[Em complemento ao post anterior do Deus lo Vult!, permito-me reproduzir na íntegra um email enviado pelo Carlos Ramalhete à lista Tradição Católica no início do mês passado. Achei que ele já estava disponível em algum lugar da net e ia somente linká-lo ao final do post passado; procurando, no entanto, não o encontrei. O texto é bem longo, mas é precioso. Recomendo enfaticamente a sua leitura atenciosa.
Fiz questão de mantê-lo tal e qual foi enviado, com os exemplos pessoais que foram lá citados, por considerá-los muito úteis e extremamente didáticos. Apenas fiz ligeiras correções tipográficas.
Fonte: Tradição Católica e Contra-Revolução.]
Pax Christi!
>Não concebo, e outros comigo como já falarei, que no matrimónio um
>seja superior e outro inferior, como ocorre numa hierarquia.
Creio que esteja havendo um grave engano sobre o que signifique hierarquia.
Isto não é incomum, devido à perversão do termo pela modernidade, e que é provavelmente o que faz com que ele seja evitado, a não ser em algumas raras ocasiões em que há alguma analogia com as hierarquias modernas (por exemplo, ao tratar de hierarquia eclesiática, caso em que a confusão leva a coisas como a tentativa americana de responsabilizar o Papa por crimes cometidos por um padre, como se o padre fosse um subordinado hierárquico ***no sentido moderno*** do Papa).
Vamos então ver algumas das diferenças:
1 – Na compreensão clássica de hierarquia, “superior” e “inferior” não são categorias ontológicas (ou seja, “ele é meu superior” não significa em absoluto que ele seja melhor do que eu);
2 – Na compreensão clássica de hierarquia, não há autonomia decisória do superior (ou seja, ele não tem o direito de inventar nada. Ele não pode chegar e dizer “doravante tudo será assim ou assado”, exigindo obediência incondicional);
3 – Na compreensão clássica de hierarquia, não há autonomia individual a ser afirmada ou negada (ou seja, não se trata nem de impedir o outro de ser de uma maneira, como o sargento treinador impede os soldados, nem de poder ou não poder tomar decisões, como é a diferença entre um subordinado e um superior numa hierarquia moderna). Isto ocorre pq a noção de indivíduo que é empregada na categorização hierárquica moderna não condiz com a noção de indivíduo que é operante na hierarquia clássica.
Vamos, então, por partes. A hierarquia clássica é entendida como um modo de pertença perfeita a uma ordem que começa e termina em Deus. A autoridade do superior (e estou usando este termo no sentido clássico; até eu chegar na definição de “superior”, peço que leiam como se fosse uma palavra doida qualquer, sem sentido: “a autoridade do peteléquio”, sei lá) começa e termina num enquadramento nesta ordem maior. Não se trata de uma autoridade autônoma ou delegada no sentido moderno (como a autoridade do capitão é delegada da do major, coronel, general, presidente, povo). Há, assim, ao mesmo tempo, uma liberdade enorme e uma restrição igualmente enorme em relação à noção moderna de hierarquia.
Enquanto na noção moderna o superior tem uma “listinha” de ordens que pode dar (por exemplo, o capitão não pode mandar os soldados atirarem no próprio pé deles), na hierarquia clássica não há limites deste tipo (“listinha”) nas ordens que o superior (o “peteléquio”, se quiserem) pode dar. Só para ficar no meio militar, onde isso é mais claro e preciso, é pensar em Aníbal atravessando os Alpes com elefantes. Por outro lado, na hierarquia clássica há uma necessidade absoluta e premente de que tudo se encaixe na ordem maior, na “ratio divina” de que nos falava São Tomás, ordem maior esta que engloba basicamente tudo o que ordena o universo, da lei da gravitação universal à lei natural, passando pela proibição de roubar e pela adequação de enfeites brilhantes à natureza feminina (ou seja, proibir as mulheres de usar jóias foge à “ratio divina”), até cada pequeno ato de cada pessoa (por exemplo, o movimento dos meus dedos que me faz digitar “ratio” e não “artio”). ***É esta a razão de ser da hierarquia***.
Deste modo, a alternativa é entre hierarquia e caos, pecado, desordem (são sinônimos). Hierarquia é ordenação, mas não ordenação arbitrária como na noção moderna. Há nela autoridade, mas não uma autoridade de arbítrio pessoal como na noção moderna. A hierarquia é o “encaixe” em toda a ordem do universo, e existe em toda parte e em todo lugar. Não há nem poderia haver nada sem hierarquia; nem mesmo o Inferno é desprovido de hierarquia, porque a hierarquia, no sentido clássico, é sinônimo da ordem que, em seu mínimo, é necessária à subsistência (é a hierarquia das ligações atômicas que faz com que o ar não se torne subitamente venenoso) e, em sua perfeição (ou seja, quando a hierarquia passa plenamente de potência a ato) é sinônimo de santidade.
Assim, na hierarquia clássica, a posição do superior é ao mesmo tempo uma posição de serviço, mas não de serviço ao homem (como o capitão serve ao major) ou a uma idéia (como o presidente serve ao povo). O serviço é a uma ordem muitíssimo maior que aquela minúscula instância da Criação, dentro da qual compete ao superior encaixar aquilo que é de sua responsabilidade.
A idéia moderna, modernésima, irracional e herética, de uma igualdade completa é em seu âmago a negação da ordem. É, em sua essência, o brado satânico de “non serviam!”, “não servirei!”. Note que quem disse isso não foi a mosca do cocô do cavalo do bandido, mas o maior de todos os anjos. Não servir implica não só – dentro da noção clássica de hierarquia – em negar-se a receber ordens, mas também em negar-se a dá-las. Trata-se de uma negação ***da ordem***, da adequação do fim último ao princípio primeiro.
Como já escrevi alhures, ao escolhermos como arrumar os livros na estante ou as roupas no gaveteiro, estamos fazendo uma distinção hierárquica. Esta distinção, contudo, só é verdadeiramente hierárquica quando ela é conforme à “ratio divina”. Se um louco entrasse na minha biblioteca, com seus cento e muitos metros de estante, e arrumasse os livros por ordem de tamanho ou pela ordem alfabética da terceira palavra da quinta página, ele estaria criando uma falsa hierarquia (e estaria pedindo uma bela surra, que eu lhe aplicaria de muito bom grado!). Não importa se a arrumação por ordem de tamanho (que seria perfeitamente adequada se fosse um só metro de estante, aliás, ao invés de cento e muitos) está impecavelmente bem feita: ela não está conforme à “ratio divina”, por ordenar pelo acidente mais irrelevante e não pela essência. Não há arbitrariedade compatível com uma hierarquia perfeita; aquela só pode existir dentro de uma suposta igualdade.
