Alguns comentários surgidos no meu post sobre a escandalosa “missa pré-balada” são, por si sós, exemplos incontestáveis da miséria religiosa na qual se encontram os católicos brasileiros. Dão testemunho claro do mal que causam estas “celebrações” totalmente destoantes do senso religioso mais rudimentar – coisa que, como se pode infelizmente constatar, falta em muitos do que aqui vieram se dizendo católicos.
Um erro concreto é uma coisa terrível. Porém, muito mais terrível é a defesa pública do erro. Na maioria das vezes, há muito mais malícia em se defender um pecado do que em cometê-lo. Há mais malícia nas “Católicas pelo Direito de Decidir” do que numa jovem que, pressionada pelo namorado, realiza um aborto. Há mais malícia em um site gayzista como o “Diversidade Católica” do que em um sujeito que, sob a influência de más companhias, vai a uma festa e tem relações sodomitas das quais depois se arrepende. Há mais malícia em se defender abertamente a destruição da Liturgia Católica do que em uma missa mal-celebrada.
Porque um pecado concreto está limitado pelas contingências objetivas nas quais ele se insere. É geralmente feito às escuras, porque se tem consciência de que se trata de uma coisa vergonhosa. Pelo fato da consciência desaprovar-lhe, dele é possível arrepender-se mais facilmente. Há, geralmente, as circunstâncias exteriores que lhe são propícias e lhe dão incontestável incentivo para que ocorra. Não obstante, é mesmo assim uma coisa terrível e uma ofensa infinita e ingrata ao Deus Onipotente! Ora, quão mais terrível então não será defender o pecado às claras, deliberando friamente sobre a situação fora da qual se está, deformando assim a própria consciência e a dos outros? Enquanto cometer um pecado leva para o Inferno aquele que o comete, defender publicamente o pecado arrasta para o Inferno multidões de almas.
Volto à escandalosa missa ocorrida em Maringá (cujo vídeo foi posteriormente removido pelo usuário). O abuso litúrgico é grave. O fato de ser premeditado (já que a referida missa já havia ocorrido outras vezes e já tinha datas previstas para tornar a acontecer) é ainda mais grave. No entanto, o que é mais desolador em tudo isso é ver pessoas defendendo a ofensa a Deus, ou indiferentes a ela. “Não vi tanto escândalo assim neste filme”, “não acho que esse seja um caso grave”, “não vi nada de errado”… estes foram os comentários de alguns (auto-intitulados) católicos que por aqui passaram.
Vamos à aula de catecismo para crianças (literalmente). Vamos ao “Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã” (Vozes, 145ª Edição, Petrópolis, 2005), que as crianças estudam – ou melhor, deveriam estudar – antes de fazer a Primeira Comunhão. Questão nº 139: “Que é a missa”? Resposta: “A missa é o sacrifício incruento do corpo e do sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das aparências de pão e de vinho, em memória do sacrifício da cruz”. E é bastante óbvio para qualquer pessoa normal que é (para dizer o mínimo) desrespeitoso colocar um globo de luz e gelo seco numa cerimônia que torna presente o Calvário.
Vamos à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Vamos à Redemptionis Sacramentum, “sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia”. As palavras são claras: “não se pode calar ante aos abusos, inclusive gravíssimos, contra a natureza da Liturgia e dos sacramentos” (RS 4). Há, no entanto, “católicos” por aqui dizendo que não há problema algum nos abusos litúrgicos, que não devemos nos preocupar com isso, e coisas similares.
Adiante, na mesma instrução (cuja leitura, aliás, é enfaticamente recomendada): “Coerentemente com o que prometeram no rito da sagrada Ordenação e cada ano renovam dentro da Missa Crismal, os presbíteros presidam, «com piedade e fidelidade, a celebração dos mistérios de Cristo, especialmente o Sacrifício da Eucaristia e o sacramento da reconciliação». Não esvaziem o próprio ministério de seu significado profundo, deformando de maneira arbitrária a celebração litúrgica, seja com mudanças, com mutilações ou com acréscimos” (RS 31). A Igreja, portanto, proíbe aos padres “mudanças”, “mutilações” ou “acréscimos” na celebração litúrgica. Coisas que, infeliz e evidentemente, abundam na celebração ocorrida em Maringá. A Santa Missa não é propriedade privada de ninguém, e sim de toda a Igreja. Há normas bem detalhadas para a sua correcta celebração que devem ser obedecidas. Assim é a Igreja Católica. O resto, é achismo de quem se diz católico mas não se porta como tal.
E os frutos podres destes abusos litúrgicos estão mais do que evidentes na própria defesa que estes “católicos” fazem deles. Total ignorância dos rudimentos da Fé Católica, confusão doutrinária, completa ausência de senso litúrgico e de sentire cum Ecclesia. São estes os “católicos” (de)formados por esta escola de negação do catolicismo. Até quando iremos contemplar amargamente este processo de destruição da Fé nas almas dos filhos amados de Deus?
É PRECISO UMA REFORMA DO CLERO JÁ! URGENTEMENTE! INCLUINDO UMA MELHORA REAL NA FORMAÇÃO DOS SEMINARISTAS, AOS QUAIS SE PEDE QUASE QUE EXCLUSIVAMENTE QUE APENAS CUMPRAM OS COMPROMISSOS PASTORAIS. E A ESPIRITUALIDADE, A VIDA ESPIRITUAL, E A DOUTRINA CATÓLICA, E O BOM RELACIONAMENTO COM OS COLEGAS??? TUDO ISSO FICA COLOCADO EM SEGUNDO PLANO. DIGO ISSO POR QUE JÁ FUI SEMINARISTA E EM DOIS SEMINÁRIOS EM QUE ESTIVE O FOCO PRINCIPAL DA FORMAÇÃO ERA A PASTORAL. RÍDICULO!
PARA UM MELHORA DA FORMAÇÃO SACERDOTAL, SEJA CONSIDERADO:
A ordem de importância das dimensões da formação sacerdotal
é a seguinte:
– dimensão humana
– espiritual
– intelectual e
– pastoral
Veja-se o Documento da CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA –ORIENTAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS NA ADMISSÃO E NA FORMAÇÃO DOS CANDIDATOS AO SACERDÓCIO , datado de 29 de Junho de 2008.
O documento está publicado em
http://www.zenit.org/article-20134?l=portuguese
OS ÚNICOS LUGARES EM QUE ESTIVE E NOS QUAIS SE PREOCUPAVAM COM A VIDA ESPIRITUAL FORAM OS MOSTEIROS (PELO MENOS NOS QUE ESTIVE!).
P.S.: ME DESCULPE POR UMA CERTA DIGRESSÃO, MAS ELA ME PARCEU NECESSÁRIA E IMPORTANTE NESSA QUESTÃO.
Por que silenciam os bispos. Por que não agem os bispos fieis à liturgia. Por que não se tomam medidas definitivas e não se unifica a liturgia? Por que tudo parece piorar a cada dia que passa? Se estamos nesta situação com um papa que sofre e pede respeito à santa liturgia da Missa como ficará a Igreja com um papa modernista ou progressista? Deus tende misericórdia da Igreja! Tende piedade de nós.
Eu vi o vídeo no Fratres também. É uma vergonha! A missa deve ser reconhecida por qualquer um e em qualquer lugar do mundo, independente do rito. Quando nos deparamos com deturpações assim, vemos qualquer coisa, menos a missa, pois ela está fantasiada, jogaram esterco na liturgia e debocharam de Nosso Senhor. É mais blasfemo que pisar na hóstia santa, pois é como o Jorge disse nos exemplos, faz com que muitos outros sejam levados ao erro.
Como diz a @Cleycianne: dúvida em Cristo, e quanto ao sr. Bispo?
Prezado Vinicius, a missa “pré-balada” foi uma grave profanação da missa, mas pisar numa hóstia consagrada é muitíssmo mais grave! É causa de exomunhão automática.
