[Traduzo trecho do Angelus do Papa Bento XVI de ontem. Lembrei-me da malfadada expressão “Igreja Santa e Pecadora” que encontramos amiúde. Desnecessário dizer que o Papa não a utiliza. A idéia por ele retomada é a da Lumen Gentium, capítulo 8: “a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação”.
A Igreja conter pecadores no Seu seio é diferente da Igreja ser pecadora; a primeira expressão é uma obviedade e, a segunda, é herética. É no primeiro sentido que deve ser entendido tudo quanto vem de Roma. São os modernistas que abusam do termo – infeliz, reconheçamos – para “dessacralizar” a Igreja e negar o artigo do Credo segundo o qual a Igreja é Santa.
Conheço uma única utilização da expressão “Igreja Santa e Pecadora” por um Papa: foi João Paulo II em 1982. É claro que o Papa a aplica no sentido católico. No entanto, desde então – talvez por causa da confusão que ela causou -, nunca mais foi utilizada…]
Caros amigos, a mais bela flor brotada da palavra de Deus é a Virgem Maria. Ela é as primícias da Igreja, jardim de Deus sobre a terra. Mas, enquanto Maria é a Imaculada – assim a celebraremos depois de amanhã [terça-feira] -, a Igreja tem continuamente necessidade de Se purificar, porque o pecado prejudica [insidia] todos os Seus membros. Na Igreja, está sempre em ato uma luta entre o deserto e o jardim, entre o pecado que torna a terra árida [inaridisce] e a Graça que a irriga para que produza frutos abundantes de santidade. Rezemos, assim, à Mãe do Senhor, a fim de que Ela nos ajude, neste tempo do Advento, a “endireitar” [raddrizzare] as nossas veredas, deixando-nos guiar pela palavra de Deus.
Bento XVI
Angelus, 6 dicembre 2009
Caro Jorge,
Com muito boa vontade tento compreender essa expressão da Lumen gentium sobre a Igreja, “simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação”, a qual expressão me parece contraditória.
O ensinamento de São Paulo Apóstolo é claro, quando diz que “Cristo amou a Igreja, e por ela se entregou a si mesmo, para a santificar, purificando-a no batismo da água pela palavra da vida, para apresentar a si mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e imaculada.”
Não compreendo como a Igreja, santa e imaculada, Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, pode ter a necessidade sempre de purificar-se. Por outro lado, compreendo perfeitamente que seus membros somos pecadores, cujos pecados no entanto são incapazes de prejudicar-lhe a santidade e a pureza.
Nós, membros do Corpo Místico de Cristo, precisamos urgentemente de purificação e santificação. Como diz o Compêndio do Catecismo (165): “A santidade da Igreja é a fonte de santificação dos seus filhos, os quais, aqui na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessidados de conversão e de purificação.”
Portanto, conforme o Catecismo, somos nós, pecadores filhos da Igreja, que necessitamos sempre de purificação, mas não a própria Igreja, gloriosa, sem mácula, sem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e imaculada.
Além disso, como a Igreja triunfante necessitaria sempre de purificação? O Catecismo de São Pio X nos ensina que “as diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja e um só corpo“. Portanto, não há como falar propriamente em necessitade constante de purificação da Igreja, sem se referir à Igreja triunfante. Mas como purificar aquilo que já está no Céu?
Assim, não chego a compreender o que diz a Lumen gentium, corroborado pelo Papa Bento XVI. Já a expressão do Papa João Paulo II, confiemos que ele a tenha empregado de fato num sentido católico. O discurso, o contexto, nada nos indica isso. Ele usou a expressão escandalosa nua e crua.
Por fim, Jorge, conhece algum documento do magistério, algum texto de um Padre da Igreja, que nos aponte esse ensinamento do Vaticano II?
Abraço, em Cristo,
Renato
“simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação” flagrante prova do ambiguidade e contradição dos termos usados nos documentos do Vaticano II. Começa bem dizendo que na Igreja só membros são pecadores de depois afirma que a mesma é santa e simultaneamente precisa de purificação. Pode uma coisa ser preta e branca aos mesmo tempo? Com certa pessoa consagrada debati uma vez sobre a Igreja ser unicamente santa. Membros da Igreja sim ,são pecadores, mas eles não afetam a santidade da Igreja. Ao que esta me disse: A Igreja é Santa nos seus membros santos e pecadora nos seus membros pecadores. Temos então duas igrejas? Ainda tentei explicitar afirmando que um mal médico não torna a medicina má em si… mas a pessoa insistiu dizendo que eu era a igreja e individualmente e que somos a Igreja. Eu não sou a Igreja. Eu sou um membro da Igreja que pode está morto ou vivo pela graça. Embora continue membro visível mesmo sem a graça.. Se estiver produzindo frutos serei recolhido e guardado no celeiro de Deus. Mas a árvore não é má por que um fruto apodrece. A igreja somos nós, certo. Mas a Igreja não sou eu individualmente e nem você.Se assim o fosse poderíamos atribuir à Igreja a condenação de Santa Joana d´Arc. Mas não foi a Igreja Santa que a condenou. Foram membros,o clero francês, pecadores desta Igreja, vendidos ao poder inglês. Até mesmo em relação a Maria Santo Agostinho escreveu que embora ela seja o mais santo e maior membro da Igreja, A Igreja é maior do que ela, pois esta é apenas um membro e a Igreja é a multidão de todos os redimidos por Cristo. Então a Igreja é santa e puramente santa. Pecadores podem ser seus membros, sempre necessitados de purificação, mas a Igreja é santa por sua origem, por sua doutrina, pelos seus sacramentos e por sua finalidade que é nos conduzir para a santidade.
Antes de qualquer coisa, devemos ser transparentes quando mencionar algo sobre a Igreja Católica, para não correr o risco de se dizer algo contrario aos seus ensinamentos.
Essa cuidado sempre existirá, não é vero?
Pois bem essa expressão que o próprio Papa Bento XVI não aprecia, para mim sempre foi uma expressão que não condiz com a realidade, pois como já disseram enfáticamente outros companheiros de caminhada, ela é santa pelo simples fato do seu fundador ser totalmente santo, e que jamais iria fundar uma instituição pecadora.
Quando alguém adquire uma propriedade, uma fábrica por exemplo, em qualquer circunstância será ele o proprietário a responder sobre qualquer fato ocorrido nela.
Quando dizemos ser a Igreja pecadora, cobramos de Jesus essa possibilidade, dizendo que Ele a fez pecadora, quando nós sabemos ser isso uma grande inverdade.
Então porque, padres o fazem e repetem a frase dita acima, como se fosse uma verdade?
Acredito que a hierarquia da nossa Igreja Católica deva cobrar de seus membros, outra visão da casa onde muitos moram, a Igreja Santa e Imaculada que Jesus fundou.
O correto é Igreja Una, Santa,Católica, Apostólica, Romana, com elementos em sua constituição pecadores, mas que exercitam continuamente sua missão a fim de santificar-se, mas JAMAIS, SANTA E PECADORA
Don Patrô