Vindo sabe-se lá de qual recôndito do inferno, um certo “Anjo” apareceu aqui no Deus lo Vult! para defender o indefensável e contrariar a Igreja de Nosso Senhor no tocante ao homossexualismo. Lançando mão de um vazio jogo de palavras e citando “autoridades” desconexas da Igreja e a Ela frontalmente contrárias, pretende este sujeito ter autoridade de ensino e pregar a própria moral à margem da Moral Católica, apresentando-a no entanto como se fosse a mais pura expressão do Cristianismo.
A coerência é em si uma virtude, que se pode encontrar também entre aqueles que não cerram fileiras com a Igreja de Cristo. É coerente que um homossexual, que não queira renunciar aos seus maus hábitos, opte por não ser católico; no entanto, é profundamente indignante quando este homossexual, não contente em ter a sua própria concepção de mundo, quer negar à Igreja o direito de ter a Sua e, por meio de um palavrório vazio, tenta obscurecer a clareza da posição católica sobre o assunto e apresentar o anti-catolicismo como se catolicismo fosse. As “Católicas Pelo Direito de Decidir” fazem, sobre o tema do aborto, a mesmíssima coisa que o tal site da “Diversidade Católica” faz sobre o tema do homossexualismo: ambos os grupos de pessoas apresentam a própria visão de mundo (clara e insofismavelmente contrária à católica) como se fosse a visão da Igreja. Urge desmascarar os mentirosos.
O tal “Anjo” citou um artigo (desgraçadamente, da autoria de um padre) chamado “Eles também são da nossa estirpe”, publicado numa revista da Vozes da década de 60, no qual é apresentada uma “teologia” (i)moral completamente independente e destoante da Teologia Moral Católica. Convém insistir: uma coisa é a apresentação das próprias idéias como sendo próprias, e outra muito diferente é apresentá-las indevidamente como se fossem de outrem. Neste último caso, é fraude e engodo. É exatamente o que o padre Jaime Snoek faz no artigo citado.
Separemos desde logo os termos: a mera atração sexual por pessoas do mesmo sexo não é, em si, pecado. Quer isso seja chamado de “inclinação desordenada”, quer de “homofilia nuclear”, quer de “homossexualidade” [reservando “homossexualismo” para as relações sexuais], ou qualquer outra coisa. A nomenclatura utilizada para designar a coisa não muda a coisa em si; e, dentro do que ensina a Igreja, é muito clara a diferença entre “sentir” e “consentir”, não sendo passíveis de moralidade os atos que são involuntários. Não precisaria, portanto, o reverendíssimo sacerdote gastar tanto tempo na definição e utilização de termos estranhos ao leitor mediano, quando poderia simplesmente dizer as coisas de modo direto e acessível a todas as pessoas. Aliás, vale salientar que as discussões sobre a origem da “homofilia” e sobre as diferentes designações que manifestações distintas dela podem receber não têm nada a ver com o ponto em litígio, que é a licitude moral dos atos anti-naturais.
O que realmente interessa no artigo vem a partir da página 797, sob o título de “A Homofilia Perante a Moral”. Para fugir da clareza cristalina da posição católica e torcer a evidência das Escrituras e da Tradição, o pe. Snoek tergiversa sobre três sub-tópicos: a Bíblia, a Atitude das Igrejas e a Reflexão Teológica. Não se sabe qual dos três é mais digno de lástima.
Sobre a Bíblia, o problema é muitíssimo evidente, porque quem detém autoridade para a interpretação das Escrituras Sagradas é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, e ponto final. Torcendo de maneira absurda os mais claros textos escriturísticos, quer do Antigo Testamento, quer das Epístolas de São Paulo, ao final das contas o que o pe. Snoek faz é, simplesmente, expôr a sua própria e particular interpretação (não importa se referendada por fulanos ou sicranos, é mesmo assim interpretação particular pelo simples fato de não ser interpretação da Igreja). Não é necessário entrar no mérito da validade das suas interpretações, até porque isso não é possível, pois ou se reconhece uma autoridade capaz de dar a última palavra, ou haverá tantas interpretações quanto cabeças interpretantes. Basta mostrar que a interpretação da Igreja – única intérprete autorizada das Escrituras Sagradas – difere radicalmente da interpretação proposta pelo artigo da revista da Vozes. Citemos o Catecismo:
2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
[Catecismo da Igreja Católica, 2357]
Mais claro, impossível. Para a Igreja, a Sagrada Escritura “apresenta [os atos de homossexualidade] como depravações graves”. Para o pe. Snoek, no entanto, parece ser “bastante claro que estas proibições [entre elas, “a severa condenação da homofilia”], no seu contexto, foram inspiradas pela idéia de pureza cultural, abolida pela Nova Lei”. São portanto duas posições contrárias e inconciliáveis. É, aliás, revelador que o artigo em análise cite o Catecismo Holandês, ao invés do Romano, para justificar a sua posição injustificável: fica, portanto, evidente que a posição do pe. Snoek não está de acordo com a posição da Igreja de Roma. Que se apresentem teorias escabrosas e imorais, vá lá, toleremos; mas não queiram enganar os incautos, fazendo crer que tais teorias são referendadas pela Igreja de Cristo.
Sobre a Atitude das Igrejas, incrivelmente, o autor do texto vai buscar a atitude das… igrejas protestantes! Uma única palavra retirada da Tradição da Igreja, dos escritos dos Padres, dos Decretos dos Concílios Ecumênicos, dos documentos papais, nada disso consegue o pe. Snoek aduzir em favor da sua tese. E é óbvio que não consegue, porque ela – como já foi dito – é radicalmente incompatível com o Cristianismo. Estranho que este padre queira apresentar as suas conclusões estapafúrdias como sendo católicas; baseando-se na livre-interpretação das Escrituras Sagradas e citando atitudes de igrejas protestantes, deveria o reverendíssimo sacerdote ser coerente com a sua argumentação e abraçar o protestantismo. No entanto, prefere disfarçar-se de católico para, assim, enganar mais pessoas e arrastar mais almas para longe do estreito caminho que conduz à Salvação.
Haurindo as suas premissas de fontes tão lamacentas, o que se poderia esperar da Reflexão Teológica que propõe o sacerdote? Nada além de falsas conclusões oriundas de falsas premissas, de desprezo ao ensino do Magistério da Igreja e de descalabros completos – não tenho mais fôlego para comentar, e isso só iria tornar este post (ainda mais) maçante. É suficiente ter bem claro que as posições defendidas pelo padre Jaime Snoek em particular e pelo site “Diversidade Católica” em geral estão em franca oposição à Moral da Igreja, e imagino que isso já tenha ficado mais do que evidente. Movido por um sentimento (justo) de compaixão para as pessoas que sofrem de problemas homossexuais, esforça-se contudo o pe. Snoek não para libertá-las de seu pecado, e sim para aprisioná-las ainda mais nos seus maus hábitos, ensinando-as não a lutarem contra as tentações, mas a se entregarem de maneira vil a elas. Assusto-me ao imaginar o mal que este tipo de atitude pode causar: ao invés de reconduzir as ovelhas desgarradas aos prados verdejantes, esforça-se o lobo vestido de pastor para convencer as ovelhas que é uma coisa muito boa viver cercada por lama nos pântanos e charcos do mundo.
