Algoritmos Genéticos e Banda Djavú

Estando em curso um post cá no blog sobre Teoria da Evolução, achei curioso que, hoje, do nada, lá no laboratório da Universidade, a conversa sobre procedimentos matemáticos e biológicos tenha parado nos Algoritmos Genéticos.

Lembro-me deles, porque tive que os implementar numa cadeira sobre – salvo engano – inteligência artificial. A idéia é resolver os problemas de otimização modelando os possíveis resultados como se fossem indivíduos de uma “população” e, a partir daí, aplicar operadores inspirados na biologia – mutação (modificar aleatoriamente um resultado) e crossover (obter um resultado a partir da combinação de outros dois) – para gerar novos “indivíduos” a partir dos antigos (i.e., novos resultados) e, selecionando iterativamente os melhores, fazer com que a “população” convirja em torno do melhor “indivíduo”, que vai ser então o melhor resultado e, portanto, a solução para o problema. Para quem quiser visualizar isso, tem um interessante Applet na internet que mostra como funciona.

Acontece que, lá na Universidade, surgiu-me uma dúvida terrível, cuja resposta eu não lembrava a partir das minhas aulas da graduação: como impedir a “população” de diminuir? Porque a operação de crossover – segundo lembrava – pega dois resultados e gera um único novo, combinado a partir dos dois: assim, o espaço de resultados que se está analisando cai pelo menos à metade a cada nova “geração”, o que torna impossível fazer um algoritmo exploratório decente. Pensando melhor agora, depois de almoçar, acho que me equivoquei de manhã: se não me engano, o crossover gera dois resultados “filhos” a partir dos dois “pais” e, assim, mantém a população estável.

Não diminuir o número de indivíduos da população é uma necessidade dos algoritmos genéticos, a fim de que eles funcionem a contento. Esta necessidade é óbvia e salta aos olhos quando se imagina um problema concreto. Não dá para modelar virtualmente nada, caso as operações de crossover troquem sempre dois resultados por um, a cada iteração, e este escoamento de espaço exploratório não seja compensado de alguma maneira. Por qual motivo, então, é tão difícil para as pessoas do século XX entenderem que elas não podem ter somente um filho?

Provavelmente, porque elas estão sendo, cada vez mais, condicionadas a seguirem os instintos em detrimento da razão. O que será a banalização do sexo que vemos nos nossos dias, se não a imposição do “prazer pelo prazer” sobre o “prazer ordenado”? A defesa da moral sexual católica é complicada, porque o terreno de combate é-lhe desfavorável. As pessoas, via de regra, não estão interessadas em saber se a posição católica tem argumentos coerentes: querem saber se ela é “prazerosa”, como a pagã se apresenta.

Exemplo do cachorro de Pavlov moderno: quando eu vinha para o trabalho, estava tocando uma música (que depois descobri ser da Banda Djavú) que dizia: “pega, pega, pega, pega, pega e não se apega, beija mas não se apega, pega e não se apega. Se der mole na balada eu vou pegar geral: a moda é beijar e tchau tchau” (!). Ora, se os processos intelectivos aprendidos pela juventude resumem-se ao estímulo (“pega, pega, pega”) e ao prazer (a relação casual na “balada” ao som de “pega, pega, pega”)…  como é possível falar de castidade e matrimônio? O próprio terreno onde se está pisando é distinto: o condicionamento é “dançar e pegar”, ao invés de ouvir e pensar.

As pessoas deveriam aprender Algoritmos Genéticos antes de ouvirem a Banda Djavú (sim, o nome ridículo é exatamente esse). Deveriam aprender a submeter os instintos à razão, quando eles ainda são dóceis, e as paixões ainda não estabeleceram império sobre o resto do homem. Deveriam ser mais interiores e menos voltadas para o exterior. Mas como isso é possível, se até mesmo andando para o trabalho você não consegue evitar ouvir o hipnótico “pega e não se apega”…?

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

32 comentários em “Algoritmos Genéticos e Banda Djavú”

  1. “Não sei qual é a “maior parte da população [que] insiste em ter pencas de filhos”. Só se forem os muçulmanos. No Brasil, a taxa de fecundidade já está abaixo da de reposição.”

    Jorge, citar a média como argumento contrário ao meu foi fraquíssimo, pra dizer o mínimo…
    Não tinha visto essa estatística. Duvido dela, porém.

    Seu próprio lonk o contradiz:
    “O número indica uma tendência de queda, mas está muito na fronteira para se afirmar que não há mais reposição da população.”

    De qualquer modo, TOMARA que a população brasileira esteja tomando consciência de que superpopular o mundo é nocivo!

    Malthus? Alguém?

    Talvez daqui a uns 50 anos meus netos possam morar num país de 1,5º mundo!

    “Sim, a taxa é 2.1 filhos por casal e não 2.0. É 2.0 no algoritmo porque, lá, os indivíduos não morrem nem entram no seminário ou no convento.”

    Entrar no seminário não exclui ninguém da possibilidade de fecundar, Jorge. Que o diga um certo presidente de um país muito próximo…
    E QUANTOS MAIS QUE PERMANECEM ANÔNIMOS?

    “E, sim, é nocivo para a economia ter filhos indiscriminadamente, como já foi mais do que demonstrado. Principalmente se for somente um ou dois filhos.”

    Virou socialista agora, Jorge? A diluição do patrimônio só interessa a esse grupo! Ter 10 filhos é lindo catolicamente, mas só gera crianças ignorantes, mal educadas e incapazes para concorrer no mercado de trabalho. A não ser, é claro, no caso dos filhos da Opus Dei…

    Seu Deus falou: Crescei e multiplicai-vos. Até quando? A superfície do planeta é restrita, Jorge… Segundo a sua ideologia tacanha, uma hora vai faltar espaço pra construir igrejas!!! E aí? Como fica sem a sacolinha? :)

    Abraços!

  2. Mallmal,

    Jorge, citar a média como argumento contrário ao meu foi fraquíssimo, pra dizer o mínimo…

    Não vejo por quê. Se a taxa de fecundidade no Brasil está inferior a dois filhos por mulher, obviamente é falso que “a maior parte da população insiste em ter pencas de filhos”.

    Não tinha visto essa estatística. Duvido dela, porém.

    Reclame com o IBGE.

    Virou socialista agora, Jorge? A diluição do patrimônio só interessa a esse grupo!

    Muito pelo contrário: quem adota política de filho único é a China comunista…

    Ter 10 filhos é lindo catolicamente, mas só gera crianças ignorantes, mal educadas e incapazes para concorrer no mercado de trabalho.

    Generalização absurda e sem nenhum nexo causal entre premissa e conclusão.

    Crescei e multiplicai-vos. Até quando? A superfície do planeta é restrita, Jorge…

    É, mas ainda tem MUITO espaço. Tu mesmo colocaste no teu blog que a população mundial atual cabe todinha no estado do Texas…

    Abraços,
    Jorge

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