Aí poderia vir alguém, com a cabeça inflada de idéias modernas, dizendo que a hierarquia é feia, chata, boba e má (ou, nas palavras do poeta, que “o mal é bom e o bem cruel”), porque impede um pleno desabrochar de cada um ao querer inseri-lo numa ordem que lhe seria externa. Ao que respondo que não, esta ordem não lhe é externa. É a mesma ordem que faz com que respire, coma e digira, ande, pense ou aja que lhe dá o lugar em que ele pode desabrochar plenamente. A igualdade completa entre pessoas é como a arrumação dos livros por ordem de tamanho: é tomar o irrelevante como ordenador do relevante. Só é relevante a igualdade entre as pessoas quando é necessário distingui-las de quem não é igual a elas. Assim, é relevante esta igualdade (que existe e é igualdade na dignidade humana) quando se quer tratar macacos como gente, quando se quer matar bebês dizendo que eles são “tecido indesejado”, ou quando se afirma que a mulher é equiparada a um animal. Ou seja: é relevante que a mulher é igualmente dotada de dignidade humana (e é nisso que ela é igual ao homem), é igualmente capaz de razão (e é nisso que ela é igual ao homem), é igualmente chamada à santidade (e é nisso que ela é igual ao homem) quando se afirma que ele é digno, racional e chamado à santidade, ***e se nega que ela o seja***.
Deste modo, é perfeitamente irrelevante esta igualdade, que é verdadeira, quando se trata da ordenação hierárquica de seres humanos dentro de um contexto não apenas natural, mas elevado à ordem sobrenatural pela instituição do Sacramento do Matrimônio. Se já havia uma necessidade de hierarquia (no sentido clássico: adequação à “ratio divina”) no matrimônio natural, mais ainda a há no Matrimônio cristão.
Como já lembrei, o matrimônio é o múnus da mãe (matri munus). A mãe, graças ao bom senhor Deus, difere do pai. E é pela diferença, não pela irrelevante igualdade, que se pode fazer a hierarquia. De que adianta reconhecer que todos os livros da estante são livros para que sejam ordenados?! A igualdade é irrelevante justamente por não ser possível a ninguém negá-la. Só cabe afirmá-la quando ela for negada ou não existir (“isto não é um livro, é uma caixa em forma de livro”). Ora, ela existe, e é pressuposto que sejam dois seres humanos que se casam, não um homem e uma cabra.
Assim, para a reta compreensão desta hierarquia, é necessário que se percebam ***as diferenças***, e que a ordenação (muitíssimo mais complexa e multi-nivelada que uma ordenação de livros numa estante) seja feita em função delas.
Se tomarmos características femininas e masculinas, fica mais fácil entender qual é esta hierarquia e como ela opera dentro do matrimônio. Façamo-lo.
O homem é naturalmente voltado para fora. Como já escrevi, só um homem teria a idéia de jerico (pela qual agradecemos e sem a qual não estaríamos aqui no Novo Mundo) de, ao ver um tronco atingido por um raio e tornado oco, empurrá-lo para a água, entrar dentro e ir ver o que há do outro lado da grande água. Este foco no exterior faz com que o homem tenda a ser mais indiscriminadamente agressivo, atacando mais do que defendendo.
Já a mulher, ela é naturalmente voltada para dentro, para o círculo de pessoas e coisas que ela tem como suas; aquilo, em suma, que ela ama. É ela quem chora ao ver que o homem, irredutível, enfiou-se na casca de tronco e se meteu água adentro. Enquanto o homem quer subir ao último galho da árvore, a mulher quer que o filho não se machuque, e não gosta de vê-lo subindo na árvore. Este foco no interior faz com que a mulher tenda a ser muito mais discriminada e impedosa em sua agressão, voltada para a defesa e não para o ataque. Uma mulher faz prodígios para defender um filho, ou mesmo o homem que ela ama.
Só para eu não deixar de mostrar o marido babão que eu sou, conto um prodígio da minha esposa. Morávamos em uma casa abaixo do nível da rua, com mais andares para baixo. A Carla estava cuidando de um canteiro no nível da rua, e eu estava na garagem (um andar alto abaixo, cerca de cinco metros), consertando a moto. Minha filhinha, então naquela fase em que os bebês engatinham para a frente e dão ré para descer degraus, sem que eu visse (eu estava a uns 4m dela) resolveu descer de ré pela lateral de uma escada que levava ao andar inferior. Coisa de três metros de altura, de onde cairia em degraus de cimento nu e áspero. A Carla a viu “mirando” o fraldão, e simplesmente pulou de onde estava (5m de altura!!), percorreu em dois passos a distância que ainda a separava da pequena, e a pescou. Se eu tentasse fazer isso, quebraria as duas pernas com certeza.
Ora, isto é magnífico. Magnífico e, se desordenado, perigosíssimo.
É este foco para o interior que faz com que a mulher consiga, ao contrário do homem, manter perfeitamente a ordem na casa. E é este mesmo foco que faz com que a mulher tenha uma dificuldade muito maior que a do homem em perdoar qualqer atentado àqueles que ama.
O homem, deixado sozinho, vai dirigir seu foco para o exterior. Um solteirão com a casa impecavelmente arrumada vai beber vitamina direto do copo do liquidificador, por exemplo. Já a mulher, deixada sozinha, vai dirigir seu foco para o interior, defendendo-o de tudo o que é exterior. Ai de quem ferir um filho seu! Ela nunca o perdoará.
É por isso que o homem é, como já escrevi, o “ministro das relações exteriores”. Ele é mais naturalmente capaz de ir lá fora, retirar agressivamente do mundo o sustento da casa, e, lá chegando, relaxar. Já a mulher é, como também escrevi, o “primeiro ministro”. Ela é mais naturalmente capaz de proteger e manter uma ordem perfeitamente adequada à “ratio divina”, sem atalhos ou deslizes masculinos.
Isto faz do homem o “cabeça do casal”, no sentido que é ele quem fala com o mundo, é ele quem ouve o mundo, é ele quem faz caretas e morde quando é preciso. Se a questão é o lugar da família no mundo, é dele a primazia. Vale perceber, inclusive, como os constantes conflitos entre noras e sogras decorrem, justamente, da atitude agressiva contra o exterior que ambas têm, com cada uma considerando a outra como externa ao seu círculo e afetando negativamente alguém que elas amam.
Por outro lado, o foco do homem no exterior faz com que ele não seja capaz de manter e construir um lar. Ele consegue até fazer um alojamento e mantê-lo, mas não um lar. Por isto, a primazia nos assuntos domésticos é e tem que ser da mulher; é ela o “coração” que bate e mantém a vida.
Eu mesmo, por exemplo, passei a tarde quase toda fora fazendo o que chamei de “gincana da patroa”, comprando coisas que ela afirma serem indispensáveis para a manutenção da casa (um sistema para puxar água para molhar plantas, basicamente; trocentas pecinhas, a comprar em várias lojas diferentes). A minha participação no processo decisório destas coisas é perfeitamente secundária, apesar de ser o meu dever arranjar o dinheiro para comprá-las e a força para instalá-las (no caso, temos um caseiro que pode fazê-lo… mas quem tem que pagar o caseiro sou eu; estou terceirizando).
A hierarquia doméstica, assim, tem mão dupla. O homem é sim o superior da mulher no sentido de que é dele a responsabilidade de ordenação daquele núcleo familiar à instância de ordem imediatamente superior, que é a sociedade (a rua, a cidade, o país). Isso é inegável, e seria perigosíssimo se fosse de outra maneira.
