A Renovação Carismática é um fenômeno, no mínimo, curioso. Não compartilho de nenhuma das duas posições extremadas sobre o assunto (grosso modo, que podem ser encaixadas entre “é coisa de Satanás” ou “é a última coca-cola do deserto”) e acho que, via de regra, não se faz sobre ele uma análise crítica com a seriedade que o assunto merece.
A Canção Nova obteve ontem o Reconhecimento Pontifício. Não é pouca monta, forçoso reconhecer. Contudo, tampouco é aprovação irrestrita de todas as coisas que são realizadas pela comunidade. Vejo, antes, como um chamado à responsabilidade, como uma tentativa de se “colocar nos eixos” o movimento, integrando-o explicitamente à realidade eclesial contemporânea. Agora, a Canção Nova não é mais simplesmente um grupo de católicos; é uma Nova Comunidade reconhecida pela Igreja e, portanto, tem mais responsabilidades do que possuía antes.
Nem tudo é da mais perfeita ortodoxia na RCC em geral e na Canção Nova em particular. Por exemplo, é claramente errado ensinar a “rezar em línguas”. Por outro lado, nem tudo é erro: a Toca de Assis, a Escola da Fé do professor Felipe Aquino e as palestras do padre Paulo Ricardo são iniciativas de inestimável valor para a (tão necessária!) formação doutrinária dos católicos dos nossos dias. No entanto (e infelizmente), muitas vezes a imagem que se tem da Renovação Carismática, quer pelos que lhe são favoráveis, quer pelos que lhe censuram, é precisamente a imagem daquilo que, para dizer o mínimo, precisa ser melhor entendido e mais corretamente explicado.
Qual a primeira coisa que se pensa quando se ouve falar em “RCC”? Missas animadas? Músicas sentimentais? Dons extraordinários do Espírito Santo? É provável que sim. No entanto, nada disto é o essencial da RCC nos moldes que Roma a entende. Por exemplo, nesta mensagem de João Paulo II aos participantes do Encontro Mundial da Renovação Carismática Católica, em 2000, não há menção aos chamados “dons carismáticos”. Este discurso do Papa João Paulo II aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais fala sobre carismas, mas sem o otimismo que se encontra nos grupos de oração que encontramos amiúde no Brasil: Hoje, diante de vós, abre-se uma etapa nova, a da maturidade eclesial. Isto não quer dizer que todos os problemas tenham sido resolvidos. É, antes, um desafio. Uma via a percorrer. A Igreja espera de vós frutos «maduros» de comunhão e de empenho.
Ao contrário, elogia-se a oração comunitária, a freqüência aos sacramentos, a consciência da vocação batismal, a devoção ao Espírito Santo, a meditação das Sagradas Escrituras… coisas – estas, sim! – que são verdadeira e indiscutivelmente católicas, e que são a grande contribuição que a Renovação Carismática tem a oferecer ao mundo moderno. No entanto, poucas vezes essas coisas são vistas como o essencial do movimento… porque as pessoas, não raro, têm muita sede do extraordinário – justamente do aspecto mais injustificável do carismatismo! Isto é muito de se lamentar.
Queira Deus que este reconhecimento pontifício possa trazer bons frutos – frutos verdadeiramente bons! – para os católicos. Não permita a Virgem Santíssima que os homens, com prurido de novidades, dêem mais atenção ao que é sensível do que ao que é invisível. E que o Espírito Santo abençoe a Canção Nova, e a conduza sempre à fidelidade à Igreja, Única Esposa de Cristo, fora da qual só há erros e confusão.
Eleições Americanas 2008
Sugestão para acompanhar online e de forma gratuita os principais canais de informação internacionais…(CNN, Sky News,BBC World, Euronews, France 24, SIC notícias)
http://tinyurl.com/eleicoesamericanas2008
uma boa sugestão para quem não tem TVcabo ou tv por satélite
Cumprimentos,
Obrigada RM, estava querendo mesmo saber! :)
Jorge, obrigada mais uma vez por tamanha “claridade” em falar de um tema tão complexo.
Seus posts me ajudam muito.
Deus lhe pague.
JM
Pelo Governo Alckmin-Chalita, já foi reconhecida faz tempo.
Nossos Nobres Governantes, “cederam” um gigantesco terreno, para a “Canção Nova” que pertencia à Universidade Paulista, onde eram realizados Estudos Científicos. Foram todos desalojados.
O que causa estranheza é que o SR. Gabriel Chalita (um dos doadores em nome do Governo) é um dos “lideres” da comunidade beneficiada.