É sempre presente o perigo de se confundir a opinião pessoal de um sacerdote (passível de erro) com um ensinamento infalível da Igreja. Aliás, os inimigos de Cristo adoram fazer isso, afinal, o próprio Satanás usou (pervertendo) das Escrituras para tentar Nosso Senhor no deserto e foi duramente rechaçado por Este.
Sobre tal artigo publicado na Revista Vozes em favor da homofilia, vide esse link com texto que se refere ao artigo em questão:
http://www.intercom.org.br/boletim/a03n68/memoria_vozes.shtml
Nele encontramos essa passagem:
“Se a censura da ditadura não nos atingiu, atingiu-nos a censura do Vaticano. O Núncio Apostólico em pessoa (Dom Sebastião Baggio) foi a Petrópolis reclamar das três revistas da Editora. Da REB protestou contra um artigo de Frei Boaventura Kloppenburg: “A perigosa arte de ser bispo”. Da Sponsa Christi, de um artigo de Michael Novak, intitulado “As novas Religiosas”. Da Revista Vozes apontou um artigo do Padre Jaime Snoek sobre a homofilia (chegou a dizer que concordava com o conteúdo, mas o tema não ficava bem em revista católica). Sua ira fulminava, sobretudo, um pequeno artigo de pouco mais de três páginas, mais nota que artigo, com o título “Quem informa o Papa”. A nota fazia uma comparação entre um Manifesto de católicos mineiros, apegados aos tempos anteriores ao Concílio, e uma carta admoestativa do Papa Paulo VI à CNBB. A nota concluía que a carta do Papa estava calcada sobre o Manifesto mineiro, condenado pela Conferência dos Bispos do Brasil. E trazia, lado a lado, os dois textos. ”
Mesmo o núncio apostólico dizendo que concordava com o conteúdo não deixa de ser uma opinião meramente pessoal. O que pesa é sim o ensinamento do Magistério da Igreja e esse é bem claro sobre o homossexualismo.
Ui, novamente o fechamento mental e a repetição de clichês.
Jorginho, o aertigo não é contra a teologia moral católica, só desenvolve os princípios dela, que não mudam, a partir dos dados empíricos recolhidos na atualidade. Entre a Revelação e o a realidade empírica não há contradição possível. OI artigo se insere, de maneira harmônica, no magistério perene da Igreja.
Infelizmente, certas pessoas não estão preparadas para ir além de seus preconceitos (e uso tal palavra no seu sentido literal mesmo). Ainda bem que padres jovens, aqui mesmo na nossa diocese, não possuem tal fechamento mental.
E querer tratar de problemas de teologia moral com o catecismo é o fim… aliás, o fim não, é “Legionário de Cristo”. Pena que você ou um Pacheco da vida não sabem que lá nas Graças, na Torre e no CIN da Federal muitos de seus amigos eram (são) gays. E eu estou bem pertinho de vocês!
“Anjo”,
Hahahaha, agora sim. Falando da minha vida pessoal, da paróquia que freqüento… que engraçado. Para mostrar o próprio nome, não pareces ter tanta coragem.
Sobre os comentários,
(a) Óbvio que não existe “inserção harmônica” entre uma coisa e o seu contrário. O malfadado artigo contradiz frontalmente o ensino da Igreja, e isso está evidente para qualquer um que os ponha lado a lado e tenha dois neurônios e um mínimo de honestidade intelectual.
(b) O homossexualismo evidentemente não é um “dado empírico novo”, existe provavelmente desde que o mundo é mundo e já foi perfeitamente assimilado à teologia moral durante vinte séculos de Cristianismo por homens santos e doutos. Aliás, esta foi uma das mais estapafúrdias defesas do homossexualismo que eu já vi na vida.
(c) Artigos de uma revista da Vozes não fazem parte do “Magistério Perene da Igreja”.
(d) O Catecismo não entra nos detalhes, mas põe, sim, os princípios da Teologia Moral (isto é evidente), e diz expressamente que os atos homossexuais “não podem, em caso algum, ser aprovados”. “O fim” é querer contrariar expressamente isso e se pretender inserir “de maneira harmônica, no magistério perene da Igreja”; uma verdadeira piada.
(e) Se há amigos meus que são gays ou se há sacerdotes que desobedecem ao ensino da Igreja, isto não muda em um milímetro o ensino da Igreja, como também é evidente.
– Jorge
Essa conversa de dizer que temos textos “claros” da Escritura é algo sem sentido. Os textos da Escritura fazem referência a o comportamento promíscuo e nada mais (ou então inserem a homossexulidade no campo de normas diferenciadoras, como não comer camarão). Isso não representa uma mudança, mas o um aprofundamento de sentido, do mesmo modo que no Vaticano II tivemos um aprofundamento de sentido do que vem a ser liberdade religiosa e hoje sabemos que ela não entra em contradição com as condenações exaradas pelos Papas do século XIX.
Cada vez mais a voz homossexual se fará ouvir também no campo teológico, dando perspectivas novas à vida católica.
Da mesma forma que a ação da Igreja atuou sobre o comportamento heterossexual ao longo dos séculos, educando para o amor, o mesmo se fara no campo homossexual.
O ensinamento da Igreja sobre questões morais vinculadas a casamento e sexualidade, questões de intimidade, de uma pessoa amar outra, foi se enriquecendo com o passar dos tempos. Isso aconteceu em especial nos tempos modernos, quando a teologia moral começou a usar as introvisões da experiência vivida de homens e mulheres casados. Um exemplo de um primeiro ensinamento da Igreja sobre o casamento, e particularmente sobre o lugar do sexo, está numa diretirz do Papa Gregório I dirigida a Santo Agostinho de Cantuária no começo do século VII:
“Como mesmo o legítimo intercurso dos casados não pode ocorrer sem o prazer da carne, a entrada num lugar sagrado deve ser evitada porque o próprio prazer de modo algum pode ser sem pecado” (Papa Gregório I, Livro 11, Epístola 64. In Migne, Patrologia LATINA, 77: 1196 – 1197)
Essa orientação exprime uma clara atitude negativa com relação ao sexo no casamento e ao prazer a ser obtido do maor no âmbito do casamento. A Igreja ensinava que era pecaminoso fruir e saborear o amor sexual. Tratava-se de ato pecaminoso e impedia a participação na Eucaristia. Hoje, temos pessoas leigas trabalhando a teologia, muitas mulheres e casadas. Esse desenvolvimento oferece oportunidades para novas perspectivas. Na verdade, João Paulo II nos ofereceu um documento lírico e belo sobre a vida de casado e o amor conjugal, que transcende por completo o que disse o Papa Gregório. Assim, houve da parte da Igreja um substancial aprimoramento no tocante ao que é bom e moralmente suadável neste campo.
