Querendo questionar dogmas católicos…

Com um pouco de atraso, gostaria de comentar um artigo que foi publicado na Folha de São Paulo há mais de uma semana, e que leva o singelo título de “É justo questionar dogmas católicos”. A pérola é da autoria do sr. Kennedy Alencar. Aqui, não interessam tanto os chavões já ad nauseam repetidos e refutados bem além do que merecia a sua [ir]relevância; gostaria de me deter no princípio que dá título ao artigo e que é desenvolvido nos seus dois primeiros parágrafos:

A Igreja Católica é composta por homens e mulheres de carne e osso. Como toda instituição viva, seus dogmas merecem contestação de quem pertence aos seus quadros, de quem já pertenceu e de que não pertence. Os de fora têm o direito de opinar sobre as decisões de uma instituição poderosa e que influencia o debate público no mundo inteiro.

No Brasil, há separação entre Estado e igreja. Apesar disso, os religiosos se julgam no direito de criticar decisões legais, como o aborto de uma criança de 9 anos que foi estuprada. Ora, se podem meter o bedelho nas regras do Estado laico e democrático, podem também ouvir críticas aos seus dogmas e às suas regras.

Gostaria que o sr. Kennedy explicasse qual a relação entre a Igreja ser “composta por homens e mulheres de carne e osso” e “seus dogmas merece[re]m contestação”. O que tem uma coisa a ver com a outra? Que a Igreja é formada por “homens e mulheres de carne e osso” é uma obviedade (para que fique teologicamente correto, no entanto, seria mister afirmar que a Igreja é também composta pelas almas dos fiéis que estão no Purgatório – Igreja Padecente – e no Paraíso – Igreja Gloriosa – e, portanto, não é formada apenas por homens de carne e osso, sendo também composta por alguns que estão a aguardar a Ressurreição Final a fim de terem carne e osso uma vez mais; mas isso são outros quinhentos), mas não é de modo algum evidente o nexo causal que liga esta evidência à proposição seguinte. Serve-se o sr. Kennedy de uma comparação para tentar elucidar um pouco o seu confuso raciocínio: os dogmas da Igreja merecem contestação “como [os de] toda instituição viva”. Para aceitarmos a analogia do articulista, no entanto, seria necessário que ele apresentasse quais são as outras “instituições vivas” (com a Igreja comparadas) cujos dogmas são passíveis de contestação. Aliás, gostaria muitíssimo de que ele começasse elencando quais são as instituições fora a Igreja, vivas ou não, que possuem “dogmas”…

Não contente em postular a “contestabilidade” dos dogmas da Igreja, apressa-se o articulista a determinar quem são as pessoas passíveis de exercer este direito à contestação; e descobrimos, com surpresa, que, na opinião do sr. Kennedy, todas as pessoas do mundo – “quem pertence aos seus [da Igreja] quadros, (…) quem já pertenceu e (…) que[m] não pertence” – podem contestar a Igreja! A justificativa? Não tem nenhuma. É pura birra: “se [os religiosos] podem meter o bedelho nas regras do Estado laico e democrático, podem também ouvir críticas aos seus dogmas e às suas regras”. Pura vingança, infantilidade pueril do tipo “se tu podes, eu posso também”. Só que, no caso, descabida.

Por que descabida? Simplesmente porque os católicos não “metem o bedelho” em regras de Estado Laico nenhum! O Estado não é democrático? Se é democrático, então os católicos também têm direito de falar e expôr os seus anseios e suas reivindicações – ou não? Ou a democracia do Estado Laico não contempla os católicos? Ou a democracia que o sr. Kennedy postula é similar àquela d’A Revolução dos Bichos: todos os cidadãos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros?

Coisa completamente diferente ocorre com os dogmas da Igreja; estes, não são “laicos e democráticos” e não pressupõem a sua “discutibilidade” – ao revés, postulam precisamente o contrário. Por que motivo quer o sr. Kennedy – agora sim – meter o bedelho [e sem ser chamado!] nos dogmas da Igreja? Que autoridade tem o sr. Kennedy para sentenciar que é “um erro considerar um meio católico ou um mau católico quem apoia a decisão de abortar nas circunstâncias em que se encontrava a menina de 9 anos”? Por que deveríamos dar ouvidos ao sr. Kennedy em detrimento de – p.ex. – Dom José Cardoso Sobrinho? Se este último é bispo da Igreja Católica e o primeiro é… é… quem é o primeiro, afinal de contas?

