– Uma reportagem no site da VEJA de hoje fala que o Vaticano exigiu de Dom Williamson a negação pública e inequívoca dos seus questionamentos sobre o holocausto judeu, afirmando ainda ser isto “um requisito básico para que o bispo volte a servir à Igreja, de acordo com um documento divulgado pelo Vaticano”. Sem fazer a mínima idéia de que espécie de documento poderia ser este, fui procurar na rede e o encontrei no Rorate Caeli.
Em dois pontos a reportagem da VEJA carece de precisões. Em primeiro e mais importante lugar, ela não deixa claro o que significa “volte a servir à Igreja”; não é (como eu pensei à primeira vista) uma condição para a retirada da excomunhão, e sim para que o bispo assuma funções episcopais. Portanto, a retirada da excomunhão (óbvio) permanece, independente de qualquer declaração ou ausência de declaração de Dom Williamson sobre o Holocausto. Em segundo lugar, o que a Nota da Secretaria de Estado do Vaticano parece colocar como condição para que o bispo assuma funções episcopais é uma coisa mais sutil do que simplesmente a exigência de uma retratação pública expressa e inequívoca (como eu também pensei à primeira vista): will also have to distance himself, in an absolutely unequivocal and public manner, from his positions regarding the Shoah, em inglês, ou dovrà anche prendere in modo assolutamente inequivocabile e pubblico le distanze dalle sue posizioni riguardanti la Shoah, no original italiano; literalmente, seria alguma coisa como “deverá [Dom Williamson] manter distância, de uma maneira pública e inequívoca, de suas posições sobre o Holocausto”.
[P.S.: no Jornal da Globo, neste exato momento (04/02, 00:05): “o Vaticano exigiu que o Bispo que negou o Holocausto se retrate, sob pena de continuar excomungado” – mentira. E o Jabor falando besteira sobre o Santo Padre… uma verdadeira anta. “- ‘Ah – diz o porta voz do Vaticano – mas o Papa não sabia que o cara tinha dito isso!’ Mas como não? O Papa não é infalível?” Seguido de um risinho sarcástico de gente estúpida que não sabe o que está dizendo. A cretinice não tem limites!]
Outrossim, como já cansei de dizer que nem Dom Williamson negou o Holocausto e nem opiniões particulares sobre o Holocausto ou a sua inexistência têm qualquer ligação com o levantamento das excomunhões da FSSPX, não vou voltar a insistir no assunto porque nem eu mesmo agüento mais.
– Uma carta do pe. Juan Carlos foi publicada no Fratres in Unum, conclamando os bispos da FSSPX para que não aceitem o levantamento das excomunhões. A argumentação do padre está corretíssima: pedir “el retiro del Decreto de declaración de la excomunión” implica reconocer “la validez de la censura”. Como já foi comentado em diversos lugares (e contrariamente ao que alguns insistem em afirmar), um decreto que retire uma excomunhão necessariamente pressupõe a existência da excomunhão que está sendo retirada. Portanto, longe de declarar a “nulidade” das excomunhões de 1988, o decreto tornado público no sábado 24 de janeiro corrobora-as; e até mesmo um padre da Fraternidade o reconhece.
Importa insistir, por uma absoluta necessidade de se ater aos fatos tais e quais eles se apresentam: do decreto da Congregação para os Bispos do dia 21 de janeiro, infere-se que havia de fato uma excomunhão (ao contrário do que dizem alguns rad-trads malucos), e ela de fato foi retirada (ao contrário do que a mídia modernista pretende insinuar com seus ataques a Dom Williamson). Rezemos pela FSSPX.