Quando se entender que a castidade é um dom, o mesmo se dará com a homossexualidade. Alguns heterossexuais, alguns bi e alguns homossexuais a tem, outros não.
Certa vez escreveu o bispo Thomas J. Gumbleton (auxiliar de Detroid):
“Na qualidade de pessoa celibatária, tenho de descobrir a maneira pela qual posso ser psicologicamente saudável e saber amar outras pessoas, incluindo ter intimidade sem que isso envolva intimidade sexual física. Sinto que sou chamado ao celibato, que tenho de lutar no interior dessa estrutura. As pessoas casadas têm de integrar sua sexualidade em seu relacionamento com outra. Sua união no amor conjugal tem de tomar a forma de uma total entrega à outra. Tem de ser uma maneira delas exprimirem sua comunhão total de vida, um sacramento que traga a presença de Deus, que é Amor, para seu relacionamento. Seu amor físico exprime o que deve estar presente em todos os aspectos de sua vida: o amor completo e incondicional. (…)
As pessoas gays e lésbicas também têm de lutar para aprender a amar. Também elas têm de aprender a integrar sua sexualidade numa genuína intimidade com outra pessoa. Como fazê-lo quando não se tem um chamado ao celibato é algo que a teologia moral jamais abordou.”
“O homossexualismo evidentemente não é um “dado empírico novo”, existe provavelmente desde que o mundo é mundo e já foi perfeitamente assimilado à teologia moral durante vinte séculos de Cristianismo por homens santos e doutos. Aliás, esta foi uma das mais estapafúrdias defesas do homossexualismo que eu já vi na vida.”
Caríssimo, eu não disse que a homossexualidade é um dado empírico novo, mas que o que se sabe sobre ela é que é. E não é porque alguém e “santo e douto” que tudo que ela diz é infalível, só que isso pede é respeito no contraditório.
“Artigos de uma revista da Vozes não fazem parte do ‘Magistério Perene da Igreja’.”
Eu não disse nada nesse sentido. É evidente que não são, o que é são os princípios usados pelo artigo.
“Se há amigos meus que são gays ou se há sacerdotes que desobedecem ao ensino da Igreja, isto não muda em um milímetro o ensino da Igreja, como também é evidente.”
Realmente, mudar a doutrina não muda e nem poderia, posto que ela é objetiva. Mas a referência a essas pessoas é para você cair em si e observar que talvez você não considere o amor homossexual como amor pelo simples fato de nunca ter ouvido ninguém que vive tal realidade.
“Falando da minha vida pessoal, da paróquia que freqüento… que engraçado. Para mostrar o próprio nome, não pareces ter tanta coragem.”
Não falei nada de sua vida pessoal (e nem falaria), só disse que nós também estamos por lá e também estamos no Regnun. E o motivo de eu não dar meu nome é óbvio.
E outra coisa, ser gay não tem relação direta com o sexo em si. Tem fundamentalmente relação com a nossa identidade emocional íntima. Tem fundamentalmente relação com nosso modo íntimo de amar e com a maneira pela qual isso pode nos tornar íntegros seres humanos.
As conseqüências morais, em minha própria vida, da recusa em permitir que eu amasse outro ser humano foram desastrosas. Elas me tornaram permanentemente frustrado, irritado, amargurado. Isso afetou outras áreas de minha vida. Uma vez removido esse bloqueio emocional, todo nosso equilíbrio moral pode se aprimorar, do mesmo modo como o equilíbrio emocional de uma pessoa pode se aprimorar com o casamento, sob muitos aspectos, porque há uma espécie de estabilidade, de segurança, de base sobre a qual construir a vida moral e emocional. Negar isso às pessoas gays não é só incoerente e errado de um ponto de vista cristão; é incrivelmente destrutivo no tocante à qualidade moral de sua vida em geral.
E alguém aqui pode me perguntar: mas não há uma contradição entre ser católico e ser um homossexual sexualmente ativo?
Há uma contradição básica. Admito completamente isso, num dado nível. Em outro nível – e vi-me diante disso, na verdade, com meu primeiro namorado (lá do CIN mesmo, viu Jorge), que também era católico romano. Um dia, numa briga que tivemos, ele disse: “Você acredita de fato que o que fazemos é errado? Porque, se acredita, não posso continuar”. E eu, naturalmente, fui forçado a dizer que não creio; que, de fato, acredito que o amor de uma pessoa por outra e o compromisso de uma pessoa por outra, na construção emocional que a homossexualidade nos dita não pode estar errado. Sei que há muitas coisas na vida homossexual que podem estar erradas – assim como podem estar erradas na vida heterossexual. Há muitas coisas na minha vida sexual e emocional que não são de modo algum espiritualmente puras. Trata-se de algo muito afetado por riscos morais, porém no nível mais profundo soou-me completamemente inconcebível – a partir de minha experiência moral, de uma verdadeira tentativa de compreender essa experiência – que fosse errado.
Vivenciei a admissão de minha condição exatamente da maneira que os leitores aqui podem imaginar. Eu não exprimi emoções, nem compromissos ou relacionamentos homossexuais antes dos vinte e pouco anos, em parte pelo meu compromisso com a Fé. Não foi algo que revelei casualmente. Travei uma longa batalha com isso. Mas tão logo explorei no plano concreto a possibilidade de contato humano no âmbito de minha natureza emocional e sexual, em outras palavras, assim que me permiti amar alguém, todos os constructos que a Igreja me tinha ensinado acerca da desordem inerente me pareceram tão auto-evidentemente errôneos que eu já não pude considerar a situação como problemática. Por que meu próprio sentido moral era algo avassalador, porque tive, mediante a experiência de amar alguém ou de ter condições de mar alguém, um imenso sentido da peresença de Deus – pela primeira vez em minha vida.
Todavia, alguém ainda pode colocar: mas tudo isso é subjetivo.
De fato é, só que a ação moral é sempre concreta e, em boa parte das situações da vida, teremos uma tenção entre o dado percebido e aquilo que é proposto como ideal pelo Senhor (não nego que a norma ideal é um casal heterossexual que se casa virgem). O máximo que poderemos, em várias dessas situações, é fazer o melhor possível, levando em conta o primado da consciência e determinando o que é ou não doador de vida.
