Votar no PT: filtrar um mosquito, engolir um camelo

Já que as eleições de outubro estão se aproximando e alguns comentários sobre o voto no PT surgiram recentemente em um post antigo do Deus lo Vult!, gostaria de aggiornar esta discussão. Confesso que me sinto frustrado quando alguém vem me dizer que é perfeitamente possível votar no Partido dos Trabalhadores e permanecer bom católico mesmo assim. Sinto muito, não é.

O bom católico não vota em partido abortista, porque sabe que a vida humana é o mais sagrado de todos os bens e, por isso, deve ser protegido antes de qualquer outra coisa. O bom católico sabe, como disse Madre Teresa de Calcutá, que o maior inimigo da paz é o aborto; porque, se dissermos às mães que elas podem matar os próprios filhos, não poderemos dizer às pessoas que elas não se matem umas às outras.

O bom católico não vota em partido gayzista, porque sabe que os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados e não podem, em hipótese alguma, ser aprovados. O bom católico sabe que a família deve ser protegida e que existe, em curso no Brasil e no mundo, um movimento para amordaçar os valores tradicionais judaico-cristãos e impôr a depravação como única norma aceitável de comportamento social.

O bom católico não vota em partido socialista, porque sabe que o socialismo é intrinsecamente perverso e ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista. O bom católico sabe que existe atualmente, na América Latina, um movimento esquerdista revolucionário que tenciona recuperar aqui o que foi perdido no leste europeu, e sabe que não pode, de nenhuma maneira, colaborar com esta revolução.

Ora, o PT defende descaradamente o aborto, tendo já inclusive punido dois de seus deputados que ousaram – destoando da orientação partidária – defender a vida humana. Ora, o PT é um partido socialista, tendo sido o fundador do Foro de São Paulo, do qual fazem parte inclusive grupos terroristas e de guerrilha (como as FARCs e o MIR chileno). A conclusão é inevitável: o bom católico, que deseja permanecer bom católico, não pode dar o seu apoio a este partido que, em tantos e tão importantes pontos, adota posições frontalmente contrárias àquelas defendidas pela Igreja.

Nada, portanto, justifica o voto no PT. Não adianta sair “pinçando” as coisas boas que porventura existam na gestão petista. Obviamente elas existem, porque quem quiser simplesmente encontrar coisas boas fazendo vistas grossas ao resto pode defender até mesmo o voto no Nazismo alemão – p.ex., louvando o avanço da medicina alemã sob Mengele. O PT afasta-se tanto e em tantos aspectos da Igreja que merece, sim, inclusive ser classificado como um partido anti-católico. E estas coisas são muito graves e importantes para não serem levadas em consideração na hora de dar o próprio voto: um bom católico não filtra um mosquito para engolir um camelo.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

23 comentários em “Votar no PT: filtrar um mosquito, engolir um camelo”

  1. Tavez parece irrelevante falar de uma novela, mas sabemos a influência que elas exercem sobre muitas pessoas, e, consequentemente, sobre os costumes, sobre a sociedade no Brasil.

    Na novela PASSIONE da Globo – uma personagem adolescente chamada Fátima fica uma noite com um personagem mais velho, cujo nome me escapa agora, e engravida. Depois de alguns conflitos interiores e familiares, a jovem faz um aborto clandestino e pega uma infecção e quase morre; mas sobrevive (me desculpem pela redundância).

    Gostaria de sugerir a leitura do artigo “Aborto é inserido em tema de novela”.

    Está em:

    http://www.misericordia.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=774:aborto-e-inserido-em-tema-de-novela&catid=1:noticias&Itemid=96

  2. Prezado Jorge!

    Qual é o partido, na sua opinião, que está livre desses defeitos “camelares”?

    Você poderia afirmar, por exemplo, quais são os partidos cujos membros são sempre contrários ao aborto e ao casamento homossexual?

    Quando mencionei o voto por exclusão, eu quis dizer que – inevitavelmente – um candidato deve ganhar, apesar dos pesares.

