Igreja Nova x Igreja Católica

Eu acho que já falei aqui algumas vezes do jornal “Igreja Nova”, lixo recifense pretensamente católico que envergonha esta Veneza Brasileira. Para o meu imenso desprazer, uma amiga daqui me avisou hoje que eles produziram uma nova edição do jornaleco herético, que foi distribuído nas portas das paróquias (não sei quais, ela não me disse) e que ela conseguiu digitalizado. Ei-lo abaixo: cliquem em cada uma das páginas para ampliar.

pág. 1
pág. 1
pág. 2
pág. 2

pág. 3
pág. 3
pág. 4
pág. 4

Simplesmente ridículo. “Seja bem vindo Dom Fernando, animador do modelo de Igreja do Vaticano II e discípulo de Dom Hélder. (…) Temos certeza que podemos anunciar com alegria que o desmonte acabou. Agora é tempo de reconstruir!” (p.1). “Nada temos contra o cidadão caruaruense, católico fervoroso, frade carmelita e especialista em Direito Canônico, José Cardoso Sobrinho. […] Foi a sua falta de vocação para Pastor que o levou a denunciar o padre Edwaldo Gomes aos tribunais da Cúria Romana, pela presença de um irmão anglicano na concelebração eucarística em ação de graças pelos 50 anos de sacerdócio, e a anunciar a excomunhão dos componentes da equipe médica que salvou a vida de uma menina vítima de estupro” (p. 2). Acaso quem escreve este tipo de lixo ainda pode se pretender católico? Nem há necessidade de refutar os textos; eles se refutam por si sós.

Reafirmo, no entanto, o que já disse aqui em outra oportunidade: estão claramente tentando manipular a imagem do novo Arcebispo de Olinda e Recife para que ele seja apresentado ao público como uma espécie de “anti-Dom-José-Cardoso”, paladino de uma “igreja nova” inventada pelos hereges modernos que é em tudo diferente d’Aquela fundada por Nosso Senhor. E, isso, nós não aceitaremos. A Igreja de Cristo é Aquela que foi fundada sobre Pedro e, enquanto o pastor que ocupar a Cátedra de Olinda estiver em comunhão com o bispo de Roma, teremos em Recife uma Igreja Católica, e não uma “igreja nova”. Que o Espírito Santo possa guiar Dom Fernando Saburido, o sucessor do gigante Dom José Cardoso Sobrinho.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

193 comentários em “Igreja Nova x Igreja Católica”

  1. Caro Pedro M.,
    Agradeço pelos esclarecimentos.
    Você diz:

    “heresia é dúvida ou negação pertinaz sobre um aspecto de fé. Uma heresia é uma interpretação teológica (errada), mas uma interpreteção teológica não é necessriamente heresia.”

    Mas pedro M., se uma interpretação teológica não é aceita pela Igreja é justamente porque tal interpretação está errada, ou não? então, como você mesmo diz, “uma heresia é uma interpretação teológica (errada).

    E todo caso, posso ter me expressado mal quando falei em heresia. Há muitas nuances a considerar nesses casos e talvez pudesse se configurar uma heresia apenas material e não formal.

    No mais, respeito seu ponto de vista, mas continuo acreditando que o evolucionismo é contra a fé, principalmente por causa das implicações relativas ao pecado original.

    Um abraço.
    Carlos.

  2. Martinho says:
    August 5th, 2009 at 9:59 pm
    Rosi, somente uma correção: as últimas descobertas provam que a primeira mulher “moderna” (que seria então a “Eva”) surgiu aproximadamente em 150.000 anos A. C., e não há 300.000 anos… isso se pesquisas futuras não elevarem a data para mais no passado!

    Então o resto do que eu escrevi está certinho. Ainda bem que alguém concorda comigo, no meio de tantos fanáticos.

  3. Caro Carlos,

    Com a ressalva de que não sou biólogo, mas apenas um curioso nesses temas eu vou me atrever a lhe dar minha visão sobre seus questionamentos e de forma bastante suscinta:

    “1º a evolução é uma lei da natureza?”

    Sim, a evolução é uma lei da natureza e que procede pelo acaso e limita-se pela seleção natural. Porém, esse acaso e a própria seleção natural obedecem às leis internas da matéria – que é o seu logos imanente (lógica) – sobre a qual a ciência tenta (com suas limitações) descobrir e nos mostrar apenas o “como” a natureza age.

    “2º Se sim, continuamos evoluindo ou o homem é a ponta da evolução?”

