[São duas coisas díspares. Uma homilia e um artigo de jornal, um sacerdote e um leigo, uma meditação da Liturgia de hoje e uma denúncia contra a Campanha da Fraternidade. Só as coloquei juntas porque, afinal, ambas falam sobre a Quaresma, embora sob aspectos distintos (e, no meu entender, perfeitamente complementares): a parte “positiva” de bem viver a Quaresma, e a parte “negativa” de se combater tudo o que dificulta o aproveitamento deste tempo favorável.]
1. Pe. Antoine Coelho, LC: “A nós, Deus ofereceu-nos um sinal incomparavelmente mais explícito de que cumpriu e continuará a cumprir as suas promessas. Chama-me muito a atenção o facto de que São João evangelista mencione, no seu relato da Paixão de Cristo, que os soldados romperam as pernas dos dois ladrões crucificados com Ele. ‘Mas ao chegarem a Jesus, como o viram já morto, não lhe romperam as pernas […] E tudo isso sucedeu para que se cumprira a Escritura: não lhe quebrará nenhum osso’. Porquê falta de romper ou não romper pernas, quando o Senhor está já morto? Não é detalhe insignificante a estas alturas? Mas é que ao Senhor, não lhe podia suceder o mesmo que aos animais cortados no sacrifício de Abraão. Com isso a Escritura mostra-nos que, em Cristo crucificado, Deus cumpriu as promessas. Cumpriu o que prometera a Abraão quando passara entre os animais sob a forma do fogo! Em Aquele que está pendurado para o perdão dos nossos pecados deve residir toda a nossa fé e esperança. N’Ele torna-se evidentemente que é o amor infinito de Deus a querer levar-nos à Terra Prometida, à Jerusalém Celeste, com a condição de que como Abraão não deixemos nada em Ur dos caldeus, fiéis ao chamado de Deus que nos fala pela Igreja”.
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2. Percival Puggina: “Toda consciência bem formada se revolta com as tragédias da pobreza material, feitas de analfabetismo, baixo nível educacional e cultural, más condições habitacionais e sanitárias, abandono dos aposentados. Feitas também por corrupção, esbanjamentos, mordomias, absurdos desníveis na remuneração do serviço público e maus governos. Não é com a superação desses embaraços que venceremos a miséria e os desníveis sociais? Pois é tudo campo da política! Miséria e desníveis sociais são temas para os poderes públicos, que se apropriam de 40% do PIB nacional! As justas preocupações com partilha e solidariedade deveriam focar, principalmente, essa brutal ruptura com o Princípio da Subsidiariedade. É grave erro da campanha não dizer que os problemas do Brasil são muito mais políticos do que econômicos. Muito mais institucionais do que empresariais. Bons governos, com boas políticas, enfrentam essas dificuldades valendo-se da competente operação do setor privado”.
PAPA ESTÁ PREPAREANDO SURPRESA PARA A SEMANA SANTA !
Papa poderia preparar uma surpresa para o “mundo católico” que se daria a conhecer na Quinta-feira Santa.
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SECTOR CATOLICO – 24/02/10 – Segundo foi informado Sector Catolico, o Papa Bento XVI poderia estar preparando uma enorme “surpresa” para o “mundo católico” que se conhecerá, presumidamente, na próxima Quinta-feira Santa, data em que a Igreja celebra a instituição da Eucaristia e da Ordem Sacerdotal.
O então Cardeal Joseph Ratzinger celebrando a Santa Missa no Rito Latino-Gregoriano, em 1990, no seminário da Fraternidade São Pedro, na Alemanha.
Segundo apontaram estas fontes, que não souberam determinar com exatidão em que consistirá a medida, falam, no entanto, de dois possíveis marcos. Por um lado, a supressão do indulto universal para receber a Sagrada Comunhão na mão. A outra possibilidade é que, finalmente, o Papa se anime a celebrar a Santa Missa in cena Domini segundo a “forma extraordinária” do Rito Romano.
Com qualquer uma delas ficaria nitidamente expressa a vontade do Papa para o conjunto da Igreja universal no que se refere à celebração sacramental, onde é necessário recuperar com urgência o caráter sagrado das celebrações, desde a urbe ao orbe, para expressar com maior dignidade o que celebramos os católicos, especialmente na Santa Missa, renovação incruenta do sacrifício de Jesus no Calvário e cume da redenção do gênero humano (“… por vós e por muitos homens para o perdão dos pecados”).
De fato, esse tipo de comentário está já nos corredores eclesiásticos de Roma e transcendeu as cúrias diocesanas de alguns lugares e países. Não sabemos ainda o que o Papa nos prepara, mas sem dúvida será uma surpresa e das boas! Longa vida ao Papa!
(FONTE BLOG ECCLESIA UNA)
Sobre o artigo do Sr. Percival Puggina, questiono:
O escritor fulmina o conteúdo a CF/2010, preferindo apontar as esferas governamentais como responsáveis maiores que o empresariado pela má distribuição de riquezas e bem estar. Argumenta que no Brasil o poder público se apropria de cerca de 40% do PIB, ao que tudo indica, referindo-se aos números da carga tributária nacional. (De passagem, convém assinalar que, no primeiro mundo, esses números chegam a ser maiores, com a diferença de que o retorno em serviços é muito maior e melhor que o do Brasil, cabendo razão à queixa do articulista).
Todavia, para que o argumento do abocanhamento do PIB seja defensável, seria necessário se esclarecer, se desses 40% não se deva abater os 60% de sonegação fiscal; o que, na afirmativa, traria o abocanhamento para apenas 16% do PIB por parte das instâncias governamentais (federal, estadual e municipal). Entretanto, como grande parte da carga tributária vem embutida no preço final que o consumidor paga, é claro que o cidadão/consumidor não sonega; sonegam, sim, os empresários que têm o dever constitucional de recolher os tributos recebidos do consumidor no preço. Isto, sem falar que, mesmo aqueles empresários, da informalidade ou não, que não escrituram suas operações, que formulam seu preço como se tributos estivessem nele contido, não favorecendo em nada ao consumidor. Desse lógica, vê-se que grande parte da riqueza que deveria ser destinada ao bem estar dos cidadãos fica nos bolsos de alguns. E isso é crime. De outro lado, é sabido que no mercado de capitais, o valor das ações geralmente é aferido a partir de balanços mascarados, gerando bolhas de riquezas inexistentes na economia real. Portanto, salvo melhor juízo, não me parece muito louvável desonerar o mundo dos negócios de pecado e atirar toda a culpa para os governos. Isso me parece defesa da teoria do “Estado mínimo”, apologia do Mercado. Que tal?