A Folha de São Paulo publicou, na semana passada, um artigo de Dom Javier Echevarría, bispo prelado do Opus Dei, nos oitenta anos de fundação da obra de São Josemaria Escrivá. Algumas pessoas não gostaram e, hoje, saiu a seguinte carta no Painel do Leitor, publicada sem nenhum critério lógico aparente:
Opus Dei
“Gostaria de saber qual é o critério para ceder um espaço importante de debates e opiniões para um bispo do Opus Dei escrever palavras elogiosas à sua seita como as publicadas em “Tendências/Debates” de 2/10 (“Uma semeadura de paz e de alegria’). Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, apoiou o regime fascista do general Francisco Franco na Espanha, responsável por milhares de mortes, torturas e perseguições. Meu avô foi perseguido por aquele regime abominável. E agora sou obrigado a ler sobre a “semeadura de paz e alegria do Opus Dei”. Quero manifestar meu pesar pelo fato de esse grande jornal ter cedido um espaço, que poderia ter sido usado para discussões mais importantes, para elogios de uma seita fascista.”
RODRIGO DÍAZ OLMOS (São Paulo, SP)
É… parece que a Folha de São Paulo está voltando à normalidade…
Caro Jorge,
Patético, o autor dessa carta à Folha.
Começa pela ignorância de não distinguir seita de prelazia, referindo-se o tempo todo a uma prelazia pessoal da Igreja, autorizada pelo Papa, com o termo seita. Haja estupidez desse Rodrigo.
Sobre a Guerra Civil Espanhola, a malta anti-católica investe tudo no “fascismo assassino” de Franco, esquecendo (…) cuidadosamente a violência nada insignificante dos comunistas, inclusive tendo estes assassinado cruelmente inúmeros clérigos. Ou seja: grandissíssima hipocrisia.
A Igreja, que na verdade ficou entre dois fogos, perseguida por uns e outros, optou pelo lado em que enxergava alguma esperança de existência – e esse lado não era o comunista. Comunistas que desde a gênese ideológica, ainda no século XIX, professaram o extermínio literal dos cristãos. Já no século XX, Lenin lembrava aos bolcheviques essa meta, levada a cabo pelos militantes espanhóis. Aí vêm esses hipócritas dando uma de “vítimas”, posando de juízes morais de uma prelazia da qual provavelmente nem saberiam da existência, não fosse a difamação por um escritor oportunista e também mentiroso.
Caro Jorge,
E eu gostaria de saber qual critério esse tal de Rodrigo utilizou para dizer que o Opus Dei (Obra de Deus, em latim) apoiou milhares de morte, torturas e perseguições. Porque, conhecer o Opus Dei, ele não conhece mesmo.
Quem conhece sabe que desde sua fundação, São Josemaria Escrivá (fundador) queria, de fato, transmitir para todos os cristãos a “semeadura de paz e alegria”!
Outra coisa muito importante é que o Opus Dei NÃO é uma seita! O Opus Dei é uma prelazia pessoal da Igreja católia e um caminho de santificação assim como muitos outros da Igreja.
E digo mais, se todas as pessoas conhecessem a Obra, o mundo seria muito melhor. Isso eu garanto a todos vocês.
O Opus Dei é a Obra de Deus mais linda da Igreja Católica.
Um texto interessante que ilustra o que foi a Guerra Civil Espanhola pode ser encontrado neste link:
http://franc1968.wordpress.com/2008/06/24/zapatero-a-historia-reescrita/
É uma visão nada romântica do que foi aquela guerra…
Concordo com você Jorge e com você abaixo(não identificado) como alguém pode escrever esse tipo de coisa do Opus Dei sendo uma OBRA DE DEUS!!! estou indignada!
acabei de assisti um documentário chamado”Opus Dei:Um caminho” e recomendo a todos, explica o que é a Obra e pessoas do Opus Dei falam de suas experiências,aliás eu conheço duas pessoas que participaram desse documentário, quem tiver oportunidade de assistir, não vai se arrepende, logo mais deve estar nas locadoras.
Rodrigo, sinto muito pelo seu avô, mais não culpe São Josemaria e muito menos o Opus Dei você nem conhece o intuito da Obra, então por favor, não faça esse tipo de comentário, é abominável.
Agora para você que está lendo: se você procura um sentido para a sua vida em meio de tanta turbulência, e sabe que Deus é tudo para nós, preste atenção: Deus nos mostra vários caminhos para chegar até Ele, agora eu te pergunto:porque NÃO o Opus Dei ?
Isso foi falado no documentário citado ai no meio do meu comentário.Quem realmente tiver oportunidade e quiser assista que valhe a pena.
abraço a todos, Grazielli
Então a Opus Dei não apoiou mortes e perseguições? E a atuação dessa prelazia no nosso país, na década 60-70… a TFP não perseguiu nossos jovens?… apenas porque eram chamados de comunistas foram ceifados pela semeadura de paz e alegria! Oh! queridos… que santa ingenuidade a de vocês! Ao “bondoso” Josemaria rezo toda a noite para que ele tenha seu espaço ao lado direito do Deus Pai Todo Poderoso! E a você Jorge, com tanta coisa boa para fazer no mundo, principalmente no nosso querido país, procure se informar mais e não acreditar nas aparências e nas palavras… “le fait son’t fait”.
Aproveito para perguntar aos tão sábios e iletradosEduardo Araújo e Ana Monteiro qual é a diferença “de fato” entre prelazia e seita.
Quanto à Grazielli, creio que é voce que ainda não encontrou um sentido para sua vida… procure-o fora da Opus Dei que com certeza você encontrará…assim espero.
