Gostaria de tecer alguns comentários sobre um artigo do Olavo de Carvalho, publicado no seu site na semana passada, chamado Orando com os avestruzes. Soube apenas a posteriori (graças a um outro artigo do Veritatis Splendor anteontem publicado) que as palavras “despejadas na rede” e comentadas pelo filósofo eram da autoria do Pedro Ravazzano, e foram feitas em uma lista de emails da qual o Pedro participa.
Pois bem; para não demorar-me, o artigo do Olavo apresenta, a meu ver, três problemas.
1. A patente desproporção. Como é que um artigo numa lista de emails privada à qual sabe-se lá quantas pessoas têm acesso recebe uma resposta no site do Olavo de Carvalho e no Diário do Comércio, 24 de março de 2009? Isto torna absolutamente pertinente a queixa do Ravazzano na réplica publicada pelo Veritatis: “De todo o modo, sempre é pertinente frisar que, nessa confusão, que eu caí de pára-quedas – afinal não esperava que um simples comentário fechado tomasse grandes proporções – jamais ultrajei ou ofendi o Olavo e sua família, e queria ser tratado da mesma maneira”.
2. A falsa oposição entre militância anticomunista e vida interior. Também sobre isso falou o Pedro, dizendo: “Olavo coloca como se eu tivesse feito uma integral condenação do anticomunismo militante quando, na verdade, apenas afirmei que aqueles católicos que desconheciam as condenações da Igreja ao comunismo, mas viviam em entrega a Deus e seguiam piedosamente os princípios e preceitos cristãos, tornavam-se anticomunistas naturalmente”. É perfeitamente natural – aliás, é necessário – que um católico, se bom católico, tome posição frontalmente contrária ao comunismo, mas a recíproca não é verdadeira: nada garante que um “anticomunista” torne-se ipso facto um bom católico. E simplesmente ser “anticomunista”, rasgue as vestes quem o quiser, não salva ninguém: esta é a verdade. É necessário ser católico, e bom católico – e a missão da Igreja, por evidente, é forjar católicos, e salvar as almas uma a uma.
Não é respeitoso para com a vida espiritual referir-se a ela da forma como o fez Olavo de Carvalho. Não é justo chamar as pessoas que estão sinceramente preocupadas em praticar a sua Fé de avestruzes e insinuar negligência delas no combate ao comunismo. As palavras do Olavo – p.ex., “[c]omo pode a vida religiosa ter-se prostituído a tal ponto que um fiel católico já não enxerga nada de ofensivo em acreditar que os mais de trinta milhões de mártires e combatentes cristãos sacrificados pela sanha comunista na Rússia, na Polônia, na Hungria, na China, em Cuba e um pouco por toda parte merecem apenas as nossas orações, se tanto, em vez da nossa firme disposição de correr o mesmo risco que eles correram?” – são meras hipérboles de retórica. Primeiro, porque passa a impressão de que temos todos a obrigação moral de pegarmos em armas e fazermos incursões milicianas a Cuba para derrubarmos o regime comunista, o que é gritantemente falso. Sim, os mártires são honrados, mas ninguém deve lançar-se em busca do martírio, óbvio – isso sim seria tentar a Deus. Segundo, porque todo o artigo do Olavo é baseado no boneco de palha já trazido à luz: não existe – a não ser na cabeça do Olavo – nem sombra de um “lavar as mãos” com requintes de pacifismo no discurso católico.
3. A apresentação do Vaticano II como bode expiatório. Parece brincadeira: a culpa de tudo recai nas costas do Concílio! Não sei como ainda não surgiu uma demonstração incontestável de que o aquecimento global, a crise financeira, a eleição de Barack Obama, o nobel de Saramago, os atentados de 11 de setembro e os massacres da Faixa de Gaza foram causados pelo Concílio Vaticano II. Não duvido que alguém se aventure a fazê-la. No entanto, e isso é muito de se lamentar, o Olavo presta um grande desserviço à Igreja ao vir com as acusações do tipo:
O cardeal Pallavicini ensinava que “convocar um concílio geral, exceto quando exigido pela mais absoluta necessidade, é tentar Deus”. Desde a fundação da Igreja até a década de 60 do século findo, realizaram-se vinte concílios. Nenhum deles incorreu nesse pecado. Cada um, segundo enfatizava o cardeal Manning, “foi convocado para extinguir a heresia principal ou para corrigir o mal maior da respectiva época”. O primeiro a desprezar essa exigência, e a desprezá-la não por descuido, não por um lapso, não por negligência, mas por vontade expressa e por firme decisão de seus convocantes, foi o Concílio Vaticano II.
Dada a conclusão do artigo, caberia perguntar o quê, exatamente, o Olavo tencionava com ele. Abrir, por algum motivo desconhecido do grande público, uma polêmica incompreensível com um jovem de Salvador? Inverter a importância das coisas e colocar a militância anticomunista sozinha (e não a imitação de Cristo) como o valor máximo a ser buscado nesta vida? Ou simplesmente ter um pretexto para atacar um Concílio Legítimo da Igreja Católica?
Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!
Concordo, em geral, com suas observações, mas com uma exceção notável: nessa citação que você fez do Olavo de Carvalho, o que está dito aí por ele não é uma “acusação“, mas a constatação de um fato histórico que, sinceramente, me causa grande perplexidade alguém negar seriamente.
Fico realmente curioso de saber o que lhe parece contestável nessa citação, meu caro Jorge: que seja tentar a Deus convocar um concílio sem ser para condenar heresia?; que as personagens históricas citadas pelo autor tenham dito isso realmente?; que o Vaticano II tenha sido um concílio completamente atípico na história da Igreja nessa “pastoralidade” tal como o mesmo Vaticano II a entende?
Mas são estes três fatos facilmente verificáveis, e contra fatos não há argumentos!
Tem certeza de que não citou o trecho errado do artigo de Olavo de Carvalho para criticar? Pois este trecho me parece inexpugnável.
Um abraço,
Em JMJ,
Felipe Coelho
Caríssimo Felipe,
Basicamente, discordo de duas coisas. Discordo “que seja tentar a Deus convocar um concílio sem ser para condenar heresia” [aliás, esta frase dita assim é tua, e não do cardeal Pallavicini citado pelo Olavo – deste, discordo da ênfase dada em “mais absoluta necessidade”; o que significaria exatamente isso?] e discordo da afirmação [implícita] de que o Vaticano II tenha sido convocado sem necessidade relevante e que não tenha serventia relevante na correção dos males da época.
E também discordo do tom desrespeitoso do Olavo.
Quanto à “acusação” no trecho citado, é a acusação de que o Concílio Vaticano II tenha incorrido num suposto pecado e desprezado uma suposta exigência – e ainda deliberadamente.
Abraços,
Jorge
Jorge,
por coisas assim é que deixei de dar bola pro Olavo. O comentário do Pedro é absolutamente procedente e lógico. Poderia ter citado S.Paulo: de que valem as obras sem a fé? O filósofo elegeu o anticomunismo como bandeira de luta. É um direito dele. Mas não é essa a maior bandeira do catolicismo. Nosso estandarte é a cruz, que cura e liberta. A meu ver, faltou ao Pedro ressaltar o lema do ora et labora. A fé precisa se materializar em ações concretas. Atuar contra o comunismo (nas suas várias formas) é uma delas. Atuar contras as heresias e pela conversão dos irmãos ateus também é missão meritória. Não se excluem, mas se complementam. Ambas precisam do reforço diário da oração e contemplação.
E quando a coisa aperta, sai da cartola o coelho do Olavo para puxar o debate para um tema secundário e disfarçar o escorregão do seu macho-alfa ao colocar o antiesquerdismo acima da fé.
De um ponto de vista pragmático, tudo isso é contraproducente. Se temos pontos de vista convergentes deveríamos alinhar esforços. A tentativa de ganhar posições pelo confronto só serve para dividir as fileiras, quando a ordem é cerrá-las. A quem isso aproveita?
Sds.,
de Marcelo.
Não concordo com toda a crítica feita.