Infelizmente os microfones estão nas mãos dos ignorantes…
“Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.” (Nelson Rodrigues)
Se é do Nelson Rodrigues essa frase eu não sei, mas que ela infelizmente retrata uma realidade, isso é inegável…
Concordo e essa não é a primeira do Jabor e nem da Veja, mas de um comunistazinho e de um “tablóide” não se pode esperar muito, não é verdade…
Caros amigos
Essa posição dos Rad-trads a respeito das excomunhões
foi amplamente debatida anteriormente, porque não existindo excomunhões, Dom Marcel Lefebvre estaria dentro da Igreja e não fora.
Mas como ele já não está entre nós e não pode mais redimir-se de seus erros publicamente retornando a comunhão, só restaria mesmo o sacrifício dos outros Bispos fazendo justamente o contrário que Dom Lefebvre desejava, manter a FSSPX viva.
Que futuro terá a Fraternidade com seus Bispos excomungados, o unico futuro reside na aceitação da reintegração e as outras ações cabíveis para uma perfeita Comunhão.
Dom Marcel Lefebvre sabia disso e escolheu o sacrifício de sua comunhão com a Igreja para preservar seus filhos para que pudessem no futuro colaborar com a Igreja e somar conosco tudo que aprenderam e experimentaram.
Se não aceitarem a generosidade do Papa agora, estarão fechando a porta para sempre e o Sacrifício de Dom Lefevbvre terá sido em Vão.
É agora ou ……
Ps.
Comentarista de televisão não sabe do que está falando e nao distiguiria côcô de Grilo de um crocodilo se estivesse em sua frente, mas quem se importa com estes comentários cômicos que só servem para tirar uma risadinha daqueles que não sabem nada de nada?
Devemos rezar muito mesmo
Deus nos abençoe.
Jorge, concordo com você. É duro ouvir alguém como o sr. Jabor emitir opinião sobre um assunto que ele não tem o menor conhecimento. E como não sabe mesmo do que se trata ele, literalmente, “joga pra torcida”. É uma lástima!
De fato, aquele sorriso sarcástico falando da infalibilidade do papa foi duro de assistir.
Caro Jorge,
A priori, um decreto que retira a excomunhão só pode garantidamente pressupor *o entendimento*, *por parte de quem o redigiu*, da existência da excomunhão. A fraternidade cansou de clamar pela nulidade da excomunhões, e ainda a defende mesmo depois do levantamento da pena. Ora, ela clara e somente reconhece os efeitos, e aceitar *os efeitos concretos* desse levantamento não implica necessariamente aceitar os argumentos da outra parte pela validade das excomunhões. Alguém pode argumentar que de algo alegadamente inválido (as excomunhões) não se poderia querer gozar de qualquer efeito (o levantamento das mesmas). Mas, sutilmente nesse caso, o estado atual da não excomunhão dos quatros bipos coincide tanto com o efeito do levantamento das alegadas excomunhões quanto, parcialmente no tempo (ex nunc), o efeito de uma ainda possível e esperada declaração de nulidade daquelas mesmas.
Penso que o pe. Ceriani está certo em parte de seus argumentos. Mas, ao exortar a rejeição do levantamento das excomunhões por parte dos bispos sagrados, esquece-se de que Roma, neste caso, não atua somente como juiz mas também como parte, pois foi com vários personagens da atual hierarquia que houve no passado todo o litígio doutrinário que levou, por necessidade alegada por D. Lefebvre (que, em si, não poderia ser censurada com uma excomunhão), às sagrações episcopais sem mandato pontifício. Por causa disso, e também porque costuma o ser (ao menos com aqueles mais recentes), Roma foi diplomática com seus antecessores, em corolário ao que, acredito, seria mesmo mais provável que se decretasse algo de compromisso entre o que foi pedido e aquilo mais que se pudesse julgar possível ou agora conveniente. Arrisco-me até: o tempo confirmará ou não se isso [essa solução intermediária] não teria sido até mais eficiente num mundo que não sabe, nem parece querer saber, mais as fronteiras da infabilidade papal e, fruto dessa ignorância e o escândalo dessa incompreensão, provavelmente encararia com ainda mais espanto e indignação (do que já o fez com o levantamento), um hipotético reconhecimento do erro da declaração daquelas excomunhões, perdendo almas inconformadas ou mesmo minando os objetivos da fraternidade. E o pe. Ceriani ignora ainda mais que, como lembrado por D. Fellay em sua última carta aos fiéis, D. Lefebvre e D. Castro Mayer não foram esquecidos e que o reconhecimento da nulidade de suas excomunhões foi reafirmado como objeto de esperança. D. Fellay, numa recente entrevista, deixa claro que o que o fez pedir pelo levantamento das excomunhões não foi a excomunhão em si — que nunca diretamente sentiu-se por ela atingido, mas a “utilização maliciosa e instrumentalizada de uma marca da ignomínia”. Ora, essa marca, injusta, tanto impediria o querido debate doutrinário quanto ainda prejudica inclusive a missão evangélica da fraternidade no mundo. Essa útil conseqüência da aceitação dos efeitos do levantamento das excomunhões, o pe. Ceriani também parece ignorar ou relevar.
