundo – e mais importante -, que é preciso investigar sim. As duas condições exigidas (uma ou outra) para que o aborto não se puna são (1) não haver outro meio de salvar a vida da gestante – o que é bem diferente do “risco de vida para a mãe” apregoado a torto e a direito ao grande público e (2) ser gravidez decorrente de estupro, desde que com consentimento da gestante ou de seu representante legal. Quanto ao primeiro, não cabe discutir, porque obviamente o aborto não era a única forma de salvar a vida da mãe. Quanto ao segundo, sim, a gravidez foi fruto do estupro, mas há que se verificar o consentimento do representante legal. O Conselho Tutelar em momento algum autorizou o procedimento; o pai da criança não autorizou até que uma assistente social trancou-o numa sala e disse que a filha dele ia morrer caso ele não autorizasse, o que caracteriza coação e, portanto, faz com que seja fraudulento o consentimento. Há, por conseguinte, o que investigar sim: como disse o professor Barreto Campelo, “as autoridades são omissas”. Não basta que haja estupro. É preciso que haja estupro e consentimento e que o consentimento não seja obtido mediante fraude, obviamente.
SOLICITE INVESTIGAÇÃO!
Conforme email recebido do pe. Lodi:
No dia 4 de março, dois gêmeos foram abortados. A menina de nove ano e a mãe estão incomunicáveis. O crime permanece sem investigação. Para maiores informações, veja
http://www.providaanapolis.org.br/aborecif.htm
TELEFONE GRATUITAMENTE PARA O SEU DEPUTADO OU SENADOR
Use o Disque-Câmara – 0800 619 619
e o Alô Senado – 0800 12211Diga à telefonista que você quer enviar uma mensagem a todos os deputados (ou senadores) do seu Estado. A mensagem pode ser, por exemplo:
Peço a Vossa Excelência que use a tribuna para cobrar da Polícia, do Ministério Público e do Poder Judiciário a investigação sobre o crime de aborto de dois gêmeos praticado em Recife (04.03.2009) em uma menina de nove anos, contra a vontade expressa do pai biológico e sem risco iminente de vida para a gestante. Peço ainda que proteste contra a ocultação da menina e da mãe, que permanecem incomunicáveis até hoje.
MANIFESTE-SE USANDO O SÍTIO DO SENADO FEDERALVocê pode também ir até o sítio do Senado para se manifestar. Navegar até
http://www.senado.gov.br/sf/senado/centralderelacionamento/sepop/?page=alo_sugestoes&area=alosenado
Preencher o campo “Remeter para” com “Comissão e Liderança”. Preencher o campo “Destinatário” com “Todos os Senadores”. Clique em “Solicitação”. Preencha os campos “Remente”, “E-mail”, “Telefone”, “Cidade” e “UF” (obrigatórios). Escreva a mensagem no campo “Sua mensagem”. Pode ser, por exemplo:
Peço a Vossa Excelência que use a tribuna para cobrar da Polícia, do Ministério Público e do Poder Judiciário a investigação sobre o crime de aborto de dois gêmeos praticado em Recife (04.03.2009) em uma menina de nove anos, contra a vontade expressa do pai biológico e sem risco iminente de vida para a gestante. Peço ainda que proteste contra a ocultação da menina e da mãe, que permanecem incomunicáveis até hoje.
Preencha os dados pessoais marcados com asterisco. Clique em Enviar.
MANIFESTE-SE USANDO O SÍTIO DA CÂMARA DE DEPUTADOS
Navegue até:
http://www2.camara.gov.br/canalinteracao/faledeputado
Marque a opção “Solicitar”. Em “Nome do Deputado”, vá até o fim da lista e clique em TODOS. Preencha os campos “Nome”, “E-mail”, “UF” (obrigatórios). Escreva a mensagem no campo “Seu comentário”. Pode ser, por exemplo:
Peço a Vossa Excelência que use a tribuna para cobrar da Polícia, do Ministério Público e do Poder Judiciário a investigação sobre o crime de aborto de dois gêmeos praticado em Recife (04.03.2009) em uma menina de nove anos, contra a vontade expressa do pai biológico e sem risco iminente de vida para a gestante. Peço ainda que proteste contra a ocultação da menina e da mãe, que permanecem incomunicáveis até hoje.