Afinal, não é compreensível entender o por quê de uma fé que é intrinsecamente avessa aos princípios do comunismo/socialismo não deveria abrir explícita frente de combate contra o mesmo (coisa que também explicitamente não foi feito no CVII até pouco tempo atrás, nas últimas encíclicas de Bento XVI). E se há tanta omissão na vida espiritual, não podemos deixar de observar que é em conta de um falso humanismo colocado em detrimento da verdadeira atitude cristã diante de tais infortúnios que nos causam o socialismo.
De fato, pode haver negligência em resistir ao comunismo, se as pessoas importadas estiverem mais cultivar uma “neutralidade política” comum aos “devotados à vida interior”, em detrimento de uma atividade de militância católica contrária ao comunismo – que é quiçá um dos maiores cernes da atividade anti-católica no MUNDO. Acho que é para isso que Olavo de Carvalho quis chamar a atenção, coisa que o sr. Ravazzano quis minimizar.
Nesse caso, estou mais com Carvalho que com Ravazzano. Se é preciso viver a fé, que vivamos também – com vivo ardor e intensidade – os efeitos que esta nos impõe no âmbito político e social. E isso é, dentre outras coisas, ser francamente anti-socialista e anti-comunista.
E “o convite ao martírio” feito por Olavo, referente àqueles cristãos que combateram o comunismo inexiste. Isso é um exagero retórico do sr. Ferraz, tomando como se fosse uma real insinuação a dar necessariamente a vida pelo combate anticomunista, quando na verdade é uma contraposição – em primeiro lugar – à imobilidade política que inumeráveis católicos DE FATO possuem diante dos problemas trazidos pelo comunismo/socialismo; e em segundo lugar, à falsa vida interior que preocupa-se somente com “o espírito”(sic) sem dar lugar algum àquilo que é concernente ao católico no âmbito político e cultural.
Entendendo que mera possibilidade abstrata do risco de ser martirizado (que é praticamente nula) é uma coisa, e que a possibilidade concreta do risco de martirizado ao vivermos a fé (também naquilo que se refere ao anticomunismo e à ação política engajada na edificação de uma ordenação social conforme os desígnios de Deus, uma sociedade verdadeiramente baseada nos princípios do Evangelho) é outra, fica claro que não há NENHUMA exigência absurda no clamor de Olavo, nem muito menos um pretenso reclame por nossas vidas em favor de um ideal. Ele nos pede apenas aquilo que já outrora sempre foi e é pedido pelos papas: que cumpramos a nossa vocação laical, especialmente aquela tendente ao âmbito político, conforme os desígnios da fé.
Pelo contrário de uma exigência que “tenta a Deus”, é uma obrigação do todo fiel fazer tudo que é possível para que “Seja feita a Vossa Vontade (oh Deus), aqui na Terra como no Céu”.
É por isso que discordo da análise feita contra o artigo do sr. Carvalho.
Entendo, junto com Ravazzano e Ferraz, que de fato há problemas a serem resolvidos na espiritualidade dos católicos brasileiros, sim. UM DELES é exatamente a separação entre a coerência e a subordinação devida da vida política à fé, sem dúvida. Mas OUTRO DELES é o indiferentismo afetado dos fiéis frente à escalada da ideologia e militância comunista, por pura negligência dos católicos em reiterar o mal promovido por estes senhores, e em resistir, em sociedades políticas organizadas, contra a desconstrução da democracia num regime crescentemente tendente ao fascismo.
Sr. Guarinelo,
É justamente pelo fato da Fé ser “intrinsecamente avessa aos princípios do comunismo/socialismo” que a crítica do Olavo ao Pedro não se sustenta, porque fomentar a vida interior é fomentar a Fé. Não existe oposição possível, ao contrário do que diz o Olavo [e, aparentemente, o sr. também, ao falar sobre uma “neutralidade política” [que é] comum aos “devotados à vida interior”], entre a vida interior e o combate a todos os erros e heresias – inclusivamente, e não exclusivamente, o comunismo.
Se a questão for meramente um problema de ênfase, então o Ravazzano está muitíssimo mais correto do que o Olavo, porque a ênfase na Fé é obviamente mais importante do que a ênfase na militância anticomunista. Até porque aquela inclui esta, quando a recíproca não é verdadeira.
Se o “convite ao martírio” inexiste, então o Olavo precisa escrever melhor. A palavra “política” – que, segundo o senhor, é “em primeiro lugar” o assunto tratado pelo Olavo de Carvalho – não existe no artigo. Em contrapartida, ele fala em “arriscar o conforto de suas almas e o bem-estar de seus corpos no enfrentamento real com o inimigo, na agitação sangrenta do mundo”, em “sangue dos mártires e dos heróis”, em “indulgência plenária àqueles que arriscassem sua vida no campo de batalha”, em “até mesmo com o sacrifício de suas próprias vidas”, et cetera. Por que motivo eu deveria considerar que todas essas coisas são metafóricas [já que o Olavo não o diz em momento algum e, ao invés, insinua exatamente o contrário] e que este artigo do Olavo é “na verdade é uma contraposição – em primeiro lugar – à imobilidade política [de] inumeráveis católicos”?!
Se a exigência do Olavo não é absurda, é muito mal escrita. Concordo plenamente que é necessário “que cumpramos a nossa vocação laical, especialmente aquela tendente ao âmbito político, conforme os desígnios da fé”, mas com isso certamente o Ravazzano também concorda e, por conseguinte, não pode ser esse o objeto da discordância entre ele e o Olavo.
Por fim, a solução para o “indiferentismo afetado dos fiéis frente à escalada da ideologia e militância comunista” está PRECISAMENTE no aprofundamente na Fé Católica e Apostólica, e não no mero “ativismo” apregoado pelo Olavo de Carvalho. A Fé tende naturalmente para as obras. Mas as obras, por maiores que sejam, nunca serão capazes de gerar ou de substituir a Fé. Isso precisa ser lembrado.
Abraços,
Jorge
Permita-me apenas outro comentário:
Quando o sr. diz que “não existe [b]oposição possível[/b], ao contrário do que diz o Olavo (…), entre a vida interior e o combate a todos os erros e heresias”, certamente estás a se basear num conceito abstrato de “vida interior”, pouco concreto da real e verificável INATIVIDADE política organizada dos católicos “que buscam a vida interior” contra o comunismo.
Noutras palavras, aceito a tese do sr. Carvalho ao referir-se à ênfase necessária da ação católica para o momento vivido atualmente no Brasil, e especialmente na América Latina nesses últimos tempos (um alinhamento socialista/comunista tomando conta de PRATICAMENTE TODOS OS PAÍSES latino-americanos, implantando uma agenda abortista, gayzista, estatista, socialista e facista que tornará aos poucos nossa fé “ilegal”! E enquanto isso, as pessoas aprendem quais são os métodos de meditação favoritos do santo X ou Y??) Que ênfase é mais urgente dentro das devidas circunstâncias?
A ênfase necessária deve ser mais naquilo que inexiste por completo – atividade anti-comunista católica organizada – do que aquilo que já existe e é divulgado constantemente pelos apologistas católicos – vida interior.
Isso – lógico – não é uma implicação de insubordinação dos deveres nem da hierarquia dos valores católicos!!
Vá verificar a atividade política das comunidades de fiéis que buscam vida interior. Pessoalmente, se for necessário. Faça um apanhado geral sobre o tema ou mesmo, se for oportuno, um estudo estatístico.
Verás a “impossibilidade” que o sr. advoga desvanecer-se como névoa sob a luz solar da aurora. Me desculpe, mas isso afirmado por mim é óbvio, isto é, que a busca da espiritualidade é tida pela maioria católica como coisa independente de implicações na vida política.
Concedo também que há distorção na “vida interior” na maioria dos católicos – leigos, padres, bispos e associações católicas inclusive – que entendem ser a fé e a vida interior um refúgio do espectro da vida “política” do ser humano. O que é, sem sombra de dúvida, uma lástima e um erro que sim – como disseste – atrapalha no desenvolvimento das “obras”.
Você se refere abstratamente àqueles que entendem a busca da “vida interior” como uma posse potencial de uma mentalidade política avessa ao comunismo, sim, isso é aceitável. Mas não é aceitável defender primazia à vida interior como se DESTA não emanasse o DEVER de lutar contra o socialismo/comunismo EXATAMENTE como descreve o sr. Olavo de Carvalho.
