Mais notícias do fim do mundo: uma americana deu à luz oito filhos no ano passado e disse sentir nojo das crianças. A notícia passa a ser ainda mais revoltante pelo fato de que os óctuplos – como era de se esperar – foram concebidos em um procedimento de inseminação artificial.
Se chega a ser impressionante que uma mãe tenha a capacidade de ter nojo dos próprios filhos, o fato de ter sido ela mesma a pagar por um procedimento caro para engravidar faz com que a história toda chegue às raias do surreal. A pergunta pode e deve ser feita novamente: a que ponto chega o egoísmo de alguns? E, como naquela notícia do casal paranaense, é de novo aqui a fertilização in vitro que está envolvida nesta rejeição dos filhos. Pessoas que julgam poder tudo e, por isso, não dão valor ao que possuem.
Uma vez que a inseminação artificial transformou os filhos em uma mercadoria ou em um serviço – pelo qual se paga (caro) e, depois, recebe-se o produto -, como se surpreender que agora os filhos sejam tratados como objetos? Como um produto de luxo que se pode comprar e do qual, depois, é perfeitamente natural se desfazer?
Enquanto as pessoas continuarem tratando seres humanos como se fossem itens de luxo fabricados com tecnologia de ponta, coisas assim irão continuar acontecendo. Uma vez que os filhos deixam de ser o fruto do amor de uma família e passam a ser algo que se encomenda e pelo qual se paga… é porventura de se espantar que o egoísmo fale mais alto e a “coisificação” do ser humano atinja estes níveis que estamos vendo por aí?
Que Deus tenha misericórdia de nós, e que tenha piedade dessas crianças que vêm ao mundo por fruto de um hedonismo doentio dos seus pais – que, depois, comportam-se como crianças mimadas que abandonam num canto da casa o brinquedo do qual enjoaram. Tristes tempos em que vivemos! Que a Virgem Santíssima nos ajude a todos.
caro Jorge,
também fiquei estupefato diante dessa notícia. Entretanto não me parece correto associar o comportamento doentio da “mãe” americana com o método de Fiv.
De forma alguma é um procedimento banal, no sentido “pagou, levou”, pelo contrário: o processo exige enorme comprometimento do casal. O número de exames realizados é grande, a mulher tem de se submeter a uma série de dolorosas aplicações, o acompanhamento é rígido. É necessário abrir mão de inúmeras situações de lazer, trabalho, etc. E depois de todo dinheiro – costuma ser muito caro – e de tempo nada, ninguém lhe garante que vai dar certo. Em muitos casos são necessárias várias tentativas, ou seja, a cada procedimento infrutífero há um trabalho psicológico para lidar com o fracasso, assumir novamente os riscos e recomeçar.
Digo isso porque meus dois filhos nasceram após 6 tentativas espalhadas por 5 anos. Em nenhum momento tivemos a impressão de “mercadoria” , “pagou, levou”. Desde o início bons profissionais nos alertaram que seria um caminho difícil e sem garantias. Talvez você não possa imaginar com que amor essas crianças foram geradas e com que amor são tratadas e educadas.
O nascimento de crianças geradas através de Fiv se repete milhares de vezes no mundo e sim, por vezes tempos pais e mães irresponsáveis, assim como verificamos igual incidência no caso de fertilização natural – mães que abandonam filhos em lixeiras, pais que espancam, etc.
Justamente por ter lutado tanto por meus filhos é que fiquei indignado com o ser humano da matéria. Concordo com sua crítica a ela mas não ao método, não com a ligação entre método e comportamento dos pais. A Fiv pode até não combinar com seus preceitos religiosos mas não pode ser usada como forma de explicar comportamentos negativos. Não é o processo, é cada pai e mãe individualmente o responsável por dar limites e criar os filhos com amor e disciplina, tenham sido eles fertilizados em vitro ou naturalmente.
um abraço.