Anjo, Anjo…
Em primeiro lugar, é muitíssimo feio copiar-e-colar textos da internet sem citar a fonte.
Em segundo lugar, dizer que a Igreja ensinava que o amor sexual “tratava-se de ato pecaminoso e impedia a participação na Eucaristia” é simplesmente uma mentira absurda, ao menos quanto à primeira parte. Se o sexo fosse pecado, a Igreja teria um Sacramento – o Matrimônio – para fazer as pessoas pecarem (!!), ou seja, um Sacramento para levar as pessoas para o inferno, o que é um tremendo nonsense e eu não sei como as pessoas engolem. Depois somos nós que não pensamos…
Quanto à segunda parte – que o ato conjugal impedia a participação na Eucaristia – não sei se é verdadeiro, mas é até possível. Comer, p.ex., impede a participação na Eucaristia, pois existe o jejum eucarístico, que hoje é de apenas uma hora mas já foi bem maior. E comer não é pecaminoso. Portanto, se for verdade que a Igreja exigia um “jejum sexual”, não há problema algum com isso e não tem nada a ver com dizer que sexo é pecado.
Quanto à carta de São Gregório Magno (cuja referência tu não mandaste, mas que está aqui), eu não sei o que significa porque não consigo traduzi-la, mas vou procurar saber e depois retorno aqui. Aliás, por acaso tu leste esta carta algum dia na tua vida fora do livro sobre “diversidade sexual”? Ou simplesmente aceitas sem pensar o que o tal Coray diz?
Em terceiro lugar, convém repetir, os atos homossexuais “não podem, em caso algum, ser aprovados” e, portanto, não há o menor espaço para que eles sejam “reabilitados” pela Igreja, pois Ela é Mestra Infalível em Fé e Moral e a Moral, sendo objetiva, evidentemente não está passível de se transformar no seu contrário, como insinua a revista da Vozes. A Igreja não tem autoridade para “mudar” a Moral, como também não o tem para mudar a Fé.
Em quarto lugar, a única coisa que está em questão são os atos sexuais homossexuais, pois estes é que são intrinsecamente desordenados. O que “não tem relação direta com o sexo em si” está fora de discussão, pois já foi dito e repetido que a mera inclinação por pessoas do mesmo sexo não constitui em si pecado.
Em quinto lugar, experiências subjetivas e gostos individuais evidentemente não são fontes válidas para discriminar o que é moralmente lícito do que não o é. A Moral é objetiva e a Sua Norma está no ensino da Igreja, não “na cabeça” de cada um.
Em sexto lugar (sobre comentário em outro post), é óbvio que “objetivamente desordenado” e “moralmente condenável” são expressões intercambiáveis, porque uma coisa implica na outra.
Em sétimo lugar, abstenha-se de fazer acusações anônimas sobre o que quer que seja. Não as aceitarei aqui.
Em oitavo lugar, tenha por favor a gentileza de evitar pulverizar o debate, multiplicando sem necessidade o número de comments em posts distintos. Cabe tudo em um comentário de cada vez.
Abraços,
Jorge
Caríssimo, a referência à carta está aí, na minha citação. E vale mais o que está dito, não quem o disse (Imitação de Cristo).
O argumento dela é bem claro, se você não quer tirar as conclusões lógicas, paciência. A verdade é que a exegese de Gregório I estava equivocada, seja pelo fato de que ela entra em contradição com o sentido do matrimônio, seja pelo fato de que hoje vemos o sexo de outra forma. Uma disciplina semelhante à do jejum podia até existir (como de fato existiu e ainda existe entre os ortodoxos), mas o foco aqui é saber o motovo disso; é saber por que o sexo era visto como um impedimento para a Eucaristia. Certamente o que levava a tal conclusão antes não vale hoje, tendo em vista o aprofundamento ocorrido.
E, meu caro, eu não neguei que a moral é objetiva, mas que tal objetividade, ao se tornar concreta, admite vários matizes. Por eles, em pouco tempo, veremos a teologia moral continuar a considerar as relações homossexuais objetivamente desordenadas, mas nem sempre subjetivamente pecaminosas.
“Em sétimo lugar, abstenha-se de fazer acusações anônimas sobre o que quer que seja. Não as aceitarei aqui.”
Que acusações? Do que você está falando?
Caro Anjo,
Diz que o “artigo se insere, de maneira harmônica, no magistério perene da Igreja.”
Deve estar a brincar… Deois de tudo o que já foi escrito aqui, acha realmente que o artigo se insere harmoniosamente no ensinamento da Igreja?
“Infelizmente, certas pessoas não estão preparadas para ir além de seus preconceitos (e uso tal palavra no seu sentido literal mesmo). ”
É uma questão de bom senso. Também achei durante muito tempo que era um preconceito. Neste momento acho que seguir esse caminho, sabendo perfeitamente que é completamente reprovável, tanto pelo que a Santa Igreja sabiamente ensina, como pelo uso básico da razão, é tontice.
“Ainda bem que padres jovens, aqui mesmo na nossa diocese, não possuem tal fechamento mental.”
Isso não invalida o ensinamento da Igreja. Há padres que defendem coisas muito mais absurdas, como a matança de crianças que nem sequer nasceram. Claro que uma opinião vinda de padres que defendem as modas do mundo encaixa muito mais facilmente, para quem não tem uma fé madura e para quem não conhece minimamente a Doutrina da Igreja.
“O máximo que poderemos, em várias dessas situações, é fazer o melhor possível, levando em conta o primado da consciência e determinando o que é ou não doador de vida.”
O Anjo apela muito à consciência. A consciência é, de facto, o alarme que sinaliza muitas asneiradas que fazemos. Mas a consciência educa-se, sabia? Só uma consciência bem formada e instruída pode ser fidedigna nos alertas que nos dá. Caso contrário, sinaliza maldade em tudo ou, pior ainda, maldade em nada. E nada pior que o relativismo para deseducar a consciência.
“meu próprio sentido moral era algo avassalador, porque tive, mediante a experiência de amar alguém ou de ter condições de mar alguém, um imenso sentido da peresença de Deus – pela primeira vez em minha vida. ”
Acho que está a confundir, para além do sentimento do “amor” que diz sentir, a presença de Deus com outra coisa qualquer. É impossível sentir a presença verdadeira de Deus quando se está a cometer um pecado que brada aos Céus. Deus pode, sim, fazer-se sentir numa situação de pecado, mas sempre para levar a conversão. Nunca se faz sentir como incentivo a um pecado. Parece-me lógico. Cuidado com essas “presenças”. Podem ser algo nada bom para a alma!
“As conseqüências morais, em minha própria vida, da recusa em permitir que eu amasse outro ser humano foram desastrosas. Elas me tornaram permanentemente frustrado, irritado, amargurado.”