Se – conforme dizeis – a ênfase mais correta, no âmbito abstrato, é a de Ravazzano (tese ideal), no âmbito concreto é a de Carvalho (situação real). Acho, destarte minha ignorância sobre o assunto, que aplica-se aqui o mesmo critério usado quando temos a contraposição entre o abstrato estado confessional (tese ideal) e com um estado que tolere manifestações objetivamente errôneas, para não causar desordens maiores (situação real).
Reitero: mesmo que fosse absolutamente certo afirmar que não há contradição possível entre “vida interior” e “anti-comunismo” (coisa que não concedo), ainda sim a práxis mais indicada diante do comunismo seria aquela defendida pelo sr. Olavo.
Sr. Guarinelo,
Por favor, defina “atividade anti-comunista católica organizada”. O quê, exatamente, o senhor entende por isso?
Outrossim, apenas saliento que nós ainda estamos vivendo uma terrível crise de fé e, portanto, o número de católicos que saibam o que isso significa é reduzidíssimo. Parece-me evidente que é necessário primeiro que eles sejam católicos e, depois, que exerçam militância anticomunista.
Um católico qualquer que, por qualquer motivo justificável, não exerça militância anticomunista (por exemplo, porque tenha uma natureza mais contemplativa) está muito bem. Um anticomunista que não pratique a Fé Católica está muito mal. A ênfase do sr. Olavo de Carvalho [e também do senhor] está, portanto, às avessas.
Abraços,
Jorge
Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!
Três observações, rapidamente:
1. Realmente, na pressa, me expressei mal: minha intenção era aludir ao trecho atribuído ao Cardeal Manning citado por Olavo de Carvalho: “Cada Concílio foi convocado para extinguir a heresia principal ou para corrigir o mal maior da respectiva época”.
Faltou, pois, ao que eu disse, para estar certo, a segunda metade (depois do “ou”), e agradeço por você me fazer ver que eu precisava me corrigir nesse ponto.
Você pergunta o que seria a “absoluta necessidade” que, só ela, permite a convocação prudente de um concílio, segundo a declaração atribuída ao Cardeal Pallavicino (e não “Pallavicini”, citação esta que, juntamente com a do Cardeal Manning, pretendo rastrear no fim de semana, via Google Books e Archive.org; mas, sendo autêntica, clique no nome dele, caro Jorge, para ver de quem você estará discordando e qual o domínio que esse Cardeal tem desse assunto específico de concílios!!).
Em todo caso: a resposta está na citação do Cardeal Manning!
“Absoluta necessidade” = “extinguir a heresia principal” ou “corrigir o mal maior” da época.
2. O que faz ressaltar bem a anomalia que foi o Vaticano II, a qual continuo bem surpreso de vê-lo negar (se é que o entendi bem), pois até mesmo a mais alta hierarquia da Igreja Conciliar sempre confessou abertamente esse caráter inaudito do Vaticano II.
Assim, Wojtyla:
E Ratzinger:
Aliás, tenho muitas outras dessas em minha pequena coleção.
3. Quanto a ter havido, nessa absoluta inovação, uma tentação a Deus, parece-me também facílimo de provar, não só pela mencionada disparidade do Vaticano II com os fins de todos os concílios da Igreja Católica, como também pelos males pós-conciliares cuja gravidade pede uma causa proporcional, e finalmente por meio de confissões até mesmo do próprio Montini (Paulo VI), antes e depois do Vaticano II, ressaltando sua atipicidade.
Ficam estas para o fim de semana, quem sabe? Por ora, baste aqui Dom Lefebvre:
Depois de citar os documentos maçônicos (por exemplo os da Alta Venda, que eu imagino conhecidos de todos por aqui, cuja publicação foi recomendada pelo Papa Pio IX) que tratam do projeto das lojas de promover na Igreja um concili(ábul)o e um “papa” defensores da Revolução, acrescenta o Arcebispo a seguinte notícia histórica, que diz volumes sobre a “prudência” (ou cumplicidade) dos “papas conciliares”:
(Para a citação inteira do parecer profético do Príncipe dos Teólogos, cf. a pág. 12 – prefácio do exegeta Mons. Spadafora – a: http://www.permanencia.org.br/Livrodigital/novateologia.pdf )
Enfim, você já conhecia essas declarações, meu caro Jorge? Que pensa delas?
Um abraço,
Em JMJ,
Felipe Coelho
PS ao Marcelo: Prezado amigo, a você também, três breves observações, se bem que de interesse infinitamente menor (mas não por culpa minha…), ainda que de bem mais alto valor humorístico:
1. Seu sobrenome, Marcelo, também não é “Coelho”? Se esta minha conjectura estiver certa, e você não for outro Marcelo, devo dizer que sua piada com a “cartola”, somada à sua consequente omissão de assinar seu sobrenome, tornam-se especialmente… cômicas, não é? Mas, sendo assim, creio que não sou eu quem, no fim das contas, terá de concluir: “And the joke is on me”…
2. Contrariamente ao que você diz, Marcelo, longe de defensor de Olavo de Carvalho — de quem jamais ouvi um Talk Show e cujos artigos, alguns sem dúvida muito bons, tenho lido apenas esporadicamente, sobretudo quando me são recomendados –, fui um dos primeiros a denunciar-lhe as doutrinas heterodoxas, numa polêmica internética que ficou famosa entre ele e o Prof. Orlando Fedeli, num tempo em que havia muitos ditos Católicos que faziam vistas grossas, quando não aderiam mesmo, a essas doutrinas de “ecumenismo radical”. Apraz-me crer que essa minha humilde atuação e orações, sem dúvida repletas de falhas até grandes, terão ajudado, ainda que seja um grão, a alertar a muitos, a começar pelo próprio Olavo de Carvalho, para o caráter nefasto daqueles seus erros. Enfim, no dia do Juízo saberemos se me iludo aqui ou não. Mas por ora, se não for incômodo, caro Marcelo (Marcelo Coelho?), por favor, refresque a minha memória: posso estar enganado, mas não chegou você mesmo a ser um desses ditos Católicos?
3. Por fim, surpreende-me que você me acuse de “puxar o debate para um tema secundário” (Marcelo), por eu questionar a crítica do Jorge a uma citação que trata do Vaticano II, quando é o próprio Jorge Ferraz quem conclui seu artigo com a suspeita de que Olavo de Carvalho talvez tivesse escrevido apenas como “um pretexto para atacar um Concílio Legítimo (sic) da Igreja Católica (sic)”. Ou seja, estou no coração do assunto, meu caro! Já você, tem certeza de que leu mesmo o artigo do Jorge até o fim, e não pulou direto para os comentários…?
E o triste é que, no geral, eu concordo com as observações de vocês dois, abstraindo do grau em que sejam ou não pertinentes ao debate Carvalho/Ravazzanno, de cujos meandros faço questão de cultivar a mais solene ignorância. Apenas penso que defender o Vaticano II tira muito da força das verdades que vocês defendem.
AMDGV, FC.
Eu sou grato ao Olavo pela postura que ele mantém e defende. Se não fosse por ele, eu continuaria cego para a situação em que nos encontramos e ainda permaneceria FORA da igreja. Com seu combate, me abriu os olhos tanto para a situação política e humana em que vivemos, para a qual eu era extremamente indiferente, e me fez voltar o olhar para a igreja que eu havia abandonado. Se hoje eu busco me aprofundar nos ensinamentos da igreja, é graças ao anticomunismo do Olavo.
Meu pai é ministro extraordinário da santa Comunhão, mas recentemente disse ter votado no candidato do PT por ideologia, e eu votei no mesmo justamente porque era o candidato dos meus pais. A desinformação é tanta que faz necessário um combate direto sim. É o que eu acho.
PS: foi a primeira vez que votei. Nunca tinha ouvido falar em Olavo de Carvalho, Foro de São Paulo, Teologia da Libertação(!), Gramsci, Marcuse, e por aí vai…
Prezado Coelho,
desculpe a demora, mas tive de sair a trabalho. Circulo pela rede há anos e me lembrava de um quiproquó entre Olavo e o prof. Fedeli (Montfort). Por falha de memória, e pela sua crítica ao Jorge, associei a sua pessoa ao Olavo, quando deveria ter me lembrado que V.Sa. é discípulo do prof. Fedeli. Aliás, o sr. foi alvo de uma grosseria do Olavo na ocasião, bem ao estilo dele, que muito me desagrada.
