Colégio Nossa Senhora do Carmo

Eu estudei até os meus 14 anos no Colégio Nossa Senhora do Carmo, que fica no centro da cidade. Colégio religioso, pequeno, administrado pelas irmãs beneditinas missionárias, um pouco ofuscado pelo imponente Salesiano que ficava logo à esquina; foi lá, contudo, que passei praticamente a minha infância inteira.

Não devo minha formação religiosa a ele; apesar de ser um colégio católico, recordo-me de ter tido aula de “educação sexual”, ao mesmo tempo em que não me recordo das aulas de religião. Forçando a memória, o máximo que consigo lembrar é a minha antiga professora de religião falando sobre a Campanha da Fraternidade – que estava “belíssima” e cujo tema era “Os Excluídos” – para uma turma de sexta série nos idos de 1996.

Lembro-me também das minhas aulas de preparação para a Primeira Eucaristia, que fiz lá; não me lembro de ter aprendido heresias, graças a Deus, embora o curso preparatório não propiciasse um ardor eucarístico às crianças que iriam receber Nosso Senhor pela primeira vez. Como o que é necessário para que as crianças possam se aproximar da Sagrada Eucaristia é somente que elas saibam diferenciar o Pão Eucarístico do pão comum, fico tranqüilo, porque isso eu tenho certeza que sabia fazer aos 11 anos.

E lembrei-me ontem, na festa de Nossa Senhora do Carmo, do meu antigo colégio, e lembrei-me do hino que à época eu achava tão feio. Hoje (nem sei se ele ainda é ensinado) eu o vejo como um resquício de “catolicismo militante” – eu sei que é pleonasmo, mas infelizmente hoje em dia é preciso contrapô-lo à contradição “católico não-praticante” – transmitido aos alunos do colégio. Sob o patrocínio da Virgem do Carmelo / Trilhemos com alegria a vida estudantil; / Irradiando a Deus na Pátria e na Família, / heróicos a lutar pela glória do Brasil! É perfeitamente possível – e aliás até provável – que haja alguns erros neste hino da forma como me lembro; afinal, são mais de dez anos. Mas os versos são esses, à exceção talvez de uma ou outra palavra ou de uma posição trocada.

Avante! A luz do saber nos ilumine; / arautos da Verdade / procuremos ser! / Com a Virgem do Carmelo, nossa padroeira, / nos combates pelo bem / havemos de vencer! – era o estribilho. Lembro-me de não fazer então a mínima idéia do que seria um “arauto da Verdade”, mas eu ligava a expressão, até inconscientemente, aos “combates pelo bem” que haveríamos de vencer. Lembro-me de não ter muito claro o alcance do significado de irradiar “a Deus na Pátria e na Família”; mas nestes tempos de laicismo feroz que vivemos, tais versos soam-me hoje quase proféticos. Lembro-me também de mais dois versos aos quais eu bem gostaria que os anjos dissessem “amém”, cuja estrofe completa infelizmente eu não consigo lembrar: e nesta terra a Fé jamais se apagará, / Fé que foi legada ao país de Santa Cruz.

Belos versos, sem dúvidas. Bem que poderiam formar uma oração, que seria bem adequada aos dias de hoje; é uma pena eu não ter sido um aluno mais diligente, e não ter aprendido direito o hino do colégio. É à proteção da Virgem do Carmo, no entanto, que recorro; que Ela, tendo-me acompanhado desde a mais  tenra infância sem que eu tivesse consciência disso, possa estar comigo todos os dias da minha vida, e lembre-se – a despeito dos meus muitos pecados – de rogar por mim ao Seu Divino Filho.

* * *

Enquanto eu me lembrava disso, ontem, festa de Nossa Senhora do Carmo e comemoração do centenário da proclamação da Virgem do Carmelo como padroeira de Recife, Dom José Cardoso era ovacionado pelo povo católico. “Nesse momento era difícil identificar qualquer impopularidade do líder religioso, considerado uma figura polêmica por seus posicionamentos”. Claro; porque a “polêmica” só existe para quem não é católico, e quem não é católico não vai à festa pública em honra da Virgem Mãe de Deus.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

2 comentários em “Colégio Nossa Senhora do Carmo”

  1. Jorge, eu sei que o assunto não tem nada à ver, mas seria interessante você comentar está notícia no seu sítio paramostrar como a seita anglicana (lembram do padre Cutié?) já esta em claríssimo escândalo:

    Episcopalianos assinam resolução que autoriza mais bispos homossexuais

    ANAHEIM, 15 Jul. 09 (ACI) .- As discrepâncias ao interior da comunhão anglicana se viram acrescentadas esta semana, logo que a igreja episcopaliana (a rama anglicana nos Estados Unidos) decidisse ontem autorizar, por uma ampla margem de votação, continuar a ordenação de bispos homossexuais.

    A decisão dos episcopalianos, confissão à qual se aderiu recentemente para se casar o ex-sacerdote católico Alberto Cutié, foi tomada durante a convenção geral que este ramo anglicano teve em Anaheim, Califórnia; que esteve presidida, administrativamente, pela “bispa” Kathleen Jefferts Schori.

    A resolução precisa que: “Deus chamou e pode chamar a este tipo de indivíduos (homossexuais e lésbicas) ao ministério ordenado na igreja episcopaliana”; e explica que entre os episcopalianos se encontram “casais do mesmo sexo que estão em relações duradouras caracterizadas pela fidelidade, a monogamia, o afeto mútuo, o respeito e a comunicação honesta e atenta; e o santo amor que permite a aqueles nessas relações verem em cada um a imagem de Deus”.

    Nancy Davidge, uma porta-voz da igreja episcopaliana, explicou que esta decisão não tem relação com os casais do mesmo sexo, conforme informa Reuters.

    De outro lado, o líder da comunhão anglicana mundial e arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, rechaçou “a vontade (dos episcopalianos) de respeitar a moratória desta prática nessa significativa parte da igreja na América do Norte”, na segunda-feira passada, durante o último sínodo anglicano realizado em Londres.

    Por sua parte, Jeff Walton, o Diretor do Instituto Religião e Democracia da ação anglicana, assinalou que “a igreja episcopaliana quer seguir adiante mas com seus próprios términos. Na comunhão anglicana 22 das 37 províncias já não compartilham a comunhão, ou a compartilham parcialmente, com a igreja episcopaliana. Esta decisão dos episcopalianos fará ainda mais efetiva a separação do resto de anglicanos do mundo”.

    Depois desta decisão, precisou Walton, “a igreja episcopaliana entende que ao abandonar a autoridade da escritura se está separando da comunhão anglicana. Como igreja autônoma, pode escolher, mas deve viver com as consequências”.

    Estas divisões se originaram quando no ano 2003 se ordenou como bispo episcopaliano o homossexual Gene Robinson, logo depois do qual a comunhão anglicana ficou profundamente afetada.

    Data da publicação: 15/07/2009

    http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=NOVIDADE1&id=ni10485

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