Uma mesa cheia de crianças

http://it.youtube.com/watch?v=cKCRHhmHvjg

Sua tataravó teve catorze filhos; sua bisavó teve quase o mesmo número; para sua avó, três foram o bastante; e sua mãe não queria nem você, você foi somente um acidente. E você, minha garota, você vai de parceiro em parceiro, e quando você comete algum engano, escapa dele por meio do aborto. Mas algumas manhãs você acorda chorando depois de ter sonhado à noite com uma grande mesa arrodeada de crianças.

Ontem, tendo saído com alguns amigos, nada melhor do que devaneios em mesas de bar. Entre uma cerveja e um cigarro; falávamos sobre a sociedade atual, sobre o feminismo, sobre o valor da mulher, da pureza, da castidade, da virgindade, sobre a libertação sexual, sobre o Cristianismo. Falávamos, enfim, sobre a vida.

Um amigo economista nos mostrava como o feminismo, através da pretensa defesa das mulheres, tem contribuído para tornar a vida delas um verdadeiro pesadelo. Falávamos de diversas coisas; da fertilidade das mulheres (que é muito mais sensível ao tempo do que a masculina), da óbvia diminuição populacional em países cujos cidadãos “inteligentes” e “superiores” tinham poucos filhos, das óbvias conseqüências desastrosas desta regressão populacional, da suposta luta de classes entre os homens e as mulheres… enfim, sobre diversas coisas. Daria para escrever um livro, como sugerimos, brincando, em certo momento da noite. Dentre todas essas coisas que foram faladas, contudo, gostaria de escrever um pouco aqui sobre a crueldade que o feminismo faz sobre as mulheres.

Em particular, por meio da imposição de uma espécie de “ditadura da beleza”! Oras, se a revolução sexual segue o caminho absurdo de, ao invés de valorizar a pureza femina, valorizar a promiscuidade universal, quem é que sai perdendo nesta história? As mulheres, sem dúvidas. Porque se a sexualidade é livre e se a satisfação sexual é o parâmetro que mede a felicidade, e se é necessário ter mais e mais parceiros (como a menina da canção em epígrafe), então o tempo, que tem efeitos terríveis sobre as mulheres, vai inevitavelmente transformar a felicidade da juventude em frustração na idade adulta. Se as mulheres precisam “disputar” entre si para conseguir parceiros sexuais, a disputa pode ser justa dentro da faixa etária da juventude. Sempre há, entretanto, meninas jovens, e as mulheres, conforme envelhecem, vão precisar disputar com as novas gerações que vêm surgindo – o que, sem dúvidas, não é uma disputa justa. A abundância de pretendentes, a beleza física da flor da juventude, a sensação de ser desejada… tudo é palha e vira pó com o passar dos anos. E então vem a frustração.

Como canta Tom Zé: “A Brigitte Bardot está ficando velha, / envelheceu antes dos nossos sonhos. / Coitada da Brigitte Bardot,  / que era uma moça bonita, / mas ela mesma não podia ser um sonho / para nunca envelhecer”. E como conversávamos ontem: se não for para a edificação da família que estiver ordenada a faculdade sexual, a frustração é inevitável. E, para as mulheres, é ainda mais doloroso, porque a maternidade está profundamente inscrita em cada mulher. Isto significa que precisamos resgatar alguns valores perdidos; valores como castidade, pureza, virgindade. Valores como família, como filhos.

A Ditadura da Beleza joga as mulheres numa guerra sem vitória possível. Porque o tempo é destruidor certo de toda a beleza da juventude; e as novas gerações são concorrentes de peso, contra as quais as mulheres mais velhas têm pouca ou nenhuma chance. Não adianta buscar a beleza e os atrativos do corpo; importa buscar os filhos e a construção da família, única satisfação realmente duradoura. Dizia o meu amigo economista que a mãe dele estava com setenta e não sei quantos anos, e a cada ano que passava, mais bonita ela ficava para ele. Em compensação, as “velhas solteironas” que nunca quiseram formar uma família para aproveitar a sua “liberdade sexual”, muito antes do que gostariam viram a sua liberdade ser destruída por causa dos efeitos do tempo. E, quando se percebe isso, via de regra é tarde demais; famílias só se constroem na juventude.

Contra a Ditadura da Beleza ergue-se como defensor das mulheres o Cristianismo, e em particular o Matrimônio Indissolúvel. Sim, porque a mulher sabe não ter condições de competir com outras mulheres indefinidamente; a Doutrina Católica vai dizer, todavia, que o marido dela, não importa o que aconteça, não importa quantas “concorrentes” apareçam, tem obrigação de estar com ela até que a morte os separe. A indissolubilidade matrimonial vai dizer que o marido deve se importar com a sua mulher e não com nenhuma outra. O que mais uma mulher quer? Que segurança maior que essa a mulher poderia esperar? Porque – vale salientar – o divórcio é extremamente injusto para com as mulheres. Afinal, após vinte anos de casados, quem tem mais chance de conseguir “construir uma nova família” pós-divórcio, o homem ou a mulher perto da menopausa?

