A Causa das causas e o Bule Voador

Todo efeito tem uma causa; este é um princípio metafísico tão elementar que chega às raias da auto-evidência, sendo inclusive constatado pelas ciências experimentais. Lavoisier (assassinado pela Revolução Francesa, a propósito) já chegou a postular que, na natureza, nada se perde e nem nada se cria: tudo se transforma.

Qualquer análise rudimentar dos encadeamentos de causa-e-efeito levam a um corolário também bastante óbvio: suprimindo-se a causa, suprime-se o efeito. Ora, se é o fogão aceso a causa do aquecimento da água na chaleira, apagando-se o fogão chega-se inevitavelmente à conclusão de que a água não há de ferver sozinha. Qualquer camponês analfabeto da Idade Média entende perfeitamente este mecanismo óbvio da realidade ao seu redor, e qualquer dona-de-casa, por simplória que porventura seja, sabe muito bem que se o gás do fogão acabar-se ela não conseguirá ferver a água do café.

Se todo efeito tem uma causa (e não se encontra uma única exceção a este princípio metafísico na realidade empírica ao nosso redor), segue-se inevitalmente que é mister haver uma Causa das Causas, é preciso haver Algo que tenha causado o mundo em que vivemos e que nós percebemos pelos nossos sentidos. A esta conclusão já chegaram os filósofos da Antiguidade e, com o advento do Cristianismo, a sentença tomou a sua forma lapidar que é utilizada até os dias de hoje: a esta Causa das Causas, a este Primeiro Princípio, nós chamamos de Deus.

“Ah”, pode objetar algum ateu moderno, “mas se Deus criou todas as coisas, quem foi que criou Deus? Se tudo tem que ter um Criador, porque a mesma lógica não se aplica a Deus?”. A esta pergunta (profundamente pueril) pode-se responder da seguinte simples forma: se Deus foi criado por Algo, então Deus não é Deus e este Algo que criou Deus é que é Deus. E, se este Algo foi criado por algum “Outro Algo”, então o Algo primeiro não é Deus e Deus é, na verdade, o “Outro Algo”. E assim sucessivamente: o princípio permanece integralmente válido independente de quantos “Algos” sejam colocados no encadeamento das causas. No entanto, devido ao princípio conhecido por “navalha de Ockham”, não faz sentido multiplicar desnecessariamente o número de explicações para os fenômenos. Basta que haja uma Causa das Causas para explicar a existência do mundo ao nosso redor.

“E por que precisa existir esta Causa das Causas?”, pode insistir o nosso ateu. A resposta é óbvia: se não houvesse uma Causa Primeira, então não haveria efeitos (uma vez que, supressas as causas, suprimem-se os efeitos) e, portanto, não existiria nada. Ora, mas é evidente que as coisas existem: portanto, a única explicação para a existência das coisas é que elas tenham sido causadas por Algo que, por Sua vez, é Não-Causado. Há, portanto, necessariamente uma Causa Incausada. A Ela, nós chamamos de Deus.

“Beleza. Há um Primeiro Princípio. Mas dizer que este Primeiro Princípio é um Deus Pessoal já é extrapolar as conclusões da filosofia” – ainda assim pode insistir o nosso teimoso ateu. Também a isto é fácil responder: é evidente que os efeitos são “da mesma natureza” das suas causas. Assim, o fogo que aquece a panela tem que ser ele próprio quente, a tinta que tinge o portão de vermelho tem que ser ela própria vermelha, et cetera. Também isto é bastante óbvio. Em linguagem filosófica mais específica, nós diríamos que a passagem da potência para o ato dá-se necessariamente por meio de algo que já possui, em ato, a qualidade transmitida: o fogo que aquece precisa ser quente, o gelo que resfria precisa ser frio, a tinta que pinta de vermelho precisa ser vermelha, etc. E a Causa das Causas é também – exatamente por ser Causa das Causas – Ato Puro, i.e., um Ser que possui em ato todas as características.

Ora, há inteligência no mundo: a despeito de alguns questionamentos que nós infelizmente somos obrigados a ouvir, a existência da inteligência (que não pode ser confundida com “todas as pessoas são inteligentes”) é outro dado da realidade facilmente perceptível. E, se há inteligência, também esta precisa de uma Causa, de um Princípio. Na formulação feita por Gilson é possível dizer: como é possível explicar a existência da inteligência no mundo de outro maneira que não através de um Princípio que já inclua, n’Ele próprio, a Inteligência? Ora, não é possível pintar uma casa de vermelho sem tinta vermelha, e não é possível ferver a água do chá sem fogo ou alguma outra coisa que aqueça a água. Se a casa é vermelha, a conclusão de que existe tinta vermelha é imperativa e, se o chá é-nos servido às três da tarde, a conclusão de que existe fogo (ou microondas, ou seja lá o quê) para aquecer a água do chá é totalmente indiscutível. Ora, se existe inteligência no mundo, a conclusão de que o Primeiro Princípio é Inteligente, de que o Ato Puro é também Inteligência, são absolutamente incontestáveis [p.s.: na expressão bíblica, nós dizemos que in principio erat Verbum…]. A Causa das Causas, que nós chamamos de Deus, existe e é inteligente: e isto é a definição mesma de “Deus Pessoal”.

Ora, todo este edifício filosófico foi construído pela humanidade ao longo de séculos para responder a questionamentos que, sem ele, não têm absolutamente nenhuma resposta! Após tudo isso, chega a ser frustrante ver alguém comparar Deus com um bule de chá voador. Ora, pra quê serve o Bule Voador? Ele porventura responde às questões sobre o ser das coisas que encontramos ao nosso redor? Ele traz alguma contribuição para as cadeias de causa-efeito cuja existência (e necessidade) nós conhecemos pela razão? Ele responde a algumas das perguntas relevantes da filosofia como, p.ex., por que existe algo ao invés de nada? Ele tem alguma relevância filosófica, psicológica, sociológica ou antropológica? A resposta é não, não, não e não: o Bule Voador nem de longe tem a mais remota relação com a Causa das causas e, portanto, trata-se de um estratagema pueril para se furtar às perguntas que conduzem o homem a Deus. E ainda vêm os ateus a dizerem que a religião impede as perguntas! Como se pode facilmente constatar, é exatamente o contrário: é a ideologia atéia que, na tentativa de afastar os homens do Primeiro Princípio, busca impedi-los de pensarem sobre as questões que somente no Deus Altíssimo podem encontrar respostas.

[p.s.: na expressão bíblica, nós dizemos que in principio erat Verbum…]

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

124 comentários em “A Causa das causas e o Bule Voador”

  1. carlos,

    A definição de Deus (ser absoluto) não é minha. É da Filosofia. Insisto: procure saber o que é o tempo, senão você nunca vai entender nada disso.

    sim, da filosofia cujo trabalho é remendar o conceito de deus pra que as conclusões que se quer tirar possam ser tiradas, não?

    isso muda o fato de ser uma petição de princípio?

    matheus,

    Craig responde que Deus antes da criação do universo é atemporal, e ,após a criação do universo- e do tempo- é temporal, sendo, segundo ele, o mesmo Deus- este realizara o ato de criar o universo e o tempo em um mesmo ”ato”.

    pois é, ele acabou de te dar um “deus teórico” que se comporta exatamente como ele deve se comportar para que suas conclusões sejam verdadeiras…

  2. Haja paciência!

    A definição de Deus não é arbitrária, ela é demonstrada a partir de princípios filosóficos e da realidade existente.

    Se existe uma “filosofia cujo trabalho é remendar o conceito de deus pra que as conclusões que se quer tirar possam ser tiradas”, esta é precisamente a “filosofia atéia”, que fica inventando coisas nonsense a partir de critérios desencontrados para “justificar” a sua posição (esta, sim, a priori) de que Deus não existe.

    Uma “petição de princípio” é uma falácia na qual a conclusão está contida nas premissas. Petição de princípio é isto aqui:

    «Deus não pode criar o universo porque um ser atemporal não [pode] “criar”»

    Traduzindo: Deus não pode criar porque Deus não pode criar. Brilhante! E os “livres-pensadores” ainda comemoram uma asneira desta magnitude!

    – Jorge

  3. Jorge,

    se uma petição de princípio precisa de tradução então não é uma petição de princípio… senão, toda conclusão lógica seria uma petição de principo! :D

    “a->b and a ==> b”(conclusão lógica), traduzindo: “a and b ==> b” (petição de princípio)

    A definição de Deus não é arbitrária, ela é demonstrada a partir de princípios filosóficos e da realidade existente.

    quando conseguirem mostrar que “principios filosóficos” e “realidade existente” são mais que axiomas escolhidos arbitrariamente por pessoas tão passíveis ao erro quanto eu e você talvez essa definição deixe de ser arbitrária ;)… mas esse não é o assunto ;)

    alias, só o fato de o conhecimento sobre “algo” provir majoritariamente de “concecimentos teóricos” baseados em “princípios filosóficos” e “realidade existente” e não do conhecimento de fato desse “algo” ja é um indício de que algo cheira mal. muito mal.