No entanto, discutir se o CV II é pastoral ou dogmático, se valeu ou não valeu, é absolutamente ocioso. Quando o prof. Fedeli deposita sua confiança em Bento XVI e este reafirma categoricamente a autoridade do CV II, não cabe mais discutir. E reafirmo: o foco do texto do Olavo é colocar a práxis antiesquerdista acima da Fé. Esse é o erro fudamental dele, reconhecido, se não me falha novamente a memória, pelo próprio prof. Fedeli (ele menciona conhecimento acima da fé).
Como V.Sa. concorda comigo e com o Jorge quanto a isso, não tenho interesse nenhum em procurar um ponto de discórdia. Também rezo todos os dias para que os tradicionalistas procurem o caminho da reconciliação com Roma.
Sds.,
de Marcelo.
Jorge,
parece que todos aqui se esquecem de um pormenor (pormaior?):
A Santa Igreja rejeita tanto o comunismo quanto o liberal capitalismo. Um cristão deve sempre lutar contra essas duas formas de escravidão.
Sds.,
de Marcelo.
Caríssimo Felipe Coelho,
Salve Maria!
Acabei de perder um post mais longo que tinha escrito devido a uma queda de energia; perdoe-me, portanto, pelas respostas sucintas.
Quanto ao cardeal Pallavicino, agradeço pela biografia. É uma personalidade ilustre que, não obstante, não exige assentimento divino às sentenças que ele porventura tenha proferido, e continuo com a posição de que exigir “necessidade absoluta” para se convocar um Concílio Ecumênico, sob pena de se “tentar a Deus”, é meio exagerado.
Quanto à tua fórmula [“Absoluta necessidade” = “extinguir a heresia principal” ou “corrigir o mal maior” da época], discordo. Primeiro porque é uma mistura de citações e, portanto, do fato de cada Concílio ter sido “convocado para extinguir a heresia principal ou para corrigir o mal maior da respectiva época” (Manning) não segue fazer diferente disso seja “tentar a Deus”; e, segundo, porque me parece bem questionável que coisas como excomungar o (já excomungado) Imperador Frederico II [I Lião], promulgar decretos disciplinares [V Latrão] ou até mesmo definir a infalibilidade papal [Vaticano I] possam se dizer “extinguir a heresia principal” ou “corrigir o mal maior” de cada época (v. Catholic Library).
Quanto à atipicidade do Vaticano II, não nego que ele tenha sido atípico mas sim, precisamente, que esta atipicidade seja motivo suficiente para impugná-lo, questioná-lo, desmerecê-lo, desqualificá-lo ou coisa que o valha.
Quanto às citações de João Paulo II e do então cardeal Ratzinger, conhecia a primeira mas não a segunda. Noto, a propósito, que João Paulo II considerava necessário convocar o Vaticano II; eu próprio acho que seria tentar a Deus, sim, convocar um Concílio sem necessidade, mas não sem necessidade absoluta. Portanto, sou da opinião de que era, sim, necessária a convocação do Concílio, embora não absolutamente – e isso já basta para que ele não seja “tentar a Deus”.
Ainda sobre a atipicidade do Concílio, eu sei [e não nego] que ele não teve “absoluta necessidade” de ser convocado, nem “extinguiu a heresia principal” do seu tempo nem tampouco “corrigiu o mal maior da sua época”. O que nego é, precisamente, que todo Concílio precise ter essas características, sob pena de ser uma tentação a Deus.
Quanto à tua prova desta tentação a Deus, discordo, primeiro porque nego que a mera atipicidade configure, por si só, uma tentação a Deus e, segundo, porque nego que os “males pós-conciliares” tenham sido causados pelo Concílio. Aliás, IMMO, os males foram justamente preocupados pela traição do Concílio, porque eu considero um tremendo absurdo que tantas pessoas, entre leigos e membros da hierarquia, tenham se permitido fazerem o que foi feito com o Vaticano II, desde desqualificá-lo sumariamente até torcê-lo a ponto de fazê-lo justificar descalabros inimagináveis. Esta inaudita falta de respeito para com o Magistério da Igreja é, a meu ver, um pecado que brada aos Céus, e em quem bem cabe a culpa pelos males dos nossos dias.
Quanto aos documentos maçônicos da Alta Venda, não os conheço.
Quanto às declarações do Cardeal Billot, não as conhecia e acredito que elas não sirvam para comprovar “cumplicidade” dos Papas Conciliares com os inimigos da Igreja, porque foram ditas quarenta anos antes do inicio do Vaticano II. E, quanto a esta mesma citação, vale salientar que, segundo o parecer profético do cardeal, “[n]em é preciso dizer que eles [os inimigos da Igreja] não o conseguirão [fazer a revolução]”. Portanto, a darmos crédito ao Cardeal Billot, os modernistas não conseguiram “fazer a revolução” no Vaticano II.
Abraços,
Jorge
“Atividade anti-comunista católica organizada”?
Seriam sociedades de leigos, leigos consagrados e em alguma medida também de clérigos(enquanto diretores espirituais), especializadas em lidar contra a onda comunista/socialista, que arrasa a consciência, as leis, a moral pública, a sociedade cristã. Sociedades religiosas especialmente designadas para a conversão de tipos específicos de pessoas engolfadas num tipo de ideologia não são raras, vós certamente bem o sabeis. (Exemplos: a congregação da Milícia da Imaculada – Maximiniano Kolbe – foi criada especialmente para lutar, dentro da fé católica, contra a maléfica influência da Maçonaria. Há também a congregação de Nossa Senhora de Sion, cujo carisma é converter os judeus para a fé católica. Dentre outros grupos. Isso não é novidade).
Grupos de pessoas devotadas em destruir um dos principais inimigos da Igreja através de ação de propaganda da verdadeira face do comunismo, suas armadilhas, seus artifícios, estratégias, (pseudo)argumentos e partidos. Desmascarar a pretensa “conformidade” entre um ideal socialista e o cristianismo. Entre a fé no Deus Todo-poderoso que se encarnou no seio da Virgem Maria e no ‘materialismo histórico’ marxista. Entre o ‘Viva la revolución’ e o Catolicismo social pleno.
Simultaneamente, poder-se-ia indicar – por via negativa e por via positiva – o verdadeiro caminho para a ordem social conforme os desígnios de Deus.
Isso já foi engendrado, em alguma medida, pela TFP no passado (E, antes dos excessos esdrúxulos desta serem postos à mostra por personalidades como Dom Mayer, Orlando Fedeli e Giulio Folena, eu teria indicado a ação de grupos como a TFP como exemplares no espectro político). Hoje, qual grupo conseguiria proporcional proeza feita por estes senhores da TFP? Em protesto enviado a Paulo VI, em menos de seis meses, obtiveram mais de um milhão e seiscentas mil assinaturas contra a infiltração esquerdista no clero católico. Estou certo que nem mesmo a MESMA quantidade conseguiríamos. Quem dirá a mesma proporção!
Quanto à crise de fé, concordo em termos, dado que não é o número reduzido de pessoas cientes do status e dos (sub)desenvolvimentos desta batalha, por parte dos católicos, contra uma das mais nefastas ideologias já presentes no nosso planeta que torna-a menos candente e importante na atual conjuntura.
Vejo, como o sr., que a grave crise de fé é um dos elementos que cria sim essa problemática imobilidade política dos católicos no Brasil. No entanto, é também esta imobilidade “neutra” da mentalidade política reinante nos meios católicos (francamente tendente à asséptica separação entre fé e política, infelizmente incentivada por quantidade não negligenciável de “homens de vida interior”) que causa a inatividade política da fé de muitos.
Não estamos, quando falamos da vida interior, diante um fluxo de mão única. Esquecemo-nos de que também é por meio das obras (externas) que se pode conhecer a fé (interior) de uma pessoa (cf. Tg 2, 14,-26).
Possuímos a fé? Sim, isso é muito bom. Mas também os demônios crêem, e tremem… A fé é importante, mas sem obras é morta.
E a maior obra de caridade dentro do espectro sócio-político que se pode ter hoje é lutar para que a sociedade não seja engolfada por essa cultura demoníaca, que é o fascismo pró-comunismo, qual fumaça sufocante, demolidor de toda a dignidade humana, inimigo de quaisquer crenças que rejeitem a revolução social e a ordenação materialista da realidade.