Só mudam as moscas…
Sandra, estou por fora dessa comunidade Canção Nova, poderias nos explicar algo mais sobre isso que vocês ta falando, esse terreno que o governo de São Paulo doou para a Canção Nova que era da Universidade Paulista fica em Cachoeira Paulista aonde se encontra a sede da Canção Nova ou na cidade de São Paulo, desculpe em não saber a onde fica a Universidade Paulista, pois não moro no estado de São Paulo, e também gostaria de saber como você ficou sabendo sobre isto, foi noticiado isso na imprensa?, grupos ou partidos políticos da oposição e até mesmo outras igrejas e grupos religiosos não fizeram oposição a isso?, serei muito grato se nos esclarecer um pouco mais sobre isso.
Sidnei, é um “bosque” que pertencia a Faculdade de Biologia. ( se bem me recordo era um grande centro de pesquisa)
A nota saiu, em razão do protesto dos cientistas, que tiveram que abandonar o local.
Não é na Capital, é onde fica a Sede da Canção Nova. ( não faço a mínima idéia onde fica a Canção Nova )
Algumas “notinhas” foram dadas na FOLHA e na internet, quem intermediou foi o CHALITA, que depois fiquei sabendo que é um dos líderes da Canção Nova.
Acredito que pesquisando podem ser encontradas, a notas, nos arquivos da Folha “on line”
Sandra, obrigado pela informação, só fico estarrecido que além dos cientistas mais ninguém protestou contra isso, e mas curioso ainda, que só saiu uma notinha na folha de São Paulo, meio de comunicação este, que todos sabemos, é um forte veículo de comunicação anti-católico, se eles tivessem prestado mais a atenção, teriam feito um estardalhaço, iram vasculhar toda a transação que houve, tudo para desmoralizar o governo do estado e a Igreja, e além do mais, se houve o desalojamento deste local seria por obvio que o governo deveria ceder outro local para o pessoal da Faculdade de Biologia, se isso não ocorreu, é um fato lamentável.
Eu não sei se é anti-católico, mas a matriarca da família FRIAS faleceu há pouco tempo, e igreja a homenageou como UMA GRANDE CATÓLICA E BENEMÉRITA.
Caro Jorge,
Paz!
Sou da RCC. Tenho para com ela dívidas eternas, pois foi nela, através da Canção Nova, num de seus famosos “Acampamentos de Oração”, que experimentei o que, no âmbito da RCC se chama de efusão do Espírito Santo e me “converti”, embora desde sempre tivesse sido católico, ou, ao menos recebido uma educação católica no seio familiar (meus pais, também de educação católica, por influência dos nossos párocos, deixaram-se influenciar pela TL e depois, migraram da TL – participaram de retiros com Boff em Petrópolis! – para a RCC.
Desde então, venho participando da RCC, de seus grupos de oração, assumindo “ministérios” e “coordenações” ao longo dos anos. Devo confessar que venho, já há algum tempo, sentindo-me insatisfeito com a espiritualidade e com a formação na RCC. A RCC vêm realmente se focando muito nos grupos de oração, nos carismas, na evangelização querigmática, o que, de modo algum, é mal, mas creio que a RCC deveria aprofundar-se na tradição espiritual e mística da Igreja, incentivar os seus membros a se formarem, a estudarem, a mergulharem na Teologia, na Filosofia e redescobrirem os Padres, a Escolástica, etc.
A RCC é boa nas Sagradas Escrituras, mas falha na Tradição e no Magistério. Isso a aproxima um pouco do protestantismo, né? “Sola Scriptura!” Embora reconheça a influência protestante, posso garantir que a RCC é autenticamente católica. Foi dentro dela que descobri o amor aos Sacramentos, à adoração eucarística, ao rosário e devoção à Virgem Maria, à Leccio Divina…
Por outro lado, se eu não fosse buscar “fora” da RCC, eu nunca chegaria à Chesterton, Maritain,Tanquerey, Agostinho, Tomás de Aquino… pra não falar de Olavo de Carvalho, Bergson, Aristóteles, etc…
Não é a toa que muitos membros da RCC, especialmente jovens, buscando aprofundamento tornam-se tradicionalistas ou vão beber na escola do Opus Dei (como eu! Faço parte de uma fraternidade- que por enquanto é vivida somente no âmbito do coração – que é algo como uma “Opus Dei carismática”!)
Graças a Deus temos, na RCC, pilares como os citados por vc, como Padre Paulo Ricardo, Professor Felipe Aquino e outros, no âmbito internacional, como Fr. Raniero Cantalamessa e Fr. Daniel-Ange, que vêm lutando há anos para dar esse aprofundamento católico à RCC.
Eu enxergo, hoje, na RCC dois veios. Um mais americano, que é o protestantizado, que têm ênfase nas características citadas acima e nas que vc citou( grupos de oração, carismas, evangelização querigmática, Missas animadas, Músicas sentimentais, Dons extraordinários do Espírito Santo) que, infelizmente, para mim, é o modelo que mais se difundiu no Brasil, com raras exceções de algumas Novas Comunidades como a Shalom. O outro veio, europeu, é o mais católico, que é o modelo costumeiramente adotado pelas novas comunidades (Beatitudes, Emmanuel, Pain de Vie, Jeunesse-Lumiere, ect), que apela para uma volta às tradições, especialmente à patrística.
