Fiquei sabendo que o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, em entrevista à PRESS (trechos aqui), uma revista gaúcha, teria dito que “morreram mais católicos do que judeus no holocausto”. Em resposta às declarações de Sua Excelência, a Federação Israelita do Rio Grande do Sul publicou uma nota oficial (também reproduzida no site da revista Press) em resposta às declarações do Arcebispo.
Comentando rapidamente: a despeito de não ter lido a entrevista na íntegra (por ela não estar disponível no site), o que se sabe do que foi publicado é que o Arcebispo de Porto Alegre nem sequer questionou o número de seis milhões de judeus mortos durante o regime nazista; ele apenas afirmou que foram assassinadas outras pessoas que não judeus. O que a Federação Israelita do Rio Grande do Sul quer dizer, então, com “o religioso se refere ao Holocausto de forma distorcida”? Qual foi, exatamente, a distorção nas palavras de Dom Dadeus?
Os judeus acaso querem negar que foram assassinadas pelo regime de Hitler outras pessoas que não judeus? Católicos, ciganos [para ficar só nos citados pelo Arcebispo de Porto Alegre], esses não morreram nas garras do nazismo? Ou não se pode falar neles? A coisa adquire aqui uma mentalidade doentia: parece que os judeus querem, a todo custo, ter o topo do pódio na categoria “vítimas da Segunda Guerra”.
“Reduzir ou relativizar o Holocausto agride a memória de milhões de mortos numa guerra iniciada pelo fanatismo e pela intolerância”, diz ainda a Federação Israelita. Não subscrevo integralmente, pelos motivos que já expus aqui à exaustão quando do “caso Williamson”, mas não é isso que interessa aqui. O ponto é: onde Dom Dadeus “reduziu” ou “relativizou” o Holocausto? Ou será que a mera afirmação da existência de outras vítimas do regime nazista fora os judeus é já “reduzir” e “relativizar” o Holocausto?
A própria nota da Federação, aliás, reconhece que “[m]orreram menos judeus na II Guerra”. Se ela não discorda de Dom Dadeus, qual é o motivo da “surpresa” expressa no início da nota e da condenação às declarações de Sua Excelência? Onde estão os “estereótipos criados pelos nazistas” reproduzidos – segundo a Federação Israelita – pelo Arcebispo de Porto Alegre? Porque os judeus podem caluniar assim um sucessor dos Apóstolos, lançando-lhe publicamente a pecha infamante de “anti-semita”, sem que ninguém pareça se preocupar?
Está fora de qualquer discussão – nunca é demais repetir – que qualquer violência injusta contra um povo, mais ainda por motivos raciais, é profundamente condenável e absolutamente inadmissível. É evidente que nos solidarizamos com as vítimas da Segunda Guerra, cujos horrores obviamente não queremos que se repitam. Por esse motivo concordo, in totum com a nota da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, quando ela diz que é preciso “respeitar sempre a memória, com seriedade, fraternidade e honestidade”. Infelizmente, porém, parece que os judeus amiúde supervalorizam e distorcem a fraternidade, em detrimento da seriedade e da honestidade, através de uma postura intransigente de simplesmente bater o pé e rasgar as vestes quando se faz qualquer referência ao Holocausto que não seja para fazer o papel de carpideira dos judeus. Isso, sim, é de se lastimar.
P.S.: sugestão de leitura: Judeus tradicionalistas afirmam: A religião do Holocausto é uma criação fraudulenta sionista.
Cautela, cautela.
Esse bispo parece-me modernista demais. Acho bem possível que sua intenção seja a de um agente-provocador. Ele parece simplesmente querer provocar mais embaraços para a Igreja.
Além disso, ele está historicamente equívocado. Holocausto e II Guerra Mundial não são sinônimos.
É obviamente verdade que morreram muito mais cristãos na II Guerra Mundial do que judeus. Afinal, com exceção do Japão, todos os países beligerantes eram cristãos. Porém, o termo “Holocausto” refere-se espercificamente ao assassinato deliberado e planejado de pessoas em campos de extermínio.