Para mim, e isso já conteceu comigo, caso não se lembre, isso foram consequências sentimentais e não morais. A única consequência moral que essa recusa me permitiu foi bastante positiva e possibilitou o me re-encontro com a Santa Igreja e com Nosso Senhor. Ainda mais sabendo que são “sentimentos” completamente doentios, tenho mais é que recusá-los. Não consegue sozinho? Procure ajuda. Psicológica e/ou espiritual, com um bom sacerdote.
Também eu me senti frustrado, amargurado, irritado… Durante muito tempo! Irritado com tudo, com todos e até com Deus. É natural. É uma fase. Uma fase que ajuda a crecser e a amadurecer. Se não me tivesse sentido assim, talvez hoje ainda vivesse agarrado ao vício de me sentir amado e querido por um rapaz. Triste ilusão. E não, não sou um “infeliz no amor”, que teve um enorme desgosoto e “virou santo” (como já ouvi da boca de muitos).
“Negar isso às pessoas gays não é só incoerente e errado de um ponto de vista cristão”.
Incoerente, errado e grave é tolerar um pecado que brada aos Céus. É uma falta de caridade cristã não instruir o próximo sobre a gravidade do pecado em que se encontra. É impensável alguém que se denomina católico dar consentimento a uma relação sodomita.
“É incrivelmente destrutivo no tocante à qualidade moral de sua vida em geral”.
Esta frase faria pleno sentido se começasse com algo do género “Incentivar as relações homossexuais…”.
“Em pouco tempo, veremos a teologia moral continuar a considerar as relações homossexuais objetivamente desordenadas, mas nem sempre subjetivamente pecaminosas.”
Como referi atrás, o pecado de sodomia é um pecado contra a natureza que clama aos Céus por vingança. E assim será pelos séculos dos séculos.
Não, não estou brincando caríssimo. O que foi colocado lá no artigo está em perfeita harmonia com a doutrina de sempre.
O pecado, realmente, brada aos “Céus por vingança”. Só que a questão está em delimitar o que é pecado neste caso. Você não percebeu este detalhe.
E aqui não temos nada que se relacione com “sacerdotes que seguem as modas do mundo”, mas, antes, uma questão pensada de meneira madura por muitos pastores de almas.
O uso da palavra preconceito não é no sentido popular, mas no sentido literal mesmo, de “conceito prévio”. Quando você estudar o que dizem os defensores de uma mudança de perspectiva no campo da homossexulaidade e constestar ou aceitar as conclusões deles, você, aí sim, não terá conceitos prévios.
João 12, talvez sua vivência da homossexualidade tenha se dado só num contexto não-oblativo e disso deriva sua impressão de que nele não há espaço para o amor e de um contato com Deus. Muitos, hoje, podem falar que não é sempre assim. E, é bom lembrar, isso também não se dava no campo heterossexual antes da “educação para o amor” promovida pela Igreja.
Só um detalhe, o pecado dos sodomitas não era o sexo entre iguais, este existia, de fato, mas fazia parte de um leque. Se você quiser, vai encontrar com facilidade uma a exegese mais precisa sobre os trechos bíblicos geralmente associados à homossexualidade e verá que a coisa não é tão simples quanto lhe falaram.
Uma constatação se faz necessária. Para os que estão imersos no pecado, a cauterização da consciência é algo comum e consequente. Assim, a defesa do pecado pelo pecador contumaz torna-se como que obrigatório para justificar o erro e para trazer a si um certo “conforto” ilusório.
Rodrigo,
Concordo.
Puro relativismo. Bah!…
Anjo,
Você é um vagabundo, mentiroso, covarde, e está ajudando a destruir a Igreja. E por um simples motivo: você está fazendo apologia ao pecado. As relações homossexuais são pecaminosas. Isso foi o que a Igreja sempre ensinou. E fim de papo. Ou você quer passar corretivo líquido na Bíblia? No Catecismo da Igreja Católica?
Será que você não se manca que pecado não é aquilo que a gente quer que seja? Quem disse que homossexualismo é pecado não foi o Jorge, não foi santo nenhum, não foi o Papa. Foi Deus.
Está tentando enganar aos outros como já enganou a si mesmo acerca do ensinamento cristão sobre o homossexualismo? Quer levar quantos junto com você para o inferno? Quantos você pretende seduzir com essa enrolação? Dando voltas e mais voltas, criando sua própria interpretação, alimentando sua própria fantasia…
Você está servindo a Satanás. Já imaginou isso? Já pensou na possibilidade de ir para o inferno, não por ser homossexual, nem mesmo pelo pecado do homossexualismo… mas por FAZER APOLOGIA AO PECADO???? Será que você não percebe a gravidade do que está fazendo?
Deus perdoa os pecadores… certamente creio que perdoará tantos que pela fraqueza pecaram contra a castidade e mesmo tiveram relações homossexuais… mas ele não perdoará os covardes e os traidores, aqueles que deturpam sua Palavra. Porque esses mesmos, não almejam o perdão.
E por fim, seja homem e diga quem é. Você não passa de um farsante.
Anjo,
Você aqui está querendo dizer então que a Igreja deveria dizer que o amor homossexual estaria dentro do plano de Deus e em acordo com a Lei Natural?
Que a atuação pastoral da Igreja para pessoas nessas condições deveria ser liberar esse amor?
Ou seria uma espécie de concessão, dada a subjetividade do caso. Por exemplo, um homossexual que não conseguisse viver o ideal – que seria o celibato – acaba assumindo uma condição de mal menor, a saber, vivercom um parceiro ao invés de uma vida promíscua?
Gostaria que vc explicasse esses pontos, especialmente no tocante à Lei Natural.
Anjo,
Sobre São Gregório Magno, reitero que é necessário saber exatamente do que ele está falando. Parece ser uma disciplina da Igreja Primitiva; e não há “exegeses erradas” para disciplinas. Por acaso o fato do jejum eucarísitico ter sido abrandado faz com que a Igreja houvesse tido no passado “uma concepção equivocada sobre a alimentação humana”?
Sem contar que não há nenhuma comparação possível entre isso e a condenação semper et ubique dos atos homossexuais. Isto é um ensino moral, e não uma disciplina eclesiástica.
Sobre em pouco tempo, veremos a teologia moral continuar a considerar as relações homossexuais objetivamente desordenadas, mas nem sempre subjetivamente pecaminosas, isso já existe, porque o pecado mortal, para ser o que é, precisa de – além da matéria grave – livre consentimento e pleno conhecimento. Isso, portanto, desde sempre vale para todo pecado. O que não dá é para contradizer o ensino claríssimo da Igreja sobre o tema (dizendo, p.ex., que a condenação do homossexualismo foi abolida pela Nova Lei), nem fazer apologia de uma práxis em si imoral (afinal, “nem sempre ser subjetivamente pecaminosa” vale para qualquer atitude).