    FHC não é ateu? Nem por isso ele foi um mau presidente. Ele se saiu muito melhor do que o Collor e o Sarney, afinal estabilizou a economia brasileira. É por essas coisas que nós acabamos escolhendo o que nos parece ser o mais coerente num dado momento histórico.

    A decisão na escolha de líderes políticos é muito subjetiva e está atrelada à consciência individual. Assim é o voto democrático.

    Outro fato que acontece no Brasil é que os eleitores votam nas pessoas e não nos partidos. Diante de dezenas de partidos, cada qual com seu estatuto, é inevitável que existam muitas semelhanças entre eles. É muito diferente do que acontece nos EUA, onde existem dois partidos bem definidos – o democrata e o republicano.

    No Brasil, o que mais acontece é um eleitor votar: num partido X para presidente; em outro partido Y, para governador; e um partido Z para prefeito da sua cidade. São a experiência e a empatia dos candidatos a um cargo público que fazem a decisão do eleitor e não tanto as ideologias partidárias.

    Será que devemos considerar a estabilidade econômica, o aumento da empregabilidade, o aumento do poder aquisitivo e a implementação do plano nacional de habitação como “mosquitos”?

    O eleitor, quando vota, acredita que o seu voto será bom para a sociedade como um todo.

  3. “Obviamente elas existem, porque quem quiser simplesmente encontrar coisas boas fazendo vistas grossas ao resto pode defender até mesmo o voto no Nazismo alemão – p.ex., louvando o avanço da medicina alemã sob Mengele.”

    Eu citaria ainda que se poderia defender o avanço da economia alemã sob a batuta nazista; o que, aliás, é bastante atual já que os petistas gostam tanto de citar os avanços da economia brasileira ‘nuncas antes nestepaiz’ realizados (balelas, é claro).

    Alexandre

  4. Votar nessas eleições visando o candidato menos ruim é tarefa ao meu ver, muito difícil e penosa.
    Dilma, Serra ou Marina?

    Judas, Caifás ou Barrabás?

    Minha consciência querendo ficar tranquila, me obriga a não votar em nenhum.

    Olegário.

  5. Voltar em quem , então? No Serra? Será que você quis dizer isso?

  6. Prezados, bom dia,

    Salve Maria,

    Marta,

    Há uma diferença fundamental entre o PT e os outros partidos. No PT nenhum de seus políticos pode se manifestar contra o aborto, sob pena de serem explulsos (veja o que aconteceu recentemente com dois deputados). Nos outros partidos, não sei se todos, os políticos podem se posicionar contra, ou seja, a escolha é individual.

    Especificamente no caso do aborto, já que nenhum político do PT pode ser contrário, ao votarmos neles, estaremos favorecendo diretamente o aborto. Digo diretamente, porque nós já sabemos que o político do PT em que você votou, terá que obedecer o partido votando leis favoráveis ao aborto, ou então será expulso.

    E como católico, o que norteia minha escolha são estas questões morais e éticas. Ou seja, jamais votaria no PT, pois sei que milhões de crianças seriam mortas no ventre da mãe. As questões econômicas estão em segundo plano. Aliás, nas questões econômicas as últimas administrações se parecem muito.

    Para terminar, eu como todo brasileiro voto na pessoa e não no partido, por isto lhe dou a chance da senhora me apresentar um político petista que é contrário ao aborto publicamente. A senhora conhece algum?

    Atenciosamente.

  7. Domingos, meu bom amigo.

    A situação que bem mencionei é que nesse quadro politico atual votar em um dos três candidatos acima é colocar o eleitor católico em xeque.

    A Dilma, como em toda corja do PT, não voto nem sob tortura.
    O Serra, é a figura do politico em cima do muro.
    A Marina, bem a Marina, essa coitada é igual melancia: Verde por fora, vermelha por dentro.

    Portanto, voto nulo.

    E minha consciência está tranquila.

    Forte abraço.

    Olegario.

  8. Olegário,

    Embora eu não concorde com voto nulo – por ser um retrocesso – eu respeito sua decisão, afinal estamos numa democracia e voto, seja ele para quem for, deve ser sempre consciente.
    Francisco, num momento oportuno, farei uma análise sobre seus comentários.
    Não posso nem imaginar o quão triste seria um país inteiro votando nulo.