    A evolução prossegue, porém limitada ao reino não racional. Aqui saímos do campo meramente científico e adentramos ao campo metafísico e, creio eu, ao campo da fé. Defino homem como ser material racional, isto é, dotado das potências intelectiva (inteligência) e volitiva (livre-arbítrio). E isso e somente isso é que define o ser humano. Essa é sua essência, isto é, ser material e espiritual (aqui penso que caberiam desdobramentos que tenho receio em desenvolver nesse espaço). Logo, considero (e aqui não é falando como biólogo, porque de mais a mais não o sou, mas penso que um biólogo não pode negar isso fazendo uso só do método das ciências naturais) que o Homem é o fim da evolução, ou seja (e aqui vou com Ratzinger), a matéria é tão somente a pré-história do espírito no cosmos, ou em outros termos, o Espírito (Deus) que criou a matéria (regido pelas leis da matéria que, como saída de Deus, contém seu logos por participação do Logos divino – e isso é Sto Tomas de Aquino – e os ateus que me perdoem, mas só por isso é que é possível se fazer ciência, ou seja, só porque há uma razão – logos – imanente à matéria que não pode advir do irracional [“não-Deus”]) a faz atingir seu ápice justamente voltando-a a comungar em união inseparável ao espírito (alma humana). É Deus (Espírito) como alfa e ômega da criação.

    “3º Caso continuemos evoluindo, viraremos o quê?”

    Creio que o dita em 2* responde isso.

  4. Caro Lampedusa,

    Mais uma vez agradeço a você pela paciência.
    Desculpe a minha insistência, mas eu preciso entender bem isso.
    Você diz que a evolução é uma lei da natureza, e que prossegue sempre, limitada, porém, ao reino irracional. Isto posto, pergunto:
    1º Os outros seres irracionais continuarão se transformando, com o tempo, em seres humanos?
    2º Num futuro bem longínquo, então, quando todos os seres tiveram atingido o ápice da evolução, só existirão no planeta seres racionais?
    3º A propósito, a matéria bruta também evolui?

    Um abraço.
    Carlos.

  5. Rosi M says:
    “E os papas, nos diversos conselhos que houve, decidiram fazer um mix dos deuses pagãos e de outras crenças (contrárias ao catolicismo) para criar um ser horrendo de quem as pessoas tivessem medo, por volta do século III.”
    então
    Pedro M says:
    August 5th, 2009 at 9:36 pm

    “No meio de tanta baboseira dita por esta Rosi — que sequer leu o que escrevemos dobre interpretação literal da Bíblia — só queria tocar neste ponto:

    Apenas para dar um único exemplo, olha todo o medo que Sto. Agostinho tinha de Deus, ainda no século IV:
    Quanta ignorância.
    Não consegue ver, nem mesmo, que o século III foi antes do século IV.
    Isso sim é que é baboseira.
    É o que faz o fanatismo! Cega o bobo.

  6. Segundo explicou a boboca Rosi acima, o “ser horrendo” criado pela Igreja Católica só assustava no século III. Do século IV em diante não assustou mais! Como é sabida essa Rosi, heim? Deve ser parente do Roberto Santiago aquele super biólogo (ou será biologay?) que também fica rondando por aqui, sempre querendo aparecer com suas tiradas “geniais”.
    Carlos.

  7. Caros Amigos,

    Enquanto aguardo as respostas do Lampedusa (que espero não tenha me esquecido), transcrevo literalmente os argumentos do livro que mencionei acima, sobre o surgimento da linguagem, que seria uma prova cabal da existência de Deus contra os evolucionistas ateus:

    “A origem da linguagem tem traços tão evidentes da intervenção divina como os anteriores [o autor tratou antes de outras provas da intervenção divina, como o aparecimento da inteligência na Terra]. Deus esclareceu o espírito do primeiro inventor da linguagem com uma luz muito superior àquela que a natureza nos deu. Porque basta considerar a estrutura da língua, mesmo a mais elementar, para reconhecer que a invenção desses mecanismos só pode ser o resultado da mais delicada análise dos elementos do pensamento. Quanta abstracção não é necessária para criar os nomes comuns dos gêneros e das espécies, para diferenciar o adjectivo do substantivo e a seguir juntá-los mediante um verbo, ou unicamente para encontrar o verbo ser, primeiro elemento de qualquer proposição e objeto da mais abstrata de todas as ideais! Será preciso, então, supor que o inventor da linguagem pôde executar sozinho no seu espírito as mais complicadas operações. Ora a História estabelece como lei – que até hoje não sofreu uma só excepção – que o homem privado da linguagem, se não está destituído de qualquer ideia intelectual, como erroneamente foi suposto, é pelo menos incapaz de desenvolver essas ideias pelo raciocínio e de executar em relação a elas qualquer operação, por mais simples que seja. É, portanto, incapaz de inventar a linguagem. Deste modo, supor que a linguagem foi inventada sem nenhuma assistência divina, por um homem anteriormente privado dese dom, é colocar na história um elemento que nada tem de histórico. É supor, sem qualquer fundamento, uma superioridade da humanidade primitiva sobre a humanidade actual. Facto que contrariaria, aliás, manifestamente, a lei do progresso [isto é, da evolução]” – (Henri Ramiere, “O Reino de Jesus Cristo na história – Introdução ao Estudo da Teologia da História”, Ed. Civilização, Porto: 2001, pp 27-28).

