Uma bela mensagem sob um título malicioso: Papa admite mais flexibilidade em relação à admissão dos fiéis aos sacramentos. A malícia está no fato de que o único “rigor” existente em relação à administração dos sacramentos é a exigência de uma vida moral reta, o que exclui, p.ex., casais em segunda união do Banquete Eucarístico. Falar em “flexibilidade” daria, então, a entender que o Papa estaria “relaxando” a prática da Igreja e “liberando geral”, como há tantos que o desejam hoje em dia.
Não fui eu o único a pensar assim. A mesma notícia reproduzida em G1 (aliás, o título ficou muito estranho; “Papa explica como enfrentar sofrimento e sacramentos” passa a impressão de que os sacramentos estão sendo “enfrentados”, e não “explicados” como é o correto) apressou-se em declarar:
O porta-voz esclareceu que, sobre este tema, Bento XVI não fez referência à questão da comunhão para os divorciados, que, segundo as normas da Igreja, não podem recebê-la, pois são considerados pecadores.
À exceção da terminologia inadequada (não é porque “são considerados pecadores” simpliciter, e sim “porque o seu estado e condição de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia” – Sacramentum Caritatis 29), ao menos agiu com honestidade a agência de notícias e não procurou distorcer as palavras do Santo Padre.
Muito bonita e digna de destaque a resposta do Papa, quando foi questionado sobre o sofrimento:
Na segunda parte do pontificado, João Paulo II foi o testemunho verdadeiro de como carregar a cruz; neste mundo do activismo, do jovem e do belo, a mensagem do sofrimento e da paixão tem um valor particular. (…) A presença de Cristo no sofrimento é um ensinamento fundamental do cristianismo. Aceitar o sofrimento é uma dimensão da humanidade.
[Bento XVI]
Sim, o sofrimento é uma dimensão humana que foi glorificada na Cruz do Calvário! Por meio do sofrimento, é-nos possível assemelhar-nos ao Homem das Dores. Ah, consolo tão sublime e tão ignorado em nosso mundo hedonista!
Sugestão de leitura: Salvifici Doloris, de João Paulo II.
Eu já li a Salvifici Doloris e pretendo relê-la. Mudou minha forma de ver o mundo. É um verdadeiro facho de luz para os nossos dias.
Pax et Bonum!