Os ateus. A lei seca. Calvino

– O pessoal da UNA é engraçado. Após eu ter atacado ontem aqui um artigo nonsense sobre a nova encíclica do Papa, fui twittado pelo @UNABr, numa mensagem que, curiosamente, eles apagaram agora, e dizia alguma coisa como “não é a primeira vez que o católico fanático @jorgeferraz critica a UNA com argumentos sem sentido”.

Prontamente respondi-lhes dizendo que tampouco era a primeira vez que a UNA publicava coisas sem sentido para atacar a Igreja. Mandaram-me ler o editorial do blog, dizendo que só atacavam a Igreja “qdo ela dá motivo pra isso”. Respondi: “quando Ela não dá motivo, vocês simplesmente inventam, como foi o caso das duas vezes em que citei a UNA”. Disseram que a “ICAR n tem moral p falar de etica” e mandaram-me ver o documentário que eles tinham postado: trata-se de velharia (aqui, em texto, na BBC) já devidamente refutada há muito tempo (aqui, aqui e aqui), coisa que respondi incontinenti. Para minha surpresa, disseram-me ser “óbvio q o vaticano iria acusar o documentario de falseabilidade”, como se não fosse muito mais óbvio que anti-clericais sem senso moral iriam inventar calúnias contra a Igreja: a defesa d’Ela é simplesmente descartada por ser “da Igreja”, ao passo em que o documentário comprovadamente calunioso é tomado como verdade absoluta, talvez por ser da infalível BBC.

Respondi, em tom irônico: Vai ver, quem tem moral para falar de Ética são os paladinos da UNA, né, os seus textos cheios de “coesão e coerência”… Acho que foi a gota d’água. Em um surto de humildade megalomaníaca, recebi a resposta: “Sim, sou muito mais ético do que qqer padre.  E típico dos religiosos, vc ja começou com as ofensas. Olhe-se no espelho”. E, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, recebo a sentença: “Em três posts, o fanático católico @jorgeferraz já demonstrou ser um TROLL com ofensas, N alimento trolls. Bloqueado”.

Agora, é engraçado. O pessoal despeja porcaria na internet, em público, e fica melindrado quando eu chamo a coisa pelo nome e mostro o nível do anti-clericalismo tupiniquim. O pessoal me twitta e dá xilique quando eu respondo. Vai entender…

* * *

– Entre Milão e Turim, um padre italiano teve a sua carteira de motorista retida porque não passou no bafômetro. “Ele testou positivo para 0,8 grama de álcool por litro de sangue, enquanto o permitido pela legislação italiana é de 0,5”. O padre havia celebrado quatro missas. No ano passado, falei contra a “Lei Seca” brasileira aqui no Deus lo Vult!, citando inclusive o exemplo dos sacerdotes que precisavam tomar o Sangue de Cristo no altar da Santa Missa. Parece que não é só nesta Terra de Santa Cruz que os padres precisam correr riscos no cumprimento de suas obrigações ministeriais.

* * *

Via Gustavo Souza: L’Osservatore Romano e Calvino. O jornal oficioso do Vaticano está ficando cada vez pior! É o péssimo artigo do mons. Fisichella lançando confusão entre o movimento pró-vida mundial, são as loas ao presidente abortista dos Estados Unidos da América e, agora, como se não bastasse, decide L’Osservatore publicar panegíricos a um heresiarca!

O texto original, publicado na última sexta-feira, está disponível aqui. Até pensei em traduzi-lo, mas me faltou estômago. Após ler que o protestante francês não suportava, nas igrejas católicas,  as “immagini troppo venerate, reliquie dubbie, nelle quali vedeva non senza ragione una ricaduta nell’idolatria” e que “[l]’organizzazione calvinista è una creazione geniale”, achei melhor deixar para lá. Talvez já esteja mais do que na hora de enviarmos protestos sérios ao Osservatore Romano.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

23 comentários em “Os ateus. A lei seca. Calvino”

  1. Jorge,

    Preocupado com essa aí do L’Osservatore Romano.

    Bem que o P. Paulo VI alertou sobre a fumaça de Satanás na Igreja…

  2. Jorge, esse padre que você mencionou estava bêbado mesmo. Para atingir a concentração de 0,8 g/L, ele teria que ter bebido 4 doses completas de vinho de uma vez.
    Essa história das missas é desculpa esfarrapada para fugir da prisão.
    Ou vai dizer que padres são pessoas tão especiais que não sofrem de alcoolismo (apesar de sua própria religião estimulá-los a beber DIARIAMENTE)?

  3. E diz como se a missa tivesse de ser celebrada com um litro de uísque todo dia, e não com um golinho de vinho.

    Fala sério, o que mais falta criticar? A cor da estola, que seria uma afronta ao bom-gosto humanista?

  4. Também sou contra a lei seca. E reitero o questionamento sobre qual é o problema de se beber diariamente…

  5. Caro Jorge,
    Esses mimadinhos da UNA, em termos de debate, são mais fracos que sopa de hospital. É só apresentar um argumento que eles não conseguem refutar, ou mostrar que são ignorantes, que eles logo rotulam o adversário de Troll e eliminam sua participação. Jà aconteceu comigo Também. É de dar pena mesmo.
    Um abraço.
    Carlos.