    Um abraço a todos.

    Carlos.

  8. Aimeudeus, tem que explicar tudo…

    Rosi, você afirma que a Igreja “criou” um deus horrendo no séc. III para assustar as pessoas, fazendo-as acreditar neste deus por muito tempo para ficar poderosa:

    “Além de ganhar fiéis, a igreja católica ganhou muito, mas muito dinheiro sustentando essa mentira no decorrer dos séculos.”

    Mostrei que logo depois do momento que você se referiu, Sto. Agostinho mostrou uma fé ardente a um Deus muito diferente do que você descreveu.

    Bom, a suas alegações levianas sobre um “deus malvado” nem sequer indicam que “conselhos” (o nome certo é concílio) criaram esse deus, quanto mais se fizeram diferença na Igreja. Ao contrário, Santo Agostinho influenciou muito a Igreja durante muitos séculos (até hoje).

    Então, de duas, uma: ou este “deus horrendo” criado pela Igreja durou menos de um século (ou então por mais tempo apenas na cabeça de pessoas como você), ou ele simplesmente nunca existiu. De uma forma ou de outra, tudo o mais o que você disse se apoiando nisso não passa de besteira.

    O ódio para atacar os outros também cega.

  9. Caro Lampedusa:

    Seus argumentos são bons, mas receio que a incompatibilidade entre o Catolicismo e a Teoria da Evolução permaneça insolúvel.

    Segundo você, o fato de chamar Deus de Tu é sinal de uma diferença essencial entre o Homem e o restante da criação. Eu não poderia concordar mais.

    Contudo, do ponto de vista da Evolução essa diferença é meramente acidental. Do ponto de vista evolucionista, a linguagem humana, assim como a inteligência, é diferente da dos animais apenas em grau e não em essência.

    Veja: Se você concorda com a evolução humana, forçosamente você terá que admitir um pai e uma mãe para Adão, o primeiro Homem.

    *Veja bem: Um pai e uma mãe que não eram humanos dando à luz um ser humano!*

    Os evolucionistas não vêm problema nisso pois para eles não existem espécies fixas, apenas lentas gradações ao longo do tempo entre uma espécie e outra, com toda a sorte de indivíduos intermediários.

    (aliás, de acordo com a Evolução todas as espécies existentes são intermediárias entre as espécies do passado e as que virão no futuro).

    Mas para nós católicos isso é gravíssimo. Como então explicar as enormes diferenças intelectuais e psicológicas entre humanos e não-humanos se é necessário assumir uma gradação entre um e outro?

    Além disso, obviamente, os evolucionistas negam que seja possível haver grandes diferenças físicas, psicológicas e intelectuais entre apenas duas gerações. Assim, a idéia irenista de ter um Adão, “100 % humano”, nascendo de uma mãe macacóide, “0 % humana”, também é contrária à Evolução.

    Para católicos evolucionistas a idéia de ver o Homem como o ápice da Evolução é confortável. Mas, infelizmente, essa idéia também é, na verdade, oposta à Teoria da Evolução. Pois a Evolução ocorre continuamente, tanto hoje, quanto no passado, como no futuro. De acordo com a Evolução, nós hoje somos diferentes, não apenas física mas também intelectualmente, dos homens que nos sucederam no passado remoto. Quanto mais distante no tempo, maiores serão as diferenças.

    Para piorar, a Teoria da Evolução prevê que nossos descendentes no futuro distante serão tão diferentes de nós como nós somos dos macacóides que nos antecederam. É fácil ver que isso é incompatível com o Catolicismo e/ou acaba levando a algum tipo de Teilhardismo.

    Por outro lado, imagino que seja possível aceitar a Evolução para as plantas e os animais, com o Homem tendo sido criado sobrenaturalmente por Deus.

