Vandalismo na Cidade Eterna

Escada Santa de Roma amanhece com pichações contra o papa. Na verdade, a julgar pelas fotos, não foi propriamente “a Escada Santa”, e sim a igreja na qual ela está abrigada. Em italiano, a agência ANSA.it traz mais informações (e mais fotos). Pego-me a pensar no que significa este ato de vandalismo.

Foto: ANSI.it

A Escada Santa é a escada do pretório de Pilatos, onde Nosso Senhor foi apresentado à multidão ensandecida – Ecce Homo! – e onde ela exigiu a Sua crucificação. Qual é o mal que este objeto histórico pode representar, a ponto de ser objeto de atos de agressão e de vandalismo, escapa-me à compreensão. A única explicação minimamente plausível que encontro, é que o ódio é dirigido não à escada em si, não ao que ela representa, e sim Àquela – a Igreja – que a venera e a tem guardado e preservado ao longo dos últimos séculos.

É contra a Igreja que se dirige a sanha vândala dos arautos da tolerância! Seria um curioso caso clínico de esquizofrenia ou distúrbio de personalidade múltipla, se não fosse um preocupante sintoma das contradições do nosso tempo. Por um lado, clama-se “tolerância, tolerância” o tempo inteiro. Por outro lado, tolera-se (e, em algumas casos, até aceita-se) o comportamento agressivo e discriminatório, caso o alvo da agressão e da discriminação seja a Igreja Católica. “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” – parece ser o que clama o mundo moderno. Este parece ser o que reivindica para si o monopólio da perseguição, da agressão gratuita, da discriminação – e isto, de tal maneira que, se forem outros a realizarem tais atos (ou, pior ainda, qualquer coisa que seja interpretada como se tais atos fossem, ainda que não o sejam de verdade), são bárbaros e fanáticos; mas se forem os modernos e tolerantes que o façam, então são pessoas de bem exercendo a sua liberdade de expressão, ou protestando civilizadamente contra o que quer que seja, ou no pleno e lícito gozo do direito à expressão artística, ou o que seja. Aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei. Este é o mundo no qual vivemos. Domine, miserere nobis.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

3 comentários em “Vandalismo na Cidade Eterna”

  1. Rodolfo,

    Sim, estive, com direito a subir a escada de joelhos e tudo… :)

    Sim, é emocionante. Há uma “proteção” de madeira sobre o mármore original da escada, mas há n’alguns pontos uns buracos por meio dos quais é possível tocar a escada em si. E é comovente pensar que, naquela escada, Nosso Senhor foi apresentado aos judeus, que exigiram que Ele fosse crucificado.

    Aliás, embaixo da escada, há umas estátuas muito bonitas. Uma das que mais gostei foi justamente a do “Ecce Homo” (com uma inscrição em latim que não me lembro agora).

    E uma de Judas beijando o Salvador. Osculo Filium hominis tradis?, em baixo. Tenso.

    Que Nosso Senhor, por Sua dolorosa Paixão, tenha misericórdia de nós e do mundo inteiro.

    Abraços,
    Jorge

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