Tanto quanto sei, morreram cerca de 10 milhões de pessoas em Campos de Concentração nazistas, dos quais seis milhões eram judeus. Os demais eram principalmente ciganos e eslavos (e foram mortos simplesmente por serem ciganos e eslavos).
A página abaixo apresenta uma tabela com os números estimados de mortes no Holocausto.
http://en.wikipedia.org/wiki/Holocaust#Victims_and_death_toll
Como grupo e considerando-se especificamente o Holocausto, parece-me então que os judeus foram realmente os mais vitimados.
Os cristãos, como grupo, não foram sequer perseguidos pelos nazis. Sei bem que morreram muitos cristãos em campos de concentração nazistas, mas eles não morreram porque eram cristãos. Morreram por uma infinidade de outros motivos.
Esqueci-me de um detalhe. A maioria dos eslavos mortos no Holocausto eram cristãos ortodoxos e não cristãos católicos.
Ou seja, ao contrário do que disse Dom Dadeus, mesmo entre os cristãos mortos durante o Holocausto, os católicos nem sequer são o grupo mais numeroso.
Só no campo de extermínio de Dachau, morreram milhares de sacerdotes, leigos e religiosos católicos. Em outros campos também. E na Alemanha? E nos demais países ocupados pelos nazistas? Será que é uma cifra insignificante a dos católicos mortos? E as vítimas dos bombardeios, torpedeamentos e da fome em tempos de guerra? Porque só o assassinato de judeus conta para a História?
Por outro lado, Dom Dadeus é famoso por suas participações em cerimônias maçônicas no Rio Grande do Sul e essa entrevista dele pode mesmo ser, como asseverou o amigo João de Barros, mais uma manobra para criar embaraços para o Santo Padre.
Caro Lício:
O nazismo não perseguia os católicos enquanto grupo social, já que uns 30 % dos alemães eram católicos. Os católicos que morreram nos campos de concentração não morreram por serem católicos. Eles morreram por terem se oposto ao nazismo.
Já os judeus, morreram unicamente pelo fato de terem nascido judeus. A perversidade nazi era tão grande que atê mesmo judeus convertidos a outras religiões (vide Santa Judith Stein) eram mortos.
João,
é Santa Edith Stein. ;-)
Um bom livro sobre o assunto: “A Indústria do Holocausto”, de Norman Finkelstein (Ed. Record). O autor é um historiador americano, judeu. Não nega o genocídio, nem o minimiza de forma alguma; mas critica a forma como o assunto é explorado pelos políticos israelenses, por algumas lideranças judaicas e por intelectuais como Elie Wiesel.
Caros amigos Lício e João de Barros,
Também desconfio que esse Bispo quer apenas criar mais embaraços para o Santo Padre.
Concordo com o João de Barros no sentido de que, ainda que tenham morrido mais católicos que judeus na segunda guerra, a perseguição aos judeus, em tese, foi mais grave, na medida em que foram mortos só pelo fato de serem judeus, coisa que, ao que eu saiba, não ocorreu com os católicos, que morreram por motivos diversos próprios da guerra.
Por fim, relembro que o grupo eslavo mais perseguido e mais eliminado pelos nazistas foram os poloneses – e estes eram todos católicos (e não foram mortos por serem católicos, mas sim por serem poloneses).
Um abraço.
Carlos.
Por curiosidade: alguém já leu aquele livro “Holocausto Judeu ou Alemão? (Nos Bastidores da Mentira do Século)”, de S.E.Castan? Em tempo: NÃO ESTOU DIZENDO QUE CONCORDO COM O LIVRO, apenas quero saber se já o leram.
Caros amigos não custa lembrar que, após a publicação da Encíclica de S.S. Pio XI contra o Nazismo, a Mit Brennender Sorge, muitos católicos foram presos e enviados a campos de concentração, especialmente os membros da Ação Católica e das ordens religiosas que foram espoliadas pelo regime nazista. A campanha de Hitler para difamar o clero foi intensa, alcançando níveis increditáveis e levando o Vaticano a emitir vários protestos contra a Concordata assinada em 1933. A Igreja sempre se posicionou contra o Nazismo e foi por isso, considerada uma grande ameaça ao Fuhrer. Não tenho dúvidas de que a perseguição aos católicos também o foi pelo fato de serem católicos.