    Quanto aos fósseis, estes pertecem a macacóides e hominídeos pré-históricos, alguns fisicamente muito semelhantes a nós, mas ainda assim irracionais, que surgiram através da Evolução, mas se extinguiram sem deixar descendência.

    Comprei o “Dogma e Anúncio” que você indicou. Prometo lê-lo assim que possível.

  10. Caros:

    Qualquer evolucionista poderá confirmar que a Teoria da Evolução prevê não apenas alterações físicas nas espécies mas também intelectuais. Para os evolucionistas, todas as características intelectuais humanas são produtos da evolução.

  11. Conceito de evolução tirado da wikipedia:

    “Evolução, no ramo da biologia, é a mudança das características hereditárias de uma população de uma geração para outra. Este processo faz com que as populações de organismos mudem ao longo do tempo.”

    Notem, por favor, a referência a “populações”.

  12. Só um comentário:

    Para os evolucionistas, todas as características intelectuais humanas são produtos da evolução.

    Talvez isso seja fato para os pós-darwinianos; não me consta que Darwin tenha defendido algo semelhante. Alguns pesquisadores encontram fósseis com uma fenda assim ou assado, com um pedaço de pau afiado jogado ao lado, e inferem uma habilidade x ou y. Para mim, partir daí para concluir que a inteligência (algo muito mais complexo do que simples habilidade) evolui é um mero e arriscado jogo de imaginação e adivinhação.

  13. Carlos,

    Perdoe-me pela demora em lhe responder, mas costumo acessar pouco a internet nos finais de semana. Vou tentar colocar como vejo suas questões – sempre com as ressalvas de minhas limitações tanto biológicas como teológicas sobre esse tema.

    “1º Os outros seres irracionais continuarão se transformando, com o tempo, em seres humanos?”

    Não consigo ver nenhuma razão biológica ou teológica que possa sustentar tal suspeita.

    “2º Num futuro bem longínquo, então, quando todos os seres tiveram atingido o ápice da evolução, só existirão no planeta seres racionais?”

    Novamente não vejo como sustentar isso tanto científica como teologicamente. Na verdade, veria menos inconveniente nisso teologicamente do que cientificamente ser razoável supor isso. Esses novos seres seriam racionais, mas não descendentes de nossos primeiros pais. Bastaria admitir que Deus quis que outras disposições da matéria também fossem sujeitos de alma espiritual. É uma possibilidade teológica semelhante à daqueles que admitem possibilidade de vida inteligente fora da Terra (dentre os quais eu NÃO me incluo).

    “3º A propósito, a matéria bruta também evolui?”

    Nunca pensei sobre isso. Não sei lhe responder, mas posso lhe adiantar que não vejo incoveniente doutrinal em admitir que a vida seja uma emergência – mas não potência (em termos filosóficos) – da matéria.

    Creio que possamos nos estender mais sobre isso quando tentar comentar as colocações do João de Barros.

  14. Caro João de Barros,

    “Seus argumentos são bons, mas receio que a incompatibilidade entre o Catolicismo e a Teoria da Evolução permaneça insolúvel.”

    Na verdade, muito pouco de meus argumentos são de minha própria lavra, mas idéias que comungo em obras de cientistas, teólogos e bispos que merecem meu respeito e adesão.

    Como já coloquei não vejo incompatibilidade entre e a Teoria da Evolução (TE) e o catolicismo. Vejo, sim, total incompatibilidade entre a doutrina católica e o “evolucionismo”, este considerado como uma ideologização indevida dos estudos e conclusões científícas para o campo da filosofia, teologia, sociologia, psicologia, antropologia, etc.

    “Segundo você, o fato de chamar Deus de Tu é sinal de uma diferença essencial entre o Homem e o restante da criação. Eu não poderia concordar mais.

    Contudo, do ponto de vista da Evolução essa diferença é meramente acidental. Do ponto de vista evolucionista, a linguagem humana, assim como a inteligência, é diferente da dos animais apenas em grau e não em essência.”

    Mas, aqui, João, o cientista está extrapolando suas atribuições. Passa a fazer filosofia e não mais biologia. É o que denominei evolucionismo. A evolução não pode explicar nem a inteligência e nem o livre-arbítrio (inclusive negá-los) sem recorrer à metodologias estranhas a seu campo.

    “Veja: Se você concorda com a evolução humana, forçosamente você terá que admitir um pai e uma mãe para Adão, o primeiro Homem.”

    Concordo.