Quem profana a hóstia consagrada ou mesmo uma patícula sua incorre em exomunhão automática!!!
OS GRAVIORA DELICTA
1. Graviora delicta
[172.] Os graviora delicta (atos graves) contra a santidade do sacratíssimo Sacramento e Sacrifício da Eucaristia e os sacramentos, são tratados de acordo com as «Normas sobre os graviora delicta, reservados à Congregação para a Doutrina da Fé»,[280] isto é:
a) roubar o reter com fins sacrílegos, ou jogar fora as espécies consagradas;[281]
b) atentar à realização da liturgia do Sacrifício eucarístico ou sua simulação;[282]
c) concelebração proibida do Sacrifício eucarístico juntamente com ministros de Comunidades eclesiais que não tenham sucessão apostólica, nem reconhecida dignidade sacramental da ordenação sacerdotal;[283]
d) consagração com fim sacrílego de uma matéria sem a outra, na celebração eucarística, ou também de ambas, fora da celebração eucarística.[284]
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_20040423_redemptionis-sacramentum_po.html
Jorginho, Jorginho, tudo isso é fruto do “Espírito do Concílio Vatica II”.!
Recentemente li um artigo muito bom do Márcio no pacientes na Tribulação que demonstra como o próprio Concílio Vatica II foi o causador dessas aberrações adentrrem dentro da Santa Igreja Católica.
Coloco aqui o artigo para mostrar que o católico hoje se deixa seduzir pelas aberrações devido a oincentivo das proprias conferencias episcopais:
Todo poder aos sovietes… quer dizer, às Conferências Episcopais!
Os fatos recentes sobre a política brasileira trouxeram à vista, de maneira irrefutável, o quanto a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pode atrapalhar o legítimo pastoreio dos bons bispos que ainda temos. Para os que ainda se enganavam, ficou evidente o abismo que existe entre o que faz a CNBB e o que deveria fazer uma entidade que se auto-denomina católica.
Como se poderia dar uma coisa dessas? Como poderia acontecer que uma conferência episcopal tentasse desautorizar um bispo quando este defende a moral católica? Como poderia acontecer que vários bispos e padres apoiassem um partido comunista e esta mesma conferência não os condenasse publicamente? Como poderia acontecer que uma conferência episcopal promovesse campanhas da “fraternidade” laicistas, ecumênicas, naturalistas, desviando totalmente o sentido da Quaresma? Como poderia uma conferência episcopal promover o indiferentismo religioso? Como?
Todas estas perguntas demostrariam apenas a ingenuidade de quem não conhece a história do golpe de estado que sofreu a Igreja e que se chamou Concílio Vaticano II. Em seu livro “Acuso o concílio”, Dom Marcel Lefebvre cita as intervenções assinadas pelos bispos tradicionais, ele mesmo e dom Carli incluídos, sobre a colegialidade. Estas intervenções já colocavam em evidência a ameaça que a colegialidade representava tanto para a autoridade dos bispos isolados como a do próprio Papa. Eis o trecho de uma das intervenções:
Esse texto [do esquema proposto], de fato, pretende que os membros do Colégio dos bispos possuam direito de governo, seja com o Sumo Pontífice sobre a Igreja universal, seja com os outros bispos sobre as diversas dioceses.
Praticamente, a colegialidade existiria, por um Senado internacional residente em Roma e governando com o Sumo Pontífice a Igreja universal e pelas Assembléias nacionais de
bispos com verdadeiros direitos e deveres em todas as dioceses de uma mesma nação.
Por aí, pouco a pouco, se substituiria na igreja o governo pessoal de um só pastor por Colégios, sejam internacionais, sejam nacionais. Muitos Padres falaram do perigo de uma diminuição do poder do Sumo Pontífice e estamos plenamente de acordo com eles. Mas entrevemos outro perigo ainda mais grave: a desaparição progressiva e ameaçadora do caráter essencial dos bispos, que é o de ser “verdadeiros pastores, que apascentam e governam cada um seu próprio rebanho, confiado a ele, com um poder próprio e imediato e pleno em sua ordem”. Logo e insensivelmente, as assembléias nacionais, com suas comissões, apascentariam e governariam todos os rebanhos, de tal forma que os sacerdotes mesmos e os fiéis encontrar-se-iam colocados entre estes pastores: o bispo, cuja autoridade seria teórica, e a assembléia com suas comissões, que deteriam, de fato, o exercício da autoridade. Poderíamos aportar vários exemplos de dificuldades nas quais se debatem sacerdotes, fiéis e até bispos.
Nosso Senhor quis, certamente, fundar as igrejas particulares sobre a pessoa de seu pastor, e com quanta eloquência falou desta! Também a tradição universal da Igreja nos ensina, como nos mostra com tanta beleza a liturgia da consagração episcopal.
Por isso as assembleias episcopais fundadas sobre uma colegialidade moral, sobre a caridade fraterna, sobre a ajuda mútua podem procurar um grande proveito ao apostolado. Se elas, ao contrário, tomam pouco a pouco o lugar dos bispos, fundadas sobre uma colegialidade jurídica, podem causar-lhe um grave prejuízo.
Portanto, a fim de evitar o dano de que sejam transmitidas a colégios as funções do Sumo Pontífice e dos bispos, propomos outro texto em lugar dos números 16 e 17 e o submetemos à Comissão conciliar.
Dom Marcel Lefebvre, Acuso o concílio, 1976, pg 20-21
Esta intervenção, assinada por dezoito padres conciliares, parece até mesmo uma profecia. De fato, o que testemunhamos hoje em dia, de forma irrefutável, não é exatamente o que previam estes santos padres conciliares? A CNBB desmentindo o que disseram os bispos contra o aborto não é exatamente a situação descrita nesta intervenção? E todas as outras situações que conhecemos, onde os bons bispos e sacerdotes são silenciados por conferências episcopais modernistas não são nada senão a conseqüência lógica da colegialidade defendida pelo Vaticano II. Conseqüência esta denunciada com toda clareza por Dom Marcel Lefebvre e demais bispos fiéis à Igreja Católica antes mesmo do fim do concílio.
É impossível negar que os males atuais da Igreja têm as suas raízes no Concílio Vaticano II. Muitos querem resolver os problemas que afligem a Igreja hoje em dia, mas não querem admitir de forma alguma os erros evidentes do Vaticano II. Reclamam, com justiça, que os bispos não obedecem o Papa, que as conferências episcopais silenciam os bons bispos. Mas se recusam a admitir o óbvio: que foi a maldita colegialidade, defendida pelo malfadado Concílio Vaticano II, a responsável pela anarquia que se vê hoje por toda parte na Igreja. Para salvar o concílio, esforçam-se para jogar toda a sujeira debaixo do tapete. Com isso, acabam varrendo as folhas mortas que caem ao chão, mas arrancar pela raiz a árvore má, a isto eles se recusam com obstinação nada cristã.
Outra intervenção, de 6 de novembro de 1963 e citada no mesmo livro do Dom Lefebvre, coloca em evidência o absurdo da colegialidade. Citamos um trecho:
Se neste Concílio [a colegialidade] se descobre como que por milagre e se afirma solenemente, é necessário afirmar logicamente como quase o tem feito um dos Padres: “a Igreja romana equivocou-se ao ignorar o princípio fundamental de sua divina constituição, o princípio de colegialidade jurídica. E isto, durante longos séculos”.
É necessário também afirmar, logicamente, que os Romanos Pontífices abusaram de seu poder até hoje, negando aos bispos direitos que lhes correspondem por direito divino. Não poderíamos, então, dizer ao Sumo Pontífice o que alguns lhe disseram em termos equivalentes: “devolve o que deves”?
Em verdade, isto é grotesco e sem o menor fundamento.