É sobre a família que tudo deve estar construído. E o vídeo acima mostra como os valores se foram perdendo com o passar do tempo – como a terra que cai pelo caminho conforme é passada de geração em geração -, e urge recuperá-los. Como a mulher que só quer “curtir” a sua juventude, de parceiro em parceiro, abortando quando necessário. Mas, de vez em quando, ela acorda chorando, porque percebe haver alguma coisa dentro dela a lhe dizer que esta vida não tem futuro. Esta mulher é bem representativa das mulheres que encontramos na nossa sociedade, hoje em dia. Estão enganadas, mas podem ser recuperadas. Porque, no fundo, no fundo, esta mulher do vídeo – como toda mulher! – sonha com uma mesa cheia de crianças.

p.s.: a virtual totalidade das idéias acima expostas são devidas a Valter Romeiro, o meu amigo economista citado, a quem não posso deixar de agradecer.

46 comentários em “Uma mesa cheia de crianças”

  1. RECADO PRA SANDRA NUNES.
    BELO DEBATE. VIVA A INTERNET TAMBÉM…..

    Sandra, vc repete e repete que é o casal que decide quantos filhos ter. Será estéril este papo pq só diz isso quem não sacou o que é Sã Doutrina ou Providência Divina. Nela, nós planejamos, mas ANTES, colocamos Deus no centro da questão, e por isso não se usa recurso externos, mas metódo santo ensinado pela Santa Igreja. E confiando na Povidência teremos 1 ou 13. Ele é quem sabe, Ele é quem decide, nós somos incapazes, pq fazemos o sexo mas Ele faz a vida. E com a Providência em 1º plano, mesmo o casal paupérrim jamais terá um de seus 9 filhos no farol. Há exemplos em comunidade Católica do mundo. Aliás, o pai do Pe. Zezinho teve 9, era paupérrimo e um (ainda – Graças a Deus) virou (um bom) Padre, que gerou por baixo uns 200 milhões de reais pra Igreja, e nada pro seu pai, que mesmo assim, jamais viu um dos filhos mendigando ou sem comida. Quem confia na Providência não precisa de tanta previdência. Isto é lei bíblica.
    Abç cléo

  2. CLÉO meu pai é caçula de de 13 filhos.

    Minha mãe teve 5 partos ( três natimortos)

    Eu fui abençoada com dois, não vieram mais.

    Só que, em 90% das famílias, no MUNDO é o casal quem decide.

  3. João,

    Seus filhos devem ser lindos, felizes e melhor, devem saber compartilhar. Nada mais triste que o egoísmo do filho-único.

    Jorge, texto maravilhoso. Música boa com tema importantíssimo. Esta degradação da família tem tantos efeitos colaterais sérios… além da desvalorização da mulher e do envelhecimento solitário e vazio, existe uma coisa muito séria, que é o grande problema de convívio entre as gerações criado pela pouca socialização dentro da família. Reparou que hoje me dia pais e filhos pouco interagem? Eu sempre fiz tudo em grupo com meus pais e irmãos, mas hoje até mesmo nos aniversários de criança OS PAIS SÃO PROIBIDOS DE PARTICIPAR, levando os filhos e os pegando de volta hortas depois.

    Escrevi, um tempo atrás, na Internet, um texto cuja introdução complementa bem esta discussão. Não reparem nos deuses gregos citados – o deus Eros do amor físico, o deus Tânatos da morte e a deusa Mnemósina da memória -, eles foram utilizados como personificação destas áreas da experiência humana.

    O link ainda existe, é: http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=509

    “É tão estranha nossa sociedade moderna! Falamos o tempo todo da evolução da humanidade, de como hoje as pessoas vivem mais e melhor, dos avanços da ciência e da medicina… e da genética então! Clonamos seres vivos, iguaizinhos uns aos outros. Mas socialmente, estamos cada vez mais nos afastando de nossa humanidade. Antes, havia contato entre as gerações, havia o grupo familiar maior que pai, mãe e filhos… uma quantidade espantosa de tios, primos, avôs, avós, tios-avôs e bisavós, gerações muito diferentes convivendo juntas, às vezes numa mesma casa. Muitas crianças de todas as idades crescendo lado a lado. Mamãe paria o irmãozinho no quarto, ajudada pela vovó, enquanto as tias preparavam o almoço na cozinha e os homens fumavam, nervosos, na sala. Vovô morria em sua cama e era velado carinhosamente na mesa da sala. As crianças estavam por toda a parte e viam tudo: todo o ciclo de nascimento, morte e renascimento. Isso dá uma inteireza às pessoas que nos falta hoje.”