  4. Sr. Marcos

    Não digo dos argumentos do Jorge, mas a segunda via de Tomás de Aquino para a demonstração da existência de Deus parte de um fato da experiência (no caso, a existência de causas eficientes subordinadas umas às outras) e pergunta em que condições este fato é possível, chegando à seguinte conclusão:

    «Uma sequência de causas eficientes subordinadas entre si, tal como se constata na natureza, pode existir se e somente se houver uma causa primeira tal que não dependa de nenhuma outra para atuar. Essa Causa Primeira, de que todas as outras dependem e que não depende de nenhuma, é o que o vulgo chama de “Deus” (“quam omnes Deum nominant“, diria Santo Tomás).»

    Para impugnar esta demonstração, é preciso:
    1. Negar a subordinação de causas eficientes como um fato da experiência.
    2. Afirmar que a série de causas antecedentes, subordinadas umas às outras, continua até o infinito, o que é uma hipótese absurda (assim como cada causa depende da antecedente para passar da potência ao ato, nenhuma das causas seria atualizada, pois, para tanto, teria de esperar a anterior).

  5. Meu notebook queimou, o novo passou um tempo para chegar, pra configurar, fiquei dedicado as coisas do mestrado e pelo visto isso aqui virou um enxugamento de gelo.

    Ninguém até agora respondeu a questão “como pode existir algo não foi causado?”. A tentativa sempre esbarrava-se na ideia de que “se tudo que existe foi causado por algo, deve existir uma primeira causa não causada”. Isto, como já cansei de apontar, não mostra como pode existir “uma causa não causada”, apenas aponta para uma hipótese. Como eu já citei no exemplo do éter, a alguns posts atrás, não é pq uma coisa seja aparentemente lógica que ela é necessariamente verdadeira. O Sol, aparentemente gira em torno da Terra, para dar um exemplo primário, no entanto essa afirmação, apesar de seguir uma lógica facilmente observável esbarra na limitação do conhecimento humano, quando da época em que foi formulada.

  6. complemento: o mesmo se aplica a questão do éter. Apesar de parecer lógico, era uma teoria limitada pelo conhecimento humano da época. Da mesmo forma, até agora ninguém conseguiu explicar como pode existir uma “causa nao causada” mesmo tendo chegado a essa ideia por uma sequencia lógica.

  7. Parece que não foi apenas seu notebook que pifou, sua capacidade intelectiva também, hehehe.

    Ninguém até agora respondeu a questão “como pode existir algo não foi causado?”

    Mas por que razão seria impossível existir algo que não fora causado? Por acaso a ideia implica uma contradição em termos?

    E não é verdade que ninguém respondeu a essa pergunta: eu mesmo já o fiz inúmeras vezes, mas você parece estar com seu HD pifado e não consegue entender. Uma Primeira Causa não causada não é apenas possível, mas é possível eminenter (em sentido eminente), porquanto seja necessária à existência de uma sequência de causas subordinadas. Se algo é necessário, logo é possível.

    Mas tem um jeito mais inteligente ainda de provar a possibilidade de um ente não causado. Responda-me uma pergunta, sr. Rafael: é possível que algo venha do nada?

    A tentativa sempre esbarrava-se na ideia de que “se tudo que existe foi causado por algo, deve existir uma primeira causa não causada”.

    Eu nego que tudo o que existe tem uma causa. Você é que não entende o meu argumento, que é esse aqui:

    1. Dado do problema: é um facto da experiência que existe na natureza uma subordinação de causas eficientes.

    2. Questão do problema: em que condições é possível existir uma sequência de causas eficientes subordinadas umas às outras?

    3. Resolução do problema: «Uma sequência de causas eficientes subordinadas entre si, tal como se constata na natureza, pode existir se e somente se houver uma causa primeira tal que não dependa de nenhuma outra para atuar. Essa Causa Primeira, de que todas as outras dependem e que não depende de nenhuma, é o que o vulgo chama de “Deus” (“quam omnes Deum nominant“, diria Santo Tomás).»

    Isto, como já cansei de apontar, não mostra como pode existir “uma causa não causada”, apenas aponta para uma hipótese.

    Uma causa não causada só não poderia existir se fosse uma contradição em termos — uma ideia autocontraditória, como um círculo retangular. Não parece, e você também não consegue enxergar nenhuma contradição intrínseca no conceito (aliás, não se preocupe que não é só você, faz mais de dois milênios que ninguém consegue achar). De qualquer modo, se você acha que é impossível existir uma causa não causada, o ônus da prova é seu.

    E mais: a existência de uma causa não causada não é mera hipótese. O seu argumento só prova uma coisa: que você não sabe o que é hipótese. Vai soltar uma dessas na defesa de sua dissertação que você acaba reprovado… A existência de uma Primeira Causa Incausada não é suposição, mas a condição de possibilidade da existência de uma sequência de causas eficientes subordinadas umas às outras.

    Ou seja, se não existisse uma Primeira Causa Incausada, não poderia existir uma sequência de causas subordinadas. Por ser a condição de possibilidade da sequência, é que afirmo que uma Primeira Causa Incausada é possível eminenter: ela não é apenas possível, mas é por causa dela que a própria sequência de causas é possível.

    complemento: o mesmo se aplica a questão do éter. Apesar de parecer lógico, era uma teoria limitada pelo conhecimento humano da época. Da mesmo forma, até agora ninguém conseguiu explicar como pode existir uma “causa nao causada” mesmo tendo chegado a essa ideia por uma sequencia lógica.

    Engano seu, meu caro: o que até hoje ninguém conseguiu explicar, dois mil e trezentos anos depois de Aristóteles, é como não pode existir uma causa não causada. Aliás, uma vez que “uma causa não causada” é apenas mais um nome para Deus, a esmagadora maioria dos próprios ateus concordam comigo: não dá pra demonstrar que a existência de Deus é impossível. Se você conseguir demonstrar a impossibilidade da existência de uma Causa Não Causada, vai ganhar o Prêmio Nobel de Ateísmo, hehehe…

    E por falar em perguntas deixadas sem resposta, ainda me lembro desta aqui:

    Rafael dixit:

    Em tempo, “uma causa não causada” não necessariamente prova a existência da divindade católica, vários Físicos tem a hipótese que antes da criação do Universo as leis que o governam não existiam, incluindo a nossa tão citada “todo efeito tem uma causa”.

    Então você admite que o universo foi criado?

  8. Rodrigo, você se repete eternamente, como eu disse esse debate é enxugamento de gelo. Eu não estou dizendo que a hipótese de uma “causa incausada” não é valida, eu estou dizendo que aceita-la sem verificação na experiência é uma forma de dogma. Chegou-se a essa hipótese por uma série de passos lógicos, para que se tome isto como verdade é preciso experimentação. Observar, inferir e testar é um princípio básico da metodologia científica. Não é suficiente o argumento de que deve existe uma causa incausada, por que deve existir uma causa primeira, para que todas as outras existam. Isto não fala como é possível a existência da “causa incausada”, somente diz como se chegou a esta ideia. E ai vc faz uma inversão falaciosa, de que eu tenho de provar de que não é possível existir uma “causa não causada”. Bem, o ônus da prova é de quem acusa, caríssimo,não fui eu quem lançou a tese da “causa primeira”. Entretanto, se é verdade que eu nao posso provar que não existe uma primeira causa, tb é verdade que você nao pode provar que existe uma “primeira causa”. Mais uma vez, tudo o que vc tem é uma ideia originada da observação do mundo, uma hipótese, que sim, nao deve ser descartada, mas ainda sim, hipótese! Infelizmente a experimentação para cada um dessas duas teses, hoje, ainda é limitada pelo conhecimento humano =)

    Sim eu creio que o universo foi criado/surgiu/apareceu em algum momento. Eu já falei isso antes, inclusive.E tb tenho várias hipóteses para esta questão =)

    Por fim, eu creio que eu estou lhe tratando com respeito durante todo o debate. Por mais que vc discorde de minha colocações e fique raivoso, eu gostaria que vc dispensasse o mesmo tratamento que eu estou lhe dando.

  9. Rodrigo, você se repete eternamente, como eu disse esse debate é enxugamento de gelo.

    Ué, não é você que está sempre se repetindo? Você postou suas objeções, eu demonstrei que elas são improcedentes. Em vez de demonstrar que as minhas respostas não eram válidas, o que você faz? Repete as mesmas objeções, já refutadas! Ora, o que mais você quer que eu faça, senão postar novamente as respostas que você não soube refutar?

    Eu não estou dizendo que a hipótese de uma “causa incausada” não é valida, eu estou dizendo que aceita-la sem verificação na experiência é uma forma de dogma.

    Isso prova que você ou não está entendendo nada, ou está se fazendo de retardado. Vou me repetir de novo, para ver se desta vez você entende: Eu estou dizendo que a existência de uma Causa Incausada não é uma hipótese, mas uma condição de possibilidade.

    Ou será que você não sabe a diferença entre uma hipótese e uma condição de possibilidade?

    Chegou-se a essa hipótese por uma série de passos lógicos, para que se tome isto como verdade é preciso experimentação.