Ratificando:
Os protestos do Vaticano foram contra as violações escandalosas da Concordata de 1933.
Caro Lício:
Você mesmo corretamente afirma que: “após a publicação da Encíclica de S.S. Pio XI contra o Nazismo, a Mit Brennender Sorge, muitos católicos foram presos e enviados a campos de concentração…”.
Note que você escreveu “APÓS”.
Isso significa que os nazistas perseguiram alguns católicos pela sua oposição ao nazismo. Se Pio XI tivesse sido omisso, os católicos teriam escapados quase que incólumes ao nazismo.
Hitler, que era católico, tornou-se logo jovem num anti-católico.
Mas ele nunca exigiu que os alemães abandonassem o catolicismo. Desde que não se opusessem ao nazismo, os católicos podiam continuar vivendo normalmente na Alemanha nazi, como aliás aconteceu com a família de Bento XVI.
Note um detalhe: Os austríacos sempre foram um povo muito católico, mas infelizmente isso não os impediu de saudarem o nazismo entusiasticamente quando seu país foi anexado pela Alemanha em 1938, mesmo depois da divulgação da Mit Brennender Sorge.
Veja que os nazistas viam os judeus não apenas como uma religião, mas principalmente como uma raça. Portanto, mesmo que um judeu apostatasse e jurasse sinceramente fidelidade a Hitler, ele ainda assim seria exterminado.
Perfeitamente entendido, caro amigo João de Barros. Sua colocação é pertinente.
Abraços.
Caro João de Barros, concordo em parte com suas informações.
Sem dúvida alguma, os judeus sofreram dos nazistas uma perseguição bem mais cruel, sistemática e ostensiva do que os católicos.
No entanto, não é correto a afiramação de que somente após a ´publicação da Encíclica Mit Brennender Sorge, por S.S. Pio XI, “alguns” católicos teriam sido perseguidos por se oporem ao nazismo.
A própria Encíclica decorre de um antagonismo entre o regime e a Igreja, patente desde a implementação do programa eugenista alemão. A Igreja fincou oposição firme e vigorosa contra as eutanásias, as esterilizações compulsórias e, quando adicionados a esse coquetel diabólico, os abortos.
*Detalhe importante: esse programa eugenista dependeu de recursos que os nazistas não possuiam, o que os obrigou a captá-los de organizações pró-eugenia extra-Alemanha. Uma dessas organizações que se destacou pelo aporte considerável e regular a esses programas foi nada menos que a Fundação Ford, uma das atuais financiadoras de ongs, políticos e campanhas abortistas em todo o mundo. É… os defensores do aborto têm umas “belezas” inspirando-os.
Continuando: a postura do regime ante o catolicismo pode ser considerada até ambígua (principalmente antes de chegar ao poder absoluto), mas nunca no sentido de tolerência pacífica como se dá a entender. Antes, bem antes de 1937, o NSDAP (que tornara-se partido único em julho de 1933) promoveu a destruição de todas as prensas católicas e instou as SA a perseguir políticos ligados ao antigo Zentrum católico. Retificando, aliás: foi o Zentrum, partido católico de centro-direita, o signatário da concordata. Justamente, graças a esse acordo o NSDAP obteve maioria das cadeiras no Reichstag e conseguiu nomear seu líder – Hitler – o novo chanceler alemão, em janeiro do ano seguinte.
Enquanto membros do partido católico eram perseguidos e assassinados pelas SA, a Juventude Hitlerista incumbia-se de promover atos de vandalismo nas igrejas, inclusive atirando pedras nas vidraças enquanto se celebravam as missas.