Mas é interessantíssimo você notar que a Igreja, na figura dos Pontíficies, tem olhado para o lado certo da RCC, não dando ênfase aos carismas e ao muito bem citado por vc “otimismo” carismático brasileiro, mas à oração comunitária (João Paulo II sugeriu a Liturgia das Horas), à freqüência aos sacramentos, à consciência da vocação batismal, à devoção ao Espírito Santo, à Leccio, enfim, tudo o que conduz a um catolicismo ortodoxo e sadio. Estas características, onde a Igreja tem posto os olhos e incentivado a RCC, repito suas palavras: são a grande contribuição que a Renovação Carismática tem a oferecer ao mundo moderno.
Se poucas vezes essas coisas são vistas como o essencial do movimento é aí que tenho que trabalhar, né? É como na vida do grande São João Maria Vianey, quando ele chegou à pequena Ars e as beatas vieram dizer-lhe que ali tudo estava perdido e nada adiantava fazer. “Então é aqui que tenho de fazer tudo!”, respondeu o santo. A RCC não está como Ars (“tudo perdido”),mas, assim como vimos, tem seus erros e falhas, então aqueles que a amam e a conhecem precisam ter a atitude e, ao menos desejar, a santidade do Cura D´Ars. É um longo e árduo trabalho que eu, pessoalmente, tomo como parte de minha missão e vocação.
Um grande abraço, Jorge e obrigado pela reflexão!
Sérgio
Caríssimo Sergio,
Pax!
Comungo da tua visão sobre a RCC. Expuseste, inclusive, melhor do que eu próprio o que eu tentei dizer aqui: a existência de dois “pontos de vista” sob os quais é considerado o movimento carismático, um que é (no mínimo) controverso, outro que pode dar muitos bons frutos.
Importa que nos esforcemos para defender o que a Renovação tem de melhor, e que pode ser colocado verdadeiramente a serviço da Igreja, para a maior glória de Deus.
Abraços,
Jorge
Boa tarde a todos!
Concordo com a maioria dos colegas acima que dizem que tanto a RCC quanto a Canção Nova têm defeitos, ora, me parece normal esse tipo de situação, uma vez que são “instituições” dirigidas por pessoas, portanto, passíveis de erros, mas isso não invalida os inumero beneficios que tanto uma quanto a outra têm trazido para a Igreja, muitos fiéis se encontraram na fé depois de conhecerem essas obras.
Não participo da RCC, mas sou católico e como tal devo seguir e procurar entender o que nos ensina a Igreja, portanto, se a Igreja apoia os dois movimentos, é natural que nós também devamos apoiar. Claro não esquecendo de debater e procurar sempre amadurecermos nossa fé!
Posso fazer uma pergunta de leiga desses movimentos “RCC” e “CANÇÃO NOVA” e outros no mesmo estilo?
Se nenhum é bom, o que é bom, verdadeiramente pra vocês.
Vocês, NÃO se entendem NEM ENTRE VOCÊS!
Pelo que entendi, cada movimento, tem subdivisões..
Sabe que estão me lembrando o pessoal protestante.
( Cada um grita uma coisa diferente do outro, e um quer gritar mais alto que o outro.)
Eles vão a uma igreja, se não gostar, fundam outra e assim cada dia abre uma nova.
Olá!
Gostaria de deixar o link de uma fala do papa:
http://www.zenit.org/article-19939?l=portuguese
Sou carismático de carteirinha também, muito bom o texto, concordei com a maioria dos pontos, porém devemos salientar que a RCC é uma espiritualidade de evangelização, de missão, do kerigma, o primeiro anúncio, e não de aprofundamento, tanto que a recomendação da RCC é justamente que quem já está há algum tempo no movimento busque aprofundamento na tradição da igreja, nos seus documentos, enquanto os grupos de oração sejam nossos lugares de serviço, de missão!
Agora a busca pelo extraordinário, fica em evidência não só na RCC, é só ver qualquer festa grande de santo (S. Expedito, S. Judas Tadeu, Círio de Nazaré) que a gente vê muitos que não são RCC e também querem só o extraordinário… faz parte da nossa igreja… tinham uns que só seguiam a Jesus atrás de curas e milagres… outros queriam se entregar um pouco, e viraram discípulos… alguns totalmente, e viraram apóstolos
Abração!!!
“Se eu não tivesse procurado fora da RCC, não conheceria Olavo de Carvalho”
Só queria saber o que Olavo de Carvalho tem a ver com catolicismo.