Por fim, só mais um reparo a ser feito ao texto publicado na Folha de São Paulo: não, sr. Kennedy, não é “[n]o direito canônico” que “o aborto é mais grave que o estupro” – é objetivamente! O Direito Canônico reproduz a realidade, e não fica “inventando” arbitrariedades descabidas! E o aborto é mais grave do que o estupro pelo motivo auto-evidente (isto sinceramente já cansou…) de que uma agressão que destrua a vida é mais grave do que uma outra que não a destrua, já que a vida é o bem maior do qual dependem todos os outros – o que não tem nada a ver (nunca é demais repetir) com considerar a segunda agressão como de pouca monta ou irrelevante. Com essas idéias descabidas, o sr. Kennedy revela-se um eminente expoente dos “idiotas da subjetividade” que critica; mas eu seria capaz de apostar que ele não consegue perceber isso…

54 comentários em “Querendo questionar dogmas católicos…”

  1. Prezado Jorge,

    Você expôs muito bem toda a falácia e incoerência do tal senhor Alencar.
    Ótimo texto!

    Forte abraço

  2. Jorge, este Kennedy Alencar é reporte do Jornal da RedeTV!, a mesma emissora onde trabalha aquela tal de Luciana Gimenez.

    Em um comentário deste sr., falando do MST, ele apoiou o movimento terrorista e ainda por cima disse que o movimento (MST) não deveria ser criminalizado.

    Agora sabe porque ele escreve artigos como este!

  3. Jorge, você tocou no ponto central deste assunto em questão: a democracia. Não vivemos numa democracia, e isso é fato. E nós, “pobre povo”, achamos ingenuamente que o Brasil é um Estado Democrático. Pura balela.
    O governo, a mídia, os jornalistas, os sindicalistas, apresentadores de TV e seja lá o que for, todos podem dar palpites, podem colocar suas impressões sobre qualquer coisa mas quando a Igreja Católica fala é taxada de medieval, retrógrada e etc.
    Kennedy Alencar, que tem amiguinhos no planalto, como boa parte da imprensa brasileira, faz parte do grupo de jornalistas chapa branca deste país. Uma lástima!

  4. Também li esse artigo primário, em que o seu autor parte de “raciosímios” para insinuar implicitamente que a excomunhão de abortistas pela Igreja é uma intromissão em assuntos do Estado laico.

    Novamente, a patrulha policialesca e cretina do “Estado laico”. Até quando se referindo a um ato fundamentalmente religioso como o da excomunhão, os cretinos arrumam algum malabarismo retórico para censurar atos e manifestações da Igreja, sob a alegação falaciosa de religião invadindo o terreno da laicidade.

    E vejam que ocorreu exatamente o oposto, com o dito Estado laico mais mídia sem-vergonha palpitando sobre o ato religioso e aproveitando a ocasião para o achincalhe costumeiro à Igreja Católica.

    Quanto à apresentadora citada pelo Renato, cheguei a assistir àquela porcaria de programa até o dia em que ela, na sua “neutralidade” (como fazia questão de afirmar), revelou as garras, ao defender as garotas de programa, que só faziam “um trabalho como outro qualquer”. Aliás, a televisão brasileira faz um par perfeito com a imprensa escrita, em termos de lixo cultural, arraigado preconceito antirreligioso, parcialidade terrível e uma imensa lacuna de compromisso com a verdade, com a moral e com a ética.

  5. Eu acho que os dogmas católicos não devem ser questionados por ninguém. Ninguém é obrigado a acreditar, mas respeite quem acredita.

  6. Deixa eu ver se entendi…

    O abortamento é mais grave que o estupro OBJETIVAMENTE por um motivo “auto-evidente”???

    Que lógica é essa?

    O “Direito Canônico” foi construído por SERES HUMANOS, não por seu Deus, da mesma forma que o Direito de facto.

    Este diz para o abortamento (Código Penal de nossa nação):

    “Art. 126 – Provocar Aborto com o consentimento da gestante:
    Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”

    E para o estupro:

    “Art. 213 – Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:
    Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.”

    Se os critérios são tão OBJETIVOS, como podem grupos de seres humanos, teoricamente capacitados e com o firme intento de promover a justiça, discordar de maneira tão evidente???

