[Em viagem pelo Nordeste, junto com mais dois amigos, desde a última quarta-feira; estamos já de volta para Recife – que a Virgem Santíssima nos guarde na viagem de volta -, de modo que aproveito para deixar aqui as minhas impressões, escritas às pressas, entre uma saída e outra. Amanhã, se o Bom Deus assim o permitir, chegaremos à terrinha natal.]
Maceió
Viajar de carro. Ir pelo litoral, ao invés de pela BR; a viagem torna-se um pouco mais longa, mas bem mais agradável. Não temos pressa; é só no dia seguinte, à noite, que temos uma Ordenação Presbiteral a assistir. Aproveitar a viagem para jogar conversa fora, parar nos postos de beira de estrada para tomar café ou fumar um cigarro, rezar o terço, ouvir música ou CDs de meditações. A viagem não é tão longa assim; passa depressa. Tempus volat…
Em Maceió ficamos hospedados no Seminário: Nossa Senhora da Assunção. Chegamos já à noite; no dia seguinte pela manhã, já temos que pegar a estrada para Aracaju. Mas houve tempo para conhecermos o reitor e jantarmos à sua companhia agradável: os cabelos brancos encerram um jeito cativante de contar histórias, e os vastos conhecimentos acumulados ao longo dos anos fazem com que seja agradável ouvi-lo. Padres e bispos são ordenados, dioceses são transferidas e restauradas, Arquidioceses são criadas – tudo isso desfila diante de nós, nas palavras do velho cônego. Pouco tempo, mas muito agradável.
Ir à orla, à noite, para conhecer – ainda que rapidamente – a cidade. Vê-la rapidamente, de carro; não dá para fazer lá muita coisa, é fato, mas dá para ter uma pequena noção da cidade. Tapioca na beira da praia; maior do que o nosso estômago recém-forrado pelo jantar. Mas conversamos um pouco, para depois voltarmos aos nossos aposentos.
No dia seguinte, missa privada – na forma extraordinária do Rito Romano, logo ao acordar. Café, depois estrada. Próxima parada, Aracaju.
* * *
Aracaju
Chegamos à tarde; fomos à Catedral para nos encontrarmos com o [então] diácono Rubens, o ordenando da noite. Disse-nos ele que nos esperavam no seminário, para o qual nos dirigimos. Nossa Senhora da Conceição; fomos bem recebidos, comemos algo, e um seminarista – Flávio – ciceroneou-nos à tarde.
Igreja de Santo Antônio, onde começou Aracaju; a orla “mais bonita do nordeste”, ampla, onde havia fontes e lagoas, pistas de cooper e [mais] barraquinhas de tapioca (lá, beiju); a zona sul da cidade, e a cidade vizinha (do outro lado do Rio Sergipe) de Barra dos Coqueiros, e a parte “feia” da cidade, no norte, onde havia pobreza e miséria em quantidade que contrastava fortemente com a zona sul: dado o pouco tempo que tínhamos, Flávio fez milagres e nos mostrou muitas coisas. Voltamos ao seminário para nos prepararmos para a ordenação.
Um único diácono a ser ordenado padre. A Catedral não estava cheia, mas a celebração foi bonita. Igreja Santa na entrada, num belo coral de vozes; Dom Lessa e um grande número de padres e acólitos, seminaristas e diáconos. A primeira vez que via uma ordenação presbiteral: apresentação do candidato, canto da Ladainha de todos os santos, imposição de mãos e oração consecratória: mais um sacerdote do Deus Altíssimo – que Ele o proteja e guarde sempre! Tu es sacerdos in aeternum: verdade reconfortante e motivo de júbilo para toda a igreja. Beijar-lhe as mãos e pedir-lhe a bênção ao fim da cerimônia: que a Virgem Santa possa velar com particular cuidado pelo neo-sacerdote.
À noite ainda fomos à orla, comer alguma coisa, conversar um outro tanto, mas não nos demoramos. No dia seguinte, Salvador: São Salvador da Bahia de Todos os Santos. Missa de manhã, fazer as malas, pegar a estrada.
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Salvador
Chegar no início da tarde, com fome: mas a viagem pela Linha Verde é agradável. Pouco trânsito, a gente consegue correr “até quando o motor agüenta”… Aracaju – Salvador acaba não sendo uma viagem longa. Logo à chegada [hospedados nas Irmãs Mercedárias, em Rio Vermelho], após o almoço, ir à Barra; o Farol da Barra lembrou-me Lisboa – mais especificamente, a Torre de Belém. Não que as construções sejam muito parecidas – a Torre é muito mais portentosa -, mas a herança portuguesa, a arquitetura similar (quiçá arquitetura comum a todos os fortes, mas enfim…), recordou-me a capital lusitana onde estive há pouco mais de um ano. O Forte é de Santo Antônio; uma ligeira prece, no museu mesmo, a fim de que o santo português interceda por nós e pelo Brasil.