Parabéns, mais uma vez ao Sr. Jorge Ferraz…
Por suas palavras esclarecedoras e bastante oportunas no atual momento.
Concordando também com as palavras do Sr. Sérgio (nº 9), e poderia complementá-lo dizendo que, assim como ele,
também, considero-me oriundo da RCC. Não foi por um ‘grupo de oração’, tão comum no meio da RCC, mas foi por uma Paróquia altamente carismática.
Particularmente, não gosto de ‘grupos de oração’, por preferir uma maneira mais ‘contemplativa’ e silenciosa, mas na solidão do que na multidão. E isso, não quer dizer que não sei perceber o valor que tem um grupo de oração aos moldes da RCC. Pelo contrário, acho sim muito válido e que concordo sim de que existem muitas pessoas que em seu início de ‘caminhada’, este meio é extremamente eficaz.
Também comigo, no início foi assim.
No início, gostava sim de todas aquelas ‘novidades’ que até então eu não via na Igreja. Assim como também não via a riqueza de uma Sagrada Liturgia aplicada de forma adequada e zelosa em outras Paróquias ‘não-carismáticas’. E o que mais me ‘chamou’ a atenção foram as homilias do Padre que eram (e continuam sendo!) diretamente aplicadas para a conversão do pecado, principalmente contra a sexualidade e a família. Eram mesmo ‘arrasadoras’ mesmo! Coisa raríssima de se ver. Aqui, utilizamos o termo para isso de ‘rasgado’!! Um Profeta de língua afiadíssima e não tendo muito apego humano com ninguém para dizer o que deveria ser dito. Com todas as letras!.
E foi através desta atitude de ‘instigação’ que busquei a Catequese, já com meus 28 anos. Até então, não tinha feita a Primeira Comunhão, muito menos o Crisma.
Apesar de ter, algumas vezes, ‘entrar’ na fila da Comunhão e receber Jesus Eucarístico, sem distinção nenhuma, pois não tinha formação e mesmo assim,… em minha vida desregrada e promiscua,… sempre tive a ‘necessidade’ de ir para a Santa Missa aos domingos. E com isso, vendo o que as outras pessoas faziam,… fiz também!
E na Catequese tive um encantamento extraordinário, fantástico eu diria, pois me deparei com todas as respostas de que todo ser humano busca para sua indagações e dar sentido em sua vida. Foi maravilhoso!!!
Mas, a Sagrada Liturgia,… hum!!! Que desastre!!! Como no início não conseguir perceber estes erros,… continuava assim mesmo.
E considero este o único erro deste Sacerdote, que tem a língua de um verdadeiro profeta: a Sagrada Liturgia! Há se este fosse corretamente litúrgico,… mais uma meia dúzia de Sacerdotes assim, e teríamos uma realizada completamente diferente hoje. Me inspiro muito em sua postura, não é claro com relação a Sagrada Liturgia.
Pois bem, tive algumas experiências que vão muita a calhar com o que foi dito aqui pelo Sr. Jorge Ferraz e o texto em destaque. Uma delas foi conhecer uma garota, tempos depois, que não sendo católica (era protestante da universal. Argh!!), me disse que em algumas vezes, chegou sim a ir em celebrações da RCC, pois achava muito ‘parecido’ com as que encontrava em seu ambiente cotidiano. E além disso, ela tinha muita a ‘curiosidade’ de saber qual era o ‘gosto’ daquela ‘hóstia’. E pasmem!! Ela namorava com um músico do ministério de música da Paróquia, e indagando-o se poderia ela também, entrar na fila e comungar… O que ele responde?? Que não achava problema algum!
É triste, e considero isso devido sim ao que já foi dito sobre falta de formação.
Acho sim que a RCC DEVE se manter em QUERÍGMA e não querer transformar a Santa Missa em um grupo de oração ou pior,… em Show, apresentação teatral/musical e etc. Como já foi muito bem explicitado aqui.
Que Nossa Senhora de Fátima, possa conduzir a Canção Nova para uma Sagrada Liturgia que possa transparecer melhor e de forma adequada o Sagrado de que Nosso Senhor Jesus Cristo é o próprio.
Não devemos ‘atrair’ NINGUÉM a Deus, se não por ELE MESMO. NUNCA por coisas profanas e banais, que só servem para anestesiar a consciência e permanecer no pecado.
Per Christum Dominum nostrum. Amem.
André Víctor
Caro Jorge,
A RCC é fruto direto da protestantizante baixa de guarda que o Vaticano II promoveu nos sacramentos, costumes e disciplina católicos. Assim como é [fruto do Vaticano II] o dicastério que vem aprovando escandalosamente e ilicitamente todos esses movimentos (RCC, Shalom, Neo-catecumenato, Comunhão e Libertação, etc), com pouca ou nenhuma repreensão ou ressalva. Graças a Deus, seus titulares carismático-modernistas de hoje e de ontem, nesses assuntos disciplinares, não têm o carisma da infabilidade, por mais autoridade que tenha a forma usada para expedir seus consentimentos, quiçá frutos de omissão, de interferências humanas e partidarizadas de poder, etc.