Finda a audiência, era próximo ao meio-dia; ainda conversamos alguma coisa, e depois saímos para almoçar. Com a agradável sensação do dever cumprido por hoje. Mas com a certeza de que ainda há muita – muita – coisa por fazer. Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto; que Ela marche à nossa frente e nos consiga a vitória.
“A audiência foi iniciada pelo presidente da mesa, o vereador Vicente André Gomes, “com a graça de Deus e a proteção do Divino Espírito Santo”. Já ao entrar havia percebido o crucifixo que ficava por detrás da mesa. ”
Jorge, não força a barra. Você queria que os grupos pró-escolha fossem participar ou apoiar um debate aberto com a graça do Espírito Santo, sob um crucifixo? Ambiente hostil é o mínimo a ser dito.
Jorge, quanto à questão do caso da menina de 9 anos, você fica batendo nessa tecla de que o pai era contra o abortamento. Oras, o pai era favorável ao estupro, não? Aliás, foi ELE MESMO o estuprador. Você acha que há necessidade de consultar um degenerado intelectual desses? Você o consultaria em outras questões relativas à saúde ou ao bem estar físico ou mental da garotinha? Você acha que esse monstro deve manter seu pátrio-poder???
Sim, e aqui só repito o que escrevi acima: os abortistas não têm coragem de sustentar a sua posição em um debate público, porque sabem que ela não é sustentável; esta raça de gente só aparece em lugares onde tem certeza de que grande parte do público é a seu favor, ou onde não haja debate e eles sejam somente chamados para pregar os seus descalabros diante dos “companheiros” de militância.
Mallmal, você está confundindo. O estuprador foi o PADRASTO e quem era contra o aborto era o PAI BIOLÓGICO. Não faço a mínima idéia de qual era a posição do estuprador sobre o caso.
Abraços,
Jorge
Jorge, apenas um lembrete:
o pai da criança (refiro-me ao pai da garota de nove anos, fique claro) não autorizou o abortamento de forma alguma. Ele realmente, após clara coação, chegou a concordar com a “assistente” social, mas, após recobrar a consciência, voltou atrás e não autorizou o assassinato cruel das netas gêmeas. Apenas quem autorizou a barbárie – também sob coação e tortura psicológica, vale lembrar – foi a mãe da menina de nove anos, que foi obrigada a “assinar” um documento com a impressão digital, visto que era analfabeta.
No mais, parabéns pelo excelente resumo da audiência.
Abraços,
Pacheco.
Depois de dizer que o pai era estuprador, o que poderia dar um bom processo, só falta o cidadão vir falar aqui que o Malleus Maleficarum foi documento oficial da Igreja. Vamos se informar direitinho das coisas rapaz.
“Mallmal, você está confundindo. O estuprador foi o PADRASTO e quem era contra o aborto era o PAI BIOLÓGICO. Não faço a mínima idéia de qual era a posição do estuprador sobre o caso.”
Ôpa! Engano meu! :)
“os abortistas não têm coragem de sustentar a sua posição em um debate público”
Talvez porque não tenham tanto treino em retórica schoppenhaueriana como os anti-abortistas. Só que isso é ad hoc e não prova que seus argumentos sejam menos válidos que os seus. ;)
Artur,
Sobre o Malleus Maleficarum.
Se os dois inquisidores dominicanos que o escreveram – Heinrich Kraemer e James Sprenger – não eram católicos, quem era? E o escreveram baseados na bula papal “Summis desiderantes affectibus”… A bula foi resposta à solicitação assassina do Kraemer e:
1) Reconhecia a existência de bruxas (¡adios, infalibilidade papal‼).