Isto não significa em absoluto nem que ele seja melhor do que a mulher (seria uma piada afirmar uma besteira dessas), nem que ele possa agir de forma arbitrária, nem que ele possa mandar nela como se ela fosse um cachorro (ou ele um sargento e ela um soldado), nem que ela não possa sair de casa, trabalhar, etc. Significa, sim, que é dele que se pode esperar, e é dele que se deve cobrar, que sejam feitas as relações primordiais do núcleo familiar com a sociedade como um todo: sustento, defesa, representação, etc. Ele não é alguém que decide e a família baixa a orelha, mas sim o seu representante, o encarregado, o que age não em função de si, mas da família. O fato de o homem ser o superior faz com que ele seja quem menos tem voz, na prática. Exatamente por ele ser o superior, por ser dele o múnus do pai (patri munus), é ele quem tem que – por exemplo – abdicar de seus desejos (por exemplo, de consumo, de viagem, de formação…) em prol da família. O sacrifício só pode ser exigido como dever de estado do homem, não da mulher.
Mas dentro de casa, dentro do núcleo familiar, dentro do lar, é da mulher a primazia. É ela, não ele, quem tem como dever decidir e fazer a perfeita ordenação da família à “ratio divina”. A manutenção desta ordem intrafamiliar é o múnus da mãe, o “matri munus”. E isso inclui, como lembrei várias vezes, não só uma arrumação de móveis num apartamento (apesar de que ela tem, sim, a autoridade para decidir sobre isso).
Como já escrevi, um dos horrores advindos da modernidade é justamente esta transformação do lar em uma caixinha fechada (apartamento, casa com quintal…), deixando de ser o lar, por definição, uma unidade de produção ***econômica***. A família clássica vivia não em uma caixinha da qual o homem se desloca para ganhar seu pão em outro lugar, mas em uma propriedade rural produtiva, ***gerida economicamente pela mulher*** (a “mulher virtuosa” dos Provérbios, por exemplo), da qual o homem é o representante junto à sociedade exterior (o Conselho dos Anciões dos Provérbios, no qual o marido da mulher virtuosa é bem recebido).
O modelo burguês, moderno, de pessoas vivendo em caixinhas e o homem tendo que sair do lar para ganhar o pão, é a raiz da escravização da mulher que tanto marcou (e marca ainda) a sociedade. De produtora rural, a mulher passou a tomadora de conta de caixinha. De alguém que vivia, trabalhava e produzia, a mulher passou a espanar móveis e fazer crochê. Ora, isso é absurdo! Uma mulher é muito mais do que isso!
Conheci uma senhora que conseguiu, em ambiente urbano, recriar o modelo clássico: ela era a proprietária de um posto de gasolina. Conheço outra, tabeliã, com o cartório no andar de baixo da casa, que fez o mesmo. São mulheres fortes, admiráveis, com muitos filhos e uma vida longa e feliz, que conseguiram o que é o mais correto: fazer com que o seu trabalho fosse um trabalho em prol ***do lar***, ocorrendo nele. “Vestiram a camisa” não de uma firma “lá fora” (o que causaria um conflito enorme entre dois círculos a defender, a firma e o lar), mas do lar como unidade econômica produtiva: lar-com-posto, lar-com-cartório. E poderia ser lar-com-consultório, lar-com-escritório, etc.
Nunca, em nenhum momento, elas deixaram de lado a verdadeira hierarquia.
Espero ter ajudado.
[]s,
seu irmão em Cristo,
Carlos
Olegário,
Excelente comentário. Muito sensato e ponderado. É isso mesmo que defendo.
Oi Maria,
O que eu acho errado é as profissionais atacam a dona-de-casa e a dona-de-casa ataca a profissional. Pq isso? Cada uma fazia as suas opções, dentro da fé e moral católicas, e respeitavam-se umas às outras.
Acho muito digno e nobre, ao contrário do que me atribuiram, uma mulher ficar na sua casa. A minha querida mãe é dona-de-casa.
Mas eu não sinto que tenha essa vocação, de ficar todo o tempo em casa. E tal como eu, outras. Logo, ser dona-de-casa a tempo integral, não pode ser vocação da mulher, mas de algumas mulheres que a isso sentem necessidade, são chamadas por Deus e respondem com muito amor.
Considero assim: eu e outras mulheres rezamos muito e somos católicas; se ser dona-de-casa a tempo integral (e aqui todos entendem o que quero dizer com isto) fosse uma vocação inerente a toda a mulher, então nós, por muito rezarmos e pedirmos os auxílios divinos, teríamos de ter essas luzes e sentir essa vocação. De contrário seríamos umas aberrações, certo?
O que penso é que as donas-de-casa atacam muito as profissionais – de feministas, de perdidas, etc.
E as profissionais atacam as donas-de-casa de ignorantes, analfabetas, atrasadas. Isto não ajuda nem muito nem pouco: não ajuda nada.
A Igreja não diz que a mulher deve trabalhar só por necessidade. A Igreja estimula que haja cada vez mais mulheres em cargos públicos, e que se respeite a opção daquelas que escolhem dedicar-se integralmente à casa.
Quanto à submissão, o Papa João Paulo II já explicou que ela é mútua e recíproca.
O princípio não muda: a mulher tem de ser submissa ao marido. Mas o princípio aprofunda-se e enriquece-se: e o marido tem de ser submisso à mulher.
Cedências mútuas, recíprocas; diálogo, respeito, cumplicidade, compreensão; e não superioridade/subordinação. Igualdade nas diferenças, igualdade sem igualitarismos. Mas diferenças não significa superioridade/inferioridade.
Dois filhos da mesma mãe são muito diferentes mas um não é superior ao outro. São iguais, sem igualitarismos que visam eliminar toda a diferença.
Teresa,
Percebi a evolução das discussões com as outras mulheres, muitas donas de casas, elas se sentiram muito ofendidas com seu comentário de que as mulheres sustentadas pelos maridos são vagabundas. E, digamos de passagem, com muita razão.
Vejo que, naquele momento, tenha se expressado muito mal. No meu ponto de vista, o texto da Luciana, independente dos outros desentendimentos pessoais que vocês duas tenham, enfim, o texto da Luciana está muito bom. É uma reflexão muito profunda de qual a função essencial de uma mulher, uma reflexão que muitas não fazem dentro do contexto que sua vida vai se formando. Não é que não se possa trabalhar ou estudar, mas que se existe uma opção aceita e estabelecida de formar um lar e constituir uma família, sair dele e deixar os filhos ao léu é, no meu ponto de vista, a opção da vagabunda e não da verdadeira mãe. A que vai vagabundear enquanto os filhos são educados pelos outros, pelo Estado, pela TV. Nem que esse vagabundeio seja trabalhando.
Ao contrário inclusive da sua colocação de puritanismo ante as que se posicionaram pela permanência da mulher no lar, muito pelo contrário. Puritanismo que vem do calvinismo, foi o puritanismo que influenciou o trabalho (de cão e de burro de carga) que hoje todos tem de passar, inclusive a mulher como se fosse o extremo fim da humanidade, e não a contemplação.