Portanto, não poderão nunca impor assentimento moral ou de fé àqueles católicos que ainda tem ouvidos, olhos e inteligência não maculados pelo irracionalismo sentimental para perceber e rejeitar publicamente os costumes e doutrina promovidos pela RCC, em meio a coisas bem católicas para se fazer parecer ortodoxa no todo. Repito, a tática do modernismo é misturar-se a coisas santas e/ou de boa sensibilidade. Não pede, inicialmente, a exclusão de todo o bem ou legado católico, mas apenas um lugar ao seu lado. E, aos poucos, tenta substitui-lo (o certo) por coisas aparentemente ortodoxas ou semelhantes, com ardil diabólico.
Diferentemente do que muitos afirmam para tentar justificar uma tolerância aos erros do neopentecostalismo dito católico, a Igreja não precisa da RCC para reafirmar aquilo que sempre pôde, por meios bem mais lícitos e puros, com mais ou menos dificuldade, ensinar. Tampouco se precisa de “canções novas” — muitas vezes eufemismo para novas formas que dão vazão a costumes novos e conteúdos doutrinários inovadores — nem de Canção Nova para professar a adesão à fé católica. Esta última até em seu rótulo imitou os protestantes (tal como o fazem com o termo “evangélico”), ao insinuarem/quererem induzir inautos a um novo significado de um termo católico — cântico novo — que está longe de significar uma atualização mundana e constante dos costumes, estilos e práticas religiosos, e sim aquilo que avizinhou no tempo, preparou e sucedeu o advento de Cristo Nosso Senhor. Esse é o verdadeiro cântico novo, que sempre se pôde professar, e mais clara e completamente já há quase dois milênios.
http://video.google.com/videoplay?docid=-2629604344057104602&hl=en
Abraços,
Antonio
Caríssima Emanuelle Carvalho Moura,
Paz!
Se vc notar bem , verá que em meu texto cito primeiro autores católicos (Chesterton, Maritain,Tanquerey, Agostinho, Tomás de Aquino) e depois digo, “pra não falar de Olavo de Carvalho, Bergson, Aristóteles”. Citei três filósofos que considero importantes e que, todos os três, considero, tem alguma ligação com o catolicismo… mas não vou entrar nessa discussão…
O que quis dizer? Se na RCC não me foram apresentados os católicos, que se dirá dos que, nas suas palavras, nada tem a ver com catolicismo…
Agora, se vc pensa que os únicos pensadores importantes são os que “tem a ver” com catolicismo, temos uma opinião bem diferente…
No mais, penso que se os membros da RCC ouvissem/lessem o Olavo, com todo discernimento que é necessário para freqüentar suas palavras, aprenderiam, no mínimo, a votar melhor, o que, na minha opinião, têm feito muito mal…
Querida, não se engane, sou carismático de carteirinha…
SRS E SRAS, (CANTAR A DEUS É LOUVAR DUAS VEZES) VIVA A PADROEIRA DE ILHA COMPRIDA SP BRASIL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA.
Caríssimo Antonio,
Sim, ninguém em sã consciência afirma que seja “infalível” uma aprovação de um dicastério romano, nem muito menos que o reconhecimento pontifício seja igual a subscrever as barbaridades que – infelizmente não raro – acontecem no meio carismático.
A minha posição, contudo, aborda um problema sob uma ótica diferente: a de que a ênfase no pentecostalismo é apenas uma vertente equivocada da Renovação Carismática, que não são alvo da complacência de Roma. Em outras palavras: acredito que estas coisas que são consideradas apanágio mesmo da Renovação em terras tupiniquins (balbúrdia litúrgica, “dons extraordinários”, etc) não são essenciais ao movimento na forma como Roma o enxerga. Basta ver, p.ex., que a Renovação na Europa é bem diferente da Renovação no Brasil ou nos U.S.A.
Abraços,
Jorge
Salve, irmãos!
André acaba de citar (ítem 16) o padre Luiz Augusto, do clero da Arquidiocese de Goiânia, nosso amigo em comum.
Sou testemunha ocular de tudo o que André disse aqui e quero acrescentar outras coisas para, com o exemplo desse padre, alargar a panorâmica desse movimento eclesial chamado Renovação Carismática Católica.