    Não se trata de simples “passos lógicos”. Trata-se de entender que não é possível a existência de uma sequência de causas subordinadas sem que exista uma Primeira Causa Incausada. Isso é tão certo quanto uma demonstração matemática. Por que a necessidade de experimentação? Ou será que você só sabe fazer contas usando bananas ou maçãs? Não vá me dizer que o mestrando usa frutas para resolver problemas algébricos!

    Observar, inferir e testar é um princípio básico da metodologia científica.

    Tudo bem, mas por que devo aceitar isso como um dogma? Aliás, já foi testada a teoria da evolução, que pretende explicar o surgimento das espécies? Quantas espécies foram produzidas em laboratório?

    Não é suficiente o argumento de que deve existe uma causa incausada, por que deve existir uma causa primeira, para que todas as outras existam.

    Por que não é suficiente? Ora, dada uma sequência de causas subordinadas, só há duas possibilidades: ou essa sequência regride, do ponto de vista das causas antecedentes, até o infinito (o que é um absurdo, visto que cada causa teria de esperar infinitamente a antecedente ser efetivada) ou existe uma Primeira Causa Incausada que dá início à sequência. Assim, não havendo a Primeira Causa, é impossível a sequência de causas e tertium non datur.

    Para impugnar este argumento você precisa:
    a) negar que a subordinação de causas eficientes seja um facto da experiência; ou
    b) afirmar (e demonstrar) que existe terceira possibilidade além das que foram dadas; ou, por fim,
    c) demonstrar ser possível uma sequência infinita de causas antecedentes (o que já foi demonstrado ser um absurdo).

    Até agora você não conseguiu defender nenhuma dessas alternativas.

    Isto não fala como é possível a existência da “causa incausada”, somente diz como se chegou a esta ideia.

    Você mesmo afirma ser possível a existência de uma “causa incausada”. Leia o que você próprio escreveu: «é verdade que eu nao posso provar que não existe uma primeira causa». Ora, se você não pode provar que não existe uma primeira causa, é porque não pode demonstrar sua impossibilidade e, se não pode demonstrar sua impossibilidade, é porque ela é possível.

    Portanto, esta questão já está superada: você já admitiu que é possível existir uma primeira causa incausada.
    (Da próxima vez que você vier com esse papo furado de “como é possível existir uma causa primeira?”, repetirei suas próprias palavras e não mais as minhas).

    E ai vc faz uma inversão falaciosa, de que eu tenho de provar de que não é possível existir uma “causa não causada”. Bem, o ônus da prova é de quem acusa, caríssimo,não fui eu quem lançou a tese da “causa primeira”.

    Mas não era você mesmo quem dizia não ser possível existir uma causa primeira? Se bem que agora já mudou de opinião… Mas o ônus da prova era mesmo seu, porque você estava objetando contra o consenso não apenas dos teístas como da maioria dos ateus: nem estes questionam a possibilidade da existência uma primeira causa, limitam-se a afirmar que esta possibilidade não corresponde a uma existência efetiva.

    Entretanto, se é verdade que eu nao posso provar que não existe uma primeira causa, tb é verdade que você nao pode provar que existe uma “primeira causa”.

    Como não? Tanto é que provei! Se não existir uma Primeira Causa, é impossível existir uma sequência de causas subordinadas umas às outras, tal como experimentamos na natureza. Se Deus não existisse, o Rafael não poderia existir. Ora, o Rafael existe: logo, Deus existe. Simples assim!

    Mais uma vez, tudo o que vc tem é uma ideia originada da observação do mundo, uma hipótese, que sim, nao deve ser descartada, mas ainda sim, hipótese!

    Mas como você é pedante: não sabe nem o que é hipótese e vem falar em “princípios básicos da metodologia científica”… Tsc, tsc, tsc. Vou mostrar para você a diferença entre hipótese e condição de possibilidade.

    Condição de possibilidade é algo sem o qual não se pode dar o fenômeno. Por exemplo: para guiar um carro, é uma condição necessária que exista um carro para guiar. O fato da mãe do Rafael ser mulher, é uma condição de possibilidade para que ele viesse existir. Nascesse homem a mãe do Rafael, ele não poderia ter sido gerado e não estaria aqui falando bobagem. (preciso comprovar experimentalmente?)

    Hipótese é uma suposição explicativa de determinado fenômeno, mais ou menos satisfatória. A teoria do éter, que você gosta de citar, era uma hipótese que, com o tempo, revelou-se pouco satisfatória. Porém, existem outras hipóteses científicas. Por exemplo: a queda dos corpos e o movimento dos astros são um fenômeno; a força gravitacional é uma hipótese, muito satisfatória, que permite explicar e prever esses fenômenos (ainda que, para fenômenos como as perturbações na órbita de Mercúrio, a teoria da relatividade de Einstein pareça ser uma hipótese mais satisfatória que a de Newton).

    Só que com as hipóteses acontece o inverso do que ocorre com as condições de possibilidade. Simplesmente porque o fenômeno é a condição de possibilidade da hipótese. Já provamos que, se a mãe do Rafael fosse homem, ele não teria nascido — isto é, se não há a condição de possibilidade, por consequência o fenômeno torna-se impossível. Com as hipóteses ocorre o contrário: é a queda dos corpos e o movimento dos astros que são condições de possibilidade das hipóteses de Newton e Einstein. Se não houvesse a queda dos corpos, ou os astros não se movessem pelo modo como se movem, outras hipóteses teriam de ser inventadas para explicar os fenômenos. E é porque os fenômenos são condições de possibilidade das hipóteses (e não o contrário!) que os cientistas podem inventar hipóteses cada vez mais satisfatórias para explicar os mesmos fenômenos, substituindo umas pelas outras. Entretanto, o entendimento de uma condição de possibilidade é uma aquisição definitiva do conhecimento humano.

    Assim, o que se disse sobre a mãe do Rafael não é uma hipótese, mas uma condição de possibilidade. Se a mãe do Rafa fosse homem, ele não teria nascido. E se Deus não existisse, nem o Rafa nem a mãe dele poderiam existir.

    Sim eu creio que o universo foi criado/surgiu/apareceu em algum momento. Eu já falei isso antes, inclusive.E tb tenho várias hipóteses para esta questão =)

    Eis um homem de fé… Mas se o universo foi criado, quem o criou?
    (só chamando sua atenção para o facto de que dizer que o universo “foi criado” pressupõe um “Criador”)

    «Credo in Deum Patrem omnipotentem
    Creatorem coeli et terrae…»

    E você ainda não respondeu à minha pergunta: é possível que algo surja do nada?

    Por fim, eu creio que eu estou lhe tratando com respeito durante todo o debate. Por mais que vc discorde de minha colocações e fique raivoso, eu gostaria que vc dispensasse o mesmo tratamento que eu estou lhe dando.

    Raivoso nada. Estou é me divertindo à beça! Ateus são excelentes em matéria de humor involuntário. Penso que não lhe faltei com o respeito em momento algum do debate, mas não tenho por que deixar de explicitar o ridículo muitas vezes implícito nas posições do interlocutor adversário. Tenho respeito por pessoas, mas não por opiniões.

  10. Caro Rodrigo,
    Parabéns pela bela argumentação.
    Esse fulano não está se fazendo de retardado. Ele é retardado.
    Como são TODOS os ateus.

  11. Em nenhum momento eu disse que a ideia da causa incausada não é válida, a todo momento eu só chamo atenção para o fato de que sua pretensa comprovação é dogmática, daí a minha pergunta é como é possível sua existência. A sua resposta a essa pergunta sempre caminha no sentido de que é preciso uma primeira causa incausada para que toda causa tenha um efeito. Eu já entendi isso querido, mas isso não explica como se dá a existência de uma causa incausada. Você se limita a dizer que é PRECISO existir uma causa incausada para que toda causa tenha efeito. Daí de “preciso” para “existe” é um salto enorme. Dizer que é PRECISO existir uma causa incausada não diz COMO existe uma causa incausada. O tempo todo vc está como cachorro correndo atrás do próprio rabo: como toda causa tem efeito, existe uma primeira causa não causada que dá início a sequencia. Existe uma causa primeira incausada para que todas as d+ causas tenham efeito. Percebe? Ai vc disfarça isso de condição de possibilidade. E ai, de novo, como essa condição de possibilidade existe? De onde ela veio? E você mesmo que questiona como algo pode surgir do nada? Ora, mas é isto que eu quero saber também! Como surgiu essa primeira causa incausada? Ela existe por existir? COMO ALGO PODE EXISTIR POR EXISTIR? eis a questão!