Nesse ínterim, com ou sem prensas, a Igreja radicalizava – corretamente – a oposição ao programa eugenista, já em pleno andamento, em 1934 e isso, muito mais que o rompimento da concordata, foi que motivou o Vaticano a encarar frontalmente o regime, a ponto de o Santo Padre redigir a sua encíclica em alemão, com a ajuda do Cardeal Eugenio Pacelli, seu futuro sucessor. Antes disso, e não por sua causa, S.S. Pio XI já recebia dos nazis a pecha de “rabino de saia”, epíteto com que brindariam, no futuro, também S.S. Pio XII.
Não sei bem se os católicos, seja no período anterior à guerra, seja no decurso desta, poderiam viver normalmente na Alemanha. Os autores que eu li, desde Shirer a Lucácks e Robert Wistrich, são claro quanto ao ponto de vista nazista em relação ao catolicismo e ao cristianismo em geral. O historiador judeu Wistrich, por exemplo, em Hitler e o Holocausto, informa-nos a idéia que norteava o pensamento do regime, segundo a qual os judeus eram a raiz de todos os males que afligiam a raça ariana, portanto deveriam ser priorizados nos programas de “limpeza” racial. Contudo, a coisa não terminaria por aí. Após finalizar a questão dos judeus, as atenções voltar-se-iam para os cristãos e os bolcheviques, que seriam dois subprodutos dos judeus, logo males menores, no entanto, males a serem combatidos.
Uma boa aproximação às posições nazistas sobre a religião podem ser obtidas na “filosofia” de Alfred Rosemberg, um fanático seguidor de Nietzsche, provavelmente o mentor da noção de super-homem ariano. Contrapostos a este, os cristãos eram o polo oposto, da fraqueza, um perigo antagônico para os alemães “puros”, devido a seu caráter piedoso, incompatível com a energia e o vigor arianos.
Nesse prisma, os nazistas anteviam o futuro a partir de um esquisito milenarismo positivista, no qual o III Reich constituiria a etapa de transição, a era em que os fracos e perversos (judeus, eslavos, ciganos, testemunhas de Jeová, bolcheviques e CRISTÃOS) seriam erradicados da socieadade perfeita que assumiria o IV Reich, a glória vindoura ariana.
Para concluir, outra retificação: a cifra de 6.000.000 refere-se à estimativa de todos os judeus mortos pelos nazistas e não os que morreram nos campos de concentração. Reveja o próprio link da Wikipedia que você gentilmente nos ofereceu e verá que ele estima os judeus mortos nos campos em 80-90% de um total de 3.800.000, em sintonia com o que já li em outras fontes – em torno de três milhões de judeus mortos nos campos. Claro, é só uma correção de forma, sem alterar o conteúdo evidente da atrocidade do Holocausto (que os judeus sempre preferem chamar de Shoá).
Abraço
Sr. João de Barros, para saber como os católicos foram perseguidos pelos nazistas, uma pequena história da presença nazista na Polonia; e que infelizmente os livros de história não querem mostrar:
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=19991218001716&lang=bra
E para saber da ligação dos judeus sionistas com o nazismo, veja:
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20040327104409&lang=bra
Senhor Eduardo Araújo,
Muito pertinente e elucidativa a sua interveção. Nota-se que o senhor estudou com afinco esses problemas. Pode-se resumir, então, creio eu, que o nazismo foi uma desgraça para todo mundo mesmo (judeus, ciganos, cristãos, eslavos, bolcheviques) não necessariamente nessa ordem. Os judeus eram o “inimigo” n° 1, depois vinham os outros. Quanto aos bolcheviques, eram tão péssimos quanto os nazis, com a mesma sanha genocida. Deles não dá nem para sentir pena. É cobra comendo cobra.
Parabéns a todos os participantes deste post que me está sendo deveras instrutivo.
Um abraço.
Carlos.
Caro Eduardo:
Que o nazismo sempre foi e sempre será anti-católico e anti-cristão é claro e óbvio. É-me igualmente nítido que há uma total incompatibilidade entre o nazismo e o cristianismo. Sei que o regime nazi fazia pouco caso dos valores cristãos e que encorajava a apostasia e o ateísmo. Também parece-me razoável admitir que, mais cedo ou mais tarde, os nazis forçariam, com violência se necessário, os católicos a abandonarem sua religião.