  7. Qual o histórico deste presidente? Ele deve ter um pezinho na CNBB, não pode…

  8. Blog Mallmal,
    Sua dúvida é infantil.
    O Código Penal é fruto do direito positivo, que muda ao capricho da maioria, segundo o dogma do estado liberal.
    As leis da Igreja se baseiam no direito natural, que é imutável.
    (É claro que num estado católico o direito positivo se forma com base no direito natural. Mas num estado laico, e que a cada dia vai se tornando mais anticlerical, a tendência é que o direito positivo se torne cada vez mais contrário à natureza – aborto, eutanásia, casamento gay etc.).
    Assim, se a maioria (dos deputados) decidir que o estupro não é mais crime, ele sai do código penal, como aconteceu com o adultério.
    Já o aborto, para a Igreja, sempre será um pecado gravíssimo e passível de excomunhão, porque o aborto é o assassinato frio e premeditado de um ser humano inocente e indefeso, e ademais praticado pelas pessoas de quem mais ele deveria esperar proteção (a mãe e o médico). E pouco importa, para a Igreja, a opinião pública, que é manipulada e muda o tempo todo.
    Portanto, o aborto é, sim, objetivamente falando, mais grave que o estupro. O estupro atenta contra a liberdade sexual da mulher; o aborto atenta contra a vida do ser humano em fase intra-uterina.
    O que vale mais, objetivamente falando? a vida ou a liberdade sexual? Claro que é a vida, porque sem a vida não sobra outro bem a ser protegido, muito menos a liberdade sexual.
    Entendeu ou precisa desenhar?
    Carlos.

  9. Se os critérios são tão OBJETIVOS, como podem grupos de seres humanos, teoricamente capacitados e com o firme intento de promover a justiça, discordar de maneira tão evidente???

    Muito fácil: é só dezprezar a Moral judaico-cristã e ignorar o que fala a Igreja. Ipso facto eles deixam de estar “capacitados” e perdem a honestidade no “firme intento de promover a justiça”.

    Abraços,
    Jorge

  10. Vocês, Jorge e Carlos, tergiversaram e fingiram não captar a minha pergunta real.

    Dentro dos dogmas de vocês, acredito que pensem que as palavras da Bíblia (que vocês tomam como inspiradas por Deus) são o farol da moral humana.

    Ótimo. Não discutirei aqui esse ponto, pois não é relevante.

    O Direito Canônico, por outro lado, não foi elaborado por Deus, nem por Cristo nem por ninguém além de uma convenção de padres (sejam eles cardeais, arcebispos ou o que sejam) e, portanto, humanos e obviamente falíveis.

    Tão falíveis quanto os que compõe o Direito Positivo.

    Onde está o critério objetivo do direito canônico?

    Carlos, cuidado com as palavras. Já fiz alguns comentários em outros posts onde usei de sarcasmo e um excesso de jocosidade. Estou moderando meus comentários devido à admirável reação do Jorge, de quem discordo até o último fio de cabelo, mas respeito.

    Em minha opinião, minha dúvida não foi nada infantil.

    A sua exposição “objetiva” inclui a valoração da vida acima da liberdade sexual, de forma totalmente subjetiva. Em especial devido ao fato de estarmos falando não apenas de um abortamento simples, mas de um caso de pedofilia e não de um assassinato, mas de um abortamento.

    Quem decidiu que a vida começa na fecundação? Para a sua Igreja a vida já se iniciou no parto e foi um grupo de homens que alterou essa determinação.

    Repito, onde está a objetividade do Direito Canônico?

  11. Sr. Mallmal,

    O Direito Canônico, por outro lado, não foi elaborado por Deus, nem por Cristo nem por ninguém além de uma convenção de padres (sejam eles cardeais, arcebispos ou o que sejam) e, portanto, humanos e obviamente falíveis.

    Veja, o conceito de “infalibilidade” não se aplica ao Direito Canônico. Infalível é a Doutrina. A Disciplina é… meramente disciplina, é decorrência da Suprema Autoridade de Governo da Igreja. Não existe “disciplina infalível” nem “governo infalível” – as expressões não fazem nem sentido.

    Onde está o critério objetivo do direito canônico?

    O que você quer dizer com esta pergunta?

    A sua exposição “objetiva” inclui a valoração da vida acima da liberdade sexual, de forma totalmente subjetiva

    É evidente que a vida é mais importante que a “liberdade sexual”. A liberdade sexual pressupõe a vida, não? Uma pessoa pode ter “liberdade sexual” (ou qualquer outra coisa) sem ter vida?

    Logo, a vida é o mais importante.

    Quem decidiu que a vida começa na fecundação?

    A embriologia.

    Abraços,
    Jorge

  12. Blog Malmal,
    O Jorge já te respondeu satisfatoriamente.
    (Mas é claro que você não vai entender). Você só compreende o que lhe interessa.
    Quanto à ameaça de usar sarcasmo contra mim, ai que meda…
    Carlos.