    E pelas suas definições, mesmo uma condição de possibilidade pode ser uma hipótese. Hipóteses são proposições que PODEM explicar fenômenos, pegue qualquer livro de met. científica e veja. Observe aqui: FATO: existe uma perturbação na órbita da Urano. HIPÓTESE: Deve ser causada por outro objeto celeste. CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE: Para que a órbita de Urano tenha uma pertubação é necessário que haja outro objeto celeste o influenciando. Mas isso mostra como é possível a existência de outro objeto celeste? NÃO! Isso APONTA apara sua POSSIBILIDADE de existência. Ai temos: Como é possível existir outro objeto celeste que perturba Urano? Pode-se dizer: É preciso que exista outro objeto celeste para que haja uma perturbação na órbita de Urano? Ora bolas, isso explica como pode existir outro objete celeste? NÃO! O que explica a existência de outro objeto celeste é o processo de formação do sistema solar! A “condição de possibilidade” (outro objeto celeste que perturbe a órbita de Urano) só deixa de ser hipótese, quando sua existência é explicada e comprovada. Por isso não basta dizer que existe uma causa primeira incausada para que toda causa tenha efeito. Por isso sua explicação é circular! Em tempo, foi assim que Netuno foi descoberto, o tal objeto celeste.

    E por favor, sem essa de “se algo não pode ser provado que não existe, é pq existe”. Então eu digo que existe um bule voador e desafio vc a provar que não existe um bule voador. Se não é possível demostrar a impossibilidade de algo, isso quer dizer que esse algo PODE existir, daí a dizer que ele existe DE FATO são outros 500.

    Não, vc nao precisa aceitar como dogma a MTC tradicional, alias MTC não se baseia em dogma, mas sim na eficiência, então, fique a vontade para inventar outra. E se vc tivesse o minimo de conhecimento sobre teoria evolucionista nao taria falando besteira sobre gerar animais em laboratório e etc. Bem nao vou entrar nesse mérito pq ai vai ser mais enxugamento de gelo ainda.

    Mas deixa eu te dizer… sabe como é possível existir uma causa incausada? eu já tinha dito isso alguns posts atrás, por sinal. Muito simples a regra “toda causa tem efeito” é natural de nosso universo, ora antes de seu surgimento, tais regras não existiam, por isso a causa primeira que criou todo o universo, e suas causas e seus efeitos, não se submete a esta regra, pois estava submetida a outras leis. ISTO explica como é possível existir algo que não seja causado por outra coisa, sem retornar a premissa “toda causa tem efeito” como vc estava fazendo o tempo todo. Mas esta explicação, tb é uma hipótese. =)

    ah… e eu nunca disse que era ateu/agnóstico, posso não crer no deus católico, mas dai a dizer que sou ateu é beeeeeeem diferente.

  12. Em nenhum momento eu disse que a ideia da causa incausada não é válida

    Mas me instava a dizer como ela seria possível. Ora, se você tinha dúvidas acerca de sua possibilidade, como poderia afirmar sua validade? Eu, por exemplo, não admito a validade de um “círculo retangular”, porque se trata de uma coisa impossível.

    Porém, essa questão já está superada porque você mesmo já assumiu que é perfeitamente possível uma Causa Incausada:

    Rafael dixit:

    é verdade que eu nao posso provar que não existe uma primeira causa

    https://www.deuslovult.org//2011/04/27/a-causa-das-causas-e-o-bule-voador/#comment-30150

    Portanto, uma vez que você já admitiu a possibilidade de uma Primeira Causa Incausada (por não poder demonstrar sua impossibilidade), tal questão já está superada.

    a todo momento eu só chamo atenção para o fato de que sua pretensa comprovação é dogmática

    Mas o fato de você simplesmente repetir que minha demonstração é “pretensa” ou “dogmática”, não prova que ela seja falsa ou contenha erros. Em vez de adjetivar, procure raciocinar.

    Você se limita a dizer que é PRECISO existir uma causa incausada para que toda causa tenha efeito.

    Onde é que eu disse uma besteira dessas? Das duas uma: ou você não entendeu meu argumento até agora (o que denota limitada capacidade intelectual), ou está aplicando uma falácia ao atribuir a mim algo que não disse para assim parecer que me refuta (o que denota má-fé e desonestidade). Eu nunca disse que é preciso existir uma causa incausada para que toda causa tenha efeito. O que eu afirmei é que para haver uma sequência de causas subordinadas entre si, tal como vemos na natureza, é necessário haver uma Primeira Causa Incausada, que comece a sequência. Vou ter de repetir novamente a demonstração, visto que você lhe deu uma interpretação falseada:

    1. Dado do problema: é um facto da experiência que existe na natureza uma subordinação de causas eficientes.

    2. Questão do problema: em que condições é possível existir uma sequência de causas eficientes subordinadas umas às outras?

    3. Resolução do problema: «Uma sequência de causas eficientes subordinadas entre si, tal como se constata na natureza, pode existir se e somente se houver uma causa primeira tal que não dependa de nenhuma outra para atuar. Essa Causa Primeira, de que todas as outras dependem e que não depende de nenhuma, é o que o vulgo chama de “Deus” (“quam omnes Deum nominant“, diria Santo Tomás).»

    A Primeira Causa não é a condição de possibilidade de toda causa ter efeito (para uma causa produzir um efeito, basta que ela seja verdadeira causa), mas a condição de possibilidade da sequência.

    Daí de “preciso” para “existe” é um salto enorme.

    Se foi demonstrado que a existência de uma Primeira Causa Incausada é necessária para que uma sequência de causas subordinadas exista, como pode haver salto na afirmação de sua existência? Dá pra explicar, sem entrar em contradição, como pode não existir algo que existe necessariamente?

    Dizer que é PRECISO existir uma causa incausada não diz COMO existe uma causa incausada.

    É você que não entende que o COMO existe uma causa incausada já está incluído no PRECISO. Por isso volta infinitamente a essa questão. Parece um garotinho que depois que o professor explica que é PRECISO que x tenha o valor de 3 para que x + 2 seja igual a 5, continua perguntando: mas COMO x pode ter o valor de 3?

    Depois sou eu que fico como um cachorro correndo atrás do rabo… Só não me peça para compará-lo com algum animal (se eles tivessem o dom da razão, talvez ficassem ofendidos, hehehe).

    E ai, de novo, como essa condição de possibilidade existe? De onde ela veio? E você mesmo que questiona como algo pode surgir do nada?

    É, vou ter de responder, visto que você foge da pergunta como o diabo foge da cruz: do nada nada se gera, o ser não pode vir do não-ser, o que não existe não pode produzir o que existe, a ordem não pode provir do caos, assim como ninguém pode dar o que não tem.

    Como surgiu essa primeira causa incausada? Ela existe por existir?

    Exatamente. Essa é uma das definições de Deus segundo a filosofia de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino: o Ser que existe necessariamente ou também o Ser cuja existência é a própria essência, o Ser em plenitude.

    Aliás, eu já disse isso antes, você é que não prestou atenção ou está se fazendo de desmemoriado:

    Rodrigo dixit:

    Bingo! Você acabou de encontrar a definição clássica de DEUS na filosofia de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino: o SER que existe necessariamente, ou cujo existir é a própria essência.

    «Se eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes hei de responder? Deus disse a Moisés: EU SOU AQUELE QUE SOU. E disse: Assim dirás aos filhos de Israel: AQUELE QUE É enviou-me a vós» (Ex 3,13-14).

    «Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão fosse feito, EU SOU» (Jo 8,58).

    https://www.deuslovult.org//2011/04/27/a-causa-das-causas-e-o-bule-voador/#comment-29044

    COMO ALGO PODE EXISTIR POR EXISTIR? eis a questão!

    Simplesmente porque, como afirmado acima, do nada, nada se gera. Se nada se gera do nada, e se existe alguma coisa hoje, então algo sempre existiu, existe agora e sempre existirá. Negar que algo possa existir simplesmente por existir é afirmar que algo possa surgir do nada, que o ser venha do não-ser — o que é um absurdo, uma contradição em termos.

    Se o Rafael existe hoje é porque algo sempre existiu.

    E pelas suas definições, mesmo uma condição de possibilidade pode ser uma hipótese. Hipóteses são proposições que PODEM explicar fenômenos, pegue qualquer livro de met. científica e veja. Observe aqui: FATO: existe uma perturbação na órbita da Urano. HIPÓTESE: Deve ser causada por outro objeto celeste. CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE: Para que a órbita de Urano tenha uma pertubação é necessário que haja outro objeto celeste o influenciando.

    Isso prova que, apesar do meu esforço didático, você ainda não entendeu o que é condição de possibilidade. Como eu defini, condição de possibilidade é algo sem o qual o fenômeno não pode se dar. Ora, quem garante que a perturbação na órbita de Urano seja causada por outro objeto e não pelo próprio planeta? O fenômeno não exige necessariamente esta única solução. Pode ser de outra maneira. Portanto, isso não é condição de possibilidade nenhuma!

    Repito: condição de possibilidade é algo sem o qual o fenômeno não pode se dar. Por exemplo: o fato da mãe do Rafael ser mulher é uma condição de possibilidade para que ele nascesse. Já que a mãe do Rafael seja loira ou morena, são meras hipóteses, que podem vir a ser confirmadas ou não.

    Mas isso mostra como é possível a existência de outro objeto celeste? NÃO! Isso APONTA apara sua POSSIBILIDADE de existência.

    Por isso mesmo o seu exemplo não vale como condição de possibilidade, mas como mera hipótese. Se fosse verdadeira condição de possibilidade, ele apontaria não apenas para uma possibilidade, mas para uma verdadeira necessidade da existência (como no facto da mãe do Rafael ser mulher– se ela fosse homem, você não teria nascido).