O trabalho para re-ordenar a ordem social conforme a vontade de Deus não pode ser relegado para segundo plano. Ele é uma necessidade preemente, dado o caráter social próprio do ser humano. A influência desastrosa que um meio social asquerosamente infecto por ideologias errôneas pode causar é a consagração do mal como bem, e a criminalização da própria fé católica e, talvez quem sabe, aí sim uma enchente de sangue de martírios que nada serão senão o fruto de nossa indiferença. E pior: sem esse trabalho, os aparelhos ideológicos costumarão indispor com tal intensidade as pessoas contra Igreja, que sofreremos piores perseguições do que as que já estamos enfrentando hoje.
Coloque o combate político em segundo plano nas obras católicas, e todo trabalho que tivermos na catequese, nas palestras, nisso, naquilo, será destruído aos poucos, incessantemente, até tornar a apostasia não a excessão, mas a regra!
Permitir negligentemente que se perverta a sociedade dizendo que estamos “preocupados com coisas mais altas” é algo ruim.
Não podemos acatar a esta posição, meu caro!
PS: A posição de Ernesto, aliás, é demonstração do que eu digo.
Prezado sr. Guarinelo,
O senhor ataca inimigos inexistentes. Quem é que permite negligentemente que se perverta a sociedade dizendo que estamos “preocupados com coisas mais altas”? Esta quantidade não negligenciável de “homens de vida interior” citada pelo senhor tem nome, ou é uma massa amorfa, uma carapuça jogada para o alto, um boneco de palha?
É óbvio que o trabalho para re-ordenar a ordem social conforme a vontade de Deus não pode ser relegado para segundo plano, mas acontece que (1) esse trabalho não necessariamente é uma formação de sociedades de leigos, leigos consagrados e em alguma medida também de clérigos(enquanto diretores espirituais), especializadas em lidar contra a onda comunista/socialista e (2) nenhum católico [falo católico verdadeiro, e não “de IBGE”] defende que se deva deixar o Reinado Social de Cristo de lado!
O Ernesto não é demonstração do que tu dizes porque ele evidentemente não estava “FORA da Igreja” por ter cultivado a vida espiritual! É este o ponto: a falta de fibra nos católicos é devido à falta de catolicidade e, portanto, falta de oração, e jamais por excesso de oração.
Abraços,
Jorge
Caros,
Eu sei que faço parte de uma geração diferente da maioria das pessoas que escrevem aqui, e meus “vinte e poucos anos”, citando o professor Olavo, já vão longe, tendo completado meus 44 anos em janeiro passado. Tenho também algumas experiências de família que me dão um lastro “anticomunista” e de “ativismo católico” peculiar:
1. Meu pai era militar, oficial da Força Aérea Brasileira; atuou de modo firme e inequívoco contra o comunismo de seu comandante como tenente durante o período da Revolução; foi como capitão Ajudante-de-Ordem do excelentíssimo Brigadeiro Eduardo Gomes; como major e tenente-coronel foi membro do Gabinete do Ministro da Aeronáutica, durante o governo Médici; era anti-comunista ferrenho e desde o berço aprendi com ele exatamente que tipo de torpeza um comunista é capaz de realizar; colegas seus de turma e de jornada fundaram o site do TERNUMA, e são pessoa que conheço e a quem respeito enormemente.
2. Da mesma forma, conheço o tipo de organização a que se refere o senhor Guarinello, já que minha tia era membro da Ação Católica e me contava dos enfrentamentos com os comunistas dentro da universidade. Foram tyempos sofridos em que os católicos tiveram realmente que arregaçar as mangas e lutar, arriscando as próprias vidas, a paz de suas famílias, tudo, enfim, pelo direito de continuarem sendo cristãos verdadeiros vivendo numa sociedade cristã.
Então posso, não do alto mas de dentro da minha experiência de vida, dizer com tristeza no coração… eles perderam a luta. Hoje nosso país é governado pelos sequestradores, assaltantes de bancos e terroristas que meu pai combateu. Hoje a sociedade não é “laica”, é mesmo satânica. Hoje vivemos dentro das profundezas do anti-cristianismo militante agudo vindos de tantas frentes diferentes que não dá mais para enumerar.
E eu digo que estes meninos estão CERTOS. Lutar contra o Comunismo só é efetivo e eficaz se já somos CATÓLICOS. Eu, que cresci orientada por uma geração extraordinária de monges aqui no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, digo que sem bons sacerdotes esem bons leigos não há como lutar contra o que quer que seja.
Estamos aqui na web, levando pela cara adjetivos desagradáveis como esquizofrênicos, radicais, ignorantes, e tantas outras coisas em nome do que acreditamos e professamos. Ninguém aqui esconde a cara, o nome, onde mora . Estamos de peito aberto lutando pelo que acreditamos. E sabem no que acreditamos?
“Creio em Deus-Pai, todo poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo Seu único filho, Nosso Senhor,
Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
Nasceu da Virgem Maria
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
Foi crucificado, morto e sepultado,
Desceu à mansão dos mortos,
Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus,
Está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso,
De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
Na Santa Igreja Católica,
Na comunhão dos Santos,
Na remissão dos pecados,
Na ressurreição da carne,
Na vida eterna.
Amem.”
Apenas para desfazer um mal entendido: O Marcelo Coelho sou eu e não o outro Marcelo que postou comentários.
Obrigado a Assunção Medeiros pelo apoio.
No orkut fui chamado por Olavo de Carvalho de pequeno criminoso inconsciente, cuja vaidade espiritual chega à demência pura. E depois ele ainda teve a desfaçatez de falar no seu programa de rádio, segundo me contaram, que me perdoa.
É mole?
Sra. Assunção Medeiros,
Concordo com o que foi dito pela senhora. Mas insisto em algo que talvez a senhora não tenha deixado claro: que o anti-comunismo não deve ser apenas um apêndice, senão um estandarte levantado na ação sócio-política dos católicos de hoje (coisa que não é feita).
Por favor, se a senhora puder entrar em contato, agradecerei.
—
Sr. Ferraz,
Ernesto sim reitera o que eu disse. Ele voltou à Igreja graças ao anticomunismo do sr. Carvalho, está dito bem claramente. E é o que ele diz: “Com seu[de O.d.C.] combate, me abriu os olhos tanto para a situação política e humana em que vivemos, para a qual eu era extremamente indiferente, e me fez voltar o olhar para a igreja que eu havia abandonado. Se hoje eu busco me aprofundar nos ensinamentos da igreja, é graças ao anticomunismo do Olavo.”
O que digo é próximo disso. A ação política anticomunista também pode ser meio para se reavivar ou mesmo instigar a fé da pessoa diante de seus problemas espirituais. A questão é a seguinte: se Olavo faz o bem, com seu anti-comunismo inveterado, a milhares de pessoas, quanto bem não farão católicos dedicados em preservar, NA PRÁTICA, O SEU DIREITO DE CULTIVAR A SUA FÉ, A SUA VIDA INTERIOR?
Yuri Bezmenov dizia algo semelhante da estratégia dos comunistas para desarmar a resistência dos norte-americanos: incentivar grupos de religiosidade fofa, que acreditavam que o cultivo da vida interior resolveria todos os problemas da humanidade como que por desenvolvimento orgânico. Desde que, lógico, deixassem de prestar atenção à realidade sócio-política, poderiam fazer o que quisessem! Assim a seiva do combate anti-comunista concreto perderia forças. E de fato as forças foram-se perdendo, perdendo, perdendo, até chegar em… OBAMA!
E nós que estamos com LULA(!!!), vamos defender que a guerra contra as agendas socialistas/comunistas é aceitável de ser posta em suspenso?? A resposta para isso é uma só: NÃO.
Analogamente, se estivéssemos no tempo dos Macabeus, vós seríeis aqueles judeus que guardavam o sábado e alegremente prefeririam deixar todo povo ser exterminado, para não guerreardes. Já eu e outros, estaríamos do lado de Matatias, dizendo: “Se nós fizermos como esses irmãos, se não lutarmos contra os pagãos por nossa vida e nossas tradições, eles, em breve, nos extirparão da face da Terra”. (1 Mac 2,40)
Imagine você se Santa Joana D’Arc fosse para um mosteiro no lugar de ir para a guerra…! Você entende o que dizemos? Estamos em GUERRA, essa é a verdade, e não só contra principados e potestades do ar, mas contra as ideologias e projetos advindos do ideal revolucionário!