  13. Blog Mallmal,

    Onde está o critério objetivo do direito canônico?

    No mesmo nível do do nosso Código Penal!

    No Direito Canônico, “abortar” equivale a “matar” e matar é mais grave que estuprar.

    Aí no seu Código Penal, calcule a pena prevista para “estupro seguido de morte” e verá como a coisa muda de figura para o criminoso… (vide Súmula 608 do STF…)

    Também para a Justiça brasileira “matar” é mais grave que “estuprar”. É fácil, basta ter um mínimo de bom senso.

  14. Jorge, como a Doutrina pode ser “infalível” e “objetiva” se ela foi *definida* por consenso nos primórdios da história da sua igreja?

    Um concílio ecumênico é tão-somente uma reunião de seres humanos *falíveis* que promulgam as verdades que eles acham que estão certas…

    Bem parecido, com os devidos vieses, com uma Assembléia Constituinte, por exemplo.

    Ou alguém recebeu tábuas de Deus com a Doutrina? A Doutrina está escrita na Bíblia (que é teoricamente para vocês inspirada pelo seu Deus)? Se sim, onde?

    Quanto ao outro ponto, para a Embriologia não há “início da vida”. O oócito está vivo, o óvulo está vivo, o espermatozóide está vivo, o zigoto está vivo. Teoricamente, para manter a coerência, vocês deveriam manifestar-se tão euforicamente a respeito dos anticoncepcionais quanto a respeito do abortamento, bem como excomungar os católicos que os usam.

    Outra pergunta que tenho é: qual o embasamento teológico (objetivo) para a excomunhão?

    Carlos,

    Minhas perguntas podem ser intransigentes, mas as respostas do Jorge e de alguns outros podem ser educativas (dentro dos seus critérios) para os membros da sua igreja. Melhor haver debate que vocês ficarem todos babando e falando “que texto lindo, amém!”, já que desse modo ninguém aprende nada. Ou você tem medo do debate? ;)

    Aquele abraço.

    Demerval,

    Você está confundindo propositalmente “abortamento” com “homicídio”. No Código Penal do nosso país, homicídio é mais grave que estupro. E estupro é mais grave que abortamento. Não use silogismos furados e petição de princípio.

  15. Mallmal,

    Jorge, como a Doutrina pode ser “infalível” e “objetiva” se ela foi *definida* por consenso nos primórdios da história da sua igreja?

    Negativo, ninguém “definiu” a Doutrina. Ela foi totalmente entregue por Nosso Senhor Jesus Cristo e, de lá para cá, a única coisa que a Igreja fez foi preservá-La, aprofundando-se naquilo que era a Ela conforme e condenando aquilo que d’Ela destoava.

    Um concílio ecumênico é tão-somente uma reunião de seres humanos *falíveis* que promulgam as verdades que eles acham que estão certas…

    Duplamente negativo, porque (1) o Concílio só promulga aquilo que semper et ubique foi crido antes dele [e não o que “eles acham” ser certo] e (2) em certas condições, o Papa é infalível.

    Bem parecido, com os devidos vieses, com uma Assembléia Constituinte, por exemplo.

    Não, não tem nada a ver. Uma Constituinte, em certo sentido, “inventa” coisas. Os Concílios Ecumênicos preservam coisas, repetindo aquilo que foi ensinado antes dele.

    Ou alguém recebeu tábuas de Deus com a Doutrina? A Doutrina está escrita na Bíblia (que é teoricamente para vocês inspirada pelo seu Deus)? Se sim, onde?

    A Doutrina está contida nas Escrituras Sagradas e na Sagrada Tradição. “Onde”, na totalidade de ambas.

    Quanto ao outro ponto, para a Embriologia não há “início da vida”. O oócito está vivo, o óvulo está vivo, o espermatozóide está vivo, o zigoto está vivo.

    Há o início da vida do indivíduo humano, que é na Fecundação. Conceder o mesmo status biológico ao óvulo, ao espermatozóide e ao zigoto é um absurdo embriológico.

    Teoricamente, para manter a coerência, vocês deveriam manifestar-se tão euforicamente a respeito dos anticoncepcionais quanto a respeito do abortamento, bem como excomungar os católicos que os usam.

    Os anticoncepcionais são condenados por outro motivo, e não porque óvulos e espermatozóides sejam indivíduos humanos vivos.

