Na sexta-feira passada, um atirador entrou em uma escola infantil dos EUA e matou vinte e seis pessoas (vinte das quais crianças) antes de se suicidar. A escola Sandy Hook fica «na pequena cidade de Newtown, no estado americano de Connecticut».
Uma das vítimas do massacre de Connecticut foi a jovem professora Victoria Soto. Segundo relatos:
Soto, de 27 anos, reagiu rapidamente quando escutou os disparos no sala de aula vizinha que Lanza havia invadido. Ela disse às 17 crianças que os ruídos eram parte de uma brincadeira e que para ganhar deviam esconder-se nos armários da sala e permanecer em silêncio. Os pequenos a obedeceram.
Segundo diversos meios locais, quando Lanza ingressou na sala de aula, Victoria disse que as crianças estavam em aula de ginástica mas a explicação não convenceu o homicida. Ele abriu fogo contra um dos armários e ela se colocou entre as balas e as crianças para protegê-los, o que terminou custando sua vida.
O Cristianismo da jovem heroína não foi mencionado no mural das vítimas que G1 preparou, para o qual a informação mais relevante sobre a professora é que ela «não tinha filhos e vivia com seu cão, Roxie». O mesmo silêncio se encontra na matéria específica sobre ela. Tratamento bem diferente costuma ser empregado nos casos em que é fácil jogar a pecha de cristão sobre o atirador (p.ex., no caso do atirador maçom da Noruega); nestes, a religião do criminoso parece ser subitamente relevante.
O massacre reacende o velho debate sobre as armas; na última segunda-feira, o João Pereira Coutinho dedicou a sua coluna na Folha de São Paulo ao assunto. Concordo perfeitamente com o articulista quando ele sentencia que «[a] culpa é de Adam Lanza, um psicopata de 20 anos que matou 20 crianças e sete adultos, antes do suicídio clássico. Ele é o responsável. Foi ele quem premiu o gatilho». Discordo, no entanto, quando ele tenta compartilhar a culpa com a mãe do garoto:
Mas Adam Lanza não está sozinho no momento da repartição de culpas: a mãe, igualmente vítima dos crimes do filho, considerava normal ter armas em casa de livre acesso para a descendência.
Mais: de acordo com vários jornais americanos, a começar pelo “New York Times”, a sra. Lanza tinha o hábito saudável de levar os filhos em piqueniques familiares para que todos pudessem descarregar a adrenalina com o seu arsenal doméstico.
Com a devida vênia, a distinção entre o «modesto revólver para defesa pessoal» teoricamente aceitável e os «dois exemplares semiautomáticos –uma Sig Sauer e uma Glock– que deveriam ser reservados, apenas, a policiais e militares» que o psicopata utilizou no crime é bastante irrelevante. O crime não seria menos crime se o indivíduo usasse um revólver no lugar do rifle; aqui, no nosso Realengo, o atirador usou dois modestos revólveres calibre .38, e nem por isso o crime se torna menos bárbaro. À luz da importância da questão qualitativa (se deve ser permitido ou não às pessoas portarem armas de fogo), a quantitativa (uma Glock ou um .38 velho?) perde importância. Aliás, eu não sei nem se esta última existe; a história nos mostra que a reação passional a estas tragédias costuma gerar campanhas pela abolição total das armas de fogo, e não por questiúnculas menores sobre suas características.
A mim, parece-me óbvio que o massacre poderia ser evitado – ou, pelo menos, ter suas proporções reduzidas – se alguém na escola tivesse uma arma (um «modesto revólver» que fosse!) com a qual pudesse abater o psicopata à primeira vítima. Contra os que dizem que defender o cidadão é papel da polícia, peço que olhem para Sandy Hook (e para tantos outros massacres afins que, vez por outra, mancham de sangue os nossos jornais) e percebam isto que se repete com uma regularidade assustadora: quando a polícia chega, o morticínio já está feito. Não poderia jamais ser diferente.
Porque – como diz o J.P. Coutinho ao fim do seu artigo, conquistando mais uma vez a minha concordância – «nem a lei mais razoável do mundo será capaz de parar a criatura mais irrazoável: é a vontade de matar, não o instrumento do crime, que horroriza as consciências sãs». Este é o maior problema. É válido debater maneiras de minimizá-lo; mas dirigir a indignação às armas ao invés de pensar em como se precaver contra os que puxam os gatilhos é errar feio o alvo. Os criminosos não serão extintos à força de restrições legais às armas de fogo. Deve-se pensar no que se pode fazer para evitá-los; e, de preferência, antes que as sirenes da polícia chegando avisem a todos que já se consumou mais uma tragédia.