Continuem semeando a paz e a alegria!
Senhora Jozelia,
Não.
Não.
Não sei do que a senhora está falando. A metáfora “ceifar pela semeadura” (?!) é muitíssimo estranha.
San Josemaría Escrivà já foi canonizado; a senhora pode pedir-lhe a intercessão, mas não precisa rezar “para que ele tenha seu espaço”. Ele já o tem.
Oui, madamme. Digo-lhe o mesmo.
Uma prelazia é uma estrutura canônica da Igreja. Uma seita é um sarmento seco fora da Igreja. Diferença maior do que essa é difícil de imaginar.
Julgo bastante eloqüente esta aversão à Opus Dei.
Amen!
Abraços,
Jorge
Como em toda polêmica entre fanáticos, há inverdades de parte a parte. Comecemos com Eduardo Araújo:
“A Igreja, que na verdade ficou entre dois fogos, perseguida por uns e outros, optou…”
Exagero, e grande. A Igreja escolheu ativamente e desde o princípio os Falangistas, mas não necessariamente do lado fascista: a maioria de combatentes ultracatólicos era carlista, os famosos Requetés de boina vermelha, com seu grito de guerra “Viva Cristo Rey”. Negar isso seria ofender a memória de homens reconhecidamente bravos, ainda que de opção ideológica discutível.
Franco usou os carlistas desavergonhadamente, dando a eles missões suicidas na esperança que seu número (e sua influência) diminuísse. Conseguiu o que queria.
Por outro lado, o alinhamento da Igreja foi uma questão principalmente de sobrevivência. O maniqueísmo da esquerda mostra em filmes e livros o cura diabólico sendo justiçado pelos Republicanos, mas a verdade é que a maioria deles era semianalfabeta e inocente num Grande Jogo.
Do outro lado, a Dona Jozélia não é muito melhor quando diz que “E a atuação dessa prelazia no nosso país, na década 60-70… a TFP não perseguiu nossos jovens?… apenas porque eram chamados de comunistas foram ceifados pela semeadura de paz e alegria!”
A TFP teve um papel bem restrito, e nunca conseguiu um grande número de filiados. E os jovenzinhos também não eram nem tão inocentes nem tão bem intencionados assim: queriam a Ditadura do Proletariado, os Tribunais Populares, etc. Em todo os países onde o “Paraíso Socialista” foi implantado o resultado foi um banho de sangue, dos oito milhões de Stalin aos oitenta mil dos irmãos Castro.
Se os simpáticos jovenzinhos da Dona Jozélia tivessem vencido (e foram eles a disparar o primeiro tiro, em Recife) a porção à esquerda da Igreja seria provavelmente tolerada, e a restante, perseguida. Por isso, nada mais natural do que alinhar-se aos amigos, e não o contrário.
Não é por que a Guerra Fria deixou de ser um confronto direto que deixou de ser um conflito de verdade. E no Brasil os militares conseguiram (depois de algumas derrotas iniciais) manter as baixas num nível mínimo, e ganhar a partida. Se perdessem, as mortes seriam exponencialmente maiores. Ademais, a diferença entre os porões da ditadura e o julgamento popular na “célula” era só o calibre da bala e a ideologia de quem puxava o gatilho.
Quanto a “seitas” e “prelazias”, parafraseando o Raul Seixas: eu sou agnóstico mas conheço História do princípio ao fim, e a diferença entre ambas me é completamente indiferente, mesmo que pleonástica. Não sei se Escrivá flertou ou se casou com o fascismo (teria sido um idiota se não tivesse mantido pelo menos um namoro distante), mas me lembro que Graham Greeene, um observador contemporâneo e que era católico de rezar terço afirmava que sim, Escrivá era mais do que simpatizante. Por isso a Opus Dei está do lado dos bandidos em Monsignor Quixote.
Como agnóstico, se Escrivá é santo ou não não me interessa, a Igreja Católica já teve santos bem mais sanguinários e esquisitos. Até Buda (São Balaão, Sec. XVI) já foi canonizado à socapa como se fosse católico, para incentivar a conversão dos orientais. Gibbon dizia que o verdadeiro São Jorge não passava de um funcionário romano corrupto.
Por outro lado, quando um Requeté recusava usar o capacete para manter na cabeça a boina vermelha ao avançar de baioneta calada em direção às trincheiras inimigas, sua atitude merece pelo menos reverência e respeito. Ao contrário da esquerda (veja-se Orwell em Homage to Catalunia, p. ex.) a direita espanhola pelo menos nunca se exterminou ou se expurgou entre si.
No meu ponto de vista, quando um Requeté se lançava trincheira acima estava defendendo uma liberdade democrática (liberdade de culto), ainda que guiado por um fanaticismo religioso bem primitivo. E o resultado pode ter sido ruim, mas talvez tenha sido melhor do que a Ditadura do Proletariado. Franco pelo menos arquitetou uma abertura política para depois de sua morte, o que nem Stálin, nem Mao, nem Pol Pot nem Fidel jamais pensaram em fazer.
No mais, saudações descrentes do,
Sérgio.
Parabens Sergio C. Siqueira!! É exatamente o que penso , fanatismos sejam de direita ou de esquerda, ou ainda religiosos são o que existe de mais repugnante no mundo, infelizmente basta surgir uma crença religiosa ou ideologica, muitas até com fundamentos aceitáveis, para logo aparecer na sua esteira os fundamentalistas fanáticos, isto aconteceu com religiões e com ideologias politicas, por isto democracia mesmo com suas imperfeições ainda é a melhor solução para o mundo.