Se você observar e ler o livro de Max Weber, muito famoso: “A ética protestante e a ideologia do capitalismo”, semelhança enorme tem com esse tipo de conduta e algumas orientações da Opus Dei para o comportamento da mulher no mundo. Sem desprestigiar a instituição, a qual admiro em muitos pontos e, como não sou cismática, sei que seu fundador morreu em santidade e estado de graça, como assim provou a Santa Igreja.
Sim. É uma questão de opção até um certo ponto. Quando nascem os filhos, essa opção deve ser repensada seriamente. Os filhos vão cobrar a presença da mãe e o trabalho vai cobrar sua produtividade. Os filhos são pequenos e sem autoridade, o patrão é forte e bem convincente. O que a mulher vai fazer? Um ótimo serviço e uma péssima educação dos filhos. Além do mais, demos o prazer ao homem de ser um de fato e com “H” maiúsculo. Ao invés de se aproveitar da nossa nobreza e praticamente nos tratar como uma escrava servil.
O trabalho não é o fim último da humanidade, mas a contemplação. O ócio contemplativo. Na sociedade de hoje, pelo contrário, estamos cada vez mais distantes disso. E as coisas andam como andam.
Na paz de Cristo.
Sr. Olegário,
Gosto muito das suas participações e admiro os seus comentários, sempre coerentes e espirituosos.
Mas acho que compreendo o sr. Lúcio (assim como o compreendo tb) e suas preocupações; a mulher tem com uma frequencia bem grande tirado empregos de pais de famílias; isso é bem real e muitas vezes (claro que isso não é regra) por orgulho e sem uma real necessidade. Senão vejamos:
Dia desses estava eu no supermercado com meu filho de seis anos quando fui abordada por uma degustadora de alimentos e por conta do meu filho começamos a conversar. Contou-me ela que saía de casa todos os dias com o coração apertado ,porque seu filho de 01 ano e meio se agarrava a sua saia e ficava chorando não querendo ficar com a avó. Perguntei se ela precisava trabalhar disse-me que não pois o marido ganhava muito bem, só que não gostava de pedir dinheiro cada vez que quisesse comprar uma roupa ou maquiagem. Conheço inúmeros casos assim, pedir dinheiro ao marido é humilhante, mas deixar seus filhos pequenos sendo cuidados pela Xuxa, babás mães e sogras não.
Percebe a inversão de valores?
Sra. Fernanda,
Sim, eu percebo.
Mas veja dona Fernanda que para todos os casos existe a regra e sua exceção.
Nós não podemos pontuar o caso que a Sra. relata como sendo a regra.
Acredite, ele é a exceção.
A esmagadora classe de mulheres que atuam trabalhando fora de suas casas dá-se por conta da necessidade financeira.
Em segundo plano, mais distante disso, são as profissionais bem formadas que são idealistas; Médicas, advogadas, arquitetas, engenheiras..etc.
Querendo a esposa se dedicar inteiramente ao lar e aos filhos e esposo, julgo que o faz bem.
Não querendo isso, e preferindo crescer profissionalmente julgo também atitude acertada.
Em ambos os casos, trabalhando fora ou não, creio que isso não a diminua perante Deus.
Eu como esposo não posso mortificar minha esposa, que é auditora ( e mito capaz ), “trancafiada” em casa com a intenção de justificar um protocolo de catolicidade e pureza ante aos outros.
O que é diferente do caso que a senhora bem relatou da mulher que deixa o filho aos cuidados dos outros por conta de um mero capricho financeiro.
Muito obrigado por seu elogio.
Deus a abençoe.
Olegario.
Complementando o texto em questão, penso que a “mulher não tira emprego do homem”.
No mercado capitalista só se estabelece que tem capacidade.
Seja de saia ou calça.
Em Jesus e Maria,
Olegário.
Grande… Olegário!
É isto mesmo que defendo, e algumas epssoas insistem em chamar-me feminista. Se quer ficar no lar, óptimo! Se quer ser profissional, óptimo! Desde que seja uma boa católica, boa esposa e boa mãe: fiel, sacrificada, generosa. Isto defendo!
Olegário,
posso copiar as partes impessoais dos seus comentários para o meu blog: a dignidade da mulher católica?
É muito bom testemunhos de homens! Já publiquei alguns a favor da mútua submissão, mas não tenho nenhum a favor da vida profissional da esposa. Vc gostaria de elaborar um textinho para mim e enviar para o meu e-mail? Ou então eu pego aqui algumas de suas frases, como prefere. Vc me dá autorização?
Abs!
Muito bem dito! Só se estabelece quem tem capacidade.
Teresa, minha filha
Voce pode utilizar o meu texto da maneira que quiser.
Pode recortar, dobrar, postar inteiro….
Tem toda a minha autorização.
Olegário.
Olegário, hoje em dia vejo que as mulheres devem ao máximo tentar juntar as duas coisas em uma só: Maternidade e profissão, é claro que vai ter algumas profissões que serão exceções.
Dei o exemplo de minha avó e bisavó. Ambas conciliaram a profissão e a maternidade em dentro de casa.
Não se pode negar também que uma das responsáveis pela taxa baixa de natalidade hoje no mundo “moderno” e capitalista, é devido ao números de mulheres que preferem seguir primeiro a carreira profissional e depois pensar ter uma família.
Quando chega a hora de ter filhos geralmente preferem ter poucos para não ter que perder o emprego.
Conheci uma médica católica fervorosa que abriu uma clinica ao lado (praticamente é dentro da casa dela) de casa para juntar ao mesmo tempo trabalho e maternidade. Ser mãe.
Por ver exempos como dessa médica e os exemplos de minha avó e bisavó, mais me certifico que hoje em dia o ideal seria isso mesmo: Juntar a madernidade e profissão dentro de casa.
Já estou querendo criar até um slogan:
“MULHERES E HOMENS, FAÇAM DE SUAS CASAS OS SEUS ESCRITÓRIOS E SUAS EMPRESAS. PELA PRESERVAÇÃO DA FAMÍLIA E DA PROPRIEDADE PRIVADA.”
Não se pode negar também que uma das responsáveis pela taxa baixa de natalidade hoje no mundo “moderno” e capitalista, é devido ao números de mulheres que preferem seguir primeiro a carreira profissional e depois pensar ter uma família.
Oi Renato!
Isso é verdade sim; mas nós estamos falando de mulheres católicas agora. As imorais e mundanas, sejam donas-de-casa ou profissionais, não servem de modelo a ninguém. Eu só falava de católicas e para católicas. A mulher católica deve sim poder escolher entre ficar em casa a tempo integral ou ter uma profissão. Nada lhe deve ser imposto.
Hoje, as crianças vão para escolas, colégios, não estão – nem é saudável que estejam – todo o tempo em casa. É bom que convivam com outras crianças. Claro que a mãe católica jamais poderá ser uma escrava do trabalho (isso é violência contra a mulher, trabalhar como máquinas…), ela tem de ser mãe. Mas a quantidade de tempo que se disponibiliza a uma criança não é exactamente qualidade. A qualidade vale mais que a quantidade.
Um abraço
Pois é Teresa!
