Mais sobre selos

Fiquei impressionado com a quantidade de comentários negativos que recebeu a iniciativa do Veritatis Splendor de conceder um selo de ortodoxia católica para alguns blogs que integram a blogosfera católica (entre eles, o Deus lo Vult!). Para citar somente duas das reações mais veementes, protestaram o Adversus Haereses e o Pacientes na Tribulação.

Aqui no Deus lo Vult! inclusive apareceram insistentes comentários sobre o assunto; pela última vez, gostaria de deixar claro que

a) a idéia do Veritatis não é uma invenção 100% nova, porque já há bastante tempo existem selos concedidos aos blogs que se destacam em assuntos os mais diversos (como o Prêmio Dardos e o Um Blog de Ouro, ou o recentíssimo Apóstolo da Vida do pe. Lodi);

b) tais prêmios têm meramente a “autoridade” de quem indica, nem mais, nem menos, sendo descabido encará-los como se fossem a mesma coisa que um nihil obstat episcopal;

c) não posso falar pelo Veritatis Splendor para responder perguntas capciosas sobre a soberba dos membros do apostolado ou a sua petulância de se arrogarem “juízes da ortodoxia”, de modo que peço que tais questionamentos sejam enviados diretamente aos responsáveis pelo apostolado;

d) comentando especificamente sobre o Pacientes na Tribulação, quem me lê sabe que, aqui no Deus lo Vult!, todo mundo comenta, católicos, protestantes, espíritas e ateus, só sendo cortados quando extrapolam todos os limites do razoável (para a média dos comentadores do blog, aliás, eu sempre demoro muito para expulsar certos tipos que aparecem por aqui); outrossim, existe uma página específica para debates um-a-um sobre assuntos quaisquer, que infelizmente está desatualizada por minha  falta de tempo (aliada à desorganização que já me é quase uma hipóstase);

e) finalizando, não compreendo a razão de ser de tamanha (perdoem-me a sinceridade, mas é como vejo as coisas) picuinha, pois me parece evidente que nem o VS, nem os blogs por ele contemplados, têm um “salto quântico” de autoridade com o prêmio concedido, e nem tampouco os blogs não contemplados têm o seu apostolado diminuído. Portanto, sigamos cada qual fazendo aquilo que nos propusemos a fazer, ad majorem Dei gloriam, sempre.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

41 comentários em “Mais sobre selos”

  1. O problema de muitos católicos atualmente é esse maldito “bom mocismo” e muitas vezes sua afetação de bons sentimentos pelos lobos. Afetados pela “ideologia pacifista”, muitos católicos, sem se darem conta, tomam qualquer combate mais duro como uma ameaça ao convívio e a paz aparente.

    Ora, não é hora de manter aparências. É hora de confrontar a realidade. Quem é louco de dizer que está tudo bem? Está tudo muito mal. Enquanto os bispos dormem, e as almas se perdem, é dever dos leigos aplicar a dureza evangélica contra os lobos, pois sabemos que “existem dentro da santa Igreja homens carnais que colaboram com o astuto tentador.” (S. Gregório Magno, Moralia in Job, Libro VI, 1). O que fazer? Tratá-los como amigos, enquanto São Jerônimo nunca poupou os heréticos e empregou todo seu zelo para fazer dos inimigos da Igreja seus inimigos pessoais? (S. Jerônimo, Dial. c. Pelag., Prolg., 2; PG 23, 519B).

    O que me impressiona, é que numa época em que os hereges pululam no interior da Igreja, não se fala mais em hereges e nem em heresias!

    Sempre surge uma interpretação atenuante para camuflar a realidade e aquelas explicações técnicas facilmente desmentidas pelos fatos. São Jerônimo escreveu que: “As carnes pútridas devem ser cortadas e a ovelha sarnenta deve ser afastada do redil, a fim de que toda a casa, a massa, o corpo e as ovelhas não ardam, corrompam-se, apodreçam e morram. Ário, em Alexandria, foi uma centelha; mas porque não foi logo reprimido, a sua chama devastou todo o orbe.” (S. Jerônimo, In Gal., 1, III,super 5 , 9: ML 26, 403 B).

    A heresia de um único homem devastou todo orbe católico ! Hoje, a Igreja é assolada pela heresia de muitos e agimos como “burocratas” e “bons-mocinhos”. Ninguém mais é herege. Gostaria de uma lista de pelo menos uns 10 condenados oficialmente por heresia nos últimos anos? Cadê? Faça agora uma retrospectiva, façam uma viagem no tempo…

    Agora existem menos hereges em exercício que no passado? É isso?