Em suma: se falamos de colegialidade moral quem a nega? Todo o mundo a admite. Se falamos de colegialidade jurídica, então, como o disse muito bem Dom Carli, “não se pode provar nem pela Sagrada Escritura nem pela teologia nem pela história”.
É mais prudente, pois, não recorrer a esse princípio, já que não é de nenhuma forma correto.
Dom Marcel Lefebvre, Acuso o concílio, 1976, pg 24
Todas estas intervenções conseguiram amenizar um pouco a situação, mas não foram suficientes para livrar o concílio de defender o erro grotesco da colegialidade. Chegou-se à bizarra situação de uma nota explicativa prévia colocada ao final do texto de um documento conciliar, mas os erros permaneceram. E a história pós-conciliar demonstra de forma irrefutável o quanto estavam corretos em suas previsões Dom Marcel Lefebvre e demais padres conciliares tradicionais. Toda a anarquia e o igualitarismo que vemos hoje é a árvore nascida da semente da colegialidade plantada pelo Vaticano II.
Na seqüência, citaremos uma série de textos extraídos do Concílio Vaticano II a respeito das conferências episcopais, ressaltando os poderes que estes verdadeiros órgãos revolucionários receberam e que, como todos sabemos, empregaram muito mal. Todos os eventuais destaques nos textos são nossos:
Onde parecer oportuno às Conferências Episcopais, restaure-se a ordem do diaconato como estado permanente de vida, a teor da Constituição de Ecclesia. (Ad Gentes, 16)
As conferências receberam o direito de organizar cursos de renovação (sic) em diversas matérias para o clero:
As Conferências episcopais procurem organizar, em tempos determinados,cursos de renovação bíblica, teológica, espiritual e pastoral, para que, na variedade e mudança de situações, o clero adquira um conhecimento mais pleno da ciência teológica e dos métodos pastorais. (Ad Gentes, 20)
Receberam também o direito de elaborar planos para o diálogo ecumênico:
Uma vez que os homens se reúnem cada vez mais em grupos, convém absolutamente que as Conferências episcopais tenham planos comuns sobre o diálogo a instituir com esses grupos. (Ad Gentes, 20)
Na atividade missinonária, devem tomar parte ativa na Congregação de “Propaganda Fide” os bispos de todo o mundo… depois de ouvidas as conferências episcopais:
Para todas as missões e para toda a actividade missionária, haja um só dicastério competente, a saber, a Congregação de «Propaganda Fide», que orientará e coordenará, em todo o mundo, tanto a actividade como a cooperação missionária, ressalvando-se, contudo, o direito das Igrejas orientais. (…) Na direcção deste dicastério, tenham parte muito activa, com voto deliberativo, representantes escolhidos de todos aqueles que trabalham na obra missionária: os Bispos de todo o mundo, depois de ouvidas as Conferências episcopais, e os Superiores dos Institutos e das Obras pontifícias, segundo as normas e proporções que o Romano Pontífice estabelecer. Todos estes, que hão-de ser convocados em datas fixas, exerçam, sob a autoridade do Sumo Pontífice, a suprema orientação de toda a obra missionária. (Ad Gentes, 29)
A atividade missionária deveria estar sob a direção das Conferências episcopais:
Mas, para que a actividade missionária dos Bispos a bem de toda a Igreja se possa exercer mais eficazmente, convém que as Conferências episcopais tomem a direcção de todos os assuntos que dizem respeito a uma ordenada cooperação da própria região.
Nas suas Conferências tratem os Bispos dos sacerdotes do clero diocesano que devem dedicar à evangelização dos gentios; da contribuição fixa que cada diocese, em proporção com os seus recursos, deve oferecer todos os anos para a obra das missões; da direcção e organização das formas e dos meios de ajudar directamente as missões; do auxílio e, se for preciso, até da fundação de Institutos missionários e seminários do clero diocesano para as missões; do estreitamento dos laços entre estes Institutos e as dioceses.
Às Conferências episcopais pertence também fundar e promover instituições que fraternalmente recebam e ajudem, com o devido interesse pastoral, os que, por razões de estudo ou de trabalho, emigram das terras de missão. (Ad Gentes, 38)
A formação dos sacerdotes deveria ser elaborada pelas conferências episcopais:
Uma vez que não podem dar-se senão leis gerais para tão grande variedade de povos e regiões, estabeleça-se em cada nação ou rito um peculiar «Plano de formação sacerdotal que há-de ser promulgado pela Conferência episcopal, revisto periodicamente e aprovado pela Santa Sé. (Optatam Totius, 1)
Mesmo depois de terminado o seminário, a formação sacerdotal ainda estará nas mãos das ditas conferências:
Devendo a formação sacerdotal ser continuada e completada, mesmo depois de terminado o curso do Seminário, por causa das condições do mundo moderno, pertence às Conferências episcopais estabelecer em cada nação os meios mais aptos, como sejam Institutos pastorais em colaboração com paróquias bem escolhidas, assembleias em tempos estabelecidos e exercícios apropriados. (Optatam Totius, 22)
As mudanças ou inovações nas dioceses também estariam sob a tutela das conferências:
Antes de, segundo os números 22 e 23, se proceder a mudanças ou inovações nas dioceses, é recomendável que, salvaguardada a disciplina das Igrejas orientais, estes assuntos sejam examinados pelas Conferências episcopais competentes, cada uma em seu território; e recorra-se mesmo, se parecer conveniente, a uma Comissão especial constituída pelos Bispos das províncias ou das regiões interessadas no caso. Em seguida, comuniquem os pareceres e votos à Sé Apostólica. (Christus Dominus, 24)
Para não deixar dúvida da autoridade outorgada às Conferências episcopais, o concílio deixou claro que os religiosos devem se curvar diante delas:
4)(…) Do mesmo modo, estão os religiosos obrigados a observar todas as disposições que os Concílios ou as Conferências episcopais legitimamente estabelecerem para todos. (Christus Dominus, 35)
Com relação à pseudo-reforma da liturgia, que não passou de uma enorme e gravíssima deforma, haveria de se escrever um artigo exclusivo para tratar deste assunto. Aqui, citaremos apenas os trechos que fazem referência às conferências episcopais, dando-lhes o poder de modificar a liturgia.