Todas as mulheres católicas que eu conheço (grande maioria) que optam por trabalhar tem poucos filhos.
No máximo dois.
O exemplo que eu dei acima, mostrando que a mulher pode e deve juntar as duas coisa (maternidade e profissão) dentro de casa, não impediria dos filhos irem para a escola e conviver com outras crianças. É bem o contrário!
Volto com o meu slogan:
“MULHERES E HOMENS, FAÇAM DE SUAS CASAS OS SEUS ESCRITÓRIOS E SUAS EMPRESAS. PELA PRESERVAÇÃO DA FAMÍLIA E DA PROPRIEDADE PRIVADA.”
Eu estou pensando em algo agora: não sei se as discussões com as meninas não se deram por causa das diferenças culturais. Eu em Portugal, conheço várias mulheres, tanto da FSSPX quanto do Opus Dei que conciliam na perfeição as duas coisas. E eu vejo isso… vejo elas conseguirem compatibilizar. Então n dá para fingir que n vejo, só para agradar. Se elas conseguem, pq eu n posso conseguir?
Mas digo-lhe uma coisa: mulher católica que só tem dois filhos para ter uma brilhante carreira ou mesmo só para trabalhar fora n é católica! É pseudo-católica…
A vocação fundamental da mulher casada é a maternidade.
Acehi óptima sua ideia dos escritórios familiares! Uma rede de empresas, cheias de executivas brilhantes, dentro de casa rsrs. Muito bom!
Mas infelizmente sabemos que isto era sonhar demasiado, pelo menos por enquanto. Mas era muito lindo, umas cuidavam dos bebês das outras, enquanto todas se agrupavam em lares empresariais.
Abs
Renato, meu bom amigo
Concordo contigo:
Maternidade e profissão na residência
Sim, isso seria a exata medida da verdadeira conciliação entre esposa, profissional ,mãe e dona de casa.
Mas o entrave nesse ideal dá-se por uma regra criada por aqui de que a mulher católica não pode – por conta de ser mãe e esposa – trabalhar “fora de casa”, ou seja, exercer sua profissão na sociedade.
Considero isso a politica dos extremos.
Repito: Que a mulher após o matrimonio queira somente cuidar da casa e dos filhos obedecendo sua consciência, ótimo.
Mas se ela, mesmo estando casada, querer continuar exercer sua profissão de solteira, ou iniciar uma vida profissional pós casamento para incrementar a renda familiar, desde que não sacrifique o lar e a educação dos filhos, não vejo problemas.
O que não concordo é querer impor aos outros um modelo de vida familiar de que o marido seja o senhor absoluto da família cuja a esposa, por ser “católica, filha de Nossa Senhora e rainha do lar”, não possa exercer uma profissão.
Há quem diga que isso seja uma apologia ao feminismo…
Opiniões…
Deus o abençoe.
Olegário.
Sr. Olegário,
Tenho certeza que não é a regra. Já trabalhei fora por muitos anos, sou formada em administração de empresas e sei inclusive das dificuldades que algumas mulheres encontram para trabalharem quando se tem filhos porque as mulheres com filhos são na maioria das vezes preteridas quando buscam emprego independente de serem profissionais liberais ou meras servidoras de café. Não é fácil, e cada vez mais fica difícil ter filhos neste contexto. E pode acreditar que casos como os que relatei são mais normais do que se imagina não importando aí o nível social/profissional.
Lembrei-me de um caso narrado por uma amiga de Curitiba que tem um irmão médico casado também com uma médica esse casal tinha uma menina de nove anos e os mesmos moravam(ou moram) na região metropolitana de Curitiba e vinham trabalar na capital os dois. A menina muito sozinha tinha inúmeras atividades tais como: balé, inglês, natação, escola, boas roupas; tinha tudo menos o que ela mais precisava; seus pais. Resultado? Uma depressão profunda que quase causou a sua morte.
Não sei se eles ainda moram no mesmo lugar, se continuam apenas com esta filha,(posto que não os conheci pessoalmente) pois perdi contato com a Mari essa amiga pois ela está em Boston nos Estados unidos e eu me mudei de Curitiba para o interior do Paraná.
Caso Isolado? Pode ser, pode acontecer em famílias onde a mulher não trabalha fora? Claro que sim, mas a diferença e a qualidade de vida, criação, educação dos filhos onde suas famílias, notadamente a mãe estão presentes é infinitamente maior e melhor.
Sds.,
Em Cristo por Maria
Oi Fernanda,
Sei que a conversa é com o Olegário, mas permita-me discordar. Quantidade não é qualidade.
Uma excelente dona-de-casa, perfeita mãe a tempo integral, pode ter filhos drogados, assassinos e etc. A educação vai da qualidade e não da quantidade. Sufocar uma criança o tempo todo em casa também acho contraproducente.
Mas agora vamos a um problema muito sério, e não tenho vergonha nenhuma de me incluir nele:
e as mulheres que não conseguiriam, que não se sentiriam realizadas, todo o tempo em casa mas querem ser mães e ter família numerosa?
Veja que as donas-de-casa também praticam contracepção; dona-de-casa também limita número de filhos.
Mas agora to falando de uma profissional católica – será o meu caso quando me casar – que quer todos os filhos que Deus lhe der (ou somente evitar por motivo verdadeiramente grave e justo) mas que não quer ser dona-de-casa a tempo integral, quer trabalhar fora e sabe bem que as crianças n ficam em casa o tempo todo nem devem, isso n é saudável.
Algumas querem fazer-nos crer que ser dona-de-casa ( atenção que não estou a falar em ser dona da sua casa) é vocação de toda a mulher. Ou seja, consequência lógica: eu e muitas devemos sentirmo-nos culpadas porque afinal n somos boas católicas, somos aberrações da natureza, que n temos essa vocação.
Por outro lado, para elas é inconcebível que uma mulher queira ser mãe, sinta vocação à maternidade mas n queira ficar todo o tempo em casa a fazer as tarefas domésticas.
Ora, ora. Isto nem devia ter muito mais discussão, dado que a Igreja aceita por igual as duas hipóteses, conforme aquela longa lista que deixei no outro tópico. Mas, se formos a discutir, vai sempre a dona-de-casa atacar a profissional e a profissional atacar a dona-de-casa? Não tá certo isso, deviam respeitar-se mutuamente porque uma coisa n é contrária à outra. A profissional pode perfeitamente também fazer o serviço de casa – claro que o marido tem de partilhar tarefas, e qual é a vergonha disso? Fica diminuída a sua masculinidade? creio que não… -. A mulher que trabalha fora tem de saber organizar e gerir o lar. Mesmo que ela n faça, ela tem de saber fazer para saber “mandar” – n gosto de usar esta palavra.
Abs
Uma mulher que leva uma vida “bem sucedida” na sociedade, sem prejuízo de uma família numerosa e da profissão do seu próprio marido, é a exceção das exceções. E, certamente, é para poucas, e em determinados lugares deste mundão afora.
O que ainda vale (ao menos enquanto o casuísmo, ou o liberalismo, não nos embota a razão natural) é a dedicação da mulher, em primeiro lugar, ao lar e aos filhos e, em segundo lugar, aos seus altos vôos profissionais.