2) Dava plena permissão papal para perseguir bruxas e fazer O QUE FOSSE NECESSÁRIO para eliminá-las…
Da Alemanha o “movimento” espalhou-se pela Europa e fez as desgraças todas que o Jorge et caterva (brincadeira!) diz que não foram tão feias…
Já até imagino que haverão respostas inflamadas, portanto sugiro que o Jorge abra um post sobre o Malleus Maleficarum.
Abraço.
Que a Paz esteja com vocês!
Eu aguardava com expectativa informações sobre os esclarecimentos que a audiência pública poderia acrescentar ao debate sobre o diagnóstico clínico e a decisão tomada pelos médicos no caso da menina-criança de Alagoinhas.
Recentemente li um estudo realizado no período de 2002-2003 referente a uma dissertação de mestrado apresentada à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará sobre a Morbimortabilidade Hospitalar de Recém-Nascidos de Muito Baixo Peso (o estudo analisou recém-nascidos com faixa peso entre 501g e 1500g), no município de Fortaleza.
Esse estudo fez uma análise comparativa entre as taxas de mortalidade de Fortaleza, Montevideo e da rede Colaborativa Vermont Oxford – VON.
Foi detectado que todos os recém-nascidos menores de 600g faleceram na pesquisa de Fortaleza como também em Montevideo. A pesquisa de Fortaleza também relata que 4,9% do grupo de recém-nascidos da faixa de 501-750g sobreviveram (portanto podemos concluir que são recém-nascidos com peso entre 600 e 750g).
As informações extra-oficiais são de que os fetos da menina-criança tinham aproximadamente 100g e 6cm e que a gestante já se encontrava na 15ª semana de gestação, sem qualquer histórico de pré-natal, pesando 36kg e com altura de 1,36m.
Assim sendo, ainda continuo aguardando maiores informações sobre o caso para que possa fazer um melhor juízo. Infelizmente, perdeu-se uma boa oportunidade de obter mais dados sobre o quadro clínico da menina e sobre os fundamentos da descisão do corpo médico.
Paz e Bem.
Euripedes Costa.
ERRATA
ONDE LÊ-SE: pesando 36kg e com altura de 1,36m.
LEIA-SE: pesando 33kg e com altura de 1,36m.
Tudo bem, os católicos (não concordo com eles, mas aí é um direito meu) mobilizaram todas as suas forças para combater o abordo numa menina de tenra idade.
Pergunto: fizeram o mesmo com relação ao crime do estupro cometido numa inocente de 9 anos? Enquanto os potenciais estupradores continuarem a ler essas (e outras) verborragias sobre o tema, continuarão a achar que seu crime (seu pecado, no dizer de voces) é de pouca monta, o risco é pequeno em relação ao prazer (???), e tome-lhe mais estupros, mais pedofilia, Ou é tabu para a igreja, o tema?
Senhor Eurípedes,
Dado o teu péssimo histórico de relativismo moral e de óbvio desrespeito ao ensino da Igreja em matéria de tão grave importância demonstrado neste mesmo blog aqui e aqui (leiam acima, para entender o contexto), gostaria de pedir que o senhor não insistisse na defesa do assassinato, sob pena de ter os seus comments apagados.
Obrigado,
Jorge
Senhor “Em busca da verdade”,
Só um débil mental ou mau-caráter intelectual poderia inferir, da oposição da Igreja ao aborto, que o estupro e a pedofilia são “de pouca monta”.
Como o estupro da garota não foi público, não teve a sua futura realização alardeada pela mídia e não foi defendido como um “direito” do estuprador, não haveria possibilidade da Igreja agir para impedi-lo como agiu para impedir o assassinato dos gêmeos. A gente também tem que desenhar tudo!
