Ainda sobre a questão da retirada das excomunhões que pesavam sobre os quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, é impressionante notar como algumas pessoas se apegam ferrenhamente a meias-verdades e trabalham com afinco para fazer com que coisas secundárias obscureçam o que é principal. Refiro-me à já tristemente célebre declaração de Dom Williamson a uma rede de televisão sueca “negando o Holocausto”. As aspas aqui são propositais, e já explico o porquê.
As manchetes dos jornais não perdoaram: “Papa reabilita bispo que nega o Holocausto”; “Papa divide Vaticano ao reabilitar bispo que nega o Holocausto”; “Judeus alemães condenam perdão a bispo que nega o Holocausto”. Ou seja: a Fraternidade Sacerdotal São Pio X se viu reduzida, perante a opinião pública, a Dom Williamson e, este, ao “bispo que nega o Holocausto”! Será possível que ainda haverá inocentes que sejam capazes de negar a profunda má-fé destes pseudo-jornalistas e o evidentemente deliberado serviço de desinformação que foi levado a cabo por estes criminosos que manipulam o Quarto Poder?
Muita coisa poderia ser dita. Primeiro, que reconhecemos evidentemente que tal declaração foi, para dizer o mínimo, desnecessária. Segundo, que, a despeito disso, Dom Williamson, até onde me conste, não negou o Holocausto e sim a existência das câmaras de gás. São duas coisas completamente diferentes. Terceiro, que a FSSPX é maior do que Dom Williamson e, dentro dela, até onde me conste, este tipo de opiniões é característica exclusiva dele. Quarto, que Dom Williamson (e a FSSPX em geral) não foi excomungado por questões referentes ao Holocausto e, portanto, não é também por questões a ele relacionadas que o bispo foi reabilitado. Quinto, que a razão de ser da FSSPX não é negar o Holocausto. Sexto, que os membros do Clero têm como função precípua o ensino da Doutrina Católica, e não de História. Sétimo, que as negociações entre a Santa Sé e a FSSPX absolutamente nada têm a ver com discussões históricas sobre o Holocausto. Oitavo, que a reabilitação de um bispo que “nega o Holocausto” não implica em dizer que a Igreja “assume como Sua” a negação do Holocausto. Enfim! Sob uma enxurrada de mentiras, de manipulação de fatos e de jogo de emoções, o cerne da questão passa completamente despercebido pela grande massa de pessoas que acompanham o que acontece no mundo por meio desta excrescência de jornalismo irresponsável!
A calúnia e a desinformação atingiram proporções descomunais; Dom Fellay – superior da FSSPX – foi obrigado a proibir Dom Williamson de dar declarações públicas sobre História e Política até segunda ordem. Medida extrema e desproporcional, mas necessária devido à histeria generalizada. Tudo por causa da tempestade em copo d’água e do catastrofismo criminoso propagados por alguns setores da mídia. Esperamos que, agora, a poeira possa baixar e, com o arrefecimento dos ânimos exaltados, as pessoas possam conhecer a Fraternidade por aquilo que ela é – e não por esta sua tosca caricatura com a qual foi apresentada ao grande público.