Renato eu conheço várias! Uma delas é minha madrinha de Crisma (tradicional) que tem oito filhos (seis biológicos e dois adoptivos!!! uma grande mulher que admiro mto) e é professora de matemática na universidade e directora de um centro executivo de publicidade.
Portanto, enquanto vir essas coisas à minha volta, ninguém me convence do contrário.
Veja bem, Teresa, eu não disse que é impossível! Mas que é raro, variando conforme as circunstâncias e capacidades, muito particulares.
Eu também as conheço, mulheres que, se é verdade que não trabalham profissionalmente fora, ao menos mantêm uma operosa atividade de formação e apostolado (e isso sem empregada doméstica a ajudar!).
Entendo que a sua posição é defensável como direito excepcional, legitimamente conquistado pela mulher de hoje (e reconhecido pela Igreja), sem no entanto prejudicar em nada o que tradicionalmente é dever primordial da mulher: a maternidade fecunda e o cuidado do lar.
Esse dever primordial, que é a própria vocação da mulher, pode ser mais facilmente e propriamente realizado quando ela dedica maior tempo à sua casa; quando ela vai para o mercado de trabalho competir e buscar sua realização profissional, não raro fica prejudicada a sua realização materna (que é a principal).
Agora, se você acredita que pode fazer as duas coisas (pois tem capacidade para tal e as circunstâncias favoráveis), ótimo! Não duvido que seja possível. Mas o que vemos é uma tentativa de igualar, em princípio , o estado da mulher que dedica mais tempo ao lar (não entrando na disputa insana do mercado de trabalho) com o estado da mulher que busca a realização profissional (ainda que sem descuidar da família e da maternidade).
Para mim está claro que, em princípio, o primeiro é mais apropriado e conforme às mulheres em geral; já o segundo irá exigir um concurso de fatores muito específicos para que uma mulher católica não faça mal papel em casa, e cumpra com a sua alta vocação de mãe e esposa, que é anterior à sua vocação profissional.
Abraço!
“Mas o entrave nesse ideal dá-se por uma regra criada por aqui de que a mulher católica não pode – por conta de ser mãe e esposa – trabalhar “fora de casa”, ou seja, exercer sua profissão na sociedade.”
Olegário, vamos quebrar essa regra!
Dei a ideia com o objetivo de defender aquilo que é mais sagrado na sociedade, e que o socialismo quer acabar: A família e a propriedade privada.
Juntando as duas coisas, os servos do diabo socialistas ficaram confussos com a situação e cairá a máscara deles, pois mostrará para quem queira ver como eles querem controlar mesmo é a sociedade.
Juntando as duas coisas, eles não terão como mentir.
É dever enxergar a questão circunstancial de que:
se a mulher que teve oito filhos e hoje trabalha, muito provalvelmente por algum tempo bastante considerável dispensou o serviço durante a fase em que as crianças mais necessitavam de sua presença também quantitativa. Isso ocorria de forma frequente antigamente.
Hoje, a preferência é sempre profissional. E, de tal modo se deseja bens materias, que nunca o salário do marido é o suficiente. Assim é o puritanismo calvinista, não é à toa que o capitalismo se desenvolveu fortissimamente em países de tradição protestante e acabou por doutrinar a todos nós.
O que existe de mais absurdo atualmente, é que se chama de “puritanismo” o que é de tradição essencialmente católica: a mulher dona de casa, questão cultural fortemente arraigada nas sociedades católicas patriarcais; o namoro extremamente vigiado e cuidadoso; a questão das vestimentas compostas. Enfim, a expressão “isso não é nada católico” hoje em dia não faz mais sentido porque o que é, de fato católico, certinho, chamam de puritano… Quando o puritanismo é algo seco,
reduz o que é sagrado aos interesses materias, ao trabalho compulsório, à riqueza, afinal “ser pobre é um sinal de ir ao inferno”.
Ora, a mulher pode fazer o que quiser, competência ou incompetência não tem sexo. Mas, dependendo do que você tem de responsabilidade na sua vida, não dá para fingir que elas não existem. Pode até ser que você consiga levar a vida ilusória de que tudo pode se conciliar, mas os frutos, estes frutos serão muito duvidosos.
Santa Gianna, que foi tão citada como balaurte das mulheres trabalhadoras e santas, é um caso importante de se averiguar em fatos: não se analisa que a santa casou-se com 32 anos. Até lá, ela trabalhava. Quando casou-se, o marido ganhava muito bem, e ela se dedicou a obras de misericórdia assistindo crianças pobres, praticamente não auferia renda. Passou, depois de casada, 7 anos viva, tendo um filho atrás do outro. Na sua bibliografia se conta que, se sobrevivesse, pensava em, depois da quarta gestação, dedicar-se unicamente aos filhos porque já não podia conciliar nem suas obras de misericórdia com as exigências da maternidade. Que se coloque a mão na consciência. Não dá para parir três, quatro filhos e ter uma vida profissional a mil. Uma ou outra irão mal. Do emprego, podem até lhe despedir, dos filhos só se pode obter os maus frutos e pagar pelos pecados.
Sou da opinião de que quantidade é importante e que qualidade é conversa mole, doce ilusão. É justo na falta de quantidade que o filho é bulinado, sofre pedofilia, está à mercê da TV globinho, é mimado pela avó e pela tia, adquire os hábitos da babá, quando não está simplesmente ao léu, só com o anjo da guarda que não dá conta de tudo. Isso não significa que a criança tenha que ficar presa dentro da casa, sem contato social. Mas que ela precisa de uma proteção especial, é algo óbvio até para que nada de errado aconteça.
Chegamos a um ponto de justificação das nossas faltas, nós mulheres, mães ou futuras mães, que não enxergamos o quanto somos capazes – por opção e não por necessidade – de abandonar nossas crias indefesas, coisa que nem uma cadela é capaz de fazer. Para mim, isso é uma situação triste.
Coisa de comunista é esse negócio de “realização profissional”. Gente, vamos parar de falar bobagem: nem o homem nem a mulher se realizam no trabalho, tanto um como outra se realizam na contemplação (cf. Lc 10,42). No céu ninguém vai trabalhar.
Para Marx o homem não é uma criatura racional vocacionada à união com Deus na contemplação da verdade segundo a virtude da sabedoria – http://www.cristianismo.org.br/efp2-11.htm (homo sapiens), mas um ser que trabalha (homo faber). É no trabalho que se encontra a diferença específica do homem, segundo diz o filósofo judeu materialista diz em A Ideologia Alemã:
Lênin, o grande discípulo de Marx e também judeu como ele, igualmente via no trabalho um fim em si mesmo para o homem:
Também o Manual de Economia Política da União Soviética, dentro da mais estrita ortodoxia marxista, exaltava o trabalho como o fim último do novo homem a ser produzido pelo comunismo:
Como ensina o grande filósofo tomista pe. Julio Meinvielle:
Uma civilização comunista é uma civilização do trabalho — só o comunista vê o trabalho como um fim em si mesmo, o capitalista vê no trabalho um meio para o seu fim último, que é a acumulação de dinheiro — enquanto que a civilização católica é uma civilização da contemplação. Se fazer do dinheiro o fim último da vida humana, como o fazem os capitalistas, já é uma grossa estupidez e uma aberração
http://www.cristianismo.org.br/efp2-07.htm
Quem dirá então um sistema que faz do trabalho o fim último e a realização do homem?