—
Quanto ao grupo “amorfo”, não é lá tão amorfo assim. Verifique, por exemplo, a espiritualidade do Neo-Catecumenato ou da RCC. Não se negará que cultivam a vida interior, certamente. Então comprove: quantos destes dedicam-se à atividade política? E dos que são políticos quantos o são segundo os moldes cristãos? E destes, quantos estão despertos para a real ameça socialista/comunista que assola nossa nação? É esse desprezo atávico em ver a realidade que nos castra!
Eu não disse que “o trabalho para re-ordenar a ordem social conforme a vontade de Deus não pode ser relegado para segundo plano” é sempre e necessariamente a formação de “sociedades de leigos, leigos consagrados e em alguma medida também de clérigos(enquanto diretores espirituais), especializadas em lidar contra a onda comunista/socialista”. Isso, como poderás verificar no meu post anterior, seria a “atividade anti-comunista católica organizada”, e não TODA a atividade católica politicamente organizada. Certo que é a mais preemente e urgente, mas não é a única, nem mesmo deve ser a única (pois nada há de mais desagradável do que a criação de uma frente de combate avessa a uma ideologia que não ofereça alternativa positiva àquilo que pretende destruir).
Já no que se refere ao Reinado Social de Jesus Cristo, bem meu caro, nisso há mais problemas. Estarei mentindo se eu disser que conheço pessoalmente 10 clérigos que defendam que os órgãos estatais deveriam reconhecer o primado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou que defenderiam um estado confessional, segundo consagrados moldes da governos outrora católicos. De fato, a distinção feita pelo senhor entre “católicos de verdade” e “católicos do IBGE” não é lá muito rigorosa (e é mais prática mesmo, nisso é perfeitamente aceitável), mas eu compreendo perfeitamente o que dizes quando tu te referes ao reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Advogo a hierarquização de valores, tendo em primeiro lugar a vida da graça, a busca pela santidade e a imitação de Cristo, sim. Nisso estamos concordes.
Mas agora, nas circunstâncias em que estamos, não vejo Jesus indo para o deserto rezar, afastado do burburinho humano. Nessa hora em que estamos, Ele expulsaria os vendilhões do templo, e instigar-nos-ia a fazer a mesma coisa. Daí a relevância para aquilo que digo ser o estabelecimento de uma “ação católica anti-comunista organizada”, coisa necessária, importantíssima, urgente.
Amados,
É preciso que eu faça um comentário a mais neste post do Jorge. Fui dormir com o coração pesado ontem, depois de ler este texto e comentá-lo. Sonhei com ele e com uma discussão entre o Carlos e a Emanuelle, em outro post, que MUITO me entristeceu. Me sinto obrigada a me prolongar aqui, pedindo desculpas aos mais concisos. Há mais a dizer.
Eu fui aluna do professor Olavo durante um longo período, traduzi para o inglês alguns de seus artigos na época (uns sete anos passados, creio eu) que devem ainda estar publicados em seu site com os créditos de tradução. Participei bastante do Seminário de Filosofia e tive a honra de ser convidada a ficar hospedada em sua casa (então em Petrópolis) por duas ou três vezes. Fiz parte do grupo dos chamados olavetes.
Não esqueço nunca a noite de aula do Seminário em que meu caminho se separou definitivamente do dele, porque foi uma noite que me feriu e marcou deveras. Nesta aula, em que cheguei um pouco atrasada, sentei e comecei a escutar o professor dissertar sobre maçons dentro da Igreja. Fui ficando mais e mais desconfortável, à medida em que ele ampliava e ampliava a importância disto e de outras falhas humanas de membros da Igreja, até que
ele disse de forma bem clara que acreditava que a Igreja Católica estava morta, que o Espírito Santo não mais habitava nela, estando agora presente apenas na Igreja Ortodoxa Russa, “porque resistira ao Comunismo” (sic) e nas igrejas evangélicas, pelo fato de brotarem de forma orgânica e espontânea. Levantei, saí e nunca mais voltei.
Fiquei extremamente perturbada com os comentários do professor, dado meu afeto genuíno por ele e pelo respeito imenso á sua inteligência, sua cultura e sua capacidade argumentativa. Saí da UniverCidade, na Lagoa sem condições de voltar para casa, tonta, desnorteada. Fui andando até a livraria Letras e Expressões, em Ipanema, que tem um café. Sentei e chamei um amigo por telefone para me ajudar. Ele veio, conversei com ele até a livraria fechar e depois fui andando com ele pela praia de Ipanema, toda a praia de Copacabana e metade da praia do Leme até a sua casa, tomando então um táxi para minha própria casa, em torno de uma da manhã. Meu amigo amorosamente sofreu comigo minha perda e meu desencanto, como o bom amigo que é.
Vocês entendam, não há como encobrir ou disfarçar que seres humanos são frágeis e pecam, cometem erros abomináveis. É fato. Acredito mesmo, e como Pedro disse ele mesmo enfrenta esta realidade todos os dias, em sacerdotes verdadeiramente maus, perversos e totalmente desviados do caminho de Cristo. Saber isto nada significa para mim.
É preciso que cada um decida, em sua alma e em seu coração, se realmente têm fé que a Igreja Católica é aquela de Cristo, e que as portas do Inferno (quem ainda não sente o calor?), não prevalecerão contra elas. Se esta é a Verdade. caminhemos com ela e dentro dela. Se algum de vocês não vê isso como verdade, sejam honestos e deixem de se considerar católicos.
Senhor Guarinello, não se entrega um fuzil a uma criança, e o próprio Cristo FOI SIM ao deserto antes de ser batizado e iniciar sua vida pública. Antes disto ele ficou trinta anos em silêncio.
AQUI neste site se luta pelo esclarecimento dos que ainda não sabem o que é ser Católico. Este trabalho pedagógico e de extrema caridade é, sim, MAIS IMPORTANTE que a luta pública contra o que quer que seja. Aqui se treinam os soldados de Cristo, senhor.
Amados, rezem muito pela salvação da alma do professor Olavo, como eu faço, todos os dias.
Sue
Senhor Guarinello,
O professor Olavo me fez um bem enorme e um mal enorme. O bem frutificou em minha vida de múltiplas formas, o mal eu procurei perdoar e esquecer. O que ele fala e escreve não o tornam uma pessoa segura para o convívio, de forma alguma.
O senhor e quem mais quiser fazer contato comigo pode fazê-lo através do endereço de e-mail suemedeiros@hotmail.com. Não prometo pronta resposta porque estou num período de MUITA atividade fora da web, pessoal e profissional. Mas vou ficar atenta e responder assim que puder.
A Paz de Cristo
Sue
Olavo de Carvalho está em decadência, por causa de sua cegueira ideológica, decorrente em boa parte de sua adesão total ao neoconservadorismo americano. Pelos menos até bem recentemente, ele ainda defendia que Bush estava certo ao invadir o Iraque, que as armas proibidas de Saddam teriam sido descobertas, mas que a mídia americana, supostamente controlada por “esquerdistas” não teria divulgado o fato, sem falar na insistência com que acusava Obama de ter forjado sua cidadania americana (se fosse verdade, por que ele não está na cadeia? contaria Obama com a conivência do antigo presidente, do FBI e de todas as polícias americanas, dos republicanos e até de seus rivais no partido democrata?). Tanto extremismo ideológico tirou a Olavo a capacidade de analisar as coisas de forma fria e objetiva.
Caro Jorge,
Antes de tudo, parabéns pelo blogue. É maravilhoso. Desde que o descobri o leio assiduamente.
Preciso dizer algumas coisas.
Primeiro, sobre o texto do Olavo: a) é preciso entendê-lo dentro do contexto em que ele foi escrito, que é o da crítica à Opus Dei brasileira. Sabemos que existem verdadeiros católicos, que fazem tudo o que o Pedro Ravazzano disse que é preciso para ser “anticomunista em espírito” e ocupam altas posições, quer públicas, quer de influência político-econômica, os quais no entanto mostram-se omissos sobre a agenda (não só comunista, mas maçônica etc.) que tenta excluir o cristianismo da vida pública e, talvez, da consciência das pessoas, pela agressão à fé. O Olavo, a meu entender, não menospreza a vida interior e espiritual e não clama que ninguém seja antes anticomunista que católico, mas apela justamente àqueles que, católicos conscientes que são e dotados de capacidade para esse enfrentamento, não o fazem por razões diversas.