    “*Veja bem: Um pai e uma mãe que não eram humanos dando à luz um ser humano!*”

    Sim, são seres dando origem a um ser que adquiriu – por vontade expressa de Deus e por disposição da matéria – uma outra essência, essência essa distinta não apenas por características biológicas mas pela emergência do caráter espiritual (alma).

    “Além disso, obviamente, os evolucionistas negam que seja possível haver grandes diferenças físicas, psicológicas e intelectuais entre apenas duas gerações. Assim, a idéia irenista de ter um Adão, “100 % humano”, nascendo de uma mãe macacóide, “0 % humana”, também é contrária à Evolução.”

    Novamente extrapolam suas competências. O fato de haver um “continuum” biológico entre a “mãe macacóide” e Adão não implica que não haja (como de fato é inegável que há) uma mudança essencial entre os dois.

    “Para católicos evolucionistas a idéia de ver o Homem como o ápice da Evolução é confortável. Mas, infelizmente, essa idéia também é, na verdade, oposta à Teoria da Evolução.”

    E os cientistas estão certos ao dizer que a ciência não pode afirmar isso! E nem negar! Pois, isso é o conceito de finalidade que foge ao objeto da ciência, mas não a nega e nem lhe é oposta.

    “Para piorar, a Teoria da Evolução prevê que nossos descendentes no futuro distante serão tão diferentes de nós como nós somos dos macacóides que nos antecederam.”

    A Teoria da Evolução não pode afirmar isso! Quando muito pode somente admitir essa hipótese. No entanto, a própria ciência discute, hoje, se não somos o final da evolução (não o fim, que é diferente), pois o homem é capaz de alterar seu ambiente e se adaptar sem se alterar essencialmente. E o que seriam esses novos seres? Deixariam de ser racionais e livres para se poder dizer que são outra essência distinta de nós?

    “com o Homem tendo sido criado sobrenaturalmente por Deus.”

    E onde eu neguei isso em minhas argumentações?

    “Comprei o “Dogma e Anúncio” que você indicou. Prometo lê-lo assim que possível.”

    Que bom! Espero que possamos debater outros temas dele. Há um capítulo sobre o conceito de PESSOA que é excelente.

  15. Caro Pedro M.:

    Pois é. Mas isso é o bé-a-bá dos evolucionistas.

    Não tenho nada contra macacos. Eu adoraria ler num livro de biologia que o corpo físico do homem veio dos macacos mas que a inteligência humana foi criada por Deus.

    Isso para mim já bastaria.

    Mas nem isso os evolucionistas nos concedem.

  16. Caro Lampedusa:

    Acho que isso é bater em retirada. Isso é refugiar-se no alto de uma cidadela de conceituações filosóficas, onde a ciência não pode entrar.

    E veja que ainda lhe sobram problemas:

    Se a diferença entre Adão e seus pais é apenas uma questão de conceituação filosófica, muito daquilo que nós consideramos como fruto da alma humana (a arte e a linguagem, p.e.) passam então a ter origem meramente natural pois já estavam presentes nos pais de Adão (não é um continuum?).

    Além disso, continuamos com enormes dificuldades para explicar porque a espécie humana continuou evoluindo após o surgimento do primeiro homem. Note que, se há um continuum entre os nossos avós macacóides e Adão, também há um continuum entre Adão e nós.

    Logo, teremos que concluir que Adão era menos inteligente que nós, o que contraria frontalmente nossa Fé. Se você disser que Adão era tão inteligente quanto nós, torna-se impossível sustentar que ele era filho de um não-humano.

  17. Caro João,

    “Isso é refugiar-se no alto de uma cidadela de conceituações filosóficas, onde a ciência não pode entrar.”

    Perdoe-me, mas não considero isso nem bater em retirada e nem refúgio. O cientificismo peca justamente por se imiscuir de forma indevida aonde não lhe compete, isto é, fora de seu objeto e de seu método. Cometem o mesmo “pecado” do fundamentalismo religioso, ou seja, imiscuir-se no campo científico com o método teológico. Como gosta de dizer o Márcio Campos, do Tubo de Ensaio, “cada um em seu quadrado”.

    Um biólogo não está fazendo biologia quando afirma que nossa inteligência ou vontade difere apenas em grau da dos animais. Está fazendo metafísica!

    Não é que a ciência não pode entrar por alguma arbitrariedade qualquer. Não pode porque não é seu objeto de estudo e nem seu método permite concluir nada sobre tal objeto.

    “Se a diferença entre Adão e seus pais é apenas uma questão de conceituação filosófica, muito daquilo que nós consideramos como fruto da alma humana (a arte e a linguagem, p.e.) passam então a ter origem meramente natural pois já estavam presentes nos pais de Adão (não é um continuum?).”