Enfim, às improvisadas palavras acima, gostaria de concluir pormenorizando um comentário recente, em sede do qual fiz até uma limitada e humilde comparação entre um processo meu nos tribunais e o presente caso do levantamento dessas excomunhões. Narrando-o sucintamente, o poder público exonerou-me injustamente de um cargo público. Depois de alguns anos de discussão, que chegou até o STJ, esse tribunal concedeu-me derradeiramente a segurança pedida. A administração deu-me um efeito limitado, comparável não à reintegração pedida e concedida, mas apenas a uma espúria readmissão (tipo de admissão que sequer existe mais juridicamente). Os efeitos dessa readmissão, que ignora uma série de outros direitos que já poderiam/deveriam ter sido concedidos, não foram por mim rejeitados, simples e inteligentemente porque são parte de de um bojo maior de direitos que me será, confio, reconhecido no futuro. Fazer birra naquele momento só me prejudicaria, prejudicando inclusive as minhas condições em lutar pelo reconhecimento de todos os meus direitos. Prejucar-me-ia também nas minhas necessidades materiais e obrigações temporais, que correm em paralelo a toda aquela celeuma. Penso ter esse caso uma semelhança com a situação atual da fraternidade.
A conclusão a que quero chegar com essa comparação é que, em certos casos, quando o aumento das chances de sucesso (ou mesmo a sobrevida) de alguém depende precisamente da concessão de um direito (ou da execução desse direito) pela parte contra quem um dia se abriu o litígio, não se pode sempre esperar tudo de uma única vez, sob pena de não ser conseguir nada ou diminuir aquelas mesmas chances. É claro que a administração não me concedeu a readmissão com o compromisso de que eu aceitasse a validade da exoneração e, consequentemente, não exigisse os demais direitos que são por mim pleiteados. E mesmo se o fizesse, isso não impediria que viesse questionar isso depois, ou num recurso, ou noutra ação. Semelhantemente, a fraternidade não aceita irrestritamente todo o Vaticano II como se dogmático, imaculado ou imune a erros fosse (e o acusa de pastoralmente falho, inclusive), como também não aceita a validade das excomunhões, entendimentos contra os quais, já aceitando *os efeitos benéficos* coincidentes com o levantamento das excomunhões, pretende depois discutir.
Abraço,
Antonio
Engana-se quem pensa que se trata de simples ignorância ou imbecilidade. Há método nessa loucura toda. A revista Veja e a editora Abril pertencem ao mesmo povo que outrora crucificou Jesus Cristo.