As acusações às quais me referi foram sobre a suposta “ubiqüidade gay” entre os católicos aqui da Arquidiocese. Ou tu dás nomes de pessoas cujas posições sejam públicas, ou pára de tentar chamar em defesa da própria posição a suposta “nuvem silenciosa” de pessoas jovens e livres de preconceito da qual és porta-voz.
As perguntas do Rodolfo são bem pertinentes. Aguardo as respostas.
Abraços,
Jorge
‘Anjo’ (e demais),
Intrometendo-me na discussão, por hora gostaria apenas de transcrever o que diz o Catecismo de Trento respeito da contenção dos deveres matrimoniais e tecer breve comentário:
(2ª parte, 8º capítulo, “Do matrimônio”, § 34)
“…
[Saber conter-se quando for útil ou necessário]
De outra parte, como devemos alcançar de Deus todos os bens, por meio de santas orações, os párocos devem ensinar aos fiéis, em segundo lugar, que se abstenham de vez em quando das relações conjugais, por amor das orações e súplicas que fazem a Deus.
Tal aconteça, principalmente, pelo menos três dias antes de receberem a Sagrada Eucaristia [823]; mais vezes até, durante o tempo em que se observa o santo jejum da Quaresma, de acordo com as boas e graves prescrições que os nossos Santos Padres nos deixaram. [824]
Desta forma, eles verão os bens do Matrimônio avultarem, dia-a-dia, com o aumento sempre maior da graça divina. Pela fervorosa prática da piedade, não só terão, neste mundo, uma vida tranqüila e bonançosa, mas poderão também apoiar-se naquela verdadeira e sólida esperança, que “não engana” [825], de conseguirem a vida eterna, graças à misericórdia de Deus.
…”
Três notas de rodapé do tradutor-editor Frei Leopoldo Martins, O.F.M. esclarecem ainda o seguinte:
“[823] Estes conselhos ascéticos caducaram com a Comunhão freqüente e cotidiana, desconhecida no século XVI. São também posteriores aos primeiros tempos do cristianismo, quando os fiéis assistiam à Missa, e comungavam como participantes dos Sagrados Mistérios.
[824] É assunto de exposição muito delicada. Não deve ser levado ao púlpito. Convém omiti-lo nas instruções individuais aos noivos, porque no Matrimônio as obrigações são bilaterais. Além disso, os tempos mudaram. Ainda mal, as gerações de hoje não compreendem a candura e a elevação de certos pensamentos cristãos [d]a antigüidade.
[825] Rm 5, 5. — Acerca do Matrimônio, é indispensável o estudo das admiráveis encíclicas papais “Arcanum divinae Sapientiae”, de Leão XIII e “Casti Connubii”, de Pio XI.”
Portanto, com relação aos deveres matrimoniais recíprocos entre os cônjuges, e pela confiança magisterial que a Igreja depositou e confirmou ao longo de vários séculos nos ensinamentos compilados em sede do referido Catecismo, a Igreja parece nunca ter prescrito contenção absoluta, prolongada e/ou por causa qualquer, como se dentro do Matrimônio fosse a relação sexual intrinsecamente má. O que seria mesmo de uma contradição absurda, considerando o fim primeiro do matrimônio, que é a procriação. Aquela [contenção] a que diz respeito o excerto acima era para ser tão [in]freqüentemente observada quanto o era a comunhão eucarística ao tempo da expedição dessa norma disciplinar, como nos informa a nota do tradutor. Aprofundado o costume católico à comunhão freqüente — prática que S. Pio X muito exortou e que, infelizmente, deve estar sendo muito [ilicitamente] abusada nas últimas décadas, dada a evidente queda na freqüência da Confissão e o aumento inversamente proporcional da Comunhão –, seria mesmo de se esperar que esse costume caísse em desuso, não por falta de virtude, mas em benefício de um bem potencialmente maior, que é a comunhão (em estado de graça).
Quanto à citação de S. Gregório, é preciso saber em que contexto teria ele afirmado aquilo. Hipoteticamente, poderia estar-se referindo àqueles mesmos casos condenados pelos Santos: “entrega à vida conjugal por [preponderadamente] prazer e sensualidade”, “ao sabor da paixão”, a”os impulsos da sensualidade, “cegamente à satisfação da carne”, ao amor à esposa “como se ela fora uma adúltera”, etc. Noutra hipótese, ainda que se constate que o referido papa teria mesmo querido dizer absolutamente o que você insinuou, seria preciso também investigar qual o nível de autoridade/fabilidade se pode atribuir a esse magistério, no caso de hipotético contraste em relação ao magistério anterior e posterior.
Adianto-me em dizer que é tática baixa eleger um alvo fácil, ou querer fazê-lo de fácil, apenas para analogamente desmerecer ou levantar protestantizantes dúvidas e relativizações acerca da doutrina segura da incompatibilidade entre o homossexualismo e a moral católica.
Abraço,
Antonio
“Você é um vagabundo, mentiroso, covarde, e está ajudando a destruir a Igreja. E por um simples motivo: você está fazendo apologia ao pecado. As relações homossexuais são pecaminosas. Isso foi o que a Igreja sempre ensinou. E fim de papo. Ou você quer passar corretivo líquido na Bíblia? No Catecismo da Igreja Católica?”
A Igreja ensinou isso com base em certos dados empíricos e exegéticos que hoje não fazem mais sentido, dado o aprofundamento das ciências e da exegese bíblica. Você pode bater o pezinho o quanto quiser, mas até na Escola Bíblica de Jerusalém isso é levado em conta.
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“Ou seria uma espécie de concessão, dada a subjetividade do caso. Por exemplo, um homossexual que não conseguisse viver o ideal – que seria o celibato – acaba assumindo uma condição de mal menor, a saber, viver com um parceiro ao invés de uma vida promíscua?”
É isso mesmo caríssimo, é só ler o texto do Pe. Snoek.
O amor homossexual, se oblativo, como todo amor, está no Plano de Deus, o que não está é a condição homossexual em si, assim como a miopia também não está. É um dado da realidade com que se tem de lidar, em especial em relação a quem não é chamado ao celibato.
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Jorge a citação está clara. E a questão do sexo no jejum e em outras disciplinas eclesiásticas semelhantes (como a proibição das mulheres entrarem no presbitério), não tem paralelo com a questão da alimentação. As primeiras foram modificadas devido a um melhor entendimento sobre uma série de questões (inclusive bíblicas), a segunda foi modificada devido a mania absurda de Paulo VI de afrouxar tudo, mesmo quando ninguém estava pedindo isso (o que é diferente da mudança feita por Pio XII).