    Outra pergunta que tenho é: qual o embasamento teológico (objetivo) para a excomunhão?

    O que exatamente você quer?

    A Igreja é uma comunhão de Fé, Governo e Sacramentos; i.e., fazem parte da Igreja as pessoas que têm a mesma Fé, recebem os mesmos Sacramentos e estão sujeitas aos mesmos líderes. Rompendo qualquer uma dessas coisas, rompe-se a comunhão com a Igreja e, portanto, a pessoa está excomungada.

    Abraços,
    Jorge

  16. Blog Mallmal,
    Lá vem você com suas bobagens:

    “Melhor haver debate que vocês ficarem todos babando e falando “que texto lindo, amém!”, já que desse modo ninguém aprende nada. Ou você tem medo do debate? ;)”

    Onde você leu alguém aqui dizendo: “que texto lindo, amém!”

    Ninguém aqui tem medo do debate.
    Debater com pessoas do seu nível dispensa até QI acima de doze. Só exige paciência, para suportar tanta má-fé e tanta ignorância.

    Olhe que outra besteira você escreveu, não para mim, mas para o Jorge:

    “Teoricamente, para manter a coerência, vocês deveriam manifestar-se tão euforicamente a respeito dos anticoncepcionais quanto a respeito do abortamento, bem como excomungar os católicos que os usam.”

    Você está completamente equivocado, para variar: A Igreja sempre condenou como pecaminoso o uso de anticoncepcionais, porque impedem a procriação. Logo, mantemos a coerência.

    Se não há excomunhão neste caso, é porque o anticoncepcional não mata uma pessoa já existente, mas, ao impedir a união espermatozóide/óvulo, apenas torna impossível que ela venha a se formar.

    Portanto, está provado mais uma vez: a Igreja tem coerência; quem não tem é você, que quanto mais tenta se passar por sabido, mais cai em contradições vergonhosas.

    Carlos.

  17. Blog Mallmal,

    Você está confundindo propositalmente “abortamento” com “homicídio”. No Código Penal do nosso país, homicídio é mais grave que estupro. E estupro é mais grave que abortamento. Não use silogismos furados e petição de princípio.

    É, amigo? Só porque você quer, né? Apenas porque o aborto CONSENTIDO tem previsão de pena menor, já acha que aborto nem é mais homicídio… Isso, sim, é que é silogismo descarado!

    Aborto provocado, camarada, em qualquer caso é homicídio porque É CRIME CONTRA A VIDA e isso não é matéria de fé, é FATO. Um pequeno (mas horrendo) exemplo para sua consideração:

    http://www.mp.al.gov.br/noticias/saiu_na_imprensa/Index.asp?vCod=5950

    Note que a pena chega aos 20 (viu bem? vinte!) anos de prisão…

    Caso queira mais, clique no meu nome aí em cima e sirva-se à vontade.

    E deixe de ser pulha às custas do sofrimento alheio…

  18. Cara Mallmal,

    Chegando agora, não nos conhecemos de outros debates, mas peço a você que use de honestidade intelectual. Um óvulo, se mantido nas condições propícias vive sua vida de óvulo e…. morre óvulo. O mesmo se dá com um espermatozóide. Já o zigoto, se mantido nas condições propícias citadas anteriormente, se DESENVOLVE e chega ao estágio de criança, que é mais um dos estágios da vida humana, como a adolescência, a juventude, a maturidade e a velhice.

    Então o que você chama eufemisticamente de abortamento é na realidade a interrupção de uma vida humana em seu estágio mais indefeso – o que aumenta a barbárie do ato. Não é possível dizer honestamente que o zigoto ou o feto sejam algo diferente de humanos. Seriam por acaso peixes? Maçãs? Ornitorrincos? São humanos e estão vivos. A discussão hoje, na sociedade civil é justamente se o “abortamento” é ou não homicídio, porém a Igreja há muito já sabe a resposta: sim, é.

    E homicídio é mais grave que estupro, por suas próprias palavras.

    Quanto à Doutrina da Igreja, ela foi SIM entregue aos homens por Deus. Isto é, no entanto, questão de fé e nem você vai nos provar que não nem nós vamos lhe provar que sim (a não ser através da ação do Espírito Santo, algo que vou começar a pedir em seu favor). Isto torna a discussão infrutífera e inútil. Algo que só pode ser ou não aceito não pode ser debatido, concorda? No que, por falar nisso, a Doutrina lhe incomoda, já que você é aparentemente não-católica?