    Alguma coisa está errada…

    Assim, nesse ambiente de inibição geral sob certos aspectos, o ônus do combate aberto recai inteiramente sobre os ombros de uns poucos, firmes na intolerância contra o intolerável, de fazer uma oposição mais aberta, mais lancinante e viril contra os inimigos que querem a destruição da Igreja e a perdição das almas. O valor de cada alma é a eternidade, não estamos na hora da paz, estamos hora da espada.

    Não há outra maneira de defender nossa identidade, é hora do tudo ou nada. Hora de Catolicismo sem frescuras.

    Por fim, gostaria de dizer, deixando de lado os aspectos positivos do Veritatis e simpatizantes, o que incomoda na atuação de apostolados desse tipo é sua atuação mitigada, seu comportamento “politicamente correto”, e “cheio de doçura”. Quando se trata de combater inimigos internos da Igreja diluem os ataques numa sopa de atenuações, rodeios e eufemismos para não causar desagrados. Se abstém de combater tais inimigos com dureza, para salvar as aparências. Descontentes, engolem em seco, fingindo-se muitas vezes amigos dos lobos. Uma imperdoável frescura diante de situação intolerável.

    um grande abraço,

    Daniel André.

  2. Tudo parece um fomento à vaidade e a polêmica.

    Seguramente o Jorge e muitos outros merecem ser valorizados (e de certa forma são, por aqueles que acompanham o seu trabalho) pela defesa e divulgação
    de matérias/assuntos/notícias relacionadas à Igreja.

    Mas, é aí está o perigo, sempre vem embutido na briga

    entre o VS x Montfort.

    O que também já passou do limite.

    Afinal, quem perde e a própria Igreja, com uma discussão

    inútil.

    Creio que a melhor forma de cada um valorizar e

    reconhecer trabalho do outro, é a lista de links,

    ou a menção de matérias,etc,etc.

    O que tem que ser relevado é Jesus Cristo e a Igreja Católica.

  3. Caríssimo Daniel André,

    Como o senhor definiu bem a situação do que estamos vivendo.
    Parabéns! O senhor usou a linguagem do sim,sim, não, não,
    Combate sem frescuras dando nome aos bois.
    è isso aí.
    Subscrevo integralmente o seu precioso texto.

    Em Cristo,

  4. Como o Veritatis Splendor se acha digno de dar um selo de Ortodoxia Católica? Vejam bem: isso é muito diferente de dizer que pensa que tal e qual blog é ortodoxo. Não é uma simples declaração, é um ateste. E inclusive que parece carregar consigo a autoridade do Arcebispo Emérito de Olinda e Recife. Alguém sabe dizer se ele foi consultado sobre isso?

    Imaginem, absurdamente, que o Kibeloco resolva criar o “selo Chico Anísio de de Qualidade Humorística”…

    Isso não faz o menor sentido, a vaidade do VS parece estar perto da loucura.

  5. JORGE

    Pode moderar se quiser, mas o “Veritatis” é mais conhecido pelo pessoal – nem todo ele ligado à Tradição, mas que é bem inteirado do que eles aprontam -como “Hipocritatis”, “Falsitatis”, “Pirulitatis” e outros adjetivos nem um pouco invejáveis…

    Saiba, Jorge, que, pesar de saber que seu blog é excelente (e realmente é e merece ser premiado por todas os segmentos que reconhecem seu valor e seu trabalho pela Santa Igreja), eu não queria um “selo” destes de forma alguma!

    Salve Maria!

  6. No ar uma pergunta: Se o Veritatis sente-se capaz de julgar a “ortodoxia” alheia, quem julgará a “ortodoxia” do Veritatis? Fugir do combate colocando “panos quentes’ em tudo é uma atitude cômoda e confortável sem dúvida alguma, mas, será uma atitude correta? digna de um cristão? Ora, a situação é gravíssima, e a cegueira voluntária nesta caso não colabora em nada. há quantos anos ouvimos os mesmos discursos,os mesmos “lenga-lengas” e “blá, blá, blás” e nada muda, nada se resolve e tudo continua como antes ( e ainda bem, bem pior).
    Claro que é sobremodo desagradável ter que conviver com tantas confusões, tantos abusos, tantos desprezos à doutrina, à moral e mesmo ao Santo Padre, claro que é, mas não é abandonando a Cruz que vamos resolver esta situação. fomos chamados para a luta, como bem diz o tradicional hino: “Levantai-vos soldados de Cristo…” pois bem, o Daniel tem razão quando diz que “não estamos na hora da paz, estamos hora da espada.” Claro que estamos em pleno combate, combate duro e doloroso, mas do qual não podemos nos imiscuir sem que com isso nos assemelhemos àquele que traiu o Mestre. Concordo sim com Daniel e subscrevo-o em 100%.
    O pior é que são justamente os maiores “fazedores de média” que estão se auto-intitulando “juízes da ortodoxia” ora, ora, façam-me o favor. Um poucochinho de humildade não faz mal a ninguém.
    Chega de malabarismos na defesa do indefensável: SIM, SIM, NÃO, NÃO. De subjetivismos e tergiversações já estamos cheios até os últimos fios de cabelo de nossas cabeças. Claro e óbvio que este selo vale tanto quanto uma nota de 3 reais, mas é preciso que nos posicionemos, afinal não é assim de forma tão banal que se resolvem certas questões.