Receberam, as ditas conferências o direito de regular, dentro de alguns limites, a liturgia, inclusive em relação ao uso do vernáculo. No caso de aprovado o uso do vernárculo pela Santa Sé, a tradução ficaria a cargo das mesmas conferências:
§ 2. Em virtude do poder concedido pelo direito, pertence também às competentes assembleias episcopais territoriais de vário género legitimamente constituídas regular, dentro dos limites estabelecidos, a Liturgia. (Sacrossantum Concilium, 22)
§ 3. Observando estas normas, pertence à competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o artigo 22 § 2, consultados, se for o caso, os Bispos das regiões limítrofes da mesma língua, decidir acerca do uso e extensão da língua vernácula. Tais decisões deverão ser aprovadas ou confirmadas pela Sé Apostólica. (Sacrossantum Concilium, 36)
§ 4. A tradução do texto latino em língua vulgar para uso na Liturgia, deve ser aprovada pela autoridade eclesiástica territorial competente, acima mencionada. (Sacrossantum Concilium, 36)
Os poderes das Conferências delegados pelo concílio vão mais longe:
Será da atribuição da competente autoridade eclesiástica territorial, de que fala o art. 22 § 2, determinar as várias adaptações a fazer, especialmente no que se refere à administração dos sacramentos, aos sacramentais, às procissões, à língua litúrgica, à música sacra e às artes, dentro dos limites estabelecidos nas edições típicas dos livros litúrgicos e sempre segundo as normas fundamentais desta Constituição. (Sacrossantum Concilium, 39)
A tarefa da inculturação, essencial para descaracterizar a unidade do rito tradicional, também será proposta pelas ditas conferências:
1) Deve a competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o art. 22 § 2, considerar com muita prudência e atenção o que, neste aspecto, das tradições e génio de cada povo, poderá oportunamente ser aceite na Liturgia. Proponham-se à Sé Apostólica as adaptações julgadas úteis ou necessárias, para serem introduzidas com o seu consentimento. (Sacrossantum Concilium, 40)
Poderão também constituir uma comissão litúrgica:
Convém que a autoridade eclesiástica territorial competente, a que se refere o art. 22 § 2, crie uma Comissão litúrgica, que deve servir-se da ajuda de especialistas em liturgia, música, arte sacra e pastoral. (Sacrossantum Concilium, 44)
As conferências episcopais receberam também o poder de reformar o rito do matrimônio de acordo com os usos locais:
Concede-se à competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o art. 22 § 2 desta Constituição, a faculdade de preparar um rito próprio de acordo com o uso dos vários lugares e povos, devendo, porém, o sacerdote que assiste pedir e receber o consentimento dos nubentes. (Sacrossantum Concilium, 77)
E, quando reclamamos, com toda razão, das campanhas da fraternidade laicistas da CNBB, devemos nos lembrar que o concílio recomendou às conferências episcopais a reforma da penitência quaresmal, tornando-a mais “externa e social” (sic):
A penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual. Estimule-se a prática da penitência, adaptada ao nosso tempo, às possibilidades das diversas regiões e à condição de cada um dos fiéis. Recomendem-na as autoridades a que se refere o art. 22. (Sacrossantum Concilium, 110)
Podem introduzir no culto divino outros instrumentos musicais além do órgão, fazendo ressalvas que puderam ser facilmente atropeladas na prática:
Podem utilizar-se no culto divino outros instrumentos [além do orgão], segundo o parecer e com o consentimento da autoridade territorial competente, conforme o estabelecido nos art. 22 § 2, 37 e 40, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis. (Sacrossantum Concilium, 120)
Com relação à arte sacra, as instruções do próprio concílio já são uma aberração, uma vez que dá ordem explícita para corrigir ou fazer desaparecer aquilo que não esteja de acordo com a reforma da liturgia! Ou seja, o “sacrossanto” concílio abriu o caminho para a destruição da arte sacra tradicional. Não contente com isso, ainda concedeu liberdade às Conferências episcopais para fazer adaptações às necessidades e costumes locais:
Revejam-se o mais depressa possível, juntamente com os livros litúrgicos, conforme dispõe o art. 25, os cânones e determinações eclesiásticas atinentes ao conjunto das coisas externas que se referem ao culto, sobretudo quanto a uma construção funcional e digna dos edifícios sagrados, erecção e forma dos altares, nobreza, disposição e segurança dos sacrários, dignidade e funcionalidade do baptistério, conveniente disposição das imagens, decoração e ornamentos. Corrijam-se ou desapareçam as normas que parecem menos de acordo com a reforma da Liturgia; mantenham-se e introduzam-se as que forem julgadas aptas a promovê-la.
Neste particular e especialmente quanto à matéria e forma dos objectos e das vestes sagradas, o sagrado [sic] Concílio concede às Conferências episcopais das várias regiões a faculdade de fazer a adaptação às necessidades e costumes dos lugares, segundo o art. 22 desta Constituição. (Sacrossantum Concilium, 128)
Para encerrar as citações deste artigo, a aplicação da educação cristã também estará nas mãos das Conferências episcopais:
Por isso, o sagrado Concílio enuncia alguns princípios fundamentais sobre a educação cristã, mormente nas escolas, princípios que serão depois desenvolvidos por uma Comissão especial e aplicada nos diversos lugares pelas Conferências episcopais. (Gravissimum Educationis, proêmio)
Estas foram algumas sementes da colegialidade plantadas pelo concílio.
Acrescente-se a todos estes poderes dados às Conferências Episcopais o abandono do exercício da autoridade dos Papas, devido à contaminação pelas idéias liberais, e teremos verdadeiros sovietes instalados em cada nação e agindo livremente para impelir a Igreja na direção do progressismo. Colocaram os lobos para tomar conta do rebanho e depois se assustaram quando encontraram as ovelhas mortas…
Não podemos ignorar o fato de que todos estes poderes foram entregues pelo Concílio Vaticano II. Assim, quando a autoridade do papa é desafiada, ou quando os bons bispos e padres foram, ou ainda são, silenciados pelas conferências episcopais dominadas por modernistas, não podemos reclamar da situação se defendemos o concílio que plantou as sementes do igualitarismo. Não temos o direito de esconder as culpas do concílio, que abriu todas as brechas possíveis para a revolta do clero modernista contra o Papa e contra os bons bispos e sacerdotes. Estamos apenas pagando o preço da traição à Igreja que foi a introdução da colegialidade, apesar de todas as advertências dos bons padres conciliares.
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Nota: todos os textos do concílio citados foram extraídos do site do Vaticano
Mais um fruto do Concílio Vaticano II
Outro dia, publiquei um post, Frutos do Concílio Vaticano II, sobre um padre herege vociferando contra a Tradição da Igreja. As eleições no Brasil mostraram muito bem o quanto a heresia já penetrou no conjunto de padres e bispos brasileiros, de forma que talvez possamos concordar com Chesterton quando ele diz: “No passado, o herege se orgulhava de não ser herege. (…) O homem orgulhava-se de ser ortodoxo, orgulhava-se de estar certo. (…) Mas umas poucas frases modernas o fizeram vangloriar-se disso. Ele diz, com um sorriso consciente, “Acho que sou muito herético”, e olha para os lados à procura de aplauso. A palavra “heresia” não somente significa não estar errado; praticamente significa ser inteligente e corajoso.” É claro que a eleição só deixou a situação mais clara para quem não acompanha mais de perto a crise da Igreja depois do CVII.
Agora, um leitor, de nome Ricardo, me envia um comentário, com várias perguntas, no post A Igreja primitiva, uma vez mais. Ele começa o comentário com essas afirmações: “Angueth, sou católico-romano, mas faço uma pergunta aos leitores do blog: em que podemos basear essa exclusividade da Igreja Católica Romana? Muitos talvez pensem que, por eu estar fazendo este questionamento, não sou mais católico-romano. Pode ser, mas a pergunta continua: qual o fundamento desse exclusivismo?”
Muitas coisas ocorrem a quem lê tais afirmativas. Primeiramente, ele admite que talvez não seja católico – “pode ser, mas a pergunta continua”. De outro lado, vemos que está disposto a deixar de ser católico por não saber responder a si mesmo a razão de a Igreja ser verdadeira e seus inimigos, falsos. Um católico assim é de fato um ser muito estranho.
Mas como condenar nosso pobre leitor, que é um fruto maduro do CVII? Como condenar seu protestantismo que já aparece bem nítido, quando tudo isso era previsível já logo depois do Concílio? De fato, os cardeais Ottaviani e Bacci escreveram ao Papa Paulo VI, dizendo sobre a nova liturgia (Novus Ordo): “Quiseram passar uma esponja em toda a teologia da Missa. Terminou como algo muito próximo da teologia protestante que destruiu o sacrifício da Missa”. Vários eminentes teólogos e observadores protestantes comemoravam o Concílio como uma capitulação da Igreja ao protestantismo, como o fim da era tridentina, como a negação do Concílio de Trento. Michael Davies cita vários destes depoimentos em seu livro “Pope John’s Council”. Por exemplo, Oscar Cullman, importante teólogo suíço, declarou: “As esperanças dos protestantes com relação ao Vaticano II não só foram cumpridas, mas as realizações do Concílio foram muito além do que se acreditava possível”.