    Veja, não se trata de conceituação filosófica como sinônimo de abstração ou falta de aderência à realidade. São conceituações filosóficas (essência, natureza, forma substancial, etc) com “fundamento in re”, as mesmas que usam Sto. Tomás e a Igreja para descrever, por exemplo, os sacramentos. Não posso negar fundamento na realidade a esses conceitos por não serem testáveis pelo método científico.

    “Note que, se há um continuum entre os nossos avós macacóides e Adão, também há um continuum entre Adão e nós.”

    Sim, um continuum biológico, mas não em essência. Insisto que isso não implica em não se admitir as potências espirituais humanas (volitiva e intelictiva) como as notas definidoras da essência humana.

    “Além disso, continuamos com enormes dificuldades para explicar porque a espécie humana continuou evoluindo após o surgimento do primeiro homem. (…) Logo, teremos que concluir que Adão era menos inteligente que nós, o que contraria frontalmente nossa Fé.”

    Que continuamos evoluindo me parece incontestável. A altura média dos humanos, sua capacidade de resistir a certas doemças, etc provam isso. Mas essa evolução não implica – e pela fé creio nisso ( e a ciência não só não pode negar, como pode ajudar a corroborar) – que perderemos as notas que nos definem como racionais.

    “Se você disser que Adão era tão inteligente quanto nós, torna-se impossível sustentar que ele era filho de um não-humano.”

    Só se eu for um materialista empedernido e ideologicamente hermético! Caso contrário, posso, e é mais do que razoável, admitir a emergência de capacidades que não se explicam pela soma das partes materiais.

  18. Caro Lampedusa,

    Agradeço imenso a paciência em me responder. Nada como uma boa conversa, franca e aberta, sem hipocrisia.

    Agora passo a comentar a sua resposta:

    Quando você se declarou evolucionista, você disse acreditar que nós, humanos, evoluímos de símios e, antes disso, até de ameba. Daí eu perguntei se isso era uma lei da natureza, assim como, digamos, a lei da gravidade. Você respondeu que sim, mas que essa evolução só vai até o ser humano. Já que é uma lei da natureza que os outros seres evoluem até chegar ao ser racional, que sómos nós, perguntei então se os outros seres irracionais que ainda existem no mundo vão continuar evoluindo até atingir esse estágio, de modo que num futuro longínquo, todos virem seres humanos.

    Aí você disse que não! Perdoe-me, Lampedusa, mas aqui parece haver uma contradição. Se é uma lei da natureza, a resposta deveria ser sim. Devemos tirar as conseqüências lógicas das premissas que usamos. Então, de duas, uma: 1ª Não é lei da natureza coisa nenhuma e ninguém precisa acreditar em evolução para parecer inteligente (sei que não é o seu caso); 2ª é mesmo uma lei da natureza e um dia esse planeta vai ficar insuportável com tanta gente, sem nenhum bichinho e sem nenhuma planta, de modo que todos morrerão de fome.

    Uma 3ª hipótese, que concedo, é que você tenha uma ideia própria de evolução, a qual não consegui captar.

    Espero que possamos progredir nessa conversa.

    Um abraço.

    Carlos.

  19. Caro Lampedusa,

    Já que estou com mão na massa, aproveito para comentar o seguinte parágrafo de sua resposta ao João de Barros:

    “Que continuamos evoluindo me parece incontestável. A altura média dos humanos, sua capacidade de resistir a certas doemças, etc provam isso. Mas essa evolução não implica – e pela fé creio nisso (e a ciência não só não pode negar, como pode ajudar a corroborar) – que perderemos as notas que nos definem como racionais.”

    Acho que começo a entender o seu pensamento. Você chama de evolução qualquer melhoria dentro da espécie. Assim até eu concordo. Só que a teoria da evolução a que eu me refiro é aquela que trata de evolução das espécies, seja pela seleção natural, seja por qualquer outro mecanismo desconhecido, que diz que com o tempo uma espécie evolui para outra (ameba vira minhoca, minhoca vira rato, rato vira cachorro, cachorro vira macaco e macaco vira Zé). O homem pode ficar mais alto, mas não deixa de ser homem por causa disso. Normalmente, os filhos, hoje, são mais altos que os pais. Mas os filhos continuam tão seres humanos quanto os pais (em muitos aspectos até bem menos).

    Afinal, para que a discussão fique mais coerente, o que é exatamente a teoria da evolução para você?

    Um abraço.
    Carlos.