Em suma: a Obra tem essa capacidade e, segundo o pensamento do Olavo, faz pouco ou nada para conter o comunismo no Brasil. Acolho a indignação do Olavo como um clamor aos verdadeiros católicos para que, por suas condições financeiras, sociais e intelectuais, secundem aqueles que têm vocação para a militância (no caso anticomunista), e não um chamamento geral para essa militância. Eu, por mim, não tenho lá tal vocação, porém sei que devo ser “anticomunista em espírito”, como disse o Ravazzano, e demonstrar isso no meu dia-a-dia. No entanto, o remédio do momento exige é algo mais eficaz, em esfera pública. Em BH, ano passado, houve um candidato a prefeito evangélico, com o vice católico da RCC, que ficou a disputar com o outro candidato, antigo guerrilheiro ligado à ALN, quem era o mais socialista, o mais de esquerda… Temos o exemplo do Geraldo Alckmin, quando candidato, muito frouxo (aliás, o PSDB foi o partido que começou no Brasil com a “educação sexual” nas escolas, a promoção do preservativo como meio mais eficiente no combate à Aids e as práticas de aborto). É preciso ser católico sim, é preciso sim ter verdadeira vida interior e espiritual, mas os homens públicos, os empresários, os intelectuais, todos os que têm vocação para a militância, não podem parar nesse ponto. Alguns certamente tentam fazer algo, não são todos os que se omitem, mas os que se omitem são geralmente os que possuem as melhores condições para uma luta franca. Imagine se o cargo ocupado pelo ex-ministro José Serra (que costuma ir a missas, donde presumo ser católico) tivesse sido por um Padre Lodi! Acaso é absurdo advogar a luta para que isso aconteça um dia? Portanto, creio que o artigo do Olavo deve ser lido no contexto em que foi escrito: uma crítica a uma entidade católica (Opus Dei no Brasil), a qual crítica se estende a todos os católicos que, possuindo os meios para lutar contra o comunismo (ou ajudar aqueles que têm vocação para tal), não o fazem, como se a clausura os impedisse e só lhes restasse rezar, rezar e rezar.
b) Entendida assim a crítica do Olavo (que não começou nesse “artigo dos avestruzes”), discordo dele quando, querendo usar a opinião do Pedro Ravazzano ilustrativamente, parece querer atacá-lo de propósito. Aqui, como em muitos pontos, comungo com a sua observação número 1. Não conheço o Pedro, mas, pelo que ele escreveu no VS, creio que ele tem consciência do perigo do comunismo e faz o que pode. Recuso-me sondar as razões, portanto, da crítica que o Olavo teceu ao trecho do Pedro, a qual se apresentava como impessoal mas pareceu ser bem dirigida.
c) Sobre o trecho do Pedro, citado no artigo, tenho a dizer que ele não focaliza bem o fundo da crítica apresentada pelo Olavo. Os pontos principais da argumentação do Olavo, contida não apenas nesse artigo mas nos outros que já li e nos programas de rádio, são resumidamente estas: 1) O comunismo rebela-se contra as Leis de Deus; 2) O comunismo quer destruir a Igreja, e o faz até mesmo de dentro dela; 3) O comunismo, onde se instaurou, perseguiu e matou cristãos; 4) O comunismo está hoje espalhando-se de forma assustadora pela América Latina. 1) Remédio do Olavo: o católico que possui condições (intelectuais, financeiras, políticas, vocacional) tem o dever, agravado pelas circunstancias atuais, de lutar contra o comunismo na esfera pública, cultural, política etc., até mesmo para proteger aqueles católicos que não podem fazê-lo, seja porque não estão em condições (como a piedosa velhinha do interior), seja porque possuem outra vocação (como a vida espiritual e mística, por exemplo). 2) O que o Pedro diz: todo católico que “vive os ensinamentos de Cristo etc. se torna anticomunista em espírito” (ora, pela quantidade de votos recebidos por Lula nas duas últimas eleições, sou obrigado a concluir que houve católicos que votaram nele e, sendo assim, ou não são católicos “que vivem piedosamente os ensinamentos de Cristo, seguindo com um doce ar filial o Magistério, se aproximando da Eucaristia com devoção e contrição”, pois nesse caso seriam anticomunistas e não votariam no Lula, ou fazem tudo isso que o católico definido pelo Pedro deve fazer, mas não se tornam imediatamente anticomunistas, nem em espírito, nem em nada, portanto precisam de outros católicos para alertá-los, representá-los e servir-lhes de exemplo). O Pedro entendeu que a solução anticomunista do Olavo é uma tentativa de “remédio da crise de fé”, quando na verdade é um chamamento (quem tiver ouvidos para ouvir que ouça) para livrar os cristãos da opressão da agenda comunista que está aos poucos corrompendo as leis e os costumes do povo brasileiro.
d) Portanto, concordo com você, Jorge, e também com o Pedro, na idéia de que a missão da Igreja é forjar católicos, e salvar-lhes a alma; concordo que mais importante que ser anticomunista é ser católico; tenho que a fé pressupõe as obras, a vida interior é o combustível para a luta. Mas discordo de vocês quando, na sua argumentação, dizem que o bom católico naturalmente se torna anticomunista e, muito menos, que esse católico será capaz de frear o avanço comunista. Nisso vocês parecem não querer entender o que o Olavo diz, porque (repito) ele lançando um apelo justamente a esse bom católico, e não a quem não é católico ou bom católico.
Espero ter conseguido expressar-me bem, pois me alonguei mais do que queria. Desculpe-me se por isso fui confuso ou repetitivo às vezes.
Abraço,
Renato
Sra. Medeiros,
“Fui ficando mais e mais desconfortável, à medida em que ele ampliava e ampliava a importância disto e de outras falhas humanas de membros da Igreja, até que
ele disse de forma bem clara que acreditava que a Igreja Católica estava morta, que o Espírito Santo não mais habitava nela, estando agora presente apenas na Igreja Ortodoxa Russa, “porque resistira ao Comunismo” (sic) e nas igrejas evangélicas, pelo fato de brotarem de forma orgânica e espontânea. Levantei, saí e nunca mais voltei.”
Assombroso testemunho. Depois desse comentário, é impossível aprovar a posição doutrinária de Olavo de Carvalho – se bem que antes eu já tinha muitas reservas MESMO. Me parece que o mesmo confunde os maus católicos com a própria Igreja (como se já não tivesse Jesus mesmo nos exortado que haveriam novos Judas no meio dos apóstolos), e advoga um “ecumenismo” do Espírito pouco aceitável, dado que “Ortodoxos” consideram hereges os protestantes, e vice versa.
Além do mais, não foi toda a Igreja que baldeou para o comunismo. Certo é que uma parte de fato o fez (A Teologia da Libertação e o modernismo são uma demonstração cabal disso), mas a mesma coisa aconteceu tanto com os protestantes quanto com os ortodoxos orientais (que na verdade, de ortodoxos nada possuem: são heréticos e cismáticos). Donde, com isso, haver-se-ia de admitir que o Espírito Santo abandonou todas essas igrejas cristãs também? Então aonde estaria o cristianismo? Na heresia gnosticista?
Disparates de tal gradação são inaceitáveis.
—
Sra. Medeiros, eu discordo ainda de Ravazzano até agora por um motivo simples: as circunstâncias concretas nos exigem que assumamos o anticomunismo/socialismo não como uma questão meramente acidental para ajudar na crise de Fé.
Se a nossa cultura está permeada de esquerdismo, e se a fé que possuímos chega mediatamente até nós através da cultura, o esforço de evangelização fatalmente será atravancado e apenas com muita dificuldade caminhará, dado que pelos pressupostos culturais esquerdistas, tudo poderá (e pode, dado que a mentira é multiforme) ser reinterpretado conforme as exigências de uma ideologia – e inclusive a fé.