    Dona Sandra, tenho 44 anos de idade. Não sou jovenzinha como a maioria dos fantásticos garotos que escrevem aqui. Já disse em outro post que não tive filhos, porque não me casei. Mas não me falta prárica de família, nem mesmo de criar filhos. Herdei a família de minha mãe.

    Quando eu tinha 16 anos, minha mãe teve um câncer de seio diagnosticado e teve de fazer uma mastectomia radical. Passou cinco anos em tratamento e acabou por falecer quando eu tinha 21. Desde que ela caiu doente, como filha mais velha, meu papel em casa mudou. Tive de aprender meio a toque de caixa a cozinhar, e fiquei responsável pela manutenção da casa, além dos meus estudos. Depois que minha mãe morreu, fiquei responsável por terminar de criar minha irmã de 15.

    Durante todo este tempo – até que minha irmã se formasse na universidade – vivi apenas para cumprir as promessas que fiz à minha mãe em seu leito de morte. Graças ao Bom Deus e à Virgem Santíssima eu consegui cumprir todas elas, mas às custas de encontrar para mim um esposo e construir minha própria família. Gostaria muito de ter realizado meu sonho de construir uma bela família e fico triste quando ouço mulheres jovens falando que não querem ter filhos, dói no meu coração isto. Não há NADA me nossas vidas que não esteja nas mãos de Deus, e nossa entrega a Ele deve ser completa. Inclusive nisso.

    Hoje tenho sentimentos conflitantes de missão cumprida e um vazio imenso da falta que filhos me fazem. Não é só a menina da música que às vezes acorda chorando…

    Meninos e meninas lindos deste blog, casem-se e construam famílias lindas, grandes, barulhentas e alegres, sob a sombra do Amor de Deus. Não tenham medo.

    Eu, com certeza, vou ficar olhando de longe com um amor imenso e estarei sempre pedindo a Deus pela proteção de todos.

    Beijo carinhoso

    Sue

  4. “É, com certeza, preferível ter 12 filhos e morrerem sete do que ter sete filhos e morrerem todos os sete.”

    Tem certeza de que está no século XXI?

  5. Sandra, entendo até o que você quer dizer, mas não pode-se deixar de notar o discurso levemente preconceituoso de que pobre gera mais pobre. Dizem que criar filho hoje em dia é dureza. É sim, mais por causa da violência, das drogas e do fácil acesso a tudo que não presta do que por outra coisa. Minha vó materna teve 7 filhos, um natimorto. Ela fala que hospital era coisa de milionário, cada criança que ficava doente era uma preocupação. Minha vó materna teve 6 filhos também, e ainda criou mais 4 do primeiro casamento do meu avô, que faleceu qdo meu pai (o caçula de todos) tinha 3 anos. Minha vó era servente de escola, criou os 9 sozinha, batalhou muito para que todos tivessem escola. A vida delas não foi fácil. Ninguém ajudava, porque ninguém tinha condições de ajudar. Era todo mundo pobre igual ou até mais pobre. Mas estão todos criados, sadios, bem formados, não em faculdades caras, mas formados para a VIDA, para respeitarem os outros e não aceitarem o que não lhes é devido. Hoje acho que é tão grave quanto colocar um filho no mundo no Nordeste Brasileiro, é colocar um ÚNICO FILHO NO MUNDO E CRIÁ-LO COMO SE FOSSE REI E DONO DE TUDO E DE TODOS. Para mim, essa é a grande falácia da sociedade hoje. A farinha antigamente era pouca e era de todo mundo. A farinha hoje é um pouco mais abundante, mas tem que ser só minha.

  6. Li uma frase muito bonita uma vez: “o número ideal de filhos é aquele que sua generosidade permite ter”. Acho que essa frase resume bem tudo que foi colocado aqui… Ah, sim, Jorge, parabéns pelo post, como mulher, como mãe considero que o feminismo hoje esqueceu o verdadeiro porquê de sua existência, e caiu no grande erro de querer transformar a mulher num homem de saia… quer dizer, a mulher num homem de terno e gravata mesmo, durante o dia, e num objeto de prazer momentâneo durante a noite. Aliás, os homens também não ficam atrás… perderam muito de sua HOMBRIDADE. Hoje, contam no currículo os valores MATERIAIS, e não valores morais e éticos como responsabilidade, respeito e dignidade (muito discursada, porém pouco defendida e praticada).

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