  20. Carlos,

    Entendo que a evolução se dá tanto por acúmulos/alterações de caracteres em uma dada espécie como é possível a chamada evolução especial, isto é, que uma espécie evolua até chegar a ser outra – em termos biológicos.

  21. Caro Lampedusa:

    Li ontem no “Dogma e Anúncio” os capítulos sobre evolução e sobre as Pessoas. Muito bom. Fico-lhe grato sobre a indicação.

    As mudanças nos seres humanos que você citou (altura, resistência a doenças etc.) não são devidas à evolução. Essas mudanças são devidas simplesmente à melhoria nas condições ambientais.

    Meu filho é mais alto que eu e eu sou mais alto que meu pai que era mais alto que meu avó. Obviamente, essas quatro gerações são insuficientes para que qualquer tendência evolutiva tenha se manifestado. O que acontece é que a qualidade alimentar e sanitária atual é muito melhor que no tempo de meu avó. Assim, o potencial genético que já existia em meu avó pode manifestar-se mais plenamente em meu filho.

  22. Caro Lampedusa:

    Mas, sim, no geral você está correto. Quem acredita na evolução, terá que concordar que nós somos hoje mais evoluídos que Adão e que nossos descendentes serão mais evoluídos que nós. E é justamente aí que está o problema.

    É fácil concordar com isso quando se refere a características físicas. Mas a coisa muda de figura quando entram em cena os caracteres psicológicos e intelectuais, mesmo que com sua ressalva de que a essência humana permanecerá a mesma.

    Assim, se Adão era um ser humano primitivo cujo único atributo que o distinguia de seus progenitores não-humanos era a capacidade de orar, onde ficam os dons preternaturais de Adão (conhecimento infuso, imortalidade, ausência de dor etc.)?

  23. Caro Lampedusa:

    Quero aproveitar sua boa vontade para fazer lhe algumas perguntas sobre filosofia do ser.

    Quanto mais eu reflito em sua mensagem, mais a analogia da retirada para a cidadela filosófica parece-me adequada.

    As distinções que os filosófos fizeram entre forma e matéria foram baseadas na realidade observável, não foi? Assim, os filosófos de antanho observaram que homens e animais são muito diferentes. Eles também observaram que a matéria (carne, sangue, ossos etc.) que constitui homens e animais é muito parecida. Logo, a enorme diferença entre homens e animais tem necessariamente que ser atribuída à forma (i.e., à alma) de cada um deles e não à matéria.

    Os animais apenas respondem a estímulos e não são capazes de pensamento simbólico. Logo, sua alma é meramente sensitiva. Homens são capazes de raciocínio. Logo, a alma humana é intelectiva.

    Até aqui estou indo bem? Se sim, passemos para a mensagem seguinte.

  24. Agora, imaginemos que: (i) a Teoria da Evolução também aplica-se aos seres humanos e (ii) os filosófos de antigamente tivessem à sua disposição uma máquina do tempo.

    Imaginemos também que nosso São Tomás resolvesse fazer uma viagem no tempo geológico, com paradas a cada 10 ou 50 mil anos.

    O que ele veria em sua viagen?

    O que ele veria seria uma lenta e gradual transição entre aquilo que ele chamava de “Homem” e aquilo que ele chamava de “animal”, com inúmeras formas intermediárias. Ele teria visto inclusive formas sub-humanas (Neanderthais, p.e.) convivendo simultâneamente com formas humanas.

    Na parada dos 100.000 anos atrás, nosso filosófo talvez se encontrasse pessoalmente com Adão. Imagine-se o horror de São Tomás ao ver um Adão hirsuto, troglodita, que mal balbuciava a palavra “Deus”.

    Que contraste com o Adão da mitologia católica!

    Nosso filosófo então teria elaborado uma filosofia do ser completamente diferente, pois a realidade observável não mais estava dividida em categorias estanques e sim num mero continuum.

    Ou não?

  25. Caro Lampedusa:

    Quando os filosófos de antigamente diziam haver uma diferença essencial entre homens e animais, eles estavam falando de diferenças nitidamente palpáveis e prontamente observáveis, não era?

    Pois é.

    Mas da maneira como você coloca, o momento exato da transição do não-humano para o humano fica apenas no plano metafísico, uma coisa tênue e abstrata, impossível de ser observada diretamente e sem consequências imediatas.

  26. Caro Lampedusa,
    Sei que já estou ficando chato, mas veja:

    “Entendo que a evolução se dá tanto por acúmulos/alterações de caracteres em uma dada espécie como é possível a chamada evolução especial, isto é, que uma espécie evolua até chegar a ser outra – em termos biológicos”.