– Jorge
Senhor Jorge
Não é uma questão de desenhar. Se as energias da igreja fossem dirigidas contra os crimes de estupro e pedofilia do mesmo modo como ela se posiciona em relação ao aborto, com certeza, eles já teriam diminuído.
Alguma vez a igreja já fez uma campanha séria e abrangente com relação a eles? Se já o fez, dou a mão à palmatória. Mostre-ma, por gentileza.
“que o estupro e a pedofilia são “de pouca monta”.”
E eu não inferi nem pedi para alguém o fazer. O que eu disse, noutras palavras, foi: “os potenciais estupradores sentem que, já que a posição da igreja não é tão veemente na condençaão de seus crimes como o é com relação ao aborto, eles podem sentir-se libertos com relação a sua consciência, pensarão apenas nas penas civis.”
Repito minha pergunta acima: Houve alguma campanha universal da igreja com relação aos crimes de aborto e pedofilia? Com relação ao direito da mulher de dispor do próprio corpo ela não titubeia…
Prezado Jorge,
Gostaria de dar os parabéns aos pró-vida de Recife!
Quem dera tivéssemos pró-vida assim em todas as cidades!
Forte abraço!
Em primeiro lugar gostaria de parabenizar o Sr. Jorge Ferraz pelo excelente blog. Sempre que posso leio e fico agraciado em demasia pela qualidade de conteúdo e forma dos seus escritos. Em outro momento já disse que ele consegue expressar de modo magistral em letras o sentimento que muitas vezes não conseguimos nem com a fala.
Quanto à audiência, ela foi relativamente boa. Digo relativamente porque eu realmente senti falta da fala dos abortistas. Uma vez que estavam presentes, poderiam contribuir com seu discurso, o que valorizaria o debate.
É bem verdade que, quando sabem que há alguém bem preparado/formado na defesa da vida, comumente não se apresentam para o debate, por pressupor que o debatedor estará de posse dos dados que desmentem as falácias e a (des)informação utilizada pelo abortistas para (de)formar a consciência da sociedade e suavizar o juízo de valor sobre este hediodo ato de assassinar o mais inocente e indefeso no lugar onde o mesmo deveria estar mais protegido.
Nesse sentido, é muito bom para os que lutam em defesa da vida que os abortistas estejam presentes numa audiência dessa magnitude para apresentar os seus argumentos, pois os mesmos são facilmente derrubados.
Até o próprio médico que participou da decisão/execução do aborto das gêmeas teve todas as oportunidades de defender onde residia a “legalidade” dos seus atos, com base nas questões científicas, tanto da medicina, quanto do direito, mas não o fez. Só não podemos dizer que ficou calado todo o tempo, porque rompeu o silêncio para dar duas ou três entrevistas. Mas não no plenário. Na verdade, ele não quis nem que sua presença fosse registrada no sistema de som, registro esse que estava sendo feito com relação às autoridades e representantes de instituições presentes.
Ressalte-se, ainda, a qualidade dos discursos do Dr. Lamartine, da Dra. Dolly e da Dra. Gisela Zilsch, todos residindo unicamente em questões científicas (médicas e jurídicas), fundamentados com pesquisas publicadas e fatos jornalísticos, tudo devidamente documentado.
Aliás, lembro-me agora que houve sim argumentos dos abortistas, com a fala da ilustre membro do Ministério Público, que fora convocada para integrar a mesa na qualidade de representante do Estado. A colega, infelizmente influênciada pela novilíngua, cometeu alguns deslizes na interpretação do código penal, no que aparentou ser uma defesa das ações das ongs abortistas e do cisam; deslizes estes que mereceram a correção do ilustre professor de direito penal, Antônio Pedro Barreto Campelo (da renomada e festejada família de penalistas, professores e poetas, cujo sobrenome foi emprestado à praças, penitenciária e outros logradouros do nosso estado) no aparte que o mestre fez à fala da Promotora.
Essa foi a minha percepção do evento ao qual estive presente e talvez seja referenciado nalguma matéria veiculada pela TVU, no programa TV CÂMARA, que vai ao ar de segunda a sexta, às 6h30 e às 15h30.