  6. Pois é, esse pessoal do L´Osservatore Romano ultimamente tá cheirando cocaína antes de publicar textos no site. O que é de lascar é tudo isso ser no site oficial.

  7. Quanto a essa história de embriaguez. Isso é equivalente a 4 copos de vinho. O que não significa 4 copos de uma vez só. Um belo de um exagero essa afirmação. E pelo menos eu não fico bebado com 4 copos de vinho. Vale lembrar que o vinho da consagração tem um teor alcoólico um pouco maior que o normal. E eu venho observando que os ateus modernos estão cada vez mais puritanos. Poxa, esses valores politicamente correto são estranhos.

  8. Que a Paz esteja com vocês!

    Jorge,

    Não dá para transformar o padre em vítima. As celebrações não podem servir de salvo-conduto. É uma ação que visa não só a segurança do próprio infrator, mas também dos demais usuários do sistema viário. Concordo com o Mallmal ipsis litteris.

    Paz e Bem.

    Euripedes Costa.

  9. Artur, eu não sabia dessa onda de ateus carolas não…

    E essa carolice deriva do que? Um amor exagerado ao próprio corpo?

    Depois dessa o jeito é tomar uma e relaxar hahahaha.

  10. Leonardo Henrique,

    Obrigado! Eu tinha visto, mas não me lembrei do Michael. Este entra na conta das coisas esdrúxulas publicadas pelo jornal oficioso da Santa Sé.

    Rodolfo,

    Ainda mais porque hoje é sexta. Lá em casa ainda tem meia garrafa de Tequila… :)

    Abraços,
    Jorge

  11. Mallmal e Eurípedes,

    Não vejo nenhuma maneira de se inferir, do fato do bafômetro ter acusado 0,8 g/l, que o padre fosse um bêbado alcóolatra. É pura acusação leviana.

    Outrossim, eu já comentei os problemas da Lei Seca [e equivalentes mundo afora], que pune a priori e prejudica todos por causa das irresponsabilidades de alguns. Ela é problemática em si. No caso dos sacerdotes, o problema atinge as raias do surreal, porque o padre estaria sendo proibido de cumprir com as suas obrigações de estado – e de ordem sobrenatural – por causa de uma lei que não faz sentido!

    Abraços,
    Jorge

  12. “o problema atinge as raias do surreal, porque o padre estaria sendo proibido de cumprir com as suas obrigações de estado – e de ordem sobrenatural – por causa de uma lei que não faz sentido!”

    O padre que ande a pé. Ou leve o coroinha junto pra dirigir. A questão é que o padre cometeu um CRIME segundo a legislação de seu país e não há argumento que mude isso. Se fosse um pai-de-santo ou pastor da Universal, TODOS os senhores estariam sentando o verbo…

    “Não vejo nenhuma maneira de se inferir, do fato do bafômetro ter acusado 0,8 g/l, que o padre fosse um bêbado alcóolatra. É pura acusação leviana.”

    Se eu tivesse dito isso, seria. Como não disse, é pura invenção retórica sua.

  13. Mallmal,

    O padre que ande a pé. Ou leve o coroinha junto pra dirigir.

    Injusto, para dizer o mínimo, e é precisamente o que estamos dizendo.

    A questão é que o padre cometeu um CRIME segundo a legislação de seu país e não há argumento que mude isso.

    Sim, isso é óbvio e ninguém está negando.

    O que estamos dizendo é exatamente que a legislação é injusta.

    Se fosse um pai-de-santo ou pastor da Universal, TODOS os senhores estariam sentando o verbo…

    Se a praxis de exigir dos outros o que não aplicamos a nós mesmos é comum entre os ateus, Mallmal, tenha a gentileza de não extrapolar os teus próprios defeitos a outrem, nem muito menos fazer [mais] acusações levianas.

    Se a legislação é injusta, ela é injusta em si, e não temos o costume de dizer as coisas ora de um jeito e ora do seu contrário, dependendo do que seja conveniente.

    Se eu tivesse dito isso, seria. Como não disse, é pura invenção retórica sua.

    Que o padre “estava bêbado mesmo”, você disse expressamente e, que era alcóolatra, insinuou, ao fazer a pergunta sobre alcoolismo e dizer que missa era “desculpa para fugir da prisão”.

    Abraços,
    Jorge

  14. Se eu tivesse dito isso, seria. Como não disse, é pura invenção retórica sua.

    Que o padre “estava bêbado mesmo”, você disse expressamente e, que era alcóolatra, insinuou, ao fazer a pergunta sobre alcoolismo e dizer que missa era “desculpa para fugir da prisão”.

    Sem contar a insinuação — que o Malmall se “esqueceu” — de que a nossa “própria religião” é que incentiva o alcoolismo, estimulando “a beber DIARIAMENTE”, com o pressuposto de que beber um gole de vinho numa missa diária seria o mesmo que ser alcóolatra — como se não houvesse diferença entre uma taça de vinho diária e, por exemplo, uma garrafa diária de uísque. Que diga onde está o problema em beber diariamente…

    Muitos médicos recomendam uma taça de vinho diária para melhorar a proporção entre colesterol bom e ruim, evitando problemas cardíacos. Pela lógica torta do Malmall, devem ser todos alcóolatras e estimuladores do alcoolismo (particularmente na França).