Quem frequenta as missas modernas e principalmente lê o folheto O DOMINGO, tem uma grande chance de se tornar protestante, ou algo parecido ao leitor Ricardo. Sugiro a todos que lêem meus comentários a este famigerado folheto nos links aqui do lado direto. Daí vem a segunda forte impressão das frases inicias do comentário do Ricardo: o que ele pensará da Sagrada Comunhão? Como ele a recebe, todas as vezes que ele comunga? Será que ele relativiza a Eucaristia da mesma forma que ele relativiza a verdade? É muito possível que sim. Mas, de novo, como condená-lo? Como condená-lo, quando os próprios padres não respeitam a Presença Real na Hóstia Consagrada? Como condená-lo, se todos recebem a Comunhão na mão?
A situação terrível em que se encontra o leitor Ricardo é a da maioria dos católicos de hoje. É a situação terrível da crise monumental da Igreja. Neste ambiente, de que adianta dizer ao Ricardo que a Igreja é o único verdadeiro depósito da Fé, em contraposição com as mais de 30.000 denominações protestantes espalhadas pelo mundo? De que adianta dizer-lhe que a Presença Real, assim como todos os outros Sacramentos, está SOMENTE, na Santa Igreja Católica? Os católicos já não têm capacidade de acreditar, não na Igreja, não no Poder das Chaves, mas que existe verdade. Pois a mais poderosa arma contra o catolicismo não é a destruição da Fé em si, mas a destruição da Razão. Com a destruição da Razão, que foi promovida pelo Racionalismo, filho da Reforma, destruiu-se, na mente de todos, o conceito de Verdade. Sem este conceito, não há como ascender do imanente ao transcendente, da matéria ao espírito, do natural ao sobrenatural. O homem é assim desligado de sua essência transcendente e então, só então, todas as religiões podem ser comparáveis.
Quem tem a razão destruída pelo racionalismo não percebe as mínimas contradições lógicas das várias doutrinas e é incapaz de contemplar com admiração a extraordinária coesão lógica do edifício da Igreja Católica Apostólica Romana. Por exemplo, o leitor cita, de passagem, a doutrina da “sola scriptura”. Esta doutrina é logicamente auto-contraditória. Alguém que afirme que só acredita doutrinariamente no que está literalmente dito na Bíblia e em nada mais, desconhecendo como ilegítimo tudo o que a Tradição da Igreja declara, não percebe que para fazer isto sem contradição, seria preciso que a doutrina da “sola scriptura” estivesse expressa literalmente na Bíblia, o que não é verdade. Ou seja, ele acredita, em termos doutrinários, em algo externo à Bíblia, o que contraria sua afirmação inicial. Não é surpresa que o racionalismo trouxe uma era de misticismo irracional sem precedentes. Todas as mais loucas crenças orientais e também ocidentais invadiram nossa civilização, depois do ataque do racionalismo.
A confusão mental que se instalou transparece claramente no comentário do leitor, que depois de fazer uma quase declaração protestante, critica, ao final de seu comentário, os modernistas e liberais católicos, não percebendo que o modernismo (se é que ele está falando de modernismo na concepção de São Pio X) entrou na Igreja justamente por meio daqueles que subscreviam a heresia protestante, via doutrina do liberalismo. Ele não percebe que é MODERNISTA, até a medula.
Que dizer ao leitor, exceto sugerir-lhe que reze a Nossa Senhora para que ela lhe ilumine com a Graça da Santíssima Trindade, que cuide para que sua Razão não seja tragada pelo liberalismo protestante, que cuide para que sua Fé não seja destruída pelos padres modernistas e pela Missa Nova, para que ele perceba que antes de doutrina, antes de teoria, o catolicismo é uma PRESENÇA, que se atualiza em cada HÓSTIA SAGRADA e que garante que a Igreja Católica é a ÚNICA verdadeira, por onde, através dos Sacramentos, flui a graça de Deus?
Trouxe a todos esse artigo por considerá-lo fundamental para nossa crença católica.
Alex, eu me refiro aos efeitos da blasfêmia. Claro que é mais grave pisar numa hóstia, mas os frutos deste tipo de blasfêmia(na liturgia) são muito mais efetivos.
Por que sou católico
G. K. Chesterton
Notas do tradutor:
1. Tenho sempre me defrontado com esta pergunta, feita por alguém: “Por que você é católico?” Como somos obrigados a dar satisfação sobre a fé que nos anima (os cristãos devem estar ‘‘sempre prontos a satisfazer a quem quer que lhes peça razões da esperança que os anima’’(1 Ped 3,15)), tenho sempre algumas respostas-padrão. Resolvi, contudo, traduzir este soberbo texto de Chesterton sobre suas razões para ter sido católico, que tomo como orientação para minhas próprias respostas.
2. Quem conseguir ler em inglês, não perca tempo com minha tradução. Em muitos sentidos, é impossível traduzir Chesterton. Ele é um mestre com as palavras e este pobre tradutor não dá contra disso em nosso idioma. O link para o artigo em inglês se encontra ao final da tradução.
3. É interessante ler este artigo em conjunto com outro: Por que acredito no cristianismo, já traduzido neste blog.
4. Claro, temos um Chesterton brasileiro. Ele se chama Gustavo Corção. Não deixe de lê-lo, sobretudo, Três alqueires e uma vaca, onde Corção fala de Chesterton.
A dificuldade em explicar “Por que eu sou Católico” é que há dez mil razões para isso, todas se resumindo a uma única: o catolicismo é verdadeiro. Eu poderia preencher todo o meu espaço com sentenças separadas, todas começando com as palavras, “É a única coisa que …” Como, por exemplo, (1) É a única coisa que previne um pecado de se tornar um segredo. (2) É a única coisa em que o superior não pode ser superior; no sentido da arrogância e do desdém. (3) É a única coisa que liberta o homem da escravidão degradante de ser sempre criança. (4) É a única coisa que fala como se fosse a verdade; como se fosse um mensageiro real se recusando a alterar a verdadeira mensagem. (5) É o único tipo de cristianismo que realmente contém todo tipo de homem; mesmo o respeitável. (6) É a única grande tentativa de mudar o mundo desde dentro; usando a vontade e não as leis; etc.
Ou posso tratar o assunto de forma pessoal e descrever minha própria conversão; acontece que tenho uma forte impressão de que esse método faz a coisa parecer muito menor do que realmente é. Homens muito melhores, em muito maior número, se converteram a religiões muito piores. Preferiria tentar dizer, aqui, coisas a respeito da Igreja Católica que não se podem dizer mesmo sobre suas mais respeitáveis rivais. Em resumo, diria apenas que a Igreja Católica é católica. Preferiria tentar sugerir que ela não é somente maior que eu, mas maior que qualquer coisa no mundo; que ela é realmente maior que o mundo. Mas, como neste pequeno espaço, disponho apenas de uma pequena seção, abordarei sua função como guardiã da verdade.
Outro dia, um conhecido escritor, muito bem informado em outros assuntos, disse que a Igreja Católica é uma eterna inimiga das novas idéias. Provavelmente não ocorreu a ele que sua própria observação não é exatamente uma nova idéia. É uma daquelas noções que os católicos têm de refutar continuamente, porque é uma idéia muito antiga. Na realidade, aqueles que reclamam que o catolicismo não diz nada novo, raramente pensam que seja necessário dizer alguma coisa nova sobre o catolicismo. De fato, o estudo real da História mostrará que isso é curiosamente contrário aos fatos. Na medida em que as idéias são realmente idéias, e na medida em que tais idéias são novas, os católicos têm sofrido continuamente por apoiarem-nas quando elas são realmente novas; quando elas eram muito novas para encontrar alguém que as apoiasse. O católico foi não só o pioneiro na área, mas o único; e até hoje não houve ninguém que compreendesse o que se tinha descoberto lá.