Um novo caso clínico que surgiu hoje no CISAM:
Paciente com seus 20 anos de idade, na 23ª semana de gestação. Bolsa rota precocemente! Começou a apresentar desde o dia anterior febre, a frequência cardíaca da paciente se confundia com a do feto. Ambos apresentavam pulso de 120bpm! Bem, nesse caso ocorre o diagnóstico de corioamnionite. Ou seja, doença infecciosa inflamatória que acomete a placenta. A doença inevitavelmente vai atingir o feto, e o mesmo não sobreviverá, ou apresentará má formação incompatível com a vida, além de ser um fator de altíssimo risco para mãe. Antibioticoterapia é ineficaz. O porquê eu não sei. Vou até procurar as referências. O Prof. Olímpio, ele mesmo, irônicamente falou para a residente: Vamos nos excomungar novamente! E resolveu tomar como conduta a interrupção da gestação com misoprostol(esse fármaco promove o trabalho de parto, ajudando a expulsar o feto da cavidade uterina, não o matando diretamente). Bem a pergunta fica? O que é menos mal para o feto? Tentar tratar a mãe com antibióticoterapia, mesmo sabendo que o mesmo será ineficaz para o feto? Ou induzir o trabalho de parto, praticamente na faixa de aborto. Pela Ultrassom, o feto apresentava menos de 500g?
Diferentemente do caso de Alagoinha, a mãe apresenta risco quase iminente de vida. Uma vez que a mesma está evoluindo para um choque séptico. Está com febre alta e taquicárdica. O misoprostol não vai matar o feto diretamente. De acordo com a literatura, existem fetos com a mesma idade gestacional que sobreviveram após a gestação. Porém desse feto a situação se agrava. Pois o bebê além de ser extremo-prematuro, ainda vem afetado pela corioamnionite, o que torna as suas chances de sobrevivência praticamente ZERO!
Vale lembrar que interrupção da gestação NÃO é sinônimo de aborto. Os abortistas usam esse termo errôneamente como eufemismo. Para amenizar a expressão, uma vez que a interrupção de gestação em doenças como pré-eclâmpsia, eclâmpsia, Rutura prematura de bolsa, hipertensão gestacional, diabetes gestacional, é rotina extremamente comum nas maternidades, e é moralmente lícito.
Moralmente lícito porque salvam a vida da mãe e do feto.
Jorge,
o problema dos anticlericalistas em geral é a sua exacerbada burrice, misturada com uma dose abissal de má vontade. Eles pensam que a Igreja de Cristo é o império do mal, portanto nada de positivo pode sair dela. No entanto, é bom que eles falem, para que a luz da Verdade possa mostrar os seus pés de barro.
Não se sinta intimidado. Desenhe. Desenhe mesmo. Quem sabe eles entendam alguma coisa…
Mallmal,
O Malleus Maleficarum não foi um documento oficial da Igreja.
O fato de seus autores terem sido dominicanos – católicos, portanto – não bastou para que o manual fosse adotado oficialmente pela Igreja, que, conversamente, o proibiu logo após a sua primeira publicação, incluindo-o no Index.
É certo que mesmo proibido o Malleus continuou sendo utilizado – principalmente nos países protestantes, focos da repressão à bruxaria. É preciso esclarecer, contudo, que a disseminação do manual não se deveu à Igreja e sim – mais corretamente – apesar dela. Na verdade, o Malleus nunca foi retirado do Index e um de seus autores – o Kraemer – chegou até a ser condenado pela Inquisição – inquisição esta que, por seu turno, também nunca empregou esse livro como manual demonológico.
O “frei” Betto também é dominicano e isto não significa que as suas asneiras são da Igreja.
O cara já disse que o programa Fome Zero reproduz o milagre da multiplicação dos pães de Jesus.
É a Igreja Católica quem diz isso? É claro que não.