  15. Que a Paz esteja com vocês!

    Jorge,

    A lesgislação de lá, conforme apresentado, já concede uma tolerância de 0,5g/L, portanto um gole de vinho não seria suficiente para que fosse detectada uma concentração de 0,8g/L. Injusto seria conceder-lhe um salvo-conduto em detrimento da segurança dos demais usuários do sistema viário. Há muitas formas dele contornar tal situação. Essa medida preventiva de retenção da carteira propiciará que ele reveja isso com o apoio da comunidade da qual faça parte. Eu não posso afirmar que o padre seja alcoóltra, entretanto, o ocorrido deve servir de alerta ao padre para que ele faça uma auto-crítica.

    Olha essa notícia: Advogado atropela 4 pessoas em calçada, sendo que 2 morreram e 1 encontra-se em coma com trauma de crânio. O cidadão foi preso, negou-se a fazer o exame de dosagem alcoólica, alegou que estava a 50 Km/h e ainda teria dito o seguinte: “eu tenho dinheiro e isso aqui não vai dar em nada”. Clique aqui e veja a reportagem.

    Paz e Bem.

    Euripedes Costa.

  16. Que a Paz esteja com vocês!

    Informações adicionais:

    Mais de 1.000 brasileiros morrem, por ano, vítimas de acidentes causados por excesso de álcool e cerca de 10% de todos os acidentes com vítimas, resultam de dirigir com excesso de álcool no sangue. Isso porque a bebida alcoólica dá uma falsa sensação de segurança; causa euforia; diminui o controle muscular e a coordenação; prejudica a habilidade de avaliar velocidades, distâncias; reduz a acuidade visual e a capacidade de lidar com o inesperado.

    O consumo de álcool é medido por doses. Uma dose equivale a 14 gramas de álcool. Para se obter a dose-equivalente de uma determinada bebida, deve-se multiplicar a quantidade da mesma por sua concentração alcoólica. Tem-se, assim, a quantidade absoluta de álcool na bebida. Veja 3 exemplos:

    CÁLCULO DA DOSE-EQUIVALENTE DE ÁLCOOL DE UMA BEBIDA:

    BEBIDA ml T.A. VOLUME (ml) g ÁLCOOL DOSE
    Vinho tinto….. 150 12 18,0 14,4 1
    Cerveja (lata).. 350 5 17,5 14,0 1
    Destilada……. 40 40 16,0 12,8 1

    LEGENDA: T.A.=teor alcoólico (%); VOLUME=(volume em ml x T.A.)/100; g ÁLCOOL=VOLUME x 0,8 ou a densidade do álcool; DOSE=14g.

    Do quadro acima pode-se tirar as seguintes conclusões:
    a) cada bebida apresenta um teor alcoólico diferente da outra;

    b) a bebida “mais fraca” das três é a cerveja, seguida do vinho e da destilada;

    c) quanto maior o teor alcoólico, menor será o volume da bebida para completar uma dose.

    Os filhos de pais alcoólatras têm um risco até 4 vezes maior de desenvolver a dependência. Existem também os fatores genéticos que predispõem ao vício.

    Um estudo constatou um maior risco relativo para suicídio e acidentes fatais entre mulheres que consumiam acima de 3 doses diárias de bebidas alcoólicas (Ross et al., 1990). Estudos preliminares indicam que beber de maneira excessiva regularmente pode danificar o cérebro de adolescentes e de jovens adultos, destruindo as células que ajudam a governar o aprendizado e a memória.

    O álcool está relacionado a 50% das mortes por acidentes de carro, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios.

    O risco de acidentes por ingestão de bebidas alcoólicas pode ser avaliado segundo o quadro abaixo:

    RISCOS DE ACIDENTES

    DOSE -> RISCO

    0,6 g álcool por litro de sangue -> 50% maior do que se tivesse bebido com moderação
    0,8 g álcool por litro de sangue -> 4 vezes maior do que a dose anterior
    1,5 g álcool por litro de sangue -> 25 vezes maior do que a dose anterior

    O Código Nacional de Trânsito estabelece que a concentração de 6 decigramas de álcool por litro de sangue comprova que o condutor se acha sob influência do estado de embriaguez alcoólica. Assim, se você bebeu 30 ml (mililitros=milésima parte do litro) de álcool, que corresponde a 2 latinhas de cerveja, 2 copos de vinho ou 1/2 copo de aguardente, o limite legal de 6 decigramas pode estar próximo: depende do seu peso, sexo, tempo que levou para beber, se estava em jejum, etc.

    FONTE: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/etanol1.htm

  17. Fiquei sem acreditar ao ver esse jornaleco lembrar Calvino!

    Fiquei mais incrédulo ainda ao ver este mesmo jornaleco falar sobre Futebol (Real Madri).

    Isso é um absurdo!

    DFLD

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