Exatamente é essa uma das fontes do interminável problema que nos causa a TL, por exemplo. Ela se crê plenamente católica, e até hoje NENHUMA condenação formal e explícita contra a dita cuja foi feita, de modo a ainda deixa milhões de católicos imbuídos de pressupostos falsos.
Veja, não estou pregando que se entreguem fuzis na mão de crianças. Estou advogando o conclame que entendo ser justo em toda retórica olaviana, isto é, a conclamação para uma OSTENSIVA resistência anti-comunista advinda dos católicos em todos os lugares: nas escolas, na mídia, nas universidades, nos campi, nas faculdades, partidos políticos, tudo.
A “crise de fé” possui inúmeros aspectos, e um dos mais graves deles é o aspecto social (mídia de massas, informações de massa, controle esquerdista dos aparelhos ideológicos estatais, manipulação das leis, humilhação, ridicularização e conseqüente destruição dos pressupostos da fé e da moral católicas. Isso sem discutir os próprios problemas internos da Igreja, com movimentos em conflito, métodos evangelizadores contraditórios e, às vezes, errôneos inclusive) – e quem negar sabe não dizer a verdade.
Essa crise de fé existente será resolvida COM AÇÕES interiores (no caso, a fé, a vida interior) e exteriores (no caso, a ação sócio-política) SIMULTÂNEAS, e não com ação unilateral exclusivamente voltada para os interesses interiores. É a isso que estou atinando-me. E é só nesse sentido que defendo o que disse o sr. Carvalho.
—
Vou procurar entrar em contato com a sra., sim. Obrigado pelo testemunho admirável. Contém informações que precisam ser conhecidas por muitos.
Sr. Renato,
Concordo com em gênero, número e grau com suas colocações. Subscrevo-as 100%.
—
Não obstante isso, rejeito terminantemente ao que Olavo de Carvalho disse sobre a Igreja Católica, conforme testemunhado pela sr. Medeiros.
(Correção: Na frase – “Concordo com em gênero número e grau com suas colocações”, a preposição com deve ser retirada. Leia-se, então, “Concordo com em gênero número e grau com suas colocações”
Sr. Guarinelo,
Não, eu não preferiria “deixar todo povo ser exterminado” para não guerrear, nem acho que santa Joana d’Arc teria feito melhor em ir para um mosteiro. Cuidado com o juízo temerário. O ponto aqui é precisamente que NENHUM bom católico faria estes disparates que tu citas e, caso fizesse, seria exatamente por NÃO SER bom católico.
Reitero que (a) nem todo mundo tem vocação para a militância pública e (b) quem tem esta vocação, precisa antes ser católico para bem exercê-la. Não há oposição entre ora et labora.
* * *
Sr. Renato,
Dando-se crédito ao que o senhor diz sobre o Olavo [em particular: que ele “não menospreza a vida interior e espiritual e não clama que ninguém seja antes anticomunista que católico”], pode-se concordar. Não estou ciente em detalhes da polêmica envolvendo a Obra [conto nos dedos as vezes que ouvi o true outspeak], mas acho duas coisas: primeiro, não estou certo de que a Obra tenha capacidade para vencer o comunismo no Brasil e, segundo [e mais importante], acho que o Olavo não deveria dirigir a sua metralhadora contra “a vida interior”, no genérico [e aliás nem contra a Obra em geral, mas isso são outros quinhentos], porque isso é ofensivo ao catolicismo.
O comunismo avança a olhos vistos não porque os católicos só fazem rezar, rezar e rezar mas, exatamente ao contrário, porque não rezam, não professam o catolicismo, são um exército de batizados que não têm nenhum compromisso com a Igreja, que não fazem a mínima idéia do que seja a Fé Católica e que vivem neste mundo sem a menor preocupação sobrenatural. Portanto, Lula et caterva fazem a desgraça no país propter peccata nostra, porque os católicos da Terra de Santa Cruz esqueceram-se da Cruz, esqueceram-se do Salvador, esqueceram-se de rezar, esqueceram-se do Céu. A esmagadora maioria dos “católicos” que perfazem o maior país católico do mundo obviamente não são os “que vivem piedosamente os ensinamentos de Cristo, seguindo com um doce ar filial o Magistério, se aproximando da Eucaristia com devoção e contrição”. Estes, são um punhado. A imensa maioria não está nem aí para a Igreja.
Não me parece nada que o Olavo esteja “lançando um apelo justamente a esse bom católico, e não a quem não é católico ou bom católico”. O bom católico por definição não precisa deste apelo e, caso precise, certamente não é desta maneira louca que o Olavo fez, menosprezando a vida sobrenatural, elegendo a militância anticomunista como via, veritas et vita sem a qual ninguém vai ao Céu, com um tom de fanático conclamando “as massas” para que peguem em armas contra os inimigos da Igreja, acusando-A de ser responsável por aquilo que ele acredita ser o mais grave problema da sociedade moderna e jogando carapuças para cima como se todos aqueles que não estivessem cerrando fileiras com ele fossem traidores do cristianismo.
Abraços, em XC,
Jorge Ferraz
Gostaria de lembrar que em seu último programa de rádio na internet Olavo de Carvalho disse que não critica a Maçonaria porque ela estaria combatendo o comunismo, enquanto critica a Igreja porque ela não estaria realizando esse combate.
Fica bem claro que o valor máximo, segundo ele, é o anticomunismo.
Prezado Guarinelo,
Concordamos de fato na necessidade de os leigos católicos políticos, empresários, intelectuais, universitários etc. terem uma posição mais combativa em face do comunismo, ou pelos menos prestarem apoio àqueles que o tem.
Prezada Sue,
Não conheço o Olavo pessoalmente, você pode falar com mais propriedade do que eu; porém, à parte esse seu testemunho surpreendente (resta saber se o Olavo ainda pensa dessa forma, pois o arrependimento está ao alcance de todos), posso afirmar que por ele consegui livrar-me de muitos preconceitos que alimentara contra a Igreja em que fui batizado, sem o que não seria possível aproximar-me de novo dela e, por conseguinte, de Nosso Senhor, e estaria mais perdido do que nunca nesta vida, que antes se me afigurava completamente sem sentido.
Portanto, não tenho dúvida de que Deus escolheu para mim um gnóstico, boca-suja, sem-educação, fanático (e outras coisas que dizem e ainda desconheço) para me aproximar novamente d’Ele e da Sua Igreja, e isso é um fato que não posso apagar na minha vida. Conheço pessoalmente três pessoas que, de certo modo, diriam o mesmo.
Rezo a Nosso Senhor que lhe dê a ele vida longa para continuar ensinando e humildade para reconhecer os erros, os quais todos temos.
Prezado Jorge,
As palavras do Olavo me serviram bastante; talvez eu não seja um bom católico, mas não por isso certamente. A você, que mantém este excelente blogue (e nele faz um combate não apenas ao comunismo senão também a muitos outros erros), podem elas parecer insensatas e sem cabimento, e ao próprio Pedro Ravazzano também (nisso me parece uma injustiça do Olavo a ele), porém muitos poderão extrair delas o que creio que há de substancial: não uma fé na militância anticomunista, elegendo-a “como via, veritas et vita”, mas uma militância anticomunista como forma de testemunhar e preservar a fé em Cristo “como via, veritas et vita”, apoiada numa intensa e verdadeira vida espiritual, movida pelos sacramentos da Igreja. Ou seja, aqueles que não são bons católicos busquem sê-lo primeiro, e aqueles que já o são e sentem que estão fazendo pouco ou nada, que comecem antes tarde que nunca.
Paz de Cristo a todos,
Renato
Caríssimo Renato,
Eu não tenho nenhuma dúvida – absolutamente – de que Deus pode Se utilizar de um “gnóstico, boca-suja, sem-educação, fanático (e outras coisas que dizem e ainda desconheço)” para aproximar alguém da Igreja. E, sim, que no Dia do Juízo o Justo Juiz leve em conta isso e todas as outras coisas boas que o Olavo fez.
E – a despeito disso não se encontrar no texto do Olavo – a tua última frase é bem verdadeira e expressa bem o que estamos querendo dizer: “aqueles que não são bons católicos busquem sê-lo primeiro, e aqueles que já o são e sentem que estão fazendo pouco ou nada, que comecem antes tarde que nunca”.
Abraços,
Jorge