Tal gororoba retórica pseudo-teológica não passa de ideologia marxista que nada tem a ver com a Igreja.
Existem vários demagogos deste naipe infiltrados na Igreja dizendo essas babaquices.
Em todas as épocas esse tipo de gente existiu na Igreja.
O tal “em busca da verdade” até agora só achou a mentira. E parece que gostou dela.
Que a Paz esteja com vocês!
Senhor Jorge,
Eu em nenhum momento ABSOLVI os médicos, inclusive reafirmo que a conduta deles e de outros envolvidos no processo DEVEM ser apurados com rigor, entretanto, não CONDENAREI enquanto não forem apurados por meios oficiais as razões e as motivações dos médicos. É imperativo que se investigue? Sim, é. Houve ingerência externa na relação médico-paciente? Sim, houve. E a bem da verdade, houve tanto dos “pró-aborto” quanto dos “pró-vida”. O que se viu é que tanto a vida da menina-criança quanto das duas outras vidas que gestava foram postas diante de uma disputa que se trava na sociedade. O que sei é que foi um caso lamentável, iniciado por uma ação de pedofilia pelo padrasto, que evoluiu para contínuas ações de estupro, que levou uma criança a uma gravidez gemelar precoce e de alto-risco, que passou pela ingerência de terceiros os quais desrespeitaram o espaço de decisão de consciência dos pais.
Paz e Bem,
Euripedes Costa.
Senhor Eurípedes,
Sim, tu postaste aqui uma ridícula análise de um texto claro e cristalino do pe. Lodi, insinuando que o assassinato ocorrido em Recife pode ter sido bom, ou pode não ter sido bem assassinato, ou qualquer besteira do tipo. Fizeste uma defesa “à Fisichella” dos assassinos.
O topic terminou assim (leiam acima para entender).
Aliás, a tua própria insistência em “apurar” e “averiguar” dá testemunho disso, porque as gêmeas foram mortas, isto é um fato público e notório que não precisa ser averiguado para se constatar, porque não se apura o óbvio.
– Jorge
Que a Paz esteja com vocês!
Jorge,
O que você qualifica de “rídicula” tratava-se nada mais do que uma hipótese. Por que não? Será que toda morte se constitui em assassinato? Eu não estou aqui neste mundo para condenar quem quer que seja, até porque quem de nós nunca errou? Aqueles que consomem as chamadas drogas lícitas, tal como o tabaco em que elas sabem que só faz mal à saúde, que só há malefícios, no entanto, consomem. Pois bem, não estariam elas atentando contra suas próprias vidas? Por acaso querem elas se matar? Quais seriam as razões para continuarem a consumir?
Houve a ação de um grupo “pró-aborto”, sim lamentavelmente houve, entretanto, é mister que se verifique quais, entre os que participaram daquele episódio, excederam seus limites e, com isso, sejam estabelecidas os limites éticos para as suas ações.
Em momento algum afirmei que duas vidas NÃO FORAM ceifadas, afirmar isso, aí sim, seria ridículo, no entanto, seria ético condenar alguém sobre algo que não presenciamos e tampouco as razões clínicas para aquela tomada de decisão?
A imagem que possuo do caso dessa menina-criança é a de dois grupos disputando a posse de uma menina que se encontrava sob uma gestação de alto-risco para que pudessem comprovar suas bandeiras, transformando-a num objeto, simbolo de suas bandeiras. Você acha isso correto?
Ora, Jorge, você mesmo fez campanha para que se enviasse e-mails para o legislativo a fim de que da tribuna algum deputado ou senador peça ao Ministério Público que abra investigações para um “crime”. Isso é ou não apurar, averiguar? E não o recrimino por isso, pelo contrário, é exatamente isso que deve ser feito.
Sim, que se apure, e que se puna aos que excederam os limites éticos de suas atribuições e, se por ventura, suas condutas foram criminosas que respondam por isso.