A vocação do dito padre é fruto de sua participação mais que eficaz no grupo de oração da RCC na Catedral Metropolitana durante a década de 1980, quando então, e por ainda muito tempo, nossa Arquidiocese era dada – OFICIOSAMENTE, que fique bem claro! – como “apóstata” por integrantes de alguns dicastérios na Santa Sé, tal o grau de envolvimento de seu clero com a famigerada Coisologia da Libertamentura (desculpem-me, por questão de princípios recuso-me a chamar essa excrescência de teologia e muito menos de libertação, se é que me compreendem…).
Voltando ao fato, aquele Luiz integrante ativo do grupo de oração, catequista abnegado daquela paróquia-catedral, sentia-se impulsionado para uma vida especialmente consagrada a Deus e à Igreja. Sempre autêntico, como de fato ainda o é, já com o curso de Direito concluído deu entrada na Comunidade Canção Nova e estudou Filosofia com os padres dehonianos de Pindamonhangaba. Como a Comunidade ainda estava numa espécie de “limbo” do reconhecimento canônico, não poderiam garantir ao seminarista Luiz a sua tão desejada ordenação, fato que fez que ele decidisse retornar a Goiânia para, já no seminário arquidiocesano, concluir a Teologia. Aqui começa sua saga persecutória…
Naquele seminário era altíssimo o tom esquerdista e tínhamos mesmo, nós os leigos, a impressão de que a única doutrina dada àqueles rapazes era a marxista-leninista e mesmo trotskista, tal era o engajamento daquela troupe para com a causa do desmonte da fé às custas dos pobres da sociedade. E o Luiz, pobre cordeiro, ao entrar no covil da matilha, antes que pudesse aprender a se defender, descobriu tarde que aquilo não era um seguro redil. Pronto. Eis um verdadeiro alter Christi: flagelado, cuspido, escarrado, torturado na consciência, excluído e moralmente esconjurado, só por verdadeiro milagre permaneceu firme no propósito primário de ser padre da Igreja. Apenas com o fito de ser ainda mais humilhado, chegou a ser ordenado diácono.
Já diácono, foi encostado numa paróquia para ser “doutrinado” pelo pároco italiano que, por sua vez, execrava aquela aberração carismática que insistia teimosamente em não dar o braço a torcer para o socialismo que, já-já, haveria de vencer a zelite, ora bolas…
“Esqueceram” ali o diácono Luiz, na esperança de que ele desistisse de seus propósitos, pois, onde já se viu?, um padre carismático aqui, era só o que faltava… E como diácono permaneceu um ano, dois anos e, quase para completar o terceiro ano, eis que o milagre acontece por obra dos desleixos dos próprios algozes: o arcebispo de então tinha por voto ordenar ao menos um padre por ano; naquele ano, o Conselho Presbiteral não havia apresentado nenhum candidato, nem mesmo ao diaconato. O arcebispo questionou: nenhum candidato? “Não!” – Nada?, insistiu o prelado; para não dizerem “nada”, disseram: “só o Luiz”, como quem diz que só tem um resto de migalha… E o ordinário decretou, para desespero dos fulaninhos avermelhados: “é ele mesmo!”… E foi então que surgiu o PADRE Luiz Augusto, arauto da Sagrada Família que hoje tantos e tantos conhecem, admiram e respeitam.
Mas é claro que tudo isso deixa seqüelas em qualquer alma e não foi diferente nesse padre: naquela dita (de)formação nunca teve uma instrução sobre a Sagrada Liturgia, nada mesmo… O que sabia, veio do ter observado, nada mais do que nós, meros mortais, poderíamos fazer. Missal? “Como é que se marca isso?” Alfaias? “Só a túnica, mesmo, tá?”.
Sofreu, esse nosso irmão, sofreu muito! E, mesmo depois de muitíssimas bem-vindas mudanças em nossa Arquidiocese, ele ainda continua sofrendo: solidão, preconceito, descaso, desconsideração, até mesmo isolamento. Mas, ao chegar a hora de ele formar novos padres, deu o que há de melhor: filosofia e teologia com os padres da Obra dos Santos Anjos e dom Manoel Pestana Filho, em Anápolis e vários cursos em Roma para seus seminaristas. Resultado: dois padres para a Arquidiocese de Goiânia (mais um para breve), todos envolvidos com a nova formação no seminário arquidiocesano. Do esterco é que vem o perfume das rosas…
Com tudo isso, o que vejo através do padre Luiz é o que uma alma cheia do impulso provindo do Espírito Santo é capaz de suportar e o quanto isso pode ser maléfico para a Igreja de Jesus Cristo quando se omite a devida e substancial formação para alguém com esse ânimo – o que não é o caso dele que, graças à Deus, tem dado muitíssimos e bons frutos.