Assim, por exemplo, quase duzentos anos antes da Declaração de Independência e da Revolução Francesa, numa era devotada ao orgulho e ao louvor aos príncipes, o Cardeal Bellarmine e Suarez, o Espanhol, formularam lucidamente toda a teoria da democracia real. Mas naquela era do Direito Divino, eles somente produziram a impressão de serem jesuítas sofisticados e sanguinários, se insinuando com adagas para assassinarem os reis. Então, novamente, os casuístas das escolas católicas disseram tudo o que pode ser dito e que constam de nossas peças e romances atuais, duzentos anos antes de eles serem escritos. Eles disseram que há sim problemas de conduta moral, mas eles tiveram a infelicidade de dizê-lo muito cedo, cedo de dois séculos. Num tempo de extraordinário fanatismo e de uma vituperação livre e fácil, eles foram simplesmente chamados de mentirosos e trapaceiros por terem sido psicólogos antes da psicologia se tornar moda. Seria fácil dar inúmeros outros exemplos, e citar o caso de idéias que são ainda muito novas para serem compreendidas. Há passagens da Encíclica do Papa Leão sobre o trabalho [conhecida como Rerum Novarum, publicada em 1891] que somente agora estão começando a ser usadas como sugestões para movimentos sociais muito mais novos do que o socialismo. E quando o Sr. Belloc escreveu a respeito do Estado Servil, ele estava apresentando uma teoria econômica tão original que quase ninguém ainda percebeu do que se trata. E então, quando os católicos apresentam objeções, seu protesto será facilmente explicado pelo conhecido fato de que católicos nunca se preocupam com idéias novas.
Contudo, o homem que fez essa observação sobre os católicos quis dizer algo; e é justo fazê-lo compreender muito mais claramente o que ele próprio disse. O que ele quis dizer é que, no mundo moderno, a Igreja Católica é, de fato, uma inimiga de muitas modas influentes; muitas delas ainda se dizem novas, apesar de algumas delas começarem a se tornar um pouco decadentes. Em outras palavras, na medida em que diz que a Igreja freqüentemente ataca o que o mundo, em cada era, apóia, ele está perfeitamente certo. A Igreja sempre se coloca contra a moda passageira do mundo; e ela tem experiência suficiente para saber quão rapidamente as modas passam. Mas para entender exatamente o que está envolvido, é necessário tomarmos um ponto de vista mais amplo e considerar a natureza última das idéias em questão, considerar, por assim dizer, a idéia da idéia.
Nove dentre dez do que chamamos novas idéias são simplesmente erros antigos. A Igreja Católica tem como uma de suas principais funções prevenir que os indivíduos comentam esses velhos erros; de cometê-los repetidamente, como eles fariam se deixados livres. A verdade sobre a atitude católica frente à heresia, ou como alguns diriam, frente à liberdade, pode ser mais bem expressa utilizando-se a metáfora de um mapa. A Igreja Católica possui uma espécie de mapa da mente que parece um labirinto, mas que é, de fato, um guia para o labirinto. Ele foi compilado a partir de um conhecimento que, mesmo se considerado humano, não tem nenhum paralelo humano.
Não há nenhum outro caso de uma instituição inteligente e contínua que tenha pensado sobre o pensamento por dois mil anos. Sua experiência cobre naturalmente quase todas as experiências; e especialmente quase todos os erros. O resultado é um mapa no qual todas as ruas sem saída e as estradas ruins estão claramente marcadas, todos os caminhos que se mostraram sem valor pela melhor de todas as evidências: a evidência daqueles que os percorreram.
Nesse mapa da mente, os erros são marcados como exceções. A maior parte dele consiste de playgrounds e alegres campos de caça, onde a mente pode ter tanta liberdade quanto queira; sem se esquecer de inúmeros campos de batalha intelectual em que a batalha está eternamente aberta e indefinida. Mas o mapa definitivamente se responsabiliza por fazer certas estradas se dirigirem ao nada ou à destruição, a um muro ou ao precipício. Assim, ele evita que os homens percam repetidamente seu tempo ou suas vidas em caminhos sabidamente fúteis ou desastrosos, e que podem atrair viajantes novamente no futuro. A Igreja se faz responsável por alertar seu povo contra eles; e disso a questão real depende. Ela dogmaticamente defende a humanidade de seus piores inimigos, daqueles grisalhos, horríveis e devoradores monstros dos velhos erros. Agora, todas essas falsas questões têm uma maneira de parecer novas em folha, especialmente para uma geração nova em folha. Suas primeiras afirmações soam inofensivas e plausíveis. Darei apenas dois exemplos. Soa inofensivo dizer, como muitos dos modernos dizem: “As ações só são erradas se são más para a sociedade.” Siga essa sugestão e, cedo ou tarde, você terá a desumanidade de uma colméia ou de uma cidade pagã, o estabelecimento da escravidão como o meio mais barato ou mais direto de produção, a tortura dos escravos pois, afinal, o indivíduo não é nada para o Estado, a declaração de que um homem inocente deve morrer pelo povo, como fizeram os assassinos de Cristo. Então, talvez, voltaremos às definições da Igreja Católica e descobriremos que a Igreja, ao mesmo tempo que diz que é nossa tarefa trabalhar para a sociedade, também diz outras coisas que proíbem a injustiça individual. Ou novamente, soa muito piedoso dizer, “Nosso conflito moral deve terminar com a vitória do espiritual sobre o material.” Siga essa sugestão e você terminará com a loucura dos maniqueus, dizendo que um suicídio é bom porque é um sacrifício, que a perversão sexual é boa porque não produz vida, que o demônio fez o sol e a lua porque eles são materiais. Então, você pode começar a adivinhar a razão de o cristianismo insistir que há espíritos maus e bons; e que a matéria também pode ser sagrada, como na Encarnação ou na Missa, no sacramento do casamento e na ressurreição da carne.
Não há nenhuma outra mente institucional no mundo que está pronta a evitar que as mentes errem. O policial chega tarde, quando ele tentar evitar que os homens cometam erros. O médico chega tarde, pois ele apenas chega para examinar o louco, não para aconselhar o homem são a como não enlouquecer. E todas as outras seitas e escolas são inadequadas a esse propósito. E isso não é porque elas possam não conter uma verdade, mas precisamente porque cada uma delas contém uma verdade; e estão contentes por conter uma verdade. Nenhuma delas pretende conter a verdade. A Igreja não está simplesmente armada contra as heresias do passado ou mesmo do presente, mas igualmente contra aquelas do futuro, que podem estar em exata oposição com as do presente. O catolicismo não é ritualismo; ele poderá estar lutando, no futuro, contra algum tipo de exagero ritualístico supersticioso e idólatra. O catolicismo não é ascetismo; ele, repetidamente no passado, reprimiu os exageros fanáticos e cruéis do ascetismo. O catolicismo não é mero misticismo; ele está agora mesmo defendendo a razão humana contra o mero misticismo dos pragmatistas. Assim, quando o mundo era puritano, no século XVII, a Igreja era acusada de exagerar a caridade a ponto da sofisticação, por fazer tudo fácil pela negligência confessional. Agora que o mundo não é puritano mas pagão, é a Igreja que está protestando contra a negligência da vestimenta e das maneiras pagãs. Ela está fazendo o que os puritanos desejariam fazer, quando isso fosse realmente desejável. Com toda a probabilidade, o melhor do protestantismo somente sobreviverá no catolicismo; e, nesse sentido, todos os católicos serão ainda puritanos quando todos os puritanos forem pagãos.