    Por isso sua explicação é circular!

    Minha demonstração não é circular, mas ascensional: ela parte de um facto da experiência sensível e sobe até a existência necessária de uma Causa Primeira Incausada.

    E por favor, sem essa de “se algo não pode ser provado que não existe, é pq existe”.

    Mais uma vez, na impossibilidade de me refutar, você desonesta e covardemente me acusa de dizer besteiras que não falei. É óbvio que o facto de não se poder demonstrar a inexistência de Deus não prova que Deus existe. Aponte em que comentário eu falei essa bobagem. Acusações deste naipe nada provam contra meus argumentos, mas provam muito sobre o caráter de quem as faz.

    Então eu digo que existe um bule voador e desafio vc a provar que não existe um bule voador.

    Lá vêm vocês de novo com esse bule… Eu desconfio que esse tal bule voador desperte até fantasias eróticas em certos ateus, hehehe.

    1. A existência de um bule voador não é exigida como condição de possibilidade para a existência de coisa alguma.
    2. Bule é um utensílio doméstico, inventado e fabricado pela indústria humana, para fins comerciais. Então, é probabilíssimo que, se existisse algum bule voador, ele estaria à venda no mercado. Aliás, gostaria de saber pra que diabos serviria um bule voador, senão para satisfazer a lascívia de certos ateus que apreciam dar a marcha-ré no quibe.

    Aqui tem café no bule. Portanto, meu amigo, se você vier com essa história de bule voador novamente, vou dizer em que parte do seu corpo você deve introduzir o dito cujo.

    E se vc tivesse o minimo de conhecimento sobre teoria evolucionista nao taria falando besteira sobre gerar animais em laboratório e etc.

    Eu não falei em gerar animais em laboratório (isso já é feito, não?). Falei em produzir novas espécies. Efetivamente, a teoria da evolução pretende explicar o surgimento das espécies pela seleção natural. Daí que, se for verdade o que você falou

    Rafael dixit

    Observar, inferir e testar é um princípio básico da metodologia científica.

    https://www.deuslovult.org//2011/04/27/a-causa-das-causas-e-o-bule-voador/#comment-30150

    a teoria da evolução precisaria ser testada para ser considerada científica. Não é verdade? Observe que não estou contestando a teoria da evolução, apenas estou aplicando a ela o que você mesmo falou sobre o método científico.

  13. Efeito é algo que precede a causa. Logo se há um efeito, isso implicaria logicamente em uma Causa. Mas nem tudo que existe é Efeito, sendo assim evento, ou seja: Efeito é algo que implica numa causa, evento é algo que não implica numa causa, sendo assim, um evento fortuíto.
    Dizer que Tudo é Efetto, isso seria uma generalização, pois nem tudo o que existe ou que pode vir a existir necessita de uma Causa, mas sim que TODO efeito necessita de causa, pois é assim entendido.
    Se o que existe é fruto de uma Causa, então a principio qualquer mente sensata viria a levantar a seguinte questão “O que seria essa Causa? Seria essa Causa, Incausada?”
    Olhar para o Universo – o Todo – e dizer que tudo isso necessita de uma causa e que seria essa causa, o seu Fantasmão amorfo, é forçar a barra e não responder nada.
    Uma outra questão que se pode formular seria em relação ao Tempo.
    Para que nosso Universo tenha sido Criado por qualquer ser, é necessário tempo, ou seja, mudança de estado, isto porque “Criar” é uma noção temporal. E como sabemos que Tempo é algo que existe somente dentro do Universo (o que aliás é o único “lado” que existe).Se Tempo é algo que só existe dentro do universo, como pode um Ser agir sem que haja tempo para isso?
    Outra incoerência que se pode ter deste Fantasmão amorfo, seria sua imutabilidade. Para que o amorfo seja imutavel e que também o Universo exista, então isso implicaria que o Universo tenha sempre existido, assim como seu Deus, o que seria incompativel com sua doutrina de que tenha sido Deus o criador, e mesmo que diga que o Universo é parte de Deus, isso viria a ser incompativel com a definição que você tem Dele. Se o universo é parte de Deus, isso demonstraria que estaria o panteísmo, certo e não o monoteísmo.
    Outra incoerência, seria no acumulo de coisas que viriam a existir. Se Deus é imutavel, tudo o que tem para existir, teria que existir junto a ti, se Deus é Eterno, nosso universo teria que ser eterno, assim como Ele. O que não procede, pois sabemos que o Universo veio a existir e não que Sempre existiu. Se veio a existir, então isso quer dizer que houve um tempo em que Deus existiu sem a existência do Universo.
    Mas insiste em dizer que Deus é imutavel, então o Universo nunca poderia vir a existência atraves da criação, pois sendo assim Deus não seria Imutavel.
    Se o Universo é algo que foi criado por Deus e que passou a existir num determinado tempo, então Deus tomaria duas caracteristicas, Antes da existência do universo e depois da existência do Universo, ou seja, Deus seria aquele que irá criar o Universo, e Deus será aquele que criou o Universo, o que não seria compativel com sua Imutabilidade.
    E se o Universo foi criado, isso nada implicaria em uma mente Inteligente, pois se há uma mente criadora, o que podemos constatar empiricamente, é que essa inteligência, teria no mínimo, graves lesões que o dificulta de raciocionar.
    Se o mundo é criado por uma mente inteligente, essa mente não seria algo Onibenevolente.
    Se o mundo é criado por um ser Onibenevolente, esse Ser não teria uma mente inteligente.
    Pois assim como existe a desgraça, sofrimento, dor e desconforto no mundo, isso implica logicamente que não foi foi fruto de um Ser inteligente, poderoso e máximo bondoso.
    Poderá me objetar dizendo que a sofrimento no mundo, pois assm Deus nos herdou o Livre-arbitrio.Mas isso não refuta a existência do Mal e a inexistência deste Ser.
    Pois se é herança o Livre-arbitrio então ele não é Onibenevolente, pois mesmo que tenhamos necessariamente (assim herdado por ele) o Livre Arbitrio, sua onibenevolência, teria que logicamente evitar o Mal, mas como sabemos que o mal existe, então…
    Referente a sua Analogia para dizer que este Fantasmão amorfo tenha que ter necessáriamente uma inteligência, é invalida.
    1º que é falho tentar evidênciar algo usando Analogias, pois isso nada diz a respeito da natureza daquilo que se quer evidênciar..
    2º que inteligência, implicaria na existência de mente, logo mente, implica em um cerébro. Há cerébro sem mente, mas não há mente sem cerébro. Como há instrumento sem música, mas não há música sem instrumento.
    Em relação ao BULE VOADOR, você precisa saber mais a respeito desta proposta do Bertrand Russell, pois me parece que você não entendeu nada e tentou erroneamente desqualificá-la, “argumento” que o Bule, não iria responder nada caso realmente existe.
    Sua tentativa de desqualificá-lo, usando chacotas, foi no mínimo ignorância de sua parte, pois a medida que tentou usar deste artificio, só mostrou o quão foi ignorante referente ao proposto Bule Voador.
    “Ora, pra quê serve o Bule Voador? Ele porventura responde às questões sobre o ser das coisas que encontramos ao nosso redor? Ele traz alguma contribuição para as cadeias de causa-efeito cuja existência (e necessidade) nós conhecemos pela razão? Ele responde a algumas das perguntas relevantes da filosofia como, p.ex., por que existe algo ao invés de nada? Ele tem alguma relevância filosófica, psicológica, sociológica ou antropológica? A resposta é não, não, não e não”
    Espero que venha com algo novo e que me desperte interesse em continuar isso, pois o que você levantou nesse seu artigo, foi a mesma história já contado milhões de vezes e que já tiveram suas devidas refutações, mas que vocês fingem não ter ainda lidas.

  14. Tiago Carvalho, você é muito burrinho.
    Sua primeira frase já está errada: “Efeito é algo que precede a causa”.
    Não, burrinho, a causa é que precede o efeito.
    Vale a pena continuar a ler um texto que já começa com um erro palmar desse? Não!
    Mas eu tentei continuar, até que cheguei naquela confusão entre efeito e evento. O Primeiro seria causado, o segundo não. De onde você tirou isso, criatura? Todo evento é um efeito e todo efeito tem causa. Logo, todo evento tem uma causa. Não existe nada neste universo que não tenha causa. E não adianta mudar o nome de efeito para evento (que gênio!), achando que com isso resolveu definitivamente a questão. O Universo e o Tempo, para o Tiago, são “eventos” e não efeitos… Que gracinha!
    Ainda assim, todo “evento” tem que ter um “promoter”.
    Quem terá sido o “promoter” que promoveu esses “eventos” (Universo e Tempo)?
    Vai estudar, burrinho!
    Carlos.

  15. Carlos

    Você teria razão em relação ao erro no começo. Mas que devo dizer que fui desatento nesta parte e tenho ciência da relação do efeito e causa.

    Em relação a questão do Evento Fortuito e do Efeito, percebi sua ignorância em não conseguir diferenciar o que seria as duas palavras.