Mas é, infelizmente, o caso de algumas lideranças da RCC, cujo abandono no seu pastoreio e até um certo desprezo preconceituoso da parte de seus pastores, levou-as a “aprenderem” por suas próprias forças e, nesses casos, não beberam das águas tranqüilas e repousantes da Tradição e do Magistério, APESAR de terem atravessado o vale da sombra da morte com muito destemor. Claro que ficam seqüelas, cacoetes, obstinações…
Mas pode-se dizer que isso é para todos os integrantes da RCC? Isso não seria reducionismo, como os protestantes fazem quando apontam os “erros DA Igreja”? Não existe um outro viés para se observar o Movimento? E por conta disso, é justo dizer que a RCC é “SÓ” para os neófitos na Fé? O que dizer então desses já citados ícones da nossa atual apologética, frei Raniero, padre Paulo Ricardo, professor Felipe, padre Roberto, etc…? Com tal grau de conhecimento, ainda teimam em dizer-se integrantes da RCC, vejam só… Ou seja, para quem deseja ir para águas mais profundas, não há outra alternativa que sair do ambiente do Movimento e do seu centro nevrálgico que é o grupo de oração?
Digo por mim mesmo que isso NÃO é verdade. Foi no ambiente da RCC que conheci a beleza da VERDADEIRA Liturgia (bela, ortodoxa, plena de símbolos), o sabor da Patrística e o refrigério da Tradição, além da alegre e serena segurança que o Magistério nos proporciona. Numa visão bem simplista, entendo que, se há pelancas, não é por isso que se jogará fora todo o boi, não é mesmo?
Irmãos, digo a verdade: se querem valorosos infantes para a defesa da ortodoxia católica, contem com as fileiras da RCC, apressem-se em dar aos seus membros o que eles estão mais que sedentos em receber: a verdadeira doutrina católica e vejam quão virtuosos soldados terão ao seu lado, cheios de vigor espiritual, pressurosos da força do Alto, combatentes do bom combate, prontos para toda espécie de boa obra.
Afinal, mais do que todos na Igreja, somos nós, a RCC, que queremos voltar às verdadeiras origens de nossa fé, nos moldes dos Atos dos Apóstolos e das cartas de São Paulo. Que o digam as congregações contemplativas que, como nunca, recebem novas vocações, e em sua maioria, as deve à espiritualidade da RCC. Entretanto, como Deus não dá asas à cobra, não sabemos tudo nem contemos todos os dons, justamente para precisarmos uns dos outros e deixarmos de lado toda pretensão soberba e falsiforme.
Visto que comungamos do mesmo Corpo e do mesmo Sangue, que sejamos um ao menos para que o mundo creia que Jesus Cristo e o Pai são Um no mesmo Espírito de Unidade, que é bem diferente do unicismo e unitarismo de alguns espíritos mais assoberbados, achegados que são ao gnosticismo…
+++
Citando Sérgio:
“pra não falar de Olavo de Carvalho, Bergson, Aristóteles. Citei três filósofos que considero importantes ”
Só queria saber o que Olavo de Carvalho tem a ver com filosofia.
Emanuelle Carvalho Moura
Querida Emanuelle,
Pax!
Vc, com sua implicância com Olavo, fixa-se num detalhe sem importância do texto…
Não quero, nem acho que aqui seja o espaço, para se discutir se Olavo tem ou não a ver com catolicismo, se é filósofo ou não, etc… Existem centenas de sites, blogs, fóruns e comunidade no orkut cheias dessas discussões…
Só para vc, minha querida, eu mudo o meu exemplo: “pra não falar de Platão (ou qualquer outro que vc desejar…), Bergson, Aristóteles.”
Satisfeita?
Um abraço.
Com todo respeito,
Olavo pode ser polemista, mas é sim um baita filósofo. Se preocupa com a verdade, com os porquê das coisas, o sentido último da vida, etc…., além de ter estudado/pesquisado muito a vida inteira, se isso não é ser filósofo, não sei o que seria.
Talvez um dos poucos que mereçam esse título no Brasil.
Forte abraço.
Luciano,
Concordo com vc. Olavo é filósofo.
“Talvez um dos poucos que mereçam esse título no Brasil.”
Mas veja: só tirei o Olavo como exemplo para a Emanuelle, pq a estava incomodando muito e tirando o foco da discussão…
Um abraço
Bosque x Canção Nova
Sobre a doação de áreas, o estado é livre para fazê-las ? Se é posso afirmar que nunca vi uma doação tão feliz como a que foi feita para a Canção Nova. Sei que muitos aqui no blog tem restrições quanto aos abusos praticados na CN. Também os tenho, mas isso não me impede de ver os frutos que essa comunidade tem dado para a Igreja, sobretudo quando falamos de evangelizar jovens.
Já fui 6 vezes a CN. E todas as vezes fui tocado pelo amor de Deus. Senti-me fortalecido, para continuar minha missão. Como já foi dito, o Reconhecimento não é carta branca, mas sim, um indicativo que Roma vê com bons olhos a comunidade. Talvez sirva até pra vigiar melhor, como alguém já disse.
