Células-tronco de gordura

Todos os dias surgem na mídia nacional notícias referentes ao estado das pesquisas com células-tronco no Brasil, quer adultas, quer embrionárias. As primeiras, trazem sempre resultados terapêuticos ou, quando menos, perspectivas alcançáveis e bem definidas; as segundas, trazem sempre apenas promessas e utopias.

Segundo notícia de hoje da Folha de São Paulo, será realizado um estudo de uma terapia com células-tronco adultas, obtidas de tecido adiposo, com pacientes humanos, por dois institutos (Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em parceria com o Instituto Ludwig) em São Paulo. Conforme explica a matéria,

[o] estudo envolverá 200 pacientes entre 40 e 75 anos que necessitam passar por uma cirurgia de revascularização do músculo cardíaco (ponte de safena), em razão de lesões nas coronárias e de um enfraquecimento do músculo do coração.

Metade do grupo fará apenas a cirurgia tradicional e a outra metade receberá uma injeção de célula-tronco no músculo cardíaco. Por meio de uma cânula semelhante à usada na lipoaspiração, é feita a punção de 100 ml de gordura da barriga do paciente (…).

[…]

“A intenção é que essa célula-tronco se transforme em vasos sangüíneos e, principalmente, em células cardíacas, o que aumentaria a força do batimento na parede [do coração] que estava parada”, diz o cardiologista Marcelo Sampaio, responsável pelo Laboratório de Biologia Molecular do Dante.

Enquanto os resultados obtidos no mundo inteiro com as células-tronco adultas são mais do que evidentes – “[a] previsão é de que, em seis meses, sejam obtidos os primeiros resultados do estudo”, diz a citada reportagem da FOLHA -, é de se lamentar que uma parte dos 30 milhões reservados para o financiamento dessas pesquisas no Brasil venha a ser desperdiçado na destruição de embriões humanos; e o mais aterrador é não conseguir mensurar quantas vidas ainda serão ceifadas, quanto dinheiro ainda será gasto, quanto tempo ainda terão que esperar os doentes, por causa da teimosia de Mayanas e Lygias.