E sua conclusão sobre o que falei sobre o subjetivo está sem sentido, pois não me refiro a tendência, mas às relações homossexuais concretas.
E, caríssimo, não vou dar nome nenhum, mas se você pensa que não tem um monte de gays indo nas paróquias que você freqüenta (cordeiro, torre, graças, imbiribeira) está por fora mesmo. Só mais uma: já tem padre aqui na arquidiocese que abençoa anel de noivados homossexuais (de gays ou de lésbicas).
Mas tudo bem, se é seu desejo, vou fingir que nada disso existe.
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Antônio, tanto a Igreja fez isso, que nas igrejas ortodoxas, a disciplina continua (só é possível comungar em parte delas se a pessoa fica um dia sem manter relações sexuais – e estou falando dos casados).
“Será que você não se manca que pecado não é aquilo que a gente quer que seja? Quem disse que homossexualismo é pecado não foi o Jorge, não foi santo nenhum, não foi o Papa. Foi Deus.”
Quando/onde Deus disse isso?
Eu acredito mais no certo ou errado do que na palavra pecado. Quem será que inventou essa palavra …
Caríssimos…!
Diante de tantas e tão grandes e absurdas falácias proferidas pelo o dito ‘Anjo’, e que já foram tão bem contra-argumentadas e combatidas pelos nobres comentadores deste espaço, não me resta fazer muito ou quase nada, a não ser afirmar o óbvio:
Quando se quer afirmar algo, mudando a essência deste algo em outra essência, ou seja, mudando uma coisa por outra coisa totalmente contrária, é abusar demasiadamente do intelecto alheio.
Querer fazer o certo ‘virar’ errado e vise versa;
Querer fazer o erro ‘virar’ verdade e vise versa;
Querer fazer o ante-natural ‘virar’ natura e vise versal;
Querer fazer o não-ser ‘virar’ o ser e vise versa, enfim… uma pessoa em sã consciência vir a se dispor a defender coisas deste tipo,… de duas uma: ou é louco ou está com uma baita má fé.
Meu caro ‘Anjo’! Se vieres a conseguir fazer isso (coisa que é totalmente impossível, diga-se de passagem, mas só para ‘imaginarmos’ a cena), você chegará ao verdadeiro caos, transpondo e toda ordem universal em desordem generalizada.
Perceba a besteira de que está defendendo. Isso tudo por não querer renunciar um erro e lutar, com sacrifícios é claro, contra tal erro. Seria o mesmo que viver um mundo ‘surreal’ em ‘paralelo’ com o real, ludibriando a si mesmo. Sic! Que coisa não!?
O pior cego é aquele que não quer enxergar; e o pior iludido é aquele que ilude a si mesmo e tenta iludir a outros.
Saia deste relativismo ‘enraigado’ caro ‘Anjo’, pois a verdade não pode ser ‘feita’ a nosso bel prazer e gosto.
Que Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo poderoso intermédio e intercessão de Nossa Senhora de Fátima, posso nos cumular de Graças para nos libertar de tamanha cegueira espiritual.
Até mais ‘ver’.
André Víctor
Caríssimo, você não entendeu absolutamente nada e ainda faz uma leitura seletiva. Não estou dizendo que o errado vai virar certo, mas que o critério que levava a tal conclusão é que é falho.
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“Quando/onde Deus disse isso?
Eu acredito mais no certo ou errado do que na palavra pecado. Quem será que inventou essa palavra …”
“Errado” é o “pecado” meu caro. Olhe, faça o favor de não vir aqui tulmutuar as coisas com algum relativismo modernista para as pessoas não associarem isso com o que estou fazendo.
Anjo,
Acho engraçado tu criticares no Lucas o mesmo “relativismo modernista” que usas nas tuas retóricas. A Igreja semper et ubique afirmou de maneira clara e insofismável que (nunca é demais repetir) “«os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (CIC 2357). E tu vens dizer, baseado em “teólogos” modernos de ortodoxia duvidosa, que “o critério que levava a tal conclusão (…) é falho”…
Por acaso a Igreja Infalível que é Mestra em Moral pode apresentar aos fiéis, durante dois mil anos, uma conclusão que é falha? Que sentido tem esta afirmação disparatada? Claro que pode haver aprofundamento no conhecimento das Verdades Reveladas, mas é evidente que não pode haver contradição.
Sobre “a questão do sexo no jejum e em outras disciplinas eclesiásticas semelhantes (como a proibição das mulheres entrarem no presbitério), não tem paralelo com a questão da alimentação”, é claro que tem paralelo (como aliás é óbvio, já que as duas são disciplinas), como o Antonio mostrou, pois São Pio X incentivou a comunhão diária e não faz evidentemente o menor sentido os casais precisarem se abster de relações sexuais por três dias antes de receber a comunhão se forem comungar diariamente. Esta é, portanto, uma disciplina perfeitamente lícita (tanto que, hoje em dia, se um casal quiser observar a abstinência sexual por três dias antes de receber a Sagrada Eucaristia, nada impede que ele o faça), e nunca uma “conclusão equivocada” apresentada pela Igreja aos fiéis, pois este absurdo não é possível. O que não tem cabimento algum é comparar uma disciplina da Igreja com uma condenação moral feita de maneira clara pelo Seu Magistério Perene.
Quanto à frase “[o] amor homossexual, se oblativo, como todo amor, está no Plano de Deus, o que não está é a condição homossexual em si”, qual o significado disso? Por acaso pode haver “amor homossexual” sem a “condição homossexual em si”? E uma desordem física (como a miopia) não está no mesmo plano de uma desordem moral (como os atos homossexuais); estas são sempre, objetivamente, pecados.
Quanto aos padres que abençoam noivados gays, isto obviamente é desobediência à autoridade da Igreja que não permite tal absurdo. Não entendo qual o teu interesse em incitar a desobediência aos Legítimos Pastores da Igreja de Cristo, querendo (ainda por cima) posar de católico bom e fiel. E o ônus da prova cabe a quem acusa; portanto, se tu estás acusando sacerdotes daqui de Olinda e Recife de agirem em expressa contradição ao que a Igreja manda, precisa provar; caso contrário, pare com a calúnia barata e concentre-se nas perguntas que foram feitas.
E há uma pergunta do Rodolfo que continua pendente, sobre se os atos homossexuais estão de acordo com a Lei Natural.
Abraços,
Jorge
Jorge, minhas colocações não têm, absolutamente, nada de relativas. Você é que não consegue, como é cacoete mental em quem está ligado aos Legionários, passar de uma reflexão catequética para uma teológica e, ainda por cima, mas em conseqüencia do que acabei de dizer, ainda tenta desmerecer quem você não entende com frases vazias de significado (“ortodoxia duvidosa”).