    Mas prosseguindo sua resposta, a coisa só ficou pior

    “Ainda assim, todo “evento” tem que ter um “promoter”.
    Quem terá sido o “promoter” que promoveu esses “eventos” (Universo e Tempo)?”

    “O Universo e o Tempo, para o Tiago, são “eventos” e não efeitos… Que gracinha!”

    Confundir Evento com evento artístico, chegou até ser engraçado.

    Sim Carlos
    Preciso estudar mesmo e muito, tem muitos assuntos que me interessam, mas é engraçado vir de uma pessoa como você, que tentou (sem êxito) derrubar umas 3 linhas do meu texto com tentativa (frustadas) de chacotas, além de ter sido engraçado toda sua ignorância, sua tentativa é falaciosa.

    Carlos
    Bons estudos

  16. A mosca, a debater-se: “Não! Deus não existe!
    Somente o Acaso rege a terrena existência.”
    A Aranha: “Glória a Ti, Divina Providência,
    Que à minha humilde teia essa mosca atraíste!”

  17. Eba! Mais um ateu que vem nos divertir! E esse já chega nervosinho… Vamos lá!

    Efeito é algo que precede a causa. Logo se há um efeito, isso implicaria logicamente em uma Causa. Mas nem tudo que existe é Efeito, sendo assim evento, ou seja: Efeito é algo que implica numa causa, evento é algo que não implica numa causa, sendo assim, um evento fortuíto.

    Efeito é algo que precede a causa… Como vimos, o nosso amigo ateu já começou muito bem!

    Olhar para o Universo – o Todo – e dizer que tudo isso necessita de uma causa e que seria essa causa, o seu Fantasmão amorfo, é forçar a barra e não responder nada.

    O nosso “inteligentíssimo” ateu acha que colocações desrespeitosas como chamar Deus de “Fantasmão” provam alguma coisa… Que interessante!

    Uma outra questão que se pode formular seria em relação ao Tempo.
    Para que nosso Universo tenha sido Criado por qualquer ser, é necessário tempo, ou seja, mudança de estado, isto porque “Criar” é uma noção temporal.

    Criar é uma noção temporal? De onde você tirou isso? Tal afirmação é puramente gratuita.

    Se Tempo é algo que só existe dentro do universo,

    Como você pode afirmar isso? Com base em quê? Outra afirmação gratuita.

    (Na verdade, o nosso amigo ateu está certo. Mas não sabe por quê. É verdade que o tempo é algo que só existe com o universo — a preposição “com” aí é mais adequada que “dentro”).

    Se Tempo é algo que só existe dentro do universo, como pode um Ser agir sem que haja tempo para isso?

    Simplesmente porque esse Ser é absolutamente distinto do universo.

    Outra incoerência que se pode ter deste Fantasmão amorfo, seria sua imutabilidade.

    Por que chamar Deus de “Fantasmão amorfo”? Já vi ateus achando que Deus é um velhão de barbas brancas que mora no céu (o que só prova que o conceito que fazem de Deus é bem infantil e material), mas é a primeira vez que vejo um que confunde Deus com um vulto branco cinematográfico…

    Amigo, não se pode fazer uma imagem (em grego, phantasma, de onde “fantasia”, outro nome que é dado à faculdade humana da imaginação), não se pode fazer imaginar como seja Deus porque Deus é incorpóreo. «Vós não vistes figura alguma no dia em que o Senhor vos falou sobre o Horeb do meio do fogo» (Dt 4,15). Deus só pode ser pensado, mas não imaginado. Logo, não é um fantasmão. Deus é um espírito, e espírito não são aquelas coisas brancas que se vêem no cinema e em desenhos animados… Qualquer representação física de Deus é meramente simbólica.

    Para que o amorfo seja imutavel e que também o Universo exista, então isso implicaria que o Universo tenha sempre existido, assim como seu Deus, o que seria incompativel com sua doutrina de que tenha sido Deus o criador, e mesmo que diga que o Universo é parte de Deus, isso viria a ser incompativel com a definição que você tem Dele.

    Aristóteles, o autor da demonstração racional da existência de Deus, defendia a perpetuidade do mundo. Santo Tomás, seu discípulo, ainda sustentou que isso seria possível e que só sabemos que o mundo teve um começo pela fé na Revelação cristã, mas não pela razão natural. Santo Tomás estava equivocado nesse ponto de sua filosofia, mas não importa: o que importa é que isso prova o quanto você está por fora.

    Se o universo é parte de Deus, isso demonstraria que estaria o panteísmo, certo e não o monoteísmo.

    Mas o universo não pode ser parte de Deus porque a Causa Primeira, para ser verdadeiramente primeira, deve ser, necessária e absolutamente, distinta de todas as demais causas.

    sabemos que o Universo veio a existir e não que Sempre existiu.

    Sabemos? Você concorda com isso?

    Se veio a existir, então isso quer dizer que houve um tempo em que Deus existiu sem a existência do Universo.

    Não necessariamente. O que é o tempo senão a medida do movimento? Para existir tempo é preciso existir movimento (para existir tempo é necessário existir antes e depois). Deus é imóvel, imutável (Aristóteles o chamava de “Primeiro Movente Imóvel”). Deus não está no tempo. Ele move tudo sem ser movido. Na verdade, o tempo não existe sem o universo (pois o tempo não existe por si, é a medida do movimento do universo) e por isso não faz sentido perguntar o que havia “antes” do universo (sem universo não existe antes nem depois).

    Se o Universo é algo que foi criado por Deus e que passou a existir num determinado tempo,

    O universo não passou a existir num determinado tempo, o tempo é que passou a existir com o universo.

    E se o Universo foi criado, isso nada implicaria em uma mente Inteligente,

    Como não, sr. ateu? O senhor não acredita na ciência? E a ciência não ensina e pressupõe que o universo obedece a leis? Ora, dizer que o universo se submete a leis invariáveis e constantes significa dizer que ele se comporta inteligentemente — tanto que a inteligência humana pode conhecer essas leis. Diriam os gregos: o mundo é um cosmos (ordem), não um caos. Mais ainda: o universo se comporta inteligentemente, mas ele mesmo não tem inteligência. As coisas seguem uma ordem pré-estabelecida, mas elas mesmas são incapazes de estabelecerem essa ordem. Ora, se algo se comporta com inteligência, mas não tem inteligência ele próprio, deve receber essa inteligência de outro, pois a ordem não pode vir do caos, como o ser não pode vir do não-ser. Logo, a Primeira Causa do universo deve ser necessariamente um Ser inteligente.

    Tem um raciocínio mais difícil, pois não é para amadores e requer um amplo e profundo conhecimento da filosofia de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino. Mesmo assim, vou esboçá-lo aqui. A Primeira Causa não pode ser material, pois tudo que é material é sujeito a ação de outro e a Primeira Causa não pode sofrer ação de outra. Ora, tudo o que existe são sínteses de forma inteligível e matéria, ou formas inteligíveis que subsistem por si (inteligências) — isso pode ser demonstrado, mas não dá pra fazê-lo em poucas linhas. Se Deus não pode ser material, logo será uma Inteligência.

    E se o Universo foi criado, isso nada implicaria em uma mente Inteligente, pois se há uma mente criadora, o que podemos constatar empiricamente, é que essa inteligência, teria no mínimo, graves lesões que o dificulta de raciocionar.

    Hehehe, sr. ateu. A Inteligência divina intelige tudo sem precisar raciocinar… Raciocinar, como fazem os homens, é passar de um conceito a outro. Isso é movimento (ainda que não material), mas Deus é imóvel. Deus intelige tudo com um único ato. Aliás, pode-se dizer que o mesmo Deus é um único Ato de Inteligência, Ato Puro de Inteligência.

    Se o mundo é criado por uma mente inteligente, essa mente não seria algo Onibenevolente.
    Se o mundo é criado por um ser Onibenevolente, esse Ser não teria uma mente inteligente.
    Pois assim como existe a desgraça, sofrimento, dor e desconforto no mundo, isso implica logicamente que não foi foi fruto de um Ser inteligente, poderoso e máximo bondoso.

    Sr. ateu, o senhor é muito absolutista em relação ao que se entende por desgraça e sofrimento (como é típico de certa espécie de ateus, aliás). Você precisa aprender a relativizar essas noções. Por exemplo, a morte pode ser um prejuízo para um cavalo, mas para o verme é o início de um banquete. A dor e o sofrimento nada mais são do que a consequência das leis físicas que regem o universo.

    Na verdade, só existe uma razão para Deus permitir o mal: bens maiores que não existiriam se não houvesse o mal.

    Poderá me objetar dizendo que a sofrimento no mundo, pois assm Deus nos herdou o Livre-arbitrio.

    Deus nos herdou o livre-arbítrio? O que você quer dizer com isso? Já ouvi ateus dizendo que Deus morreu, mas você é o primeiro que dá a entender que nós é que morremos e que Deus herdou nosso livre-arbítrio…

    Pois se é herança o Livre-arbitrio então ele não é Onibenevolente, pois mesmo que tenhamos necessariamente (assim herdado por ele) o Livre Arbitrio, sua onibenevolência, teria que logicamente evitar o Mal, mas como sabemos que o mal existe, então…

    O mal não existe porque é privação. A cegueira, por exemplo, é a privação da vista. A morte, a privação da vida. O mal não tem causa eficiente, mas deficiente. O mal não é um efeito, mas um defeito. O mal físico é a privação de algo que deveria completar a coisa; o mal moral, a privação da retidão na vontade da criatura inteligente.