  9. Eu acho que o voto não deveria ser obrigatório; não me parece ser compatível voto obrigatório e democracia. Daí muitas pessoas ,não tendo um candidato que seja coerente com a fé católica, se vêem obrigadas a votar nulo.

  10. Eu também costumava me posicionar contra o voto nulo. Mas, diante do cenário atual, comecei a rever meus conceitos. Quem sabe, um altíssimo percentual de voto nulo venha a dar um “ultimatum” no Congresso para uma reforma política que faça valer a opinião dos cidadãos… Parece-me uma questão de responsabilidade cidadã.

  11. Nunca me preocupei com voto majoritário.
    Pela nossa Constituição quem faz a lei são os deputados e senadores.
    É com eles que tenho muito cuidado ao dar meu voto.

  12. Eu li, em uma página anterior a essa, um comentário da Lampedusa (participante deste blog) que considerei coerente. Ela disse que devemos analisar o conceito de socialismo de décadas atrás e o de hoje.

    Esse é o assunto importante para nós, católicos, pesquisarmos e postarmos aqui. Como é o socialismo hoje?
    Há uma possibilidade de um diálogo entre política e religião? Eu acredito que sim, pois coisas boas podem ocorrer dos dois lados. E não é só sobre o socialismo, mas também, discutirmos as políticas neoliberais no mundo capitalista.

    Seria importante debatermos isso, conversando com especialistas (filósofos, historiadores, etc.), que conheçam a fundo a história destes pensamentos políticos), para que tenhamos uma visão mais abrangente das mudanças que têm ocorrido.

    Meu objetivo não é polemizar, ao contrário, é levantar discussões saudáveis. Todo diálogo, ainda que não tenha uma solução, é perfeitamente saudável. Acredito que é isso que move o mundo, que move a nossa história.

    Paz e Deus.

  13. Marta,

    Sim, é possível “um diálogo entre política e religião”. Chama-se “Doutrina Social da Igreja”.

    O que não é possível é ser católico e apoiar o aborto. Isso, não.

    Abraços,
    Jorge

  14. Meu voto é anti-PT (que é acintosamente anti cristão)

    Vou votar no Serra. Mal menor. A única esperança

    de impedir o PT por mais 12 anos ( o Lula vai voltar em

    2014).

    Não voto nulo !!

    A Marina é tão “comuna” quanto a Dilma .

    O Serra também é de “esquerda” !!

  15. Já falei de um candidato chamado Mario Oliveira. É do PT do B (calma! Não é a mistura do PT com PC do B). Ele tem posições conservadores, mas, com relação ao aborto ele é um tanto vago.
    Estou disposto a votar nele mais como protesto do que por convicção.
    Este é meu “método” de votar desde a eleição passada: votar nos candidatos mais insignificantes, que não terão voto nem da família. De preferência, o mais desconhecido.
    Não quero mais ficar com consciência pesada por ajudar a eleger esses pilantras vagabundos.

  16. Caro Messias,
    Eu também vou votar no Mario Oliveira no primeiro turno. No segundo, provavelmente vou de voto nulo. Mas é possível que na última hora eu tampe o nariz e vote no Serra. Argh…
    Quanto à dubiedade de Mario Oliveira em relação ao aborto, há alguns meses mandei uma mensagem a ele, pedindo que se posicionasse claramente contra o assassinato de inocentes, e, na última entrevista que vi, ao ser indagado sobre a questão, ele disse de forma curta e grossa: “sou contra o aborto”. Já é um progresso.
    Um abraço.
    Carlos.

  17. Só vendo. Agora é esperar pelo mais nanico de todos ou nulo.

  18. Não esqueça que a Doutrina Social da Igreja também condena o liberalismo econômico, posição defendida pelo PFL(atual DEM que apóia o Serra) e pela dierita brasileira em geral. Ou seja, considerando todos os pontos, não tem nenhum candidato alinhado totalmente ao pensamento da Igreja.

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