    Salve Maria!

  7. Caros,

    O pe. Paulo Ricardo tem uma frase interessante sobre a atual crise na Igreja: é como se discutíssemos na cozinha por um prato quebrado enquanto matam os nossos filhos no quarto…

    Vou fazer um pedido e uma sugestão.

    O pedido: cada um reflita com sinceridade de si para consigo, diante de Deus, se o estardalhaço que está sendo feito [e não me digam que não há estardalhaço, porque ele é público e notório] é realmente necessário.

    A sugestão: que abram um debate decente (uma pessoa de cada vez, um ponto de cada vez) sobre as heresias do Veritatis Splendor que justificam semelhante virulência no trato para com o apostolado.

    Sem atitudes intempestivas. A reflexão seja feita com paciência e seriedade. Somente ao final dela pensemos no debate.

    Abraços, em Cristo,
    Jorge Ferraz

  8. Qual é mesmo o oitavo mandamento?
    Estou com a memória um pouco fraca. Será que alguém poderia me ajudar a lembrar qual é memo o oitavo mandamento da lei de Deus? Se eu não estou enganado, era alguma coisa do tipo:

    Não levantarás falso testemunho

    Isto quer dizer que um bom católico jamais inventaria falsas acusações contra seu próximo. Estou certo? Muito menos o faria publicamente e, seria mesmo inconcebível, publicaria tais acusações como se fossem parte de um apostolado. Seria um enorme escândalo e uma atitude inaceitável. Estou errado no meu raciocínio? Se estiver, peço a caridade daqueles que discordarem para que me corrijam.

    Eu tentei evitar prolongar a discussão para que se levasse pelo lado pessoal, mas a insistência de certas pessoas em defender o Falsitatis obrigam-me a defender a Tradição. Se fosse apenas um ataque contra minha pessoa eu contiunaria calado. No entanto, como o caso se configura como uma distorção de todo o combate da Tradição, eu me vejo obrigado a retormar o assunto, mesmo correndo o risco que alguém leve para o lado pessoal.

    Defender os amigos é uma coisa boa e humana, mas defender os erros dos amigos, principalmente os erros graves, isto já é diabólico. Quando o Falsitatis lançou aquele texto extremamente difamatório, repleto de mentiras a nosso respeito e que distorcia completamente os nossos argumentos, eu escrevi um texto para nos defender da língua de serpente deles. Não tardou para que surgisse um advogado do diabo para defender os difamadores:

    Encontrei um pequeno texto – disponível no blog “Pacientes na Tribulação” – que se chama “O esplendor da hipocrisia” e se presta a atacar o Veritatis Splendor por um artigo sobre o Magistério da Igreja que foi publicado lá no final do mês passado. Ao terminar de ler o texto – do “Pacientes na Tribulação” -, fico com a incômoda impressão de que o seu autor incorre quase no mesmo erro de que acusa o Veritatis.

    https://www.deuslovult.org//2009/03/04/sobre-o-esplendor-da-hipocrisia/

    Em primeiro lugar, há de se notar que a defesa que eu escrevi contra as difamações de que fomos vítimas acabaram se transformando em “ataque contra o Veritatis Splendor”. Ora, agora quem sofre uma difamação, se busca respondê-las e provar sua inocência, torna-se o malvado da história?!?! É o cúmulo da parcialidade. Qualquer um percebe que foi o Falsitatis que tomou a ataque contra nós, que nos defendemos das difamações. Inverter os papéis de ofensor e vítima é uma desonestidade intelectual assustadora.

    Mas, continuando a ler o texto, percebemos que o autor não chega ao mérito da questão. Se realmente eu tivesse atacado o VS, seria possível e desejável que se desfizesse o erro, como eu procurei fazer com a artigo original do Falsitatis. Em vez disso, o autor se lançou em outro caminho, questionando os meu argumentos. Em outro artigo eu posso mostrar que suas críticas não tem fundamento. Mas, o que interessa aqui é mostar que o problema foi lançado para longe: não se demonstrou – o que aliás seria impossível – que a atitude do Falsitatis fosse moralmente correta e seus argumentos contra nós, válidos.