Assim, por exemplo, o catolicismo, num sentido pouco compreendido, fica fora de uma briga como aquela do darwinismo em Dayton. Ele fica fora porque permanece, em tudo, em torno dela, como uma casa que abarca duas peças de mobília que não combinam. Não é nada sectário dizer que ele está antes, depois e além de todas as coisas, em todas as direções. Ele é imparcial na briga entre fundamentalistas e a teoria da Origem das Espécies, porque ele se funda numa origem anterior àquela Origem; porque ele é mais fundamental que o Fundamentalismo. Ele sabe de onde veio a Bíblia. Ele também sabe aonde vão as teorias da Evolução. Ele sabe que houve muitos outros evangelhos além dos Quatro Evangelhos e que eles foram eliminados somente pela autoridade da Igreja Católica. Ele sabe que há muitas outras teorias da evolução além da de Darwin; e que a última será muito provavelmente eliminada pela ciência mais recente. Ele não aceita, convencionalmente, as conclusões da ciência, pela simples razão de que a ciência ainda não chegou a uma conclusão. Concluir é se calar; e o homem de ciência dificilmente se calará. Ele não acredita, convencionalmente, no que a Bíblia diz, pela simples razão de que a Bíblia não diz nada. Você não pode colocar um livro no banco das testemunhas e perguntar o que ele quer dizer. A própria controvérsia fundamentalista se destrói a si mesma. A Bíblia por si mesma não pode ser a base do acordo quando ela é a causa do desacordo; não pode ser a base comum dos cristãos quando alguns a tomam alegoricamente e outros literalmente. O católico se refere a algo que pode dizer alguma coisa, para a mente viva, consistente e contínua da qual tenho falado; a mais alta consciência do homem guiado por Deus.
Cresce a cada momento, para nós, a necessidade moral por tal mente imortal. Devemos ter alguma coisa que suportará os quatro cantos do mundo, enquanto fazemos nossos experimentos sociais ou construímos nossas Utopias. Por exemplo, devemos ter um acordo final, pelo menos em nome do truísmo da irmandade dos homens, que resista a alguma reação da brutalidade humana. Nada é mais provável, no momento presente, que a corrupção do governo representativo solte os ricos de todas as amarras e que eles pisoteiem todas as tradições com o mero orgulho pagão. Devemos ter todos os truísmos, em todos os lugares, reconhecidos como verdadeiros. Devemos evitar a mera reação e a temerosa repetição de velhos erros. Devemos fazer o mundo intelectual seguro para a democracia. Mas na condição da moderna anarquia mental, nem um nem outro ideal está seguro. Tal como os protestantes recorreram à Bíblia contra os padres e não perceberam que a Bíblia também podia ser questionada, assim também os republicanos recorreram ao povo contra os reis e não perceberam que o povo também podia ser desafiado. Não há fim para a dissolução das idéias, para a destruição de todos os testes da verdade, situação tornada possível desde que os homens abandonaram a tentativa de manter uma Verdade central e civilizada, de conter todas as verdades e identificar e refutar todos os erros. Desde então, cada grupo tem tomado uma verdade por vez e gastado tempo em torná-la uma mentira. Não temos tido nada, exceto movimentos; ou em outras palavras, monomanias. Mas a Igreja não é um movimento e sim um lugar de encontro, um lugar de encontro para todas as verdades do mundo.
Disponível em inglês em Why I am a Catholic
O que há no Brasil é um catolicismo apenas aparente ou alguem ainda duvida disso ?
Aliás depois do CV II o que temos quase em todos os lugares é uma religião apaziguada e confortavelmente estabelecida neste mundo de uma tal forma que os católicos de hoje não conseguem mais se sentir cidadãos do céu , tal sua identificação com o espírito do tempo.A tensão para a vida eterna se perdeu ,o importante é construir uma “terra nova” , uma mundo sem “desigualdades”.
A fé católica integral resiste em alguns raros espaços.E definitivamente no Brasil eles são raríssimos.
Que Deus tenha piedade de nós.
Olhem, nem tudo está perdido! Tive hoje a grata surpresa de assistir à Santa Missa celebrada na igreja de São Francisco das Chagas em Paranaguá-PR. Muito bem celebrada pelo Pe. André, reitor da dita igreja, observando-se tudo o que manda a Santa Igreja em matéria litúrgica. A quem passar por Paranaguá fica a dica! Não deixem de passar por esta igreja e conhecer Pe. André. Como ele, creio que há muitos seminaristas e sacerdotes preocupados em oferecer um culto verdadeiramente agradável a Deus!
Já deu para perceber que é um abuso bem abusivo. Que tal falar para o Bispo? Porque o padre faz parte do escândalo, é o autor do escâdalo, então, não adianta ir conversar com ele. Por que não ir atrás do Bispo, a quem ele deve obediência, para denunciar isso? É o que se pode fazer nesses casos um “leigo consciente e preocupado”.
Se não der certo com o Bispo, denuncia para o Vaticano. Depois de um Bispo, só o Papa. Se não der certo… Paciência. Reza, amigo, ou então vira padre e faz a diferença na bagunça.
E os escândalos vão continuar ocorrendo, não por culpa do “CVII”, mesmo antes do concílio, padres pedófilos se ordenavam (ou ninguém se lembra do caso explorado pelo SBT Repórter? Acaso aquele padre velho e pseudo-moralista foi formado no pós-concílio? Ora, no meu Estado, temos padres pais de pessoas por aqui, padres de 90 e poucos anos. Quem nunca ouviu falar de filhos de padres? Não é de hoje).
Mas… quanto à liturgia: a culpa é só do clero. Somente do clero. Na Igreja Católica, vejam a realidade, tem gente de todo jeito, gente simples. Se o padre diz que não existe problema em entrar com skate na Igreja, o leigo mais simples não contesta. É uma autoridade falando. Ainda mais para um jovem de hoje, acostumado com uma liberalidade moral muito maior do que as outras gerações. Acostumado com faltas de respeito maior do que outras gerações. Eles mesmos são mal educados. E tudo isso que ocorre hoje vem da falta de costume das gentes. O conceito do que é “decente” hoje não é o mesmo de tempos atrás. Aceita-se a indecência com muito mais naturalidade. Aceita-se coisas absurdas com muito mais naturalidade hoje, em todos os ambientes.
Por mais absurdos que vejo em liturgias, nunca vou culpar o leito por elas. Quem celebra a missa é o Padre. Quem permite os abusos é o Padre. Ele é o culpado porque nada que ocorre na Missa, absolutamente nada, sem o consentimento dele.
Cansei desta história de “depois do Concílio Vaticano II”. Fala sério, bispos e padres indignos sempre houve na história da humanidade. O rito novo bem celebrado é lindíssimo! O santo padre dá a prova disto a cada celebração.
Como disse Jesus numa ocasião: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra” e o Senhor deve estar lembrado de quantas pedras foram jogadas na pecadora. Esta é a atitude que Jesus espera de seus seguidores, mas o Senhor pelo jeito é maior que o próprio Jasus e por isso se atribui o direito de ir jogando pedra para tudo que lado e semeando a discórdia e a divisão em nossa Igreja Católica.
Tendo pessoas como o Senhor na nossa Igreja Satanás nem precisa mais fazer o trabalho dele… Continuo dizendo que o seu site está fazendo o trabalho de Satanás no seio da Igreja semeando discórdia e divisão quando deveria estar fazendo correção fraterna em busca da unidade.
Tudo isto é horrível mesmo. Acabei de postar um novo artigo em meu blog: http://sentircomaigreja.blogspot.com/2010/11/serie-bizarrices-liturgicas-danca.html
O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.
Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na Missa Tridentina.
Óbvio que você não vai ver, né Gustavo. Dá para contar quantas missas tridentinas são celebradas no mundo. Se estas poucas ainda forem celebradas indignamente, pode pedir arrego, né meu filho…
Falou muito bem, Vinícios.
Os adoradores da Missa Tridentina ficam perguntando por “abusos” nessas Missas. Amigos meus desses tempos de Rito Tridentino, diziam que, várias vezes, viam o padre consagrar com voz alta a Hóstia Sagrada em Latim! Isso não é um abuso? Outros claramente deveriam ocorrer nas proporções da época. Aliás, o abuso será sempre maior para quem mais tem conhecimento de coisas que, normalmente, só o padre tem obrigação primordial de saber.
Por isso, o velho ditado: “lá vem fulano, querendo ensinar padre a rezar Missa”.
Um ditado popular e muito sábio.
É o Padre que celebra a Missa. E, se esse padre da balada fosse celebrar Missa em Rito Tridentino, caso este fosse o ordinário, ia provocar abusos no Rito Tridentino também.