    Abraço fraterno

    Sue

  19. Assunção,

    Zigoto tem CPF? Feto declara imposto de renda? Por que motivo vocês não batizam os embriões no útero materno?
    Pelos seus próprios conceitos, o óvulo e o espermatozóide não darão origem a um ser humano a não ser em *condições especiais*.
    Pois bem, um prematuro de 24 semanas também não se tornará um ser humano a não ser que *condições especiais* lhe sejam fornecidas.

    Jorge,
    “Negativo, ninguém “definiu” a Doutrina. Ela foi totalmente entregue por Nosso Senhor Jesus Cristo”

    Se é assim, como você pode me explicar que a própria questão da divindade de Cristo foi decidida através de votação (no concílio de nicéia, se não me engano)?

    “Duplamente negativo, porque (1) o Concílio só promulga aquilo que semper et ubique foi crido antes dele [e não o que “eles acham” ser certo]”

    Se é assim, como explicar as dissidências com os arianistas e o próprio cisma?

    “em certas condições, o Papa é infalível.”

    Só lembrando de que isso foi também VOTADO (foi no Vaticano I?).

    “A Doutrina está contida nas Escrituras Sagradas e na Sagrada Tradição. “Onde”, na totalidade de ambas.”

    hmmmm… A doutrina está escrita nas Escrituras e na Tradição. E essas são sagradas segundo a Doutrina? Raciocínio circular é isso aí.
    Como eu disse, não há nenhum critério objetivo na Doutrina.

    Você não me respondeu adequadamente sobre a Excomunhão. Onde ela está presente nos ensinamentos de Cristo? Em minha opinião, a excomunhão é apenas burocrática e punitiva.

  20. Prezada Assunção Medeiros

    Desculpe-me incomodá-la, mas você poderia por favor me dizer o que aconteceu com o Rui Freitas do blog Despoina Damale, que está abandonado há quase 3 anos? Espero que ele esteja vivo…

  21. Caro Matheus,

    Pelo que sei o Ruy está vivo e bem, apenas deve ter se cansado, já tendo uma idade em que estas coisas incomodam mais, destas eternas discussões infrutíferas da Internet.

    Cara Blog Mallmal

    Se a condição para ser humano é possuir CPF e declarar imposto de renda, então minha mãe é uma (duvido que seja uma situação única) que nunca foi um ser humano, pois viveu sua vida inteira, do nascimento à morte, sem jamais ter tido um ou declarado outro. Seu CPF, inclusive, só foi tirado 20 anos depois de sua morte, devido a necessidade de reabertura de inventário. Isto significa que ela só se tornou um ser humano 20 anos depois de morta?

    Pelo que me consta a maioria dos pais escolhe sim o nome dos filhos durante a gestação, compra suas roupas e monta seu quarto — e apesar de alguns esperarem vários meses ou anos para batizar seus filhos eu mesma fui batizada no mesmo dia em que nasci, assim que o sacerdote teve a possibilidade de me ungir, fora do corpo de minha mãe — portanto não entendi o seu argumento.

    Eu não falei em condições especiais, mas sim em condições PROPÏCIAS, e isto vale para você ou para mim, da mesma forma. Tente respirar num ambiente de gases tóxicos ou ficar numa sala sem oxigênio e veja se consegue manter sua própria existência. TODOS precisamos de algum tipo de condição propícia para a manutenção de nossas vidas. Alimente um diabético apenas com doces e veja o que acontece.

    Desculpe a honestidade bastante direta, mas você está precisando pensar mais no que fala, falta embasamento no seu raciocínio.

    Paz e bem a todos

    Sue

  22. Prezada Assunção

    Muito obrigado pela resposta, e mais uma vez perdoe-me por ter interrompido sua discussão, em vez de participar dela. Mas pela experiência adquirida na leitura de blogs católicos, aprendi que esses Trolls são mesmo irracionais e não dão muita esperança.

  23. Esse Mallmal é mais burro do que eu pensava. Agora ele vem com a idéia de que para ser gente tem que ter CPF e pagar imposto de renda. Deve estar preocupado com a arrecadação do estado lulista.
    Vai ser burro assim lá no palácio do planalto.
    E ainda pergunta, cheio de empáfia: “Por que motivo vocês não batizam os embriões no útero materno?”
    Muito simples, animal. Porque o rito do batismo exige que se derrame água na cabeça do batizando. Agora me diga, gênio: como é possível derramar água na cabeça de um embrião?
    E por que vc está preocupado com o batismo dos não nascidos? Justo vc que não acredita no batismo. Aliás, além de acreditar na sua suposta sabedoria eqüina, em que mais vc acredita?
    E por que vc quer saber onde Cristo ensina sobre a excomunhão? Vc acredita em Cristo? Acredita na Bíblia?
    Claro que não. Se não acredita e nada, por que ficar chateando os outros com tantas imbecilidades?
    Vá procurar algo mais útil para fazer. Saia desse computador um pouquinho. Abra a janela. Quem sabe você não vê um gramado assim bem verdinho… E aí te dá aquela fome… Só tome cuidado para as formigas não invadirem o seu focinho, viu cabeça de vento?
    Carlos.

