Uns comentários ligeiros sobre a entrevista de Kasper, à qual tive acesso via Exsurge, Domine. Original no Fratres in Unum.
Em primeiro lugar, e data maxima venia a Sua Eminência Reverendíssima, “o que alguns membros da FSSPX disseram (…) inclusive sobre mim” é provavelmente “inacreditável”, mas nem por isso é necessariamente falso. O cardeal alemão nunca foi famoso por sua ortodoxia. Pode-se até conceder que o pessoal da FSSPX veja as coisas “negras” demais, mas o cardeal Kasper parece-me ver as coisas negras de menos. Colocar no mesmo saco João Paulo II, Bento XVI e Walter Kasper – como fez o eminentíssimo cardeal na sua entrevista – é inadequado, para dizer o mínimo.
Depois, concordo em parte com Sua Eminência quando ele diz que “a FSSPX deve refletir sobre o gesto magnânimo do Papa” porque, até o presente momento, não se vê “nenhum sinal de reflexão por parte deles”. Eu vejo sinais de reflexão na FSSPX; menos numerosos do que gostaríamos, sem dúvidas, mas seria utopia esperar coisas muito maiores do que isso, considerando quem é a Fraternidade. Sem dúvidas que é necessário haver mais reflexão, e nesta intenção elevo súplicas ao Altíssimo por meio da Virgem Santíssima, Onipotência Suplicante. Mais reflexões, também, da parte de alguns cardeais da Cúria Romana, inclusive os de origem germânica.
Por fim, parece-me errada (ou, no mínimo, capaz de induzir ao erro) a resposta que S. E. R. dá ao problema levando pela Fraternidade: “[a] Igreja Católica não entende a Tradição como a FSSPX, ou seja, de maneira congelada no tempo anterior ao Concílio. Somos uma Igreja viva”. A Tradição Apostólica é “congelada” não no tempo anterior ao Concílio, mas na morte do último Apóstolo, porque é Palavra de Deus, parte integrante do Depositum Fidei, fonte (ou canal) da Revelação – e a Revelação encerrou-se com a morte do último Apóstolo, como ensina a boa Doutrina Católica.
A Tradição é “viva” somente no sentido em que a própria palavra de Deus – inclusive a Sagrada Escritura – é viva e eficaz (cf. Hb 4, 12). A Revelação “desenvolve-se” (talvez fosse até melhor dizer “é esclarecida”) ao longo dos séculos, mas eu não tenho muita certeza se é isso que o cardeal Kasper tem em mente quando critica a concepção de Tradição que tem a FSSPX. Aliás, entre um e outro, eu me sentiria inclinado a dizer que a São Pio X compreende a Tradição melhor do que o Cardeal germânico.
“A Revelação “desenvolve-se” (talvez fosse até melhor dizer “é esclarecida”) ao longo dos séculos, ”
Mas, Jorge, a minha impreessão é que a FSSPX considera que a Revelação terminou de ser ‘esclarecida’ com Pio XII…
Lampedusa,
Na minha opinião, eles agem assim por causa da balbúrdia pós-conciliar, mas não têm esta concepção. Aliás, não seria nem um “terminou” de ser esclarecida, e sim “deixou-temporariamente-de-ser” esclarecida, porque a situação, na concepção deles, é transitória.
Abraços,
Jorge
A propósito, Lampedusa, o Santo Padre, na Carta aos bispos sobre a remissão da excomunhão, usou a expressão muito mais precisa para se referir ao que – talvez – o Kasper tenha querido dizer: “[n]ão se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade”.
Reitero não estar certo de que o Kasper tenha uma concepção melhor da Tradição da Igreja do que a FSSPX e, aliás, inclino-me por achar que não tem mesmo. E, pensando bem, acho que nem quanto ao Magistério, embora aí já fique mais duro o páreo.
Abraços,
Jorge
Jorge,
Eu também me lembrei dessa frase do Santo Padre quando vi o seu texto!
Olá, Jorge Ferraz!
Desejo-lhe votos de bençãos dos corações de Jesus e de Maria, além, é claro, da preciosa intercessão do príncipe da milícia celeste – São Miguel Arcanjo pelo bom trabalho executado por você aqui.
Trago ao seu blog uma cópia do meu comentário no blog dos Fratres in unum sobre esse tema:
Voltei para a única Igreja de Jesus Cristo este ano – após mais de trinta anos de exílio voluntário – porque descobri que a Missa era celebrada perto de minha casa através das manchetes da imprensa sobre o “levantamento” das excomunhões dos quatros bispos lefebvristas. Comprei o missal do Mons. Lefebvre e estou muito feliz com suas sugestões para meditação e com a seqüência do ano litúrgico e o santoral – verdadeiro catecismo!
Que bom que do mal menor – essa querela – surgiu em minha vida o bem maior – minha conversão verdadeira!
Espero nos corações de Jesus e de Maria que a FSSPX aceite logo a reintegração para, então, discutir e apontar os erros terríveis de membros do CVII. Muitas outras ovelhas desgarradas aguardam essa união para o fortalecimento visível da Igreja, do Papa, do clero, do rebanho, e, mais ainda, respeito aos mártires e às pessoas abortadas, de ontem e de hoje.
Nada tenho a dizer sobre as palavras do Cardeal Walter Kasper, pois elas passam como o vento e a Igreja de Jesus Cristo fica, hoje e para sempre.
Mais outra idiota…
Jeremias, eu conto com sua generosidade em gastar seu tempo e argumentação para explicar-nos seu comentário de 13 de julho às 9H19 pm, pois, pelo exemplo das palavras do Cardeal Kasper, a ofensa não gera frutos. Paciência, Jeremias, é cruz muito necessária em nossos dias. Vamos, instrua-nos!
“príncipe da milícia celeste”
Ou seja, não passam de fósseis congelados.
Os ateus, não é antirad?