    2º que inteligência, implicaria na existência de mente, logo mente, implica em um cerébro. Há cerébro sem mente, mas não há mente sem cerébro.

    Quem garante? Mais uma vez o sofisma do acidente convertido ou generalização apressada. Meu cachorro tem cérebro, mas não tem inteligência. É certo que o trabalho da inteligência humana depende dos dados dos sentidos que, como em qualquer animal superior, são armazenados e sistematizados no cérebro, porém ela, em si mesma, é imaterial e distinta do cérebro. Se a sua objeção não vale nem para o homem, com mais razão não pode ser estendida a Deus.

    Em relação ao BULE VOADOR, você precisa saber mais a respeito desta proposta do Bertrand Russell, pois me parece que você não entendeu nada e tentou erroneamente desqualificá-la, “argumento” que o Bule, não iria responder nada caso realmente existe.
    Sua tentativa de desqualificá-lo, usando chacotas, foi no mínimo ignorância de sua parte, pois a medida que tentou usar deste artificio, só mostrou o quão foi ignorante referente ao proposto Bule Voador.
    “Ora, pra quê serve o Bule Voador? Ele porventura responde às questões sobre o ser das coisas que encontramos ao nosso redor? Ele traz alguma contribuição para as cadeias de causa-efeito cuja existência (e necessidade) nós conhecemos pela razão? Ele responde a algumas das perguntas relevantes da filosofia como, p.ex., por que existe algo ao invés de nada? Ele tem alguma relevância filosófica, psicológica, sociológica ou antropológica? A resposta é não, não, não e não”

    Comparar Deus com um imaginário bule voador não passa de desrespeito e de piada grosseira e de mau gosto. E responder uma piada grosseira com argumentos é ainda lhe dar uma dignidade que a piada mesma não tem. Piadas dessas só merecem ser respondidas com chacotas.

    Bertrand Russell não era burro nem ignorante. Conhecia suficientemente a filosofia de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino para saber que a piada do bule nem de leve arranhava nas famosas “cinco vias”. O que prova apenas que o pretenso filósofo era apenas um mau caráter intelectual (aliás, qualquer um que tenha estudado a vida particular desse senhor sabe que ele foi um autêntico cafajeste, o que pode muito bem ter relação com seu ateísmo professo).

  18. Rodrigo,

    Sr. Marcos

    Não digo dos argumentos do Jorge, mas a segunda via de Tomás de Aquino para a demonstração da existência de Deus parte de um fato da experiência (no caso, a existência de causas eficientes subordinadas umas às outras) e pergunta em que condições este fato é possível, chegando à seguinte conclusão:
    (…)

    Para impugnar esta demonstração, é preciso:
    (…)

    Muito interessante seu raciocínio. No entanto, o problema aqui não é de ‘impugnar demonstração’, por que pelo menos eu não estou dizendo que as conclusões a que se chega a partir dela estão erradas. Só digo que ela é baseada numa série de hipóteses, e nessas hipóteses crê-se mais por fé que por lógica.

    Eu estou dizendo que a existência de uma Causa Incausada não é uma hipótese, mas uma condição de possibilidade.

    Interessante, e quem decide o que é ‘condição de possibilidade’ e baseado em que? Há critérios objetivos?

    Você tem alguma resposta pra esta questão que não seja de um dos tipos abaixo:

    1) é por que X disse que é
    2) é por que “é lógico”
    3) é por que “não existe outra alternativa”

    ?

  19. Prezado Marcos

    Muito interessante seu raciocínio. No entanto, o problema aqui não é de ‘impugnar demonstração’, por que pelo menos eu não estou dizendo que as conclusões a que se chega a partir dela estão erradas. Só digo que ela é baseada numa série de hipóteses, e nessas hipóteses crê-se mais por fé que por lógica.

    Não basta dizer que a demonstração é baseada numa série de hipóteses, é preciso provar que ela seja.

    Mas onde estão as hipóteses de que você falou? Vejamos:

    1) A demonstração parte da constatação de que existe na natureza uma subordinação de causas eficientes, isto é, uma sequência de causas eficientes subordinadas umas às outras. Ora, isso não é uma hipótese, mas um facto da experiência.
    Sim, é claro: houve filósofos que postularam que tudo aquilo que percebemos como factos da experiência são hipóteses. Mas, nesse caso, para você, eu também seria um hipótese e você estaria num microcomputador hipotético discutindo com uma hipótese sobre uma demonstração hipotética… (!)

    2) A demonstração deduz que a sequência de causas eficientes não poderia regredir ao infinito porque, se cada causa depende da antecedente, nenhuma delas poderia efetivar-se porque dependeria da efetivação de um número infinito de causas anteriores. Isso também não é uma hipótese, mas uma inferência deduzida pela aplicação ao facto em questão (a sequência de causas eficientes) do axioma de que o ser não pode vir do não-ser (e axiomas também não são hipóteses, mas proposições cuja negação é autocontraditória e portanto absurda).

    3) A demonstração conclui então que, para que a existência de uma série de causas subordinadas umas às outras seja possível, é necessário que exista uma Causa Primeira não subordinada e independente da sequência, Causa da qual toda a sequência recebe sua eficácia. Esta também não é uma hipótese, mas uma condição de possibilidade tornada evidente pela demonstração em questão. É um teorema, tal como o que na geometria afirma que, em qualquer triângulo retângulo, a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

    «Uma sequência de causas eficientes subordinadas entre si, tal como se constata na natureza, pode existir se e somente se houver uma causa primeira tal que não dependa de nenhuma outra para atuar. Essa Causa Primeira, de que todas as outras dependem e que não depende de nenhuma, é o que o vulgo chama de “Deus”».

    Sim, é claro: você pode dizer que a conclusão de qualquer demonstração é uma hipótese e, por consequência, afirmar também que o teorema de Pitágoras também é só uma hipótese, e que a soma dos quadrados dos catetos pode muito bem ser o cubo da hipotenusa… Mas aí você já não está falando sério, mas apenas tapando o sol com a peneira.

    Interessante, e quem decide o que é ‘condição de possibilidade’ e baseado em que? Há critérios objetivos?

    Distinguir o que é condição de possibilidade e o que é hipótese não é questão de decisão, mas de entendimento. Em primeiro lugar porque são coisas absolutamente diferentes: hipótese é uma suposição inventada para explicar determinado fenômeno; condição de possibilidade é algo sem o qual o fenômeno não pode existir. Vou voltar ao mesmo exemplo porque, embora imperfeito, ele é bastante eloquente: que sua mãe seja loira ou morena é mera hipótese de minha parte, pois não tenho elementos suficientes para concluir com certeza a respeito; porém, mesmo sem conhecer sua mãe, eu posso ter certeza de que ela é uma mulher, pois isso é uma condição de possibilidade para que você tenha nascido.

    Como eu já disse antes, as próprias hipóteses têm os fenômenos como condições de possibilidade, de modo que a relação delas com os fenômenos é inversa. Com efeito, enquanto os fenômenos dependem de suas respectivas condições de possibilidade para poderem existir, as hipóteses que formulamos dependem dos fenômenos para que sejam formuladas desta ou daquela maneira. Por isso que podemos retificar as hipóteses quando conhecemos melhor os fenômenos.

    Aí está também a diferença entre as ciências filosóficas e as ciências positivas: enquanto as primeiras investigam as condições de possibilidade dos fenômenos, as segundas estudam os fenômenos com vistas a formular hipóteses cada vez mais gerais que permitam controlá-los e prevê-los, com a exatidão que for possível. As matemáticas são o intermediário que liga o conhecimento filosófico ao conhecimento científico em sentido estrito.

  20. Ora bolas, por que não consigo postar minha resposta ao Marcos?

  21. Rodrigo,

    1)

    A demonstração parte da constatação de que existe na natureza uma subordinação de causas eficientes, isto é, uma sequência de causas eficientes subordinadas umas às outras. Ora, isso não é uma hipótese, mas um facto da experiência.

    E como vc descobriu que isso é um “fato da experiência”?
    Suponho que seja “observando” um conjunto de “experiências” e induzindo esse tal “fato”. Pois bem, sua “hipótese” é a de que sua “indução” é verdadeira .

    O raciocínio indutivo transforma “todas as causas que eu vi na natureza estão em uma sequencia de causas eficientes subordinadas umas às outras” em “todas as causas na natureza estão em uma sequencia de causas eficientes subordinadas umas às outras”. Este tipo de raciocínio não é inútil, mas é inútil querer gerar “verdades” através dele. No máximo o que vc pode conseguir gerar são “certezas” ;).

    2)

    (…) mas uma inferência deduzida pela aplicação ao facto em questão (a sequência de causas eficientes) do axioma de que o ser não pode vir do não-ser (e axiomas também não são hipóteses, mas proposições cuja negação é autocontraditória e portanto absurda).