Na verdade, a doutrina tradicional da Igreja — contra certo cripto-calvinismo, que paradoxalmente acusa a doutrina tradicional sobre o papel da mulher na família de “puritana” — sempre ensinou que a necessidade de trabalhar foi imposta ao homem como castigo pelo pecado original: «In sudoris vultus tui vesceris pane» (Gn 3,19).
Se o trabalho é meio de santificação, não é por uma virtude intrínseca, mas por ser meio de expiação, uma forma de penitência — oferecemos nosso trabalho a Deus como oferecemos nossos incômodos. No céu não iremos mais trabalhar — só se trabalha no purgatório e no inferno (e por aí já se dá pra imaginar que inferno é uma sociedade comunista!).
Ser sustentada pelo marido é um direito natural da mulher. O trabalho não dignifica a mulher e, na maioria das vezes, a degrada. Só quem não trabalhou com mulher pode ignorar isso (quantos problemas numa empresa não são causados pelos caprichos femininos?). Aliás, todos sabemos qual foi a primeira profissão a que se dedicou a mulher quando resolveu trabalhar fora do lar… A Igreja elevou a mulher de escrava do homem à rainha do lar. Não tiremo-la do trono com a desculpa de lhe dar uma utópica e frustrante “realização profissional”. Como foi dito acima, esse negócio de pôr a mulher para fora do lar doméstico produziu uma legião de mulheres submissas: submissas a estranhos, seus patrões e chefes de serviço, em detrimento da legítima submissão a seus maridos.
Em vez de atacar Marx, porquê não se ataca directamente a espiritualidade de S. Josemaría, que afirma taxatoriamente que o trabalho é meio de santificação e que, entre eles (eu não faço parte, atenção, só sigo a espiritualidade desde fora e mais nada), entre eles o trabalho é obrigação grave?
Eu não sou nem quero ser do Opus Dei, mas sigo a espiritualidade deles. E as excepções que vcs falam, são quase todas as muitas mulheres da Obra que têm muitos filhos na sua maioria, e trabalham fora também na sua maioria.
Tenho uma amiga muito querida (beijinho Marta!) que casou há seis anos, já tem quatro filhos e é psicóloga familiar. O quinto já vem a caminho.
A vocação da mulher é a maternidade. Não é ser dona-de-casa. Isso é opcional. Hoje em dia uma criança fica até que idade em casa com a mãe? Até que idade vcs consideram saudável que fique?
O que significa trabalho no lar? O homem não pode partilhar com a esposa os cuidados com o lar? Isso torna o homem menos digno e menos homem?
Desculpem lá, mas algumas coisas não me parecem doutrina, mas ideologia.
“esse negócio de pôr a mulher para fora do lar doméstico produziu uma legião de mulheres submissas: submissas a estranhos, seus patrões e chefes de serviço, em detrimento da legítima submissão a seus maridos”
Muito boas as suas colocações, Irmão Aparecido! Vejo por aí mulheres dizendo que querem ser independentes que não querem depender dos maridos, mas tem que pedir ao chefe para ir ao médico, tem hora para entrar e para sair, tempo cronometrado para almoçar e há até mesmo aquelas que tem que pedir para ir ao banheiro! Sem falar na quantidade de cantadas que a mulher recebe nestes ambientes (e pelas conduções indo e voltando para casa), nas piadinhas que tem que ouvir, entre outras inconveniências… Isso é liberdade? independência? realização profissional? Isso é escravidão! Trabalhamos porque precisamos. E não temos mais tempo para a contmplação! grande sociedade! Cadê a vida espiritual satisfatória? Mal há tempo para a oração!
Capitalismo e comunismo são irmãos! São duas faces de uma mesma moeda. Ambos escravizam o ser humano de alguma forma. Enquanto isso nós mulheres somos praticamente obrigadas a trabalhar não só dentro de casa, mas também fora, tendo que obedecer a patrões nem sempre agradáveis… Há mulheres que conciliam sua carreira com o lar, mas tem várias empregadas… mulheres que precisam deixar em casa seus filhos para cuidar das casas de outras mulheres…que mundo louco!
Um ótimo texto do Pe. Lodi “Mulher fora do lar (o engodo feminista…)”, disponível em http://www.providaanapolis.org.br/muflar.htm
Deixo aqui um trecho muito bom:
“Ao buscar desesperadamente por uma “realização profissional” fora de casa, a mulher está desvalorizando sua função única de mãe e rainha do lar.
Ao sair de casa para “competir” com o marido (ao invés de ficar para “cooperar” com ele), a mãe de família está, sem o saber, atendendo a um dos anseios do Relatório Kissinger, a cartilha do imperialismo contraceptivo dos Estados Unidos. Vejamos o que diz esse documento na página 151:
“A condição e a utilização das mulheres nas sociedades dos países subdesenvolvidos são de extrema importância na redução do tamanho da família. Para as mulheres, o emprego fora do lar oferece uma alternativa para o casamento e maternidade precoces, e incentiva a mulher a ter menos filhos após o casamento… As pesquisas mostram que a redução da fertilidade está relacionada com o trabalho da mulher fora do lar…”
Em resumo: mulheres trabalhando fora de casa significa menor número de filhos. Assim, o Brasil fica com menos brasileiros. E oferece menor ameaça para a segurança e os interesses externos do Tio Sam.”
A Paz!
Não quero discutir Andrea, ok? Vou só comentar uma coisa que vc disse.
No trabalho podemos sim ter vida espiritual. Eu aprendi com a espiritualidade da Obra que devemos estar todo o dia na presença de Deus, devemos colocarmo-nos na presença de Deus a cada momento. Uma boa forma de se fazer isto é através das jaculatórias: se subimos uma escada podemos ir recitando uma jaculatória; se estamos no escritório a escrever, podemos e devemos colocar o nosso trabalho nas mãos de Deus para que Ele o santifique, antes de começarmos, e agradecer pelo bem que trabalhámos depois de acabarmos ou pedir a Deus que nos ensine a fazer melhor da próxima vez. Assim já estaremos constantemente em oração, sempre com Deus no coração, sempre na Sua presença.
Eu não defendo que a mulher seja máquina de produção, escrava do trabalho, esteja mecanizada ou que execute o trabalho com a abstracção do homem. Defendo sim que contribua também para a humanização da sociedade, na vida profissional.
Repito de novo: eu não sou do Opus, mas concordo com a espiritualidade deles: santificação do trabalho e da vida quotidiana; o trabalho e os estudos, entre eles, é obrigação grave – conforme S. Josemaría.
Claro que o trabalho de uma dona-de-casa também é trabalho, sem dúvida.