Uma rápida passagem pelo centro da cidade, à noite: praça Castro Alves [quase dava para ver a estátua imponente do jovem poeta declamando do alto, para a noite baiana, seus versos dos quais gosto tanto], praça da Sé. Na volta, como bons turistas, fomos ao Acarajé da Dinha – ficava ao lado de onde estávamos hospedados! – para ver o que é que a baiana tem. O que ela não tem, é simpatia; de resto, não entendo muito de acarajé, mas me pareceu saboroso. Uma boa noite de sono me aguardava.
No dia seguinte, missa às 07:00, desta vez na paróquia do pe. Ângelo. Depois, centro histórico. Debaixo de chuva: entre uma igreja e outra, um banho de chuva e outro, passamos a nossa manhã. Munificentíssimas igrejas, em quantidade e em qualidade; belíssimas, belíssimas. Imponentes, ricas, esplendorosas, dignas do Deus Altíssimo em cuja honra foram erigidas. Impressionaram-me os altares antigos – o da Catedral, de modo particular -, não utilizados… é triste. O Sacrifício oferecido à Trindade Santa nos altares modernos, de costas para aquelas obras magníficas que foram construídas precisamente para oferecer o Santo Sacrifício da Missa…! Não há explicação. Mysterium Iniquitatis, sem dúvidas. Que Deus tenha misericórdia da Bahia.
“Tem missa afro aqui?”, perguntamos a um (pareceu-me) sacristão de uma das igrejas nas quais entramos. “Amanhã tem mais ou menos; tem uns tambores, mas a cerimônia completa só na próxima terça-feira”. “Tem missa com pipoca?”, tive ainda a ousadia de perguntar; “Vá amanhã em São Lázaro”. Estes sacrilégios, acaso irão durar para sempre…? Domine, miserere.
Saímos à tarde, de carro; mais útil teria sido um barco, porque Salvador parecia que ia afundar. Fomos à Basílica de Bonfim; mais um altar estupendo, mais uma tristeza por não vê-lo utilizado para louvar ao Altíssimo. Há, na entrada da Basílica, dois quadros em paredes opostas muito interessantes: a morte do justo de um lado e, do outro, a morte do pecador. No primeiro, o demônio impotente enquanto o fiel é consolado por uma corte de anjos; no segundo, o anjo assiste com fisionomia triste uma horda de demônios arrastar o condenado que se recusa a beijar a cruz que lhe é oferecida. Se a Graça de Deus é até o último instante favorecida, por outro lado Satanás também está à espreita até o fim. Vigiemos, pois, e oremos, para que não caiamos em tentação.
Também ao lugar onde está sepultada Irmã Dulce. Serva de Deus; não conhecia a história dela e não saberia até então o que falar a seu respeito. O processo de canonização está num ponto em que falta apenas um milagre para a beatificação. Pareceu-me que ela é um excelente exemplo de como é possível servir aos pobres sem deixar de servir a Deus, e de lutar pelos desvalidos sem se deixar contaminar pela Teologia da Libertação. R.I.P.
À noite, chovia a cântaros; fomos ao Shopping, perdemos a hora do cinema, aproveitamos para conversar mais um pouco e voltar cedo para casa. No domingo, missa às 07:30, na paróquia de Sant’ana [“igreja do pescador”], de pe. Ângelo; Oitava de Páscoa, domingo de São Tomé, Festa da Divina Misericórdia, aniversário de eleição do Santo Padre o Papa Bento XVI ao Trono de Pedro: Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius. Após o almoço, vamos nos despedir da Sede Cardinalícia e pegar a estrada de volta para Recife, pernoitando, no entanto, ainda em Aracaju. Que Deus nos conceda uma boa viagem de volta.
Você passou por aqui (Maceió) e eu nem sabia (rs).
Fique com Deus!
Por onde você passou.. você deixou rastro de [CENSURADO], preconceito, ódio etc.
Caro Jorge.
Primeiramente. “… parar nos postos de beira de estrada para tomar café ou fumar um cigarro, …”
Com a pouca fé que acredito ter (pode ate ser muita) usarei a pedidos.
Rezarei a Deus rogando por tua saúde. (Psiquica e fisca)
Que seus vícios sejam curados e você possa com os lábios que deus te deu continua a evangeliza sem o cheiro desagradável de fumaça.