    É possível a evolução especial? Você agora já não tem mais tanta certeza? Afinal, você acredita nisso ou apenas concede que “pode ser”?

    Um abraço.

    Carlos.

  27. Mais um detalhe, caro Lampedusa: você disse que é possível a evolução de uma espécie para outra, mas ressalvou: “em termos biológicos”.
    Ora, se não pode haver contradição entre Ciência e Fé, essa sua ressalva não faz sentido. Porque se isso é uma verdade biológica, é uma verdade e ponto final. Não tem como ser uma verdade biológica e uma mentira teológica. A teoria das duas verdades é condenada.
    Um abraço.
    Carlos.

  28. Caro Lampedusa:

    E se as potências espirituais humanas também forem encontradas nos humanóides pré-Adâmicos?

    Note que o registro fóssil mostra que os humanóides que precederam o Homo sapiens já dominavam o fogo, faziam ferramentas, vestiam-se com peles, enterravam os mortos, construiam abrigos etc.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Neandertal

    E agora?

    Vamos todos correr para a “science-safe” cidadela metafísica e sustentar que, por definição, apenas os descendentes de Adão possuem intelecto e vontade?

  29. João e Carlos,

    Desculpem-me novamente a demora e, infelizmente, não posso agora me estender nas respostas, pois estou em Uberlândia a trabalho.

    “As mudanças nos seres humanos que você citou (altura, resistência a doenças etc.) não são devidas à evolução. Essas mudanças são devidas simplesmente à melhoria nas condições ambientais.”

    Mas a evolução é justamente a alteração de características geneticamente transmíssiveis ocorridas em função de mudanças nas condições ambientais. Podem ser “intra espécies” ou, não tão obviamente, implicar em outra espécie.

    “Mas a coisa muda de figura quando entram em cena os caracteres psicológicos e intelectuais”

    Eu não vejo Adão como menos inteligente do que nós. A potência intelectiva de Adão é a mesma que a nossa, mesmo que nossos cérebros tivessem tamanhos diferentes (o que acho que não é correto).

    “onde ficam os dons preternaturais de Adão (conhecimento infuso, imortalidade, ausência de dor etc.)?”

    Entendo que os dons preternaturais são exatamente o que seu nome indicam: dons não naturais, isto é, não próprios e constitutivos da natureza humana, dadas por Deus com gratuidade.

    “Até aqui estou indo bem?”

    Não sou filosofo, mas até onde entendo está :) Apenas colocaria a ressalva que aristotelicamene o conceito de matéria não coincide com o de matéria física. É, antes, o substrato no qual a forma substancial e plasma ou se individua.

    “Nosso filosófo então teria elaborado uma filosofia do ser completamente diferente, pois a realidade observável não mais estava dividida em categorias estanques e sim num mero continuum.

    Ou não?”

    Creio que não, João. Veja que esse continuum é tão somente restrito ao aspecto biológico, porém entre a matéria bruta animada (os vegetais e animais) e o homem há um tremendo e inquantificável salto que é, justamente, a presença do espiritual (inteligência e vontade) que se podem ser entendidos como emergência da matéria não o são – em hipótese nenhuma (seria materialismo inconsistente) – potência da matéria. Aqui entra a criação de Deus diretamente.

    “Mas da maneira como você coloca, o momento exato da transição do não-humano para o humano fica apenas no plano metafísico, uma coisa tênue e abstrata, impossível de ser observada diretamente e sem consequências imediatas.”

    Em parte concordo. Fica no plano metafísico, mas, insisto, o plano metafísico tem tanta (ou mais…) realidade que o plano meramente físico. Nunca encontraremos a “glândula pineal” de Descartes, pois essa é a forma substancial do homem!

    João, como você teve a generosidade de aceitar uma indicação minha de leiura, permita-me indicar-lhe mais uma obra que tenho impressão que muito enriqueceria esse debate, principalmente nos seus fundamentos essenciais. Trata-se do livro “História da Filosofia”, do filósofo (católico) espanhol Julián Marías, recentemente morto. Creio que a editora é a Zahar. Não trata do evolucionismo, mas descreve com maestria e clareza esses conceitos metafísicos que tocamos e, depois, as outras filosofias.

  30. errata:

    Onde se lê:

    “É, antes, o substrato no qual a forma substancial e plasma ou se individua. ”

    leia-se:

    “É, antes, o substrato no qual a forma substancial SE plasma ou se individua”

Os comentários estão fechados.