    Há muitos anos que eu não assisto televisão. Mas lembro que havia um programa humorístico em que um deputado, em uma praça, era questionado sobre acusações de corrupção. Ele enrolava, enrolava, mudava de assunto, mas nunca respondia as perguntas. Lembrei-me deste personagem na ocasião.

    O mais interessante de tudo, é que o mesmo autor do blog, quando disseram sobre ele algo que não era verdade, o protesto veemente não tardou nem um pouco:

    Carlos – E é uma pena que você, Jorge, mesmo dizendo não querer entrar no mérito da questão, e sem conhecer toda a situação, já tenha tomado o partido dos que querem o fim da Missa Tridentina.

    Jorge – Negativo, caríssimo, negativo. Não me atribua esta carapuça, pois a rechaço com veemência. A minha posição referente à Liturgia da Igreja (que já expus diversas vezes por aqui) é diametralmente oposta a daqueles “que querem o fim da Missa Tridentina”.

    https://www.deuslovult.org//2009/05/04/missa-tridentina-em-brasilia/#comments

    Percebam que houve uma semelhança com o caso do Falsitatis, pois foi atribuído ao autor do blog uma idéia que não era a sua. Porém, o leitor apenas se expressou mal, e se desculpou logo em seguida. Já o caso do Falsitatis foi extremamente grave, pois foi publicado um artigo inteiro repleto de difamações contra nós. Eles apresentavam como se fossem nossos alguns argumentos que eles sabem que nós nunca defendemos. Sinceramente, foi o caso de desonestidade intelectual mais evidente com o qual eu já me deparei. E pensar que ainda houve que os quisesse defender…

    Não foi Nosso Senhor que nos ensinou: não faças ao próximo aquilo que não queres que façam contra ti (Mt 7,12)? E a lei natural, também ela não exige da nossa consciência um comportamento segundo a justiça? Ora, uma simples frase mal escrita foi motivo de protestos veementes por parte do autor do blog. Mas todo um artigo difamatório, maldosamente escrito contra nós, mereceu ser defendido ao ponto de nós – as vítimas da difamação – nos tranformarmos os agressores. Haja incoerência e parcialidade.

    Por tudo isso, e por outras razões que vou expor em outros artigos, os neoconservadores mais atrapalham do que ajudam o combate pela Fé católica. Querendo resolver o problema sem atacar a causa, ainda se voltam contra aqueles que querem arrancar o mal pela raiz.

    Diga-se de passagem, que o tal “selo de ortodoxia”, parace-me bem claro, é apenas uma troca de favores entre companheiros. Em um futuro artigo posso mostrar como mais deveria chamar-se “selo de adequação com o concílio Vaticano II” do que selo de ortodoxia.

    __________

    PS: O espaço de comentários está aberto para quem quiser defender a atitude do Pravitatis Splendor (esplendor da imoralidade). Podem tentar responder a pergunta: atribuir a uma pessoa um argumento que se sabe claramente que ela não defende, é uma atitude moralmente aceitável ou inaceitável? Estou aguardando respostas a esta pergunta simples.

    http://intribulationepatientes.wordpress.com/2009/08/22/qual-e-mesmo-o-oitavo-mandamento/#comments

    O Recado já foi dado pelo Márcio Jorge!

  9. Só acho estranho os autores do Veritatis Splendor falarem tão duramente contra os Padres Fábio de Melo e Jonas Abib (de uma forma injusta, na minha opinião), e insistirem em defender o Marcial Maciel. Quem causou maior mal à Igreja?

  10. Acho que o Jorge tem bastante razão nesse ponto. Eu, por exemplo, nem entrei nessa polêmica porque a acho desnecessária e inútil. Esse selo oferecido pelo Veritatis não tem nenhum valor, até porque o Veritatis não tem mesmo nem competência nem autoridade para atestar a ortodoxia de ninguém. Para mim, não passa de uma homenagem que quiseram prestar ao Jorge, que por sua vez merece a homenagem, seja porque defende bem a Igreja, apesar de ser pró Vaticano II, seja porque permite aqui, de forma justa e equilibrada, que ataquemos o Vaticano II. É claro que se o Jorge fosse anti vaticano II, jamais receberia esse prêmio. Mas não podemos negar que ele abre espaço para nós, democraticamente, e sempre aceita debater honestamente e sem “falsitatis”.
    Um abraço a todos.
    Carlos.

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