O cigarro não te levara ao céu nem ao inferno.
Na hora do julgamento o importante será o caminho que você fez ate deus.
Seja contra a eutanásia, não fume.
Te desejo um caminho iluminado por Deus.
Que suas viagens possam trazer mais sabedoria, paz, felicidade e principalmente fé.
Sou um simples pecador.
Rafael,
Menos.
Eu não fumo, tenho horror a cigarro, meu pai faleceu em 2007 devido a um câncer de pulmào CAUSADO pelo fumo.
ENTRETANTO…
Tentar convencer o Jorge a parar de fumar – se é que foi ele que fumou o tal cigarro do intervalo da viagem – argumentando que seria melhor ele evangelhizar “sem o cheiro desagradável de fumaça” é deselegante.
Eu também gostaria que cada vez menos pessoas fumassem, mas gostaria ainda mais que mais pessoas respeitassem a língua portuguesa e o nome de Deus, lembrando de revisar seus textos antes de publicar e nunca esquecendo de escrever Seu Santo Nome em maiúsculas.
Mostramos o que somos (e a fé que temos) através da forma com que nos expressamos.
Você não acha que há coisas mais importantes para comentar no longo e inrteressante post?
Jorge,
Penosa a situação da Bahia… me entristeceu saber que há tantas Igrejas lindas sendo utilizadas desta forma.
Que bela viagem.
Paz e bem
Sue
Mea culpa…
Favor trocas ‘câncer de pulmào’ por CÂNCER DE PULMÃO
Abraço fraternal a todos….
Jorge, você esteve em Salvador e nem sequer me enviou um e-mail para eu siceroenar vocês… Agora fiquei sentido! Por sinal, esteve com um dos poucos padres dignos desta cidade, que é o Pe. Ângelo, da paróquia de Santana do Rio Vermelho, velho conhecido meu… Um dos sacerdotes que tem interesse em celebrar o Rito Tridentino, mas que devido às terríveis vicissitudes desta pobre Arquidiocese Primaz, que permite missas afros e banhos de pipoca a valer, mas não tolera que sequer se toque no assunto da Missa Tridentina!
Peço orações pela Triste Bahia a vocês!
Mas, comentando o suas considerações:
“Munificentíssimas igrejas, em quantidade e em qualidade; belíssimas, belíssimas. Imponentes, ricas, esplendorosas, dignas do Deus Altíssimo em cuja honra foram erigidas. Impressionaram-me os altares antigos – o da Catedral, de modo particular -, não utilizados… é triste. O Sacrifício oferecido à Trindade Santa nos altares modernos, de costas para aquelas obras magníficas que foram construídas precisamente para oferecer o Santo Sacrifício da Missa…! Não há explicação. Mysterium Iniquitatis, sem dúvidas. Que Deus tenha misericórdia da Bahia.”
Jorge, explicação há, por sinal, em várias postagens, eu já tinha explicitado isto! Acredito que você não tocou no assunto com maiores detalhes para não acirrar os ânimos e por elegÂncia. Realmente, Salvador possui um patrimônio sacro inigualável, mas boa parte do clero daqui eu trocaria pelo de Recife, inclusive proponho que vocês enviem D. José Cardoso para cá que eu, muito prazeirosamente, despacho o nosso para vocês… rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
“Tem missa afro aqui?”, perguntamos a um (pareceu-me) sacristão de uma das igrejas nas quais entramos. “Amanhã tem mais ou menos; tem uns tambores, mas a cerimônia completa só na próxima terça-feira”. “Tem missa com pipoca?”, tive ainda a ousadia de perguntar; “Vá amanhã em São Lázaro”. Estes sacrilégios, acaso irão durar para sempre…? Domine, miserere.
Jorge, enquanto a Arquidiocese daqui estiver em tão lamentável situação, coisas piores do que estas que você descreveu acontecerão e continuarão a acontecer (sabe como é, já dizia um dos melhores homens públicos que a Bahia já conheceu, Otávio Mangabeira: “imagine o pior dos absurdos, que na Bahia ele possui precedentes, já aconteceu”).
Rezem para que o próximo Arcebispo daqui de Salvador, que deve ser escolhido em data não muito distante (já que D. Geraldo pediu renúncia), seja um homem digno, com a vida pessoal ilibada e repleto da ortodoxia, porque pior que já estamos, talvez seja impossível ficar…
Peço orações!
Abraços!
P.S. Em sua próxima vinda a Salvador, por favor, envie-me e-mail, ok?