  24. Carlos, se eu fosse criar uma enciclopédia e precisasse de uma gravura de um teísta ignorante, empedernido e que envergonha a classe, eu escolheria a foto do seu RG…

    Quanto ao resto, aguardo resposta a meu comentário.

    Viu, Jorge? Pode ser via email.

  25. Engraçado, eu sempre achei que as crenças do cristianismo viessem desde JESUS transmitida e guardada pelo apóstolos e seus sucessores, nunca me passou pela cabeça que tivessem sido decididos em concílios, até onde eu sei concílios nunca decidiram nada em termos de doutrina mas como o Jorge Ferraz disse, os concílios preservavam os ensinamentos que sempre se haviam ensinados, a Igreja não é uma democracia, é uma teocracia, não se escolhem doutrinas pelo voto, o que houve como no caso do Concílio de Nicéia foi o estudo das doutrinas de Ario, se eram ou não compatíveis com aquilo que sempre foi ensinado, não houve uma votação se JESUS era ou não DEUS, o que havia é que a maioria dos bispos aí presente já acreditavam nisto e apenas uma minoria barulhenta, o qual sempre houve na Igreja e sempre haverá, seguidor de Ario é que fez uma tempestade no seio da Igreja com a idéia de que JESUS não era DEUS, coisa que hoje em dia os testemunhas de Jeová e o espíritas também acreditam, e nem vou falar dos ateus, porque se nem acreditam em JESUS quanto mais que ELE era verdadeiro DEUS e verdadeiro homem, esta história de que os dogmas católicos os ensinamentos da Igreja vieram por votação, por ordem de Constantino, etc, só há nos livros de pessoas que deturpam tudo no que se refere a Igreja, como o Código Da Vince de Don Brow e por aí em diante.

  26. É bom lembrar que se os concílios nunca decidiram nada em termos de doutrina porém deve-se enfatizar que muitos concílios estudaram mais a fundo certas doutrinas que sempre houveram e se haviam algumas dúvidas ainda pendentes muitas delas foram declaradas como dogmas, ou seja, eram sancionadas doutrinas que sempre se acreditavam como verdadeiras e sem se duvidar mais delas, sendo obrigatório a crença por parte dos fieis nas verdades reveladas por JESUS e confiadas a Igreja.

  27. Assunção, eu não disse que o CPF define a condição humana! Eu perguntei se um embrião PODE ter um CPF. Se um embrião PODE ser batizado. A resposta é “não” em ambos os casos. Quero saber o motivo, já que vocês católicos alegam que não há diferenças entre um embrião e um ser humano.
    Assunção, desculpe a honestidade, mas você precisa ler e interpretar com mais cuidado o que pretende responder ou pode passar a impressão de desonestidade intelectual…

    Sidnei, você estava presente nos concílios??? Nunca vi tanta informação tão acurada sobre eles. Quais são suas fontes além do mero achismo? Até onde sei, temos apenas relatos e atas extremamente incompletos. Em uma coisa, porém, eles concordam entre si! HAVIA VOTAÇÕES NOS CONCÍLIOS para determinação da Doutrina. HAVIA VOTAÇÕES para definir quais livros entrariam, sairiam ou seriam mesclados a livros existentes. HAVIA VOTAÇÕES para definir a natureza de Cristo. Se HAVIA VOTAÇÕES, isso é uma eleição, por mais que vocês queiram dar nomes bonitos e inventar justificativas e racionalizações vazias absurdas!!!
    Outra coisa, se havia DÚVIDAS PENDENTES, como você mesmo disse, a escolha por uma das opções FOI HUMANA, NÃO DIVINA…

    Coerência, meus caros!

  28. Sr. Mallmal,

    Se é assim, como você pode me explicar que a própria questão da divindade de Cristo foi decidida através de votação (no concílio de nicéia, se não me engano)?