Só assim aquele triste episódio produzirá algo de positivo vindo a coibir novos excessos ou pelo menos mitigá-los. Agora, nada posso fazer se você não quiser entender o que estou a dizer.
Paz e Bem
Euripedes Costa.
Senhor Eurípedes,
1. Não existe a menor analogia entre fumar um cigarro e assassinar duas crianças no ventre de sua mãe.
2. Não existem “razões clínicas” que justifiquem o assassinato de duas crianças no ventre de sua mãe (salvo algum caso de duplo-efeito que não foi em momento algum aventado, exceto pelo teu desvario de querer torcer a Doutrina Moral da Igreja para, à Fisichella, inocentar os médicos e minar a autoridade moral da Igreja). Ninguém pode “inventar” um duplo-efeito onde, pelas declarações públicas que foram feitas, ele não há.
3. Antes que tu voltes à ridícula discussão moral, saliento que salvar a vida da mãe por meio da morte das crianças não é um duplo-efeito e não é moralmente aceitável em hipótese alguma.
4. Quem quiser saber o que é uma causa com duplo efeito, leia o texto do pe. Lodi sobre o assunto que é claríssimo. O senhor, senhor Eurípedes, leia-o até entender. Se tiver dúvidas, escreva ao padre Lodi perguntando.
5. O que tem que ser averiguado é o aspecto legal do ato dos médicos, e não o moral, porque moralmente falando é mais do que óbvio que a atitude não é lícita. Pode acontecer, senhor Eurípedes, que o assassinato dos gêmeos não seja passível de punição à luz do Código Penal Brasileiro, mas não pode acontecer, de nenhuma maneira, que ele não seja moralmente errado.
6. Qual foi a parte disso que o senhor ainda não entendeu?
– Jorge
Que a Paz esteja com vocês?
Jorge,
1. Mas o quê estamos a tratar não é justamente do VALOR DO RESPEITO À VIDA. Consumir algo que é RECONHECIDAMENTE prejudicial à Vida, que conduz à Morte, não guarda qualquer correlação com o que estamos a discutir? Estou perplexo!
2. Aqui mesmo neste blog foi dado um exemplo de razão clínica para se induzir uma antecipação de parto. Assim sendo, quais foram as razões dos médicos no caso em questão? Isso não sabemos, só a investigação dirá, inclusive, qual foi o medicamento utilizado? É eticamente correto julgar alguém ou algo sem uma análise das razões e motivações de uma determinada tomada de decisão?
3. Em nenhum momento afirmei concordar com o aborto e tampouco meu posicionamento fere a Moral da Igreja. Ademais, por acaso o Papa Bento condenou a manifestação do arcebispo Fisichella?
4. Não estou a discutir a questão moral em si. É inquestionável que todo assassinato é moralmente inaceitável. O que estou a discutir é se houve uma ação sem qualquer pretexto clínico válido. Indago, seria moralmente aceitável expor aquela criança a uma situação de risco extremo? O próprio ECA determinada que não se deve colocar uma criança em situação de risco, quanto mais sob risco extremo. Será que haveria possibilidade de estender sem que isso agravasse o risco ao qual já encontrava-se submetida? Isso só a investigação poderá responder. O que lamento é que essa menina foi pivô de uma disputa. E isso pra mim foi e é profundamente lamentável. Onde ficou o respeito à relação médico-paciente? Onde ficou o respeitado ao espaço de decisão de consciência dos pais? Para mim, nenhum dos lados respeitaram isso!
5. As balizas éticas devem ser estabelecidas em foros próprios e não sobre uma criança que só almejava ter a sua dor, o seu enjoo, sanado! Essa criança foi lamentavelmente transformada num objeto de disputa de bandeiras. Por isso é importantíssimo que se apure as condutas de todos os envolvidos para que não volte a ocorrer tal situação e para que se estabeleçam os limites e que estes sejam respeitados.
Paz e Bem
Euripedes Costa.