[Recebi hoje uma resposta do “Assessor Pastoral da AIDS” ao email “sobre moral sexual e campanha contra a AIDS”, que publiquei aqui, e havia também enviado uma cópia para a supracitada Pastoral. Reproduzo-o abaixo na íntegra.
Data venia, não convence. Ele não o afirma com todas as letras, mas deixa claramente entrever que a “informação clara, completa e oportuna” à qual se refere inclui, sim, o incentivo e/ou apoio, ainda que indireto, ao uso dos preservativos. Perguntei-lhe se ele possuía algum material utilizado pela Pastoral para divulgação; caso receba alguma resposta, publicá-la-ei aqui.
Lembro-me das minhas conversas sobre casuística com um sacerdote zeloso meu amigo. “Padre, se eu tenho um amigo não-católico, que vai sair esta noite para o motel com a namorada, e que a forçaria a abortar caso ela engravidasse, eu posso dar-lhe um pacote de camisinhas?”; “Não”. A consulta foi casual, e não sei se há casos equivalentes nos manuais de teologia moral ou nos documentos da Pro Doctrina Fidei, mas a resposta pareceu-me extremamente razoável. Dúvida: o mesmo vale para o caso de contágio com AIDS? IMMO, sim; mas há algum parecer mais abalizado do que o meu?]
Paz e Bem!
Prezado Jorge,
Segue alguns pontos de esclarecimento sobre seus questionamentos das declarações na imprensa sobre a Pastoral da Aids.
1. O discurso da Pastoral da DST/AIDS da CNBB segue o discurso católico, ou é “mais moderado” do que este?
A Pastoral da Aids é um serviço da igreja Católica que atua em sintonia com a CNBB, pois tem como Presidente Dom Eugênio Rixem, e trabalha em respeitando e planejando suas ações de acordo com as diretrizes e definições das dioceses locais. Creio que o discurso e a prática da Pastoral segue a mesma linha evangélica e profetica das diretrizez da CNBB e dos documentos dos bispos elaborados em Aparecida.
“Consideramos de grande prioridade fomentar uma pastoral com pessoas que vivem com HIV/aids, em seu amplo contexto e em seus significados pastorais: que promova o acompanhamento integral, misericordioso e a defesa dos direitos das pessoas infectadas; que implemente a informação, promova a educação e a prevenção, com critérios éticos, principalmente entre as novas gerações, para que desperte a consciência de todos para o controle desta pandemia. Desde a V Conferencia pedimos aos governos o acesso universal dos medicamentos para a aids nas doses necessárias” (DA 421).
2. Caso seja “mais moderado”, é moralmente lícito incentivar (ainda que indiretamente) o uso do preservativo como um “mal menor” no combate à AIDS?
A Pastoral da Aids e o contexto de onde o senhor teve as dúvidas é um contexto e uma discussão de resposta a uma epidemia que passa por via sexual, está no campo de uma doença sexualmente transmissível. Nós atingimos pessoas cristãs, católicas e não católicas, por isso a Pastoral procura em seu trabalho oferecer “informação clara, completa e oportuna” conforme orientou Nosso Papa João Paulo II em documento específico.
3. Ainda, caso seja “mais moderado”, é lícito a um organismo ligado à CNBB ser “mais moderado” do que a Igreja à qual ele, supostamente, serve?
Caro Jorge, o esforço feito pelos cristãos agentes da Pastoral da Aids neste grande desafio de seguir os ensinamentos de Jesus de acolher, ser misericordioso e defender a vida onde ela esteja mais ameaçada é muito grande. Há em todo o agente Pastoral um grande amor a Jesus, um forte respeito a Igreja e um amor misericordioso com o sofrimento e a dor das pessoas. São profetas que agem seguindo fielmente o chamado de Jesus e mantendo a comunhão com a Igreja.
4. Caso as supracitadas informações sejam falsas e a Pastoral da DST/AIDS esteja em perfeita sintonia com o ensino moral da Igreja Católica, a CNBB não vai publicar uma nota desmentindo as informações que estão sendo veiculadas na mídia secular?
Prezado irmão, concordamos com teu pensamento, porém sabemos que parte da mídia tem interesse em polêmicas para que possa vender e de que nada vai mudar pois o motivo das materias é exatamente para criar polêmica, confundir e na maioria das vezes impedir que as pessoas vejam os gestos e trabalho maravilhoso que a Igreja está fazendo a partir dos agentes das Pastorais. É melhor gastar tempo com o trabalho prático e deixar que Deus cuide do resto. Ele sabe o que realmente acontece e seguramente dará força para que como Igreja saibamos continuar corajosos na nossa missão de acolher e acompanhar o doente que sofre.
Cordialmente
Frei Lunardi
“Paz a esta casa.” São Mateus 10, 12.
Jorge:
Em sua resposta acima ao Rui não entendi bem a sua posição/explanação no caso da histerectomia.
Bem, NUNCA pode ser tolerado “Este é um efeito mau previsto e tolerado.”
Desculpe-me, mas não és tolerante neste caso, és?
Ah, a legítima defesa é tolerada se expontânea, nunca premeditada.
Abraços e Crsito Jesus, o Filho de Deus, o abençoe.