Que texto mais bobo! Um fanático não perde uma oportunidade de fazer proselitismo religioso. O atirador também frequentava a igreja. E que importa a religião dela? Ela teria reagido da mesma forma fosse budista, kardecista, mórmon, umbandista, etc. É uma questão de instinto de sobrevivência – não tem nada a ver com religião. Nem a família dela colocou dessa forma.
E um ateu não perde a oportunidade de fazer proselitismo ateísta???
Texto mais bobo foi o seu comentário, senhor Gustavo (como sempre, aliás).
A religião CRISTÃ da professora tem que ser destacada, sim senhor. Ora, mas é muito engraçadinho: quando é o inverso, como no caso do atirador da Noruega – bem lembrado no post – aí vale ressaltar a religião do rapaz, né?
E o seu comentário é tão chinfrim que ainda diz que a reação dela foi “instinto de sobrevivência”. Realmente … Ela procurou muito sobreviver salvando as crianças e colocando-se na linha de tiro para que elas não fossem atingidas … Haja fanatismo anticristão!
De fato, somente na mente de um fanático antirreligioso pode se conceber que colocar-se na linha de tiro de um assassino, visando à salvaguarda da vida alheia, seja mero fruto do instituto natural se sobrevivência. Ora, nada mais antinatural ao instituto de sobreviver do que sacrificar sua vida – ou melhor, sua própria sobrevivência – em nome da sobrevivência de terceiros.
Pior ainda é tentar contrabalancear o exemplo cristão da professora aludindo que o assassino também frequentava a missas e cultos. Ora, desde quando sair matando deliberadamente pessoas, em especial crianças, faz parte de alguma premissa ou regra da doutrina cristã?
Por outro lado, doar a sua vida em nome de outras é exemplo ensinado pelo próprio Cristo ao renunciar a si mesmo para a salvação da humanidade. Logo, se por um lado a atitude do assassino não pode ser imputada a sua qualidade de cristão; do outro a atitude da professora pode sim ser imputada a sua religiosidade cristã, pois guarda perfeita sintonia com aquilo que ensinado pela Igreja e pelo próprio Jesus.
Enfim, vemos como o secularismo exacerbado e o sentimento antirreligioso desenfreado leva o ser humano a um estado de indigência mental risível.
Como se religião definisse caráter, Hitler era cristão, um modelo de ser humano, né?
Giuliano: se DIZER cristão não quer dizer SER cristão…VOCÊ sabe o que é SER cristão???
Vcs passam o dia procurando uma baboseirinha mínima qualquer para destilar seus venenos, é triste, mas o fanatismo religioso é tão prejudicial qto o ateísmo extremado. Vcs me lembram um personagem do desenho ‘Os Simpsons’, Ned Flanders, que ”passa o dia procurando programas de tv que ninguém assiste, para achar algo impróprio e pressionar um governo ocupado para fazer alguma coisa”, hahahahaha.
Nossa! Você nem respondeu minha pergunta e desconversou completamente… ou seja: ser digno de pena… um abençoado Natal para você! :)
Giuliano, religião não define caráter, mas predispõe o religioso a realizar atos corajosos. Isto é universal às religiões, como se fosse um dogma primitivo, mas não é intrínseco ao ateísmo (nunca ouvi falar de um ateu que morreu de maneira parecida com a desta professora). Creio que se estuda isto em Antropologia, nos seminários católicos.
Ademais, ainda que não fosse algo relacionado à religião, ainda assim cremos em Jesus Cristo como Deus e Salvador, na Trindade Santíssima, na Ressurreição, no perdão dos pecados, no papa, nos sacramentos, na oração como meio de conseguir graças e forças contra o pecado etc. Enfim, somos católicos de qualquer jeito e, se isto te incomoda, lamentamos (pois queríamos que não incomodasse ninguém, pelo contrário, que agradasse).
Hitler NÃO era cristão.
Os ateus militantes tentam desesperadamente atribuir uma religiosidade cristã a Hitler com base em declarações espúrias, retiradas de contexto, enquanto omitem pilantramente todas as evidências que mostram amplamente o contrário – o imenso desprezo que o ditador alemão nutria pelo Cristianismo, considerado por ele e pelos nazistas em geral a religião dos fracos, obscurantista, subproduto judeu.
Aliás, o comportamento e as atitudes de Hitler são mais compatíveis com o perfil de um anticristão hodierno (conquanto ele tampouco se declarasse ateu).
No mais, é engraçado um anticristão passar aqui num blogue cristão, escrever o lixo que escreveu, atacando gratuitamente, e ainda insinuar que somos obsessivos. Coisa curiosa!
Hitler era cristão sim, Eduardo Araújo. Frequentava a igreja. Tenho um caminhão de provas. E você sabe disso! Não adianta negar, Hitler e toda a cúpula nazista era toda católica!
Zé Maria, por favor: poste aqui o caminhão de provas, ok? ;)