Essa gente fica culpando CVII pela incompetência do CLERO. Não é o Concílio que tem problemas, é a formação do Clero que é deficiente. A seleção do Clero é deficiente e essa deficiência começa pela desobediência ao Papa.
Desobediência esta que os próprios “tradicionais” comungam com seus gritos, gemidos, ranger de dentes e inutilidade geral de reclamações por “toda blogosfera católica” que não muda um “ai” da realidade porque não é assim que as coisas mudam. Se “toda blogosfera católica” sucumbisse, ainda assim as coisas na Igreja não iriam piorar nem melhorar.
Quer um conselho? Virem padres os que puderem. Virem professores universitários os que puderem. Saiam da toca e ajam na formação da elite da sociedade e da consciência das pessoas.
Fala sério, ninguém aguenta mais ver esses texto enormes sendo flooddados na blogosfera. Me recuso a perder meu tempo para ver mais um caminhão de palavras acusando o CVII disso, daquilo, daquele outro… Tudo o que passamos é muito fruto muito mais por causa do clero que do Concílio. As próprias ações pós-conciliares são fruto disso, a natural imperfeição humana somado àquele modernismo desgraçado (na mais pura acepção do termo).
Cansei desta história de “depois do Concílio Vaticano II”. Fala sério, bispos e padres indignos sempre houve na história da humanidade. O rito novo bem celebrado é lindíssimo! O santo padre dá a prova disto a cada celebração.[2]
“O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.
Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na Missa Tridentina.”(2)
Claro que o Vaticano II não o grande culpado de tudo. Creio que ninguém afirmou isto aqui. Mas que ele abriu espaço para os abusos não há duvida. Está patente. Só para exemplificar vejam qual o sentido da festa de Cristo Rei que a nova liturgia apresenta. Considera o antigo sentido da Festa como triunfalismo, esnobismo e até recusa a Cristo o nome de Rei. Alias próprio Cristo se referiu a sim mesmo como rei quando do juízo final. É ao ler Mateus capitulo 25. Dá pra entender que o proprio concilio contribuiu e muito para que está acontecendo hoje. Perceber isto não pé ser contra o Concilio é ver que nesta há coisas que precisam ser bem compreendidas e até mesmo corrigidas. Mas rezemos para a Igreja sais desta pela Graça de Deus.
“A solenidade deste último domingo do ano litúrgico da Igreja nos coloca frente à realeza de Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, esta festa litúrgica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que realeza se trata?
Para superar a ambigüidade que permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para colocá-lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por nós. Jesus está na outra margem. Ele é a antítese da realeza da riqueza e do poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da paixão de Jesus para contemplar sua realeza.
Jesus foi Rei durante sua vida, em apenas dois momentos, ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado e ao ser humilhado na paixão, revestido com manto de púrpura-gozação e capacete de espinhos; rei ao morrer despido e com o peito traspassado na cruz. Rei da Paz e Rei do Amor-sem-limite até a morte. A realeza de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deus por toda a Humanidade e por toda a criação.
Esta festa é ocasião propícia para podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o poder-dominação, o poder opressor, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isto se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de sua Ressurreição.
Esta festa se torna então reveladora de um tríplice fundamento para a nossa Esperança, de que as Promessas de Deus serão cumpridas até o fim.
O surgimento da matéria e sua evolução, desde o big-bang ─ quando toda a energia do Universo se concentrava em um único ponto menor do que o átomo ─ são o primeiro fundamento de nossa Esperança.
Deus é criador respeitando as leis daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania de Deus vem se cumprindo num Universo em expansão, uma vez que a evolução da matéria atingiu seu ponto Ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque nele está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gerações.
O segundo fundamento é a pessoa de Jesus de Nazaré. O sonho de uma Humanidade humanizada ─ tornada aquilo que ela é ─ vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem ─ figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Jesus nos humaniza com a sua divindade: nunca Deus esteve tão perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes e pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser Deus mesmo.
O terceiro fundamento de nossa esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso Batismo, pois na realeza de Jesus fomos batizados para ser reis e rainhas; no Sacerdócio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no Profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetisas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus, revelada em seu Filho.
A soberania dessa realeza consiste no serviço da cultura da Paz e da solidariedade, da compaixão e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.
No Sacerdócio de Jesus nos unimos à sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz à Vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A Esperança posta no Sacerdócio de Jesus é também certeza de que a vida gasta por compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.
Nossa Esperança é profética, pois a força da Palavra inaugura o Futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos co-move, para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente em Deus, sentido radical do futuro, ou, como diz o provérbio, que “o futuro a Deus pertence”. Mas é Deus mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso é que é ter Esperança: esperar Deus mesmo!
A festa de hoje nos faz contemplar a existência do Universo, necessária para que surgisse o grande presente de Deus oferecido a toda a Criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, tem cabeça e tem coração.
Assim, como São Paulo, vivemos na Esperança, mas hoje sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do Universo que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os outros que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de seu Filho, por quem recebemos a Vida e Plenitude da graça de Deus. Amém.
“http://blog.cancaonova.com/padreanderson/2009/11/22/34-domingo-d-tempo-comum-%E2%80%93-solenidade-de-cristo-rei-do-universo/#comment-18372
Sinceramente, o conselho da Maria das Mercedes é muito bom!
Leopoldo, questão já devidamente respondida acima, não adianta re-postar.
—
Li o texto citado por Renato Lima. Em determinada altura do texto o autor começa a citar trechos de documentos do CVII, não sem antes fazer a respectiva introdução para lhes dar o sentido que deseja, conscientemente ou não. Escolho então apenas uma:
Antes vem a introdução, que fala que o Concílio deu poder às Conferências Episcopais no sentido de tomar toda e qualquer medida de inculturação a seu bel-prazer (essa é a mensagem que passa claramente, principalmente no contexto). Vamos a ela:
“A tarefa da inculturação, essencial para descaracterizar a unidade do rito tradicional, também será proposta pelas ditas conferências:”
Para confirmar tal argumento nos trazem um trecho da Sacrossanctum Concilium que diz que a inculturação deve ser analisada de forma absolutamente prudente e atenta, analisando o que é realmente oportuno. Ademais, as conclusões e sugestões devem ser remetidas a Roma e só podem se efetivar com seu aval. Vejamos:
“1) Deve a competente autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o art. 22 § 2, considerar com muita prudência e atenção o que, neste aspecto, das tradições e génio de cada povo, poderá oportunamente ser aceite na Liturgia. Proponham-se à Sé Apostólica as adaptações julgadas úteis ou necessárias, para serem introduzidas com o seu consentimento. (Sacrossantum Concilium, 40)”
Bem, é claro que não é o que ocorre. O título do texto é Todo poder aos sovietes… quer dizer, às Conferências Episcopais!, e atribui esse deslocamento de poder ao Concílio. Ora, a realidade é que as Conferências extrapolam e muito suas funções originais, sendo desobedientes ao Papa e ao Concílio. Mas é claro, a culpa é do Concílio!! Às vezes eu imagino que a Igreja era um conto de fadas em 1961 quando de repente, não mais que de repente, soprou o vento do demônio e transformou luz em trevas. Francamente!!!
Ainda sobre o conselho da Maria das Mercedes, sem querer entrar demais em questões pessoais, a vida sacerdotal é algo belíssimo, bem como a vida monástica! Eu mesmo já tentei seguir a vida sacerdotal e monástica. Aproveito a oportunidade, para pedir orações aos leitores por minha realização vocacional que ainda não encontrei! Deus lhes pague pelas orações!
“O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.
Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na Missa Tridentina.”(3)
“O abuso litúrgico é plenamente compatível e favorecido pelo ambiente criado pela Missa Nova.
Desafio qualquer um a postar um vídeo ou foto de abuso litúrgico na Missa Tridentina.”(4)