Ah! A igreja em que lhe disseram que há missa afro com atabaques é a do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, enquanto que o famoso “banho de pipoca” ocorre tanto na frente da Igreja de São Lázaro quanto na frente da Igreja do Bonfim… sendo que a Arquidiocese faz vistas grossas…
Caríssimo Dionísio,
Peço perdão por não ter enviado-te um email! Acontece que a viagem deu-se de maneira relativamente intempestiva [a idéia original era que fôssemos somente a Aracaju, onde um amigo de um amigo ia ser ordenado…], e eu fiquei sem ter acesso a internet durante um bom tempo. Lembrei-me de ti quando cheguei em Salvador, mas eu não tinha conexão [só anteontem à noite – na véspera de voltar – foi que eu consegui conectar-me na pousada onde fiquei; os textos do Deus lo Vult! dos últimos dias foram todos agendados na quarta-feira]… é uma pena. Prometo voltar e, da próxima vez, marcamos melhor.
Quanto ao pe. Ângelo, sim, foi em sua paróquia que o pe. Nildo [amigo nosso daqui de Recife que foi conosco] celebrou no sábado e no domingo. Pareceu-me um excelente sacerdote [aliás, impressionou-me a comunhão de joelhos e na boca]. Foi uma pena eu não ter podido ficar mais tempo.
Rezemos pela Bahia [e também por Recife, cuja sucessão está às portas]. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.
Abraços, em XC,
Jorge Ferraz
Dionísio,
A propósito, se encontrares o pe. Ângelo, mande-lhe saudações minhas, de Gustavo e do pe. Nildo! Diga-lhe que fizemos boa viagem de volta – já estamos em casa – e agradeça pela gentileza que ele nos reservou na tua cidade.
Abraços,
Jorge
Na próxima vez em que estiver com ele, assim o farei!
Paz e Bem!
Assunção Medeiros,
Menos.
Você não acha que há coisas mais importantes para comentar no longo e interessante post.?
1. Você fica falando da sua vida pessoal nos comentários, especificamente neste post, quando o mesmo não requer tal ladainha. Isso não é interessante! Qual que coisa pessoal manda para meu email: opoeta_morto@hotmail.com
2. Eu não falei sobre converter Jorge em momento algum do meu comentário.
Apenas falei que rezaria pela sua saúde e vícios.
Você sabe que fumar faz mal e pode viciar?
3. “sem o cheiro desagradável de fumaça”
Desculpa por minha deselegância. Foi um comentário infeliz. Serei mais Cortez nos próximos comentários.
Sobre respeitar a língua portuguesa: você também esqueceu na sua errata de por: evangelhizar, inrteressante. Lembre-se de revisar seus textos antes de publicar.
Continuarei a respeitar o seu Santo nome, não se preocupe. Deve ter sido meu shift. Vou ver outro teclado. Às vezes é mais fácil respeita as regras gramáticas que as opiniões contrárias a suas.
“Mostramos o que somos (e a fé que temos) através da forma com que nos expressamos.”
Minha fé… O que posso lhe dizer… Fale um pouco mais sobre ela, já que me expressei aqui.
Jorge,
Seja bem vindo.
Desejo-te um caminho iluminado por Deus.
Que suas viagens possam trazer mais sabedoria, paz, felicidade e principalmente fé.
Sou um simples pecador.
Bom feriado a todos.
O Jorge é guri novo… um dia ele vai largar o cigarrinho… rsrsrs…
Rafael,
TUDO o que eu falo é pessoal, fruto ma minha experiência de vida. Seja na Net ou via email – agradeço, qualquer hora faço uso.
Quanto ao que falei sobre a “minha vida” na “ladainha” de duas linhas foi que meu pai, que eu muito amava, morreu justamente por causa do cigarro. Você me pergunta se eu sei se cigarro faz mal?? Faz muito mal, muito mesmo.
Você não acha que Missa com banho de pipoca faz mais mal?
Quanto à norma culta, que eles acabaram de mudar, eu vou ter de me alfabetizar de novo. É o que dá passar por DUAS reformas ortográficas numa vida… Boa prvidência sua trocar o teclado! Manda para mim uma gramática da reforma ortográfica que ficarei em débito com você. Pode ser em PDF.
Não tenho opiniões contrárias às suas, menino, porque também acho cigarro uma pocaria. Apenas acho que o post não é sobre cigarros e tanto eu quanto você estamos num off-topic bobo.
Bora sair dele?
Abraço fraternal,
Sue
Ah, Rafael…
CONVERTER Jorge??? Quem falou em converter?
Me perdi aqui.
Quanto à sua fé, espero que ela cresça. Com MENOR necessidade de sinas externos.
Outro abraço
Sue