No entanto, parece-me também claro que os católicos, unicamente pelo fato de serem católicos, não foram perseguidos pelos nazistas. Os católicos mortos pelos nazis foram perseguidos como indivíduos e não como membros anônimos de um grupo.
Quando muito, poder-se-ia argumentar que aqueles católicos que, coerentemente com a sua Fé, manifestaram oposição ao nazismo, esses sim foram mortos pelos nazis.
Nos anos 1930s, uns 30 % dos alemães e uns 90 % dos austríacos eram católicos. Acredito que uma porcentagem ínfima dos mesmos tenha sido morta pelo nazismo, já que após a guerra, todos continuavam tão católicos como antes.
Quanto aos judeus, embora tenham sido sempre minoria na Europa, praticamente foram extintos dos países ocupados pelos nazis.
Mas veja não é sequer uma questão de quantidade de mortos. É também uma questão de método. Muitas e muitas comunidades inteiras de judeus foram deportadas e mortas pelos nazis sem outra justificativa senão o fato de serem judias.
Quando é que os católicos sofreram algo semelhante nas mãos dos nazis?
E isto que não dá para entender, se 30% da população da Alemanha e 90% da população da Áustria eram católicos, porque esta multidão de católicos não deram ouvidos a Igreja, ao Papa, quando estes se posicionaram contra o sistema nazista, parece como nos dias de hoje quando a Igreja se posiciona contra tudo o que o mundo de hoje propõe e que vão contra os valores fundamentados nas leis de DEUS e nos ensinamentos da Igreja o povo católico em sua maioria apóia o mundo, é claro que há por trás disto muitos clérigos guiando de forma errada o povo de DEUS, assim como houve clérigos que apoiaram o nazismo e orientaram mal o povo da Alemanha e da Áustria, indo contra a posição oficial da Igreja naqueles tempos, hoje há clérigos, principalmente os envolvidos com a TL que orientam da mesma forma mal o povo afastando a estes da posição e dos ensinamentos oficiais da Igreja, ou há aqueles católicos que realmente desejam mais a companhia dos lobos do que de seus pastores. É uma lastima.
Caro Eduardo:
Embora a Igreja tenha nitidamente se oposto ao nazismo, a situação entre os católicos comuns na Alemanha e Aústria dos anos 30, oferece um quadro complexo.
A situação na França e na Itália, ambas invadidas pelos alemães, oferece um quadro mais complexo ainda, com católicos lutando em ambos os lados.
Assim como houveram católicos que se opuseram ao nazismo, houveram católicos que se filiaram ao Partido Nazista.
Assim como houveram bispos e padres assassinados pelo nazismo, houveram bispos e padres que rezavam pelo Fuhrer e por Petain.
Hitler era esperto o bastante para ver que uma política ostensivamente anti-cristã na Europa dos anos 30 encontraria forte resistência. Hitler também via muito claramente que boa parte dos católicos pró-nazismo o era mais por medo do comunismo do que por simpatia genuína.
Por isso, a perseguição nazista aos católicos não pode jamais ser comparada à que sofreram os judeus.
Caro Sidnei:
Hitler foi eleito democraticamente e todos os países do mundo reconheciam a legitimidade do governo nazista.
Numa situação concreta de guerra, onde muitas vezes era necessário optar pelo menor de dois males, sem possibilidade de meio-termo, era difícil separar o saudável patriotismo do fanatismo político; era difícil separar o comodismo omisso do dever da obediência; era difícil separar o anti-comunismo do fascismo militante.
As minhas mensagens devem ser lidas dentro do contexto do post de Dom Dadaus. Está bem longe de mim a idéia de que o catolicismo e o nazismo estejam de alguma forma relacionados.
Por outro lado, sociologicamente falando, os frequentadores deste blog, católicos apegados à tradição, se vivessemos na Europa dos anos 30, provavelmente teriamos nos alinhado com os que perderam a guerra…
“Por outro lado, sociologicamente falando, os frequentadores deste blog, católicos apegados à tradição, se vivessemos na Europa dos anos 30, provavelmente teriamos nos alinhado com os que perderam a guerra…”
Sou obrigado a discordar de vc, prezado João de Barros.