“Claro que pode haver aprofundamento no conhecimento das Verdades Reveladas, mas é evidente que não pode haver contradição.”
Precisamente, não há contradição nenhuma.
Mas, claro, em relação a questão da liberdade religiosa você não dá um pio, não é? Depois que o Magistério transforma uma reflexão que permeou todo o século XX como possibilidade de desenvolvimento orgânico, mas que tinha cheiro de heresia, em ponto de referência aí você aceita. Certamente, se estivesse na década de 1950, veria o que se transformou em doutrina conciliar como algo em contradição com o Magistério e faria isso por não sair do nível catequético. O caso aqui é o mesmo.
Novamente, a disciplina referente ao sexo não tem paralelo com a alimentar, pois o que a movia não era apenas o ascetismo, mas considerações sobre a natureza mesma da vida sexual.
E, meu caro, nada é objetivamente pecado, pode ser objetivamente pecaminoso, mas pecado só no caso concreto, ou seja, com a subjetividade inserida.
Já respondi sobre a Lei Natural. Mas vou repetir, visto que você deve ser um leitor desatento: evidente que não estão. Só que isso não implica no que você e uma linha de reflexão teológica querem que implique.
“Não entendo qual o teu interesse em incitar a desobediência aos Legítimos Pastores da Igreja de Cristo, querendo (ainda por cima) posar de católico bom e fiel.”
Em primeiro lugar, não estou incentivando nada, só relatando um fato. E, em segundo lugar, bom católico eu sou, quer você goste disso ou não.
“E o ônus da prova cabe a quem acusa; portanto, se tu estás acusando sacerdotes daqui de Olinda e Recife de agirem em expressa contradição ao que a Igreja manda, precisa provar; caso contrário, pare com a calúnia barata e concentre-se nas perguntas que foram feitas.”
Eu não preciso provar nada, ainda mais para dar material ao pessoal do Regnun. Fora que tal comportamento não tem nada de negativo, visto que os tais sacerdotes só atendem uma necessidade dos fiéis, num ponto que a Igreja ainda não conseguiu trabalhar num nível fora de suas bases.
” “Errado” é o “pecado” meu caro. Olhe, faça o favor de não vir aqui tulmutuar as coisas com algum relativismo modernista para as pessoas não associarem isso com o que estou fazendo.”
O legítimo faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço. Você pode tumultuar o blog e postar varios comentários consecutivos para dar volume.
Faça o favor de não vir aqui com sua hipocrisia.
Hipocrisia nenhuma. Se você não tem capacidade de entender um leitura inusitada, mas ortodoxa, da doutrina, e logo quer equipará-la às suas concepções relativistas e estranhas ao catolicismo, é melhor não escrever nada. Suponho que aqui se debata segundo critérios católicos e não os de sua cabeça.
“…bom católico eu sou, quer você goste disso ou não…”
Caríssimos,… Esta frase não lhes parece já bastante conhecida por aqui?!
É meu caro Jorge, existem muitas outras ‘Sandrices’ ‘dentro’ da Santa Igreja não é mesmo?!
Quanto mal estes ‘Católicos com Doutrina Diferente da Igreja – CDDI’ não fazem no nosso meio. Não querem VIVER, mesmo com alguma dificuldade, o autêntico catolicismo, e ficam ‘inventando’ um outro que seja mais conivente e conveniente com seus caprichos.
É mesmo um sentimento de religiosidade a lá self-service, onde eu só ‘coloco no meu prato’ aquilo que eu gosto e não aquilo de que eu preciso, e além disso, eu coloco aquilo de que nem faz parte do cardápio, dá-se um jeitinho de colocar no prato, mesmo que este alimento seja até mesmo um veneno que já esteja avisado na porta do refeitório, em letras garrafais em um cartaz . Sic! Que coisa!!!
“…Se você não tem capacidade de entender um leitura inusitada, mas ortodoxa, da doutrina, e logo quer equipará-la às suas concepções relativistas e estranhas ao catolicismo, é melhor não escrever nada. Suponho que aqui se debata segundo critérios católicos e não os de sua cabeça.”
E aqui, querer dar a entender que se vive o catolicismo, tentando com palavras ‘adocicadas’ transformar aquilo que é naquilo que não é, e aquilo que não é naquilo que é, e que diferem tão claramente do verdadeiro catolicismo proferido e ensinado pela Santa Igreja, apresentando uma doutrina alheia da Sã Doutrina, utilizando-se de sofismas e eufemismos pelo simples fato se estar apegado a um hedonismo, tão difundido pelo mundo a fora como sendo a verdade,… já disse: é abusar de mais da reta razão.
Que Nosso Senhor Jesus Cristo, tenho piedade e misericórdia de todos os relativistas, positivistas self-service.
Até mais ‘ver’.
André Víctor
Anjo,
O palavrório não muda o fato auto-evidente de que “actus homosexualitatis (…) [n]ullo in casu possent accipere approbationem” e “os atos homossexuais podem ser aprovados em alguns casos” são duas coisas frontalmente contraditórias. A primeira, é ensino da Igreja e, a segunda, é relativismo moral.
Sobre a Liberdade Religiosa, eu já dei muito mais do que um pio. Só que isso não tem absolutamente nada a ver com o tema em questão, porque a condenação dos atos homossexuais não é quaestio disputata, e sim causa finita.
Faça a gentileza de responder algumas coisas:
(a) atos contrários à Lei Natural, feitos deliberada e conscientemente, podem ser não-pecaminosos?
(b) a Igreja Infalível, que é Mestra em Moral, pode acaso ter apresentado aos fiéis, durante dois mil anos, uma “conclusão equivocada”?
(c) o “amor homossexual oblativo” ao qual tu te referes inclui as relações sexuais entre homossexuais? Concorda que “amor oblativo” é uma atitude certamente meritória para a Vida Eterna? As relações sexuais entre homossexuais podem ser, portanto, meritórias? Deus, portanto, premia com méritos na Glória coisas que são contrárias à Lei Natural que Ele mesmo estabeleceu, é isso mesmo que tu estás dizendo?
Abraços,
Jorge
“Hipocrisia nenhuma. Se você não tem capacidade de entender um leitura inusitada, mas ortodoxa, da doutrina, e logo quer equipará-la às suas concepções relativistas e estranhas ao catolicismo, é melhor não escrever nada. Suponho que aqui se debata segundo critérios católicos e não os de sua cabeça.”
Ok, se fosse me mostrar onde diz que a palavra “errado” não pode ser usada no lugar da palavra “pecado” eu mudo minha opinião em relação a isso.
É PECADO cometer aborto.
É ERRADO cometer aborto.
Não me parece ter mudado em nada o sentido da frase.