Acredito que CN tem muito a crescer, amadurecer e se purificar como uma expressão de Igreja, mas também creio já são um sinal claro do amor de Deus que age em nós.
Luciano,
“Sobre a doação de áreas, o estado é livre para fazê-las ?”
Claro que não!
O patrimônio NÃO é do Governador e seu Secretário é dos Cidadãos do Estado de São Paulo.
Nenhum patrimônio publico pode ser “doado” dessa forma.
Na calada da noite.
Se o Governador fosse protestante e tivesse doado o local às essas seitas neo-evangélicas, todos aqui estariam protestando.
A corrupção só ocorre quando o os agentes ativo e passivo não nos agradam?
Eu, como Católica e como Cidadã tenho vergonha dessa “doação entre amigos”
Todavia, se vir um Governador de outra religião e fizer o mesmo, os coniventes com essa “doação” deverão ficar calados.
Caríssimo Demerval
Pax!
Belo testemunho o do Pe. Luis!
E belíssimo texto o seu! Concordo, a RCC não é só para neófitos! E não se deve abandonar suas características e os Grupos de Oração, manancial inesgotável de conversões em massa!
Também não acho que a RCC deva abandonar os carismas (Mesmo os extraordinários! Embora pense que ela deve usá-los de maneira muito mais sóbria da que ocorre hj…), o primeiro anúncio e sua forma espontânea de louvor e oração. Isso seria renegar sua identidade!
O que eu acho é que o foco não pode ficar só nisso! Se a RCC fica só nisso, se aproxima do protestantismo! Pois eles também têm primeiro anúncio, celebrações animadas, carismas extraordinários. Penso que a RCC pode encontrar um equilíbrio entre os “veios” e se aprofundar naquilo que ela tem de mais católico e dar atenção àquilo que dela tem pedido a Igreja.
Por exemplo: quer saber uma coisa que me irrita profundamente? É fazer da missa um grupo de oração, com louvor e oração espontânea, curar interior no ato penitencial, oração em línguas na elevação, oração de cura na ação de graças… isso é terrível! É, no mínimo, um desrespeito ao Santo Sacrifício, mesmo feito com boa intenção!
Agora, se tudo isso que citei fosse feito no grupo de oração e a Santa Missa fosse celebrada como a Santa Igreja manda (A Missa do Missal!!!!!!) seria uma maravilha…
Isso é a falta do aprofundamento no Tesouro da Igreja, citada anteriormente. Que a RCC mantenha sua identidade, mas que não queira outra novidade que não a perene doutrina!
Outra coisa: acho perigosa uma prática comum à RCC, um subjetivismo que dá crédito excessivo às inspirações particulares (“Deus colocou isso no meu coração”; “Deus me deu uma imagem”; “Deus me deu esse discernimento”), quando temos na Sagrada Liturgia da Palavra, a Palavra do Deus vivo que ecoa todos os dias para a humanidade, quando temos Tradição, o Magistério…
Fico nestes dois exemplos, dizendo de novo que, nós que devemos à RCC nossa volta ao catolicismo, devemos continuar a batalhar para que ela seja “segundo o coração de Deus”…
Um grande abraço
Sérgio,
Em se tratando do zelo que nos consome pela casa de nosso Pai, concordo plenamente com você, em gênero, em número e em grau.
Missa é Missa. Grupo de oração é grupo de oração. Tradição é Tradição, Doutrina é Doutrina, Magistério é Magistério.
Aliás, tudo isso aí em cima é fruto daquilo que é mais caro para a Renovação Carismática Católica: o Espírito Santo nos conduz de moção em moção, de revelação em revelação, de inspiração em inspiração. Algo assim tão sublime só nos leva a amar e respeitar mais ainda o que a Igreja já contém em seu vasto Depósito da Fé.
O fato é que nem todos os membros da RCC tem ou condições ou quem lhes ensine tal riqueza de sentido que existe ao contemplarmos nossa amada Igreja e, numa Assembléia de Fiéis tão gigantesca, claro, vamos, vez ou outra, topar com topeiras que nos incomodarão e, mesmo, nos escandalizarão – como já pude perceber tantas e tantas vezes entre os comentários deste blog…
O que fazer?
Penso que a sabedoria está em esperar que cresçam juntos o joio e o trigo para que, no momento da messe, aí sim, separar o que é mal daquilo que é bom e lançá-lo ao fogo…
Enquanto isso, “Kirie, eléison!…”
Perfeito, Demerval!
Repito com vc e com toda a Igreja: “Kirie, eléison!…”
E como disse o Servo de Deus João Paulo II, de saudosa memória: “LONG LIFE FOR THE CHARISMATICS!”
Um abraço,