Encontrei um trecho de Dom Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, que reproduzo. Achei este texto muito bom e sobretudo muito equilibrado – vou traduzir para o meu blog:
La maternidad y el trabajo deben compatibilizarse lo mejor posible
Es importante que la mujer pueda alternar su maternidad con su carrera profesional. Para ello, es necesario en primer lugar, que el marido le brinde a su esposa, todo el apoyo que esta necesita para desarrollar su cultura y su capacidad profesional. Por otra parte, la mujer-madre debe disponer del tiempo suficiente para criar a sus hijos, sin que ello perjudique irreversiblemente su actividad laboral y/o cultural. Y al revés: el trabajo, no debería afectar negativamente la atención a los hijos.Quizá las necesidades económicas que hoy vivimos, hagan difícil encontrar un equilibrio óptimo entre la dedicación de la mujer al trabajo y al hogar.
Por eso, es más importante que nunca afirmar que el mundo laboral debe aprender a respetar el don de la maternidad; si no lo hace, corre serios riesgos de deshumanizarse. El ámbito del trabajo y el ámbito de la cultura, necesitan del “genio” de la mujer para ser más acogedores, más “vivibles”, más “disfrutables”.
La mujer-madre, puede hacer una contribución peculiar en este sentido, si se la deja de tratar como a un hombre -también si ella misma deja de intentar parecerse al hombre-, y se respetan sus tiempos, si se facilita la adaptación de sus obligaciones laborales a su particular condición maternal. De este modo, aunque los empleadores no vean en este enfoque más que problemas inmediatos, a largo plazo podrán comprobar que las mujeres, además de trabajar más a gusto y rendir más, al poder vivir su maternidad como corresponde, enriquecerán con su experiencia maternal la actividad laboral.
La paternidad debe manifestarse en el hogar y en el trabajo
El padre, no sólo debe asumir un compromiso con la maternidad de su propia esposa, sin que debe asumir un compromiso con el respeto a la maternidad de las mujeres que trabajan con él, o para él. En la medida que respete, facilite y proteja la maternidad de sus compañeras o empleadas, será digno de llamarse padre en el sentido amplio del término.
Lo mismo se puede aplicar a las mujeres que dirigen empresas o que trabajan fuera de casa; aunque por lo general, suelen ser más comprensivas.
Los hombres, deben contemplar la especial atención que requiere la maternidad de aquellas mujeres que no son sus esposas, y las mujeres, de esas otras mujeres que no son ellas mismas. Lo contrario, implica incoherencia, propia de quienes viven -esquizofrénicos- una vida hacia el hogar, y otra completamente distinta, hacia el mundo.
Eita nós! Reuniram-se contra mim o pseudo-tradicionalismo dos chupins com o cripto-calvinismo do Opus Dei. O que fazer? Magistério da Igreja neles!
O santo padre Pio XI (o mesmo que condenou o fascismo e o nazismo!) ensina claramente que a mulher não tem o direito de trabalhar fora sem o consentimento do marido e associa a pretensa emancipação social e econômica da mulher (seu trabalho fora do lar) à chamada “emancipação fisiológica” (o aborto):
«27. Os mesmos mestres do erro, que por escritos e por palavras ofuscam a pureza da fé e da castidade conjugal, facilmente destroem a fiel e honesta sujeição da mulher ao marido. Ainda mais audazmente, muitos deles afirmam com leviandade ser ela uma indigna escravidão de um cônjuge ao outro; visto os direitos entre os cônjuges serem iguais, para que não sejam violados pela escravidão de uma parte, defendem com arrogância certa emancipação da mulher, já alcançada ou por alcançar. Estabelecem, mais, que esta emancipação deve ser tríplice: no governo da sociedade doméstica, na administração dos bens da família e na exclusão e supressão da prole, isto é, social, econômica e fisiológica. Fisiológica por quererem que a mulher, de acordo com sua vontade, seja ou deva ser livre dos encargos de esposa, quer conjugais, quer maternos (esta mais do que de emancipação deve apodar-se de nefanda perversidade, como já suficientemente demonstramos). Emancipação econômica por força de que a mulher, ainda que sem conhecimento e contra a vontade do marido, possa livremente ter, gerir e administrar seus negócios privados, desprezando os filhos, o marido e toda a família. Emancipação social, enfim, por se afastarem da mulher os cuidados domésticos tanto dos filhos como da família, para que, desprezados estes, possa entregar-se até às funções e negócios públicos.
Todavia, esta emancipação da mulher não é verdadeira nem é a razoável e digna liberdade que convém à cristã e nobre missão de mulher e esposa; é antes a corrupção da índole feminina e da dignidade materna e a perversão de toda a família, porquanto o marido fica privado de sua mulher, os filhos de sua mãe, a casa e toda a família de sua sempre vigilante guarda. Pelo contrário, essa falsa liberdade e essa inatural igualdade com o homem redundam em prejuízo da própria mulher; porque, se a mulher desce daquele trono real a que dentro do lar doméstico foi elevada pelo Evangelho, depressa cairá na antiga escravidão (se não aparente, certamente de fato), tornando-se, como no paganismo, mero instrumento do homem.
Esta igualdade de direitos, porém, que tanto se exagera e se enaltece, deve reconhecer-se em tudo o que é próprio da pessoa e dignidade humana, e que resulta do pacto nupcial e está na essência do matrimônio; nestas coisas certamente ambos os cônjuges gozam inteiramente do mesmo direito e estão ligados pelo mesmo dever; quanto ao resto, deve existir certa desigualdade e moderação, que o próprio interesse da família e a necessária unidade e firmeza da ordem e da sociedade doméstica requerem.
Se, no entanto, em qualquer parte as condições sociais e econômicas da mulher casada tiverem de transformar-se algum tanto devido à alteração dos usos e costumes da convivência humana, compete ao poder público adaptar às necessidades e exigências hodiernas os direitos civis da mulher, tendo sempre em vista o que é requerido pela diversa índole natural do sexo feminino, pela honestidade dos costumes e pelo interesse comum da família, e desde que também a ordem essencial da sociedade doméstica permaneça intacta, como instituída que foi por uma autoridade e sabedoria mais alta que a humana, isto é, divina, e que não pode mudar-se por leis públicas ou pela vontade dos indivíduos.»
Pio XI, carta encíclica Casti Conubii sobre o matrimônio cristão, n. 27.
http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121930_casti-connubii_lt.html
http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121930_casti-connubii_sp.html
“Gente, vamos parar de falar bobagem: nem o homem nem a mulher se realizam no trabalho, tanto um como outra se realizam na contemplação (cf. Lc 10,42). No céu ninguém vai trabalhar.”
Pois é.
No céu não existe aluguel, nem carnê das Casas Bahia prá pagar….
***
“Em resumo: mulheres trabalhando fora de casa significa menor número de filhos. Assim, o Brasil fica com menos brasileiros. E oferece menor ameaça para a segurança e os interesses externos do Tio Sam.”
essa realmente eu gostei… Que viagem.
O fato da mulher trabalhar ameaça a soberania norte AMERICANA.
***
Olegário.
Teresa,
peço uma gentileza sua.
Por favor, me diga;
Existe qualquer documento da Igreja que CONDENE imperativamente o trabalho da mulher?
Só isso eu almejo saber.
O resto é pipoca e opinião de blogueiro.
E opinião cada um tem a sua.
Grato.
Olegário.