Interessante posição de famoso neurocientista: “máquina não simulará mente”. A afirmação é do Miguel Nicolelis.
Ele se arrisca a prever que nenhum avanço teórico ou tecnológico vai mudar isso. “É quase como a velocidade da luz na física”, compara: um limite que, por definição, não pode ser ultrapassado.
Tenho a impressão de já ter comentado aqui sobre as cadeiras de Inteligência Artificial que eu paguei na faculdade. Lembro-me de que todas elas tinham por objetivo reproduzir comportamentos inteligentes, e não criar inteligência propriamente. Das redes neurais aos modelos de regressão, das árvores de decisão aos motores de inferência, todas as técnicas – por úteis que sejam – não ultrapassam os limites de uma função matemática do tipo “de -> para”: i.e., trata-se de definir (explícita ou implicitamente) uma função para mapear um determinado tipo de entrada em outro determinado tipo de saída. E a inteligência humana é coisa muito diversa.
O próprio Nicolelis diz isso quase nos mesmos termos: “[o] cérebro humano não é computável, não dá para simulá-lo com um algoritmo”. Isto não é meramente uma contingência técnica, é uma limitação de paradigma; por mais que avancemos, continuamos presos no quarto chinês. E, para Miguel Nicolelis, é simplesmente impossível sairmos dele.
Achei a matéria “Inteligência Artificial” muito interessante, mas todos os algoritmos utilizados apenas refletem a inteligência do analista/programador responsável. O processamento mecânico potencializa e acelera a inteligência humana aplicada.
O futuro não conhecemos, mas os trabalhos de ficção nesta área quase sempre são melhores quando feitos por leigos, quem conhece a mecânica envolvida tem poucas ilusões.
Para estimular a discussão.
Um cupim pensa? Uma água-viva pensa? Para todos os fins, seus comportamentos não tem diferenças significativas em relação ao experimento do quarto chinês.
A partir de tais seres, podemos construir um “degradê” de inteligência, que culmina (no momento) em nós, seres humanos.
Emoções são introduzidas (e tem correlatos anatômicos), pensamento analítico-racional, idem. Cachorros e gatos tem emoções nítidas, chimpanzés tem autoconsciência.
Se as estruturas biológicas puderam percorrer um longo caminho até o pensamento racional, porque motivo seríamos capazes de afirmar que estruturas neurais artificiais não podem fazer o mesmo?
Quanto ao que o Wilson disse, alguns ramos do estudo da inteligência artificial não dependem da inteligência do programador. Como breves exemplos, cito as redes neurais e a programação em swarm, ambos a um google de distância.
Sr. Mallmal
1. De onde você tirou que chimpanzés têm autoconsciência? Foi, por acaso, numa conversa com eles?
2. O que você chama de “pensamento analítico-racional”? (Sócrates já dizia: quer discutir comigo? então, preliminarmente, defina seus termos)
3. O que é inteligência para você?
Este argumento é uma falácia de petição de princípio, porque dá como suposto aquilo que pretende provar. Quem garante que o pensamento racional é o resultado de uma estrutura biológica e quem garante que as estruturas biológicas percorream um longo caminho até chegar a ele?
Em tempo: “por que” pronome interrogativo se escreve separado.
Mais uma: sempre que ouço alguém dizer que os macacos têm uma inteligência semelhante à dos humanos sou irresistivelmente levado a pensar que ele nos quer convencer que temos uma inteligência semelhante à dos macacos.
Para os fraternos irmãos eu indico o livro Chamado “O cerebro espiritual” muito bom e trata de questões como estas aqui abordada.
Nenhuma máquina, por mais engenhosa que seja, conseguiu criar por si só comportamentos semelhantes aos dos animais.
Imitar elas imitam bem, mas não com perfeição. Nenhum avião voará com a grandeza e a leveza de um pássaro, nenhum robô terá a espontaneidade e naturalidade de movimentos de uma aranha.
O que dirá, então, da mente? Ainda mais da mente humana?!
Por mais que os robôs e outras bugigangas se espalhem pelo mundo, haverá sempre um cérebro pensante por trás deles. Humano.
Nesse assunto – de “se inteligência foi ou não criada?” -, poderemos chegar ao “engano”, se atingirmos a dúvida persistente entre a aparência a realidade. Mais uma vez a saída será um ato de fé: a aceitação de um dogma, para um lado ou para o outro.