O importante foi o trabalho pastoral realizado por Dom Lefebvre. Em verdade houve uma excomunhão decretada, todavia, Dom Lefebvre agiu por necessidade & não para afrontar o Papa, isto é fato. Logo, concluímos que foi justíssimo o levantamento das excomunhões. O superior geral da Fraternidade São Pio X pediu insistentemente que se rezasse muito pelo levantamento das excomunhões, ou seja, sempre tiveram consciência da situação afim de colherem os frutos benditos do levantamento das excomunhões, mas, tendo em mente que os argumentos para a existência das excomunhões não são eficazes para a existência delas. Mesmo após as excomunhões, continuam conforme sempre viveram, ou seja, em defesa da Sagrada Tradição e da antiga ordem estabelecida e isto implica em não adequar-se aos moldes do Concílio Pastoral Vaticano II. O que se refere nos comentários de Dom Richard, em nada vai alterar o levantamento das excomunhões realizado pelo Papa Bento XVI, gloriosamente reinante… Como dizia um amigo meu brincando: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Mas, em relações á excomunhões o problema é que fica sempre uma marca e uma dor profunda naquele que sofre a pena sabendo que agiu por necessidade e não meramente para afrontar deliberadamente. Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer sempre foram sacerdotes zelozos, tiveram uma grande carreira na Igreja, grande cultura, humildade. Dom Antônio sempre foi um pai em Campos. Celebrava com tanta piedade e ensinava o Catecismo Romano aos Fiéis. Hoje em dia, por graça de Deus, não todos, porém, vários clérigos ensinam por aí coisas estranhíssimas à religião e celebram de qualquer maneira. Interessante, que os padres que seguiram Lefebvre e Dom Antônio sofreram muito destituídos de suas paróquias, alguns idosos, alguns ficaram a pé, somente com suas roupas, seus missais, breviários, rituais e livros antigos, paramentos e alfaias sendo abrigados por fiéis generosos e firmes na tradição. Tiveram que construir com muito sacrifício paróquias, etc. Muitos, no início celebravam em locais
improvisados. Foi muito sério. Aí aparece um “Jabor” e fala qualquer coisa. É evidente que a excomunhão existiu sim. Causou dor, claro, mas, Dom Lefebvre sacrificou-se em união com Dom Antônio pela Igreja, pelo bem dos fiéis, porém mantendo-se firmes, fortes. A vitória vem na medida em que se reza. É o que sempre o atual superior da Fraternidade sempre pediu, que se rezasse o Terço todos os dias em família. E, agora, ele pede que se rezem milhares de Terços para que o Papa faça em união com todos os Bispos do orbe terrestre a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Continua a Rússia a espalhar seus erros pelo mundo.
Sendo assim Maria Santíssima, a Virgem de Fátima, promete um tempo de paz. “E, por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”
Dom Antônio Mayer, por exemplo escreveu uma carta pastoral sobre “Aggiornamento” e Tradição
Dever do Bispo: Zelar pela ortodoxia
Salientou sobre:
Importãncia da Filosofia escolástica
O vigor do Tomismo – salienta Leão XIII, quando diz que o Tomismo é uma filosofia solidamente firmada nos princípios das coisas – (Encíclica aeterni Patris)
Denunciou o Relativismo Religioso e modernismo nos novos teólogos.
Frisou a Imutabilidade da verdade revelada. Insistiu na importância das fórmulas dogmaticas tradicionais.
Denunciou a subversão doutrinária.E remediou o mal com a fidelidade à Tradição.
A Questão das Sagrações episcopais TAMBÉM sempre tiveram em vista tudo isto que está supracitado. Não foi uma tentativa de desobedecer, afrontar, causar escãndalo. Mas, algo de necessidade, ainda mais hoje em dia em que sofremos perigos semelhantes ao “Aggiornamento”. É certo que o papa Bento XVI tem sido genial em levantar as excomunhões, liberar a Missa Tridentina que nunca foi abolida. Mas, de fato, alguns Bispos não queriam autorizar a celebração da Missa Tridentina a padres de boa reputação, muito menos publicamente. São avanços pelos quais devemos dar graças ao Papa Bento XVI.
Na linha 17 do comentário acima leia-se: em relação às excomunhões, perdoem-me o erro Já fiz a devida correção.