    Simples: não foi. A Doutrina é aquilo que sempre e em todos os lugares – semper et ubique – foi crido, e não aquilo que foi “votado” num Concílio Ecumênico. Um Concílio serve para se reafirmar a Doutrina Apostólica, e não para “votar” invenções. A Divindade de Cristo remete à Era Apostólica.

    Sobre os procedimentos dos Concílios, o (salvo grave engano) cardeal Ratzinger explica isso de modo muito melhor do que eu, quando fala [em algum texto seu que eu não estou conseguindo de jeito nenhum encontrar agora] que a Verdade não pode ser “criada” por votação, tendo esta, nos Concílios, sempre o significado de “dar testemunho” sobre algo que se conhece, “atestar” algo que já se sabe, e nunca de “inventar”, “criar”.

    Se é assim, como explicar as dissidências com os arianistas e o próprio cisma?

    Ué, os hereges e cismáticos de todos os tempos são exatamente as pessoas que inventam doutrinas próprias em detrimento daquelas que a Igreja sempre ensinou!

    Só lembrando de que isso foi também VOTADO

    Bom, já foi explicado o procedimento dos Concílios Ecumênicos.

    hmmmm… A doutrina está escrita nas Escrituras e na Tradição. E essas são sagradas segundo a Doutrina? Raciocínio circular é isso aí.
    Como eu disse, não há nenhum critério objetivo na Doutrina.

    A Revelação é Sagrada segundo Deus. O critério objetivo que atesta a veracidade do Cristianismo é a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. O fato objetivo que atesta esta divindade é o Túmulo Vazio ao Terceiro Dia. Isso é um fato histórico. Se Jesus Cristo é Deus, o que Ele ensinou é verdade – simples assim.

    Você não me respondeu adequadamente sobre a Excomunhão. Onde ela está presente nos ensinamentos de Cristo? Em minha opinião, a excomunhão é apenas burocrática e punitiva.

    Ah, você quer saber na Bíblia? Bom, por exemplo:

    “E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano” (Mt 18, 17b).

    “Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!” (Gl 1, 9).

    “Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis” (2Jo, 10)

    Abraços,
    Jorge

  29. Blog Mallmal

    Sidnei, você estava presente nos concílios??? Nunca vi tanta informação tão acurada sobre eles. Quais são suas fontes além do mero achismo? Até onde sei, temos apenas relatos e atas extremamente incompletos. Em uma coisa, porém, eles concordam entre si! HAVIA VOTAÇÕES NOS CONCÍLIOS para determinação da Doutrina. HAVIA VOTAÇÕES para definir quais livros entrariam, sairiam ou seriam mesclados a livros existentes. HAVIA VOTAÇÕES para definir a natureza de Cristo. Se HAVIA VOTAÇÕES, isso é uma eleição, por mais que vocês queiram dar nomes bonitos e inventar justificativas e racionalizações vazias absurdas!!!

    Absurdo e alguém vir aqui dizer algo que não se conhece e tira sua própria conclusão de seus achismos e ainda tem a audácia de dizer que quem acha alguma coisa é justamente aqueles que tem certeza dela, se foi me perguntado se estive nos concílios para dizer que as doutrinas eram decididas pelo voto eu volto a pergunta que quem indaga isto e tem certeza que as doutrinas foram decididas pelo voto esteve também lá por acaso?

    Outra coisa, se havia DÚVIDAS PENDENTES, como você mesmo disse, a escolha por uma das opções FOI HUMANA, NÃO DIVINA…
    Coerência, meus caros!
    Para os ateus não há coerência mesmo, mas para nós católicos que cremos que JESUS enviaria o ESPÍRITO SANTO para ensinar a Igreja toda a Verdade há, e se haviam dívidas, não da doutrina mas anuanses em torno desta doutrina houve debates, exposições, enfim, tudo aquilo que gira em torno de algum assunto até que tal assunto fica esclarecido, acontece que aqui está se confundindo a doutrina que sempre foi credita com certos aspectos desta doutrina no qual se haviam dúvidas, exemplo, se JESUS é verdadeiro DEUS e verdadeiro homem, qual sua natureza, se as naturezas se misturam ou não, se uma se submete a outra ou não, se a natureza divina absorveu a natureza humana permanecendo JESUS somente DEUS e não homem, sim ou não, e por aí em diante, portanto, fica irrelevante os achismos da algumas pessoas principalmente os ateus que não acreditam em nada vir aqui a todo instante pedir coerência segundos os critérios deles, mas nós temos nossos critérios, se eles não aceitam, paciência mas que não venham cá encher a nossa paciência.

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