Isso é julgamento precipitado de uma atitude que você não pode prever. Hitler e seus sequazes não mostravam nenhum espírito cristão, dado o caráter esotérico-ocultista do Nazismo e sua cultura pagã e racista, coisa totalmente oposta aos Ensinamentos da Igreja. Além disso, os verdadeiros católicos sempre estiveram alinhados com o pensamento e com as atitudes da Santa Igreja. Se houve entre católicos quem alinhasse seu modo de pensar com o Nazismo, sem dúvida esse estava em desacordo com o Sagrado Magistério.
Quanto ao termo “católicos apegados à tradição”, parece-me, se estou enganado, perdoe-me,um termo que acaba por incentivar a divisão, posto que todo católico deve estar apegado à Tradição (no seu sentido eclesial, isto é, na hermenêutica da continuidade, não tratando-se de partidarismos) e à Ortodoxia da Santa Madre Igreja.
Abraços
Caro Lício:
Um dos problemas das guerras é que elas tendem a acabar com os moderados e favorecer os extremistas de ambos os lados.
Católicos verdadeiros não são fascistas nem comunistas, pois tanto um quanto outro são abomináveis.
Mas note que o nazismo, apesar de ser essencialmente anti-católico, procurou, ao menos na propaganda, atrair para si os católicos. Já o comunismo hostilizou o catolicismo frontalmente.
É um fato histórico que a maioria dos católicos europeus, quando confrontada com a escolha entre fascistas e comunistas, escolheu – corretamente – os primeiros.
Durante a Guerra Civil da Espanha, de que lado você ficaria? Com Franco e a falange ou com os rojos comunistas?
Do lado de cá do oceano, fomos, felizmente, poupados dessa terrível escolha. Mas, durante uma guerra em seu próprio país, não dá para ficar em cima do muro.
Prezado João de Barros.
O fato de estar entre duas forças, uma que seria a mais adequada para a manutenção da ordem social e, principalmente, que não entraria em confronto contra o Reinado Social do Sagrado Coração de Jesus e outra que, ferindo a liberdade, procurasse submeter e subverter a Fé e vilipendiar a dignidade dos cristãos, lógicamente se deve, em consciência optar pela primeira.
No caso da Guerra Civil Espanhola, a Igreja jamais tomou partido (apesar da manifestação de alguns bispos espanhóis nesse sentido), mesmo se o bando nacionalista de Franco parecesse a melhor solução para a situação de total caos em que se encontrava a Espanha. O assassinato de padres, reliosos e leigos foi motivado pela sua pertença à Igreja e não por estarem do lado nacionalista. Tanto é que a canonização dos mártires da perseguição religiosa nesse país durante os negros anos da Segunda República só foram levadas a efeito após a morte de Franco, justamente para não parecer uma propaganda favorável ao seu regime ditatorial.
Tomar partido de um dos lados beligerantes não é necessariamente aprovar sua ideologia, mas sim ter em vista a sua utilidade para a manutenção da ordem política, social e religiosa. Esse é meu ponto de vista.
Abraços.
Caro Lício:
Trocando em miúdos, mesmo não aprovando sua ideologia, nós teríamos ficado do lado que perdeu a II Guerra…
Foi esse o dilema em que os católicos europeus se viram em 1940 e cujas consequências ecoam até hoje, como visto no caso da ex-excomunhão da FSSPX.
Quanto ao papel da Igreja, embora hoje pareça incômodo, Ela fez o que tinha que ser feito: apoiar Franco.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Espanhola#Os_apoios_internacionais
A LOS FIELES DE ESPAÑA
Con inmenso gozo Nos dirigimos a vosotros, hijos queridísimos de la Católica España, para expresaros nuestra paterna congratulación por el don de la paz y de la victoria, con que Dios se ha dignado coronar el heroísmo cristiano de vuestra fe y caridad, probado en tantos y tan generosos sufrimientos.