    Então vc concorda que é um axioma?
    Bom, axiomas são hipóteses.

    “Na matemática, um axioma é uma hipótese inicial de qual outros enunciados são logicamente derivados.”

    No mais, sua definição de axioma como algo cuja negação é “autocontraditória” não está correta.
    Usando a matemática como exemplo novamente, existem varios axiomas que são simplesmente questão de “escolha”.

    3)

    Interessante, e quem decide o que é ‘condição de possibilidade’ e baseado em que? Há critérios objetivos?

    Distinguir o que é condição de possibilidade e o que é hipótese não é questão de decisão, mas de entendimento.

    Ok, então quem decide se o “entendimento” do fenômeno é “completo” o suficiente para se estabelecer “condições de possibilidade”? Seu exemplo é muito bom, mas tem uma hipótese escondida: a de que todos são filhos de exatamente um homem e uma mulher. Eu concordo com esta hipótese, você também, e acho que boa parte dos seres humanos concorda; vamos fazer dela um axioma então e não vamos mais discutir isso. Mas perceba que o fato de nós concordamos com este axioma não é o que torna ele “verdade”; de fato, a falta de contra exemplos é que faz com que nós tenhamos “certeza” que ele é “verdade”. Pegando o argumento batido na discussão da existência ou não de deus: é impossível provar a “inexistência” de qualquer coisa… logo é impossível provar a inexistência de um contra exemplo a esta hipótese; logo é impossível provar que ela é verdadeira ;).

    No mais, a história da humanidade está repleta de “axiomas” que deixaram de ser “proposições cuja negação é absurda”. Quem garante que esta não é mais uma delas?

    4) só pra rir:

    mesmo sem conhecer sua mãe, eu posso ter certeza de que ela é uma mulher, pois isso é uma condição de possibilidade para que você tenha nascido.

    na verdade vc esta errado, eu nunca contei pra ninguém, mas meu nome verdadeiro é adão. (não, minha “mãe” não é uma mulher… aliás, o que é “mãe” mesmo?) :D

  22. E como vc descobriu que isso é um “fato da experiência”?

    Ora, com a minha experiência! Não é um facto da sua?

    Responda-me, Marcos, se é que você é capaz: que exista no mundo uma sequência de causas subordinadas umas às outras é ou não um facto da sua experiência?

    Suponho que seja “observando” um conjunto de “experiências” e induzindo esse tal “fato”. Pois bem, sua “hipótese” é a de que sua “indução” é verdadeira.

    Não, meu caro, eu não disse que o dado “subordinação de causas eficientes” é a conclusão de um raciocínio indutivo. A indução é o resultado da generalização de vários factos direta e imediatamente constatados. O que eu sustento é que o dado “subordinação de causas eficientes” é um facto direta e imediatamente constatado, independentemente de qualquer indução.

    Então vc concorda que é um axioma?
    Bom, axiomas são hipóteses.
    “Na matemática, um axioma é uma hipótese inicial de qual outros enunciados são logicamente derivados.”

    Concordo que é um axioma. Não concordo com a definição da Wikipedia.

    Ora, como pode você, tão céptico e crítico, citar como verdades do Evangelho as definições da Wikipedia!

    A definição da Wikipedia está errada porque confunde postulado com axioma. Postulado, realmente, é uma hipótese que você postula (isto é, pede) ser aceita como verdadeira, sem que ela seja evidente por si mesma ou possa ser provada como tal. Axiomas são princípios evidentes por si próprios que, por isso mesmo, são o fundamento de toda e qualquer demonstração.

    Talvez para os matemáticos, que lidam apenas com relações necessárias entre quantidades, a distinção entre axiomas e postulados seja irrelevante. Mas para as ciências filosóficas, tal distinção é fundamental.

    Usando a matemática como exemplo novamente, existem varios axiomas que são simplesmente questão de “escolha”.

    Mas você é bobinho mesmo: não entendeu que o axioma da escolha, tal como exposto na Wikipedia, não é um axioma que se escolhe ou não, mas o que torna lógicas as escolhas entre um número indefinido de conjuntos:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma_da_escolha#Descri.C3.A7.C3.A3o_intuitiva

    Ok, então quem decide se o “entendimento” do fenômeno é “completo” o suficiente para se estabelecer “condições de possibilidade”?

    Ninguém decide. A manifestação de qualquer fenômeno, por mínima que seja, implica condições de possibilidade (ou seja, as condições mínimas para que aquele fenômeno seja possível). Por exemplo, o fato de você caminhar de um lugar para outro, antes de mais nada e imediatamente, implica que existam lugares diferentes. Assim, a existência de lugares diferentes é uma condição de possibilidade, uma conditio sine qua non para que exista movimento local.

    Seu exemplo é muito bom, mas tem uma hipótese escondida: a de que todos são filhos de exatamente um homem e uma mulher. Eu concordo com esta hipótese

    Bom, no caso não se trata de hipótese. Eu não estou formulando uma hipótese sobre “todos os homens”. Estou dizendo que, se sua mãe fosse homem, você não teria nascido. Ora, que você nasceu e que sua mãe é mulher não são exatamente “hipóteses” com que você possa concordar ou não…

    Mas perceba que o fato de nós concordamos com este axioma não é o que torna ele “verdade”; de fato, a falta de contra exemplos é que faz com que nós tenhamos “certeza” que ele é “verdade”.

    E por que a existência de eventuais contra-exemplos destruiria a certeza de que tal tese é verdadeira? Ora, por simples aplicação do axioma da não-contradição. É por conta desse axioma que você, admitindo ou não como tal, usa como sendo imediatamente evidente, que você pode rejeitar como falsa uma tese geral que é contrariada por fatos particulares. Ora, tal axioma não pode vir da indução, pois a própria indução o pressupõe como critério de formulação e julgamento. Aliás, tal axioma é uma condição de possibilidade do raciocínio indutivo.

    No mais, a história da humanidade está repleta de “axiomas” que deixaram de ser “proposições cuja negação é absurda”. Quem garante que esta não é mais uma delas?

    Não há outra garantia senão a aplicação dos primeiros princípios lógico-ontológicos, evidentes por si mesmos e decorrentes da intuição intelectual do ser: (1) identidade: as coisas são o que são; (2) não-contradição: algo não pode ser e não ser sob o mesmo aspecto; (3) terceiro excluído: entre duas contraditórias, ou seja, entre a afirmação (ser) e a negação (não ser) não há terceira hipótese; (4) razão suficiente: para que entre duas contraditórias uma delas prevaleça sobre a outra como verdadeira, deve haver uma razão suficiente.

  23. Repetindo a questão proposta ao Carig e indo além: matheus says:

    30 May 2011 at 3:42 pm

    Estou como uma dúvida: me respondam essa questão, feita ao filosofo cristão Willian Craig,defensor arduo do teismo(retirada do Site teismo.net).

    “Dr. Craig, você parece defender que Deus exista fora do tempo quando não há universo [Deus (a)] e dentro do tempo quando há um universo [Deus (b)]. Minha questão é: qual dos dois criou o Universo?

    Deus (a) não pode criar o universo porque um ser atemporal não “criar” [“criar” é uma ação temporal].
    Deus (b) não pode criar o universo porque um ser que exista no tempo não pode criar o tempo no qual Ele existe.

    Blake”

    Será que é logicamente possivel um ser atemporal criar o tempo?
    Se for logicamente impossivel, deus não existe, por que deus- mesmo sendo definido como todo poderoso- não pode realizar coisas logicamente imossíveis, tal qual demonstra o artigo do teismo.net: http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2011/03/14/tcnica-paradoxo-de-epicuroproblema-do-mal/ )

  24. Eu sei lá quem é esse dr. Craig, mas se ele fala que “depois da criação, Deus existe dentro do tempo“, está falando uma besteira imensa. Se pudéssemos falar que algo existe “dentro” de outra, seria o tempo que existiria “dentro” de Deus.

    Além disso, quem disse que criar é uma ação temporal?

    Ah, como faz falta que as pessoas estudem a filosofia de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino — mesmo quando sejam cristãos ou teístas!

  25. Em relação a alegação de que criar é algo temporal, ela é feita por Dan Barker.

  26. William Lane Craig é um filosofo cristão que ulitiza, de manieras novas, vários argumentos filosoficos, como o argumento Comsológico de Kalam, buscando justificar racionalmente sua “crença”. Em seu site, ele apresenta seus argumentos- que também podem ser encontradas no site www. teísmo.net e em outros sítios teistas. Interessante é que sua busca por deus e a religião é racional (lembrando que alguns podem arguir que primeiramente acredita com base na fé e para depois “arranjar” justificativas racionais para o que acredita, mas isso é outra história…) e ele – diferentes de algumas pessoas, não nega a evolução. Para ele deus é o “supervisador da evolução”.

    Não tendo lido seus argumentos por completo, e não tendo base filosofica e científica (refiro-me as chamadas ciencias extasas), não posso afirmar se ele chegou ou não as razões para “acreditar” deus, ou se “inventa” razões para justificar a fé.

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