(…)
No dudamos que así habrá de ser, y la garantía de Nuestra firme esperanza son los nobilísimos y cristianos sentimientos, de que han dado pruebas inequívocas el Jefe del Estado [*Franco*] y tantos caballeros sus fieles colaboradores [*Franquistas*] con la legal protección que han dispensado a los supremos intereses religiosos y sociales, conforme a las enseñanzas de la Sede Apostólica.
(…)
A Vosotros toca, Venerables Hermanos en el Episcopado, aconsejar a los unos y a los otros, que en su política de pacificación todos sigan los principios inculcados por la Iglesia y proclamados con tanta nobleza por el Generalísimo [*Franco*]: de justicia para el crimen y de benévola generosidad para con los equivocados.
(…)
En prenda de las copiosas gracias, que os obtendrán la Virgen Inmaculada y el Apóstol Santiago, patronos de España, y de las que os merecieron los grandes Santos españoles, hacemos descender sobre vosotros, Nuestros queridos hijos de la Católica España, sobre el Jefe del Estado [*Franco*] y su ilustre Gobierno [*Franquista*], sobre el celante Episcopado y su abnegado Clero, sobre los heroicos combatientes y sobre todos los fieles Nuestra Bendición Apostólica.
16/04/1939
http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/speeches/1939/documents/hf_p-xii_spe_19390416_inmenso-gozo_sp.html
PS: Acho que não restam dúvidas de que lado estava a Igreja.
Prezado João.
Sem querer esgotar o assunto, sobre o apoio da Igreja à Franco, o mesmo link que o amigo cita diz:
“O papa Pio XI, no entanto, que não tinha simpatias pelo fascismo, e que em 1937 publicaria a encíclica em alemão Mit brennender Sorge (“Com profunda preocupação”), condenando a ideologia nazista, não chegou jamais a oferecer um apoio incondicional ao campo franquista.”
Caro Lício:
Sem dúvida.
Só um fanático ofereceria apoio incondicional a alguém. Creio que jamais um Papa apoiou quem quer que fosse incondicionalmente.
Pio XI apoiava Franco condicionalmente, isto é: desde que este seguisse a doutrina da Igreja. É lógico e acho que foi exatamente isso que aconteceu.
Coincidentemente, hoje fazem 70 anos que acabou a Guerra Civil na Espanha.
Já leu a carta que Pio XII enviou aos espanhóis celebrando a vitória?
Pio XII fala dos sentimentos nobilíssimos e cristãos de que Franco havia dado prova.
Certamente amigo João. Não podemos negar que Franco foi, naquele momento tenebroso para a sociedade católica e para a Igreja na Espanha, um meio pelo qual Deus pôs fim à maldade perpetrada pelo terror comunista.
Uma das mais belas páginas do heroismo católico naqueles dias foi a resistência dos militares e civis no Alcázar de Toledo, tão bem representada no livro O Cêrco do Alcázar de Toledo, de Cecil D. Eby.
Apesar de católico e de demonstrar nobreza de sentimentos, Franco também cometeu arbitrariedades em seu regime de exceção o que ninguém nega, mas, de fato, o levante de Julho de 1936 teve mesmo características de uma cruzada pera libertar a católica Espanha de seus opressores. Lamentavelmente, aquela Espanha que defendeu os direitos de Nosso Senhor e da Igreja, agoniza oprimida por um (des)governo socialista e anti-clerical.
Abraços
Aos caídos com Deus por graça d’Espanha.
http://www.youtube.com/watch?v=JjIZqK7vlPY
http://www.youtube.com/watch?v=PPGPo6ejpJY
Curiosamente, ao tempo da II guerra mundial o caráter anticristão do nazismo era mais perceptível para a maioria das pessoas do que hoje:
Neste desenho da Disney, produzido como propaganda de guerra para os EUA no final se mostra isso claramente no final, (a Bíblia sendo substituida pelo “Mein Kampf”, um crucifixo por uma adaga SS, e um vitral de igreja sendo arrebentado a pedradas); só a partir dos anos 60 é que o nazismo foi “cristianizado”, em grande parte pela propaganda comunista.