Nossa filha também foi gerada por FIV, e a amamos MUITO… creio que o sofrimento por não minha esposa não ter conseguido engravidar de forma natural por vários anos valorizou ainda mais a nossa conquista… mas uma coisa pelo menos EU decidi (ainda não discuti isso com mihha esposa): no dia em que quisermos ter um segundo filho, minha opção seria por uma adoção… se bem que é tão demorado! Minha prima estã na fila de adoção a quase DEZ ANOS… isso que ela e o marido posssuem perfeitas condições psicológicas, familiares e financerias para uma adoção… quem entende isso???
Eu não condeno pais que tiveram filhos através deste método, mas não sou a favor de fertilização artificial, não. Mesmo porque é contra meus princípios, fico com a impressão de que a criança se torna mercadoria com este método, ou de que os médicos brincam de Deus. Sou contra inseminação artificial, reprodução assistida. Não quero ofender ninguém, apenas digo o que penso. Mesmo porque de acordo com o que pesquisei, as crianças que nascem pelo método artificial têm mais riscos de nascer com má-formação que as crianças que nascem naturalmente:
http://masascriancassr.universolusofono.org/inseminacao-artificial-riscos-de-ma-formacao-fetal/
E com este método, há mais risco de ocorrer aborto espontâneo. E tem pais que com estes tratamentos, aproveitam para escolher os sexos dos bebês. E não acho isso certo. Sei lá, a meu ver, é como brincar de Deus, e não concordo com isso. Se fosse eu, iria preferir ter meus filhos de modo natural, e se não fosse possível, iria preferir adotar. Mas é claro que, como já disse, não condeno pais que tiveram filhos através deste método, só não concordo.
… então que lutemos para que a doção no Brasil seja mais facilitada, porque esperar QUASE 10 ANOS na fila de adoção é dose…
No mais, concordo com os motivos que apontastges para não ser favorável. Ressalto que no nosso caso foi + – como “último recurso”, e sem escolha de sexo!
Alien
Concordo contigo, não sei como pode haver tanta burocracia, tanta dificuldade para adotar uma criança, a adoção deveria ser mais facilitada, tem tanta criança sem família, que precisa de amor e carinho. Se a adoção fosse facilitada, não haveria necessidade dos pais recorrerem a este método, ainda mais levando-se em consideração que a maioria dos casais inférteis nem teria condições de pagar o tratamento, porque é muito caro.
Cristiane,
entendo que não concorde com o método, esta é a maravilha da liberdade, só submete-se quem deseja. Escolha de sexo ou de características físicas são proibidas no Brasil e na maioria dos países civilizados. E não é o que a grande maioria dos pais procura, não é mesmo.
Se a adoção no Brasil fosse facilitada faria um imenso bem para crianças e possíveis pais. Mesmo assim casais continuariam buscando a FIV como opção, acredite.
“Liberdade! Quantos crimes cometem-se em teu nome!” (Manon Roland)
Jorge
Eu sei, tenho consciência de que iria continuar existindo casais que continuariam buscando a FIV como opção. Porque infelizmente sempre tem gente que prefere se submeter a estes métodos do que adotar, existem casais que parecem não entender que pais são aqueles que amam, não necessariamente os que geram. Adoção seria um gesto bem mais nobre a meu ver. Eu, por exemplo, se não tivesse condições de ter filhos, em vez de fazer tratamento para engravidar, iria adotar, iria preferir dar uma família a uma criança que não tem. Aliás, mesmo que o casal possa ter filhos, eu recomendo a adoção. Eu adotaria mesmo se tivesse meus filhos, nascidos de mim. Eu mesma se fosse casada e tivesse condições financeiras, adotaria. É que ganho tão pouco que não tenho nem condições de me sustentar sozinha, por isso moro com meus pais. Trabalho meio período, portanto, ganho só a metade do que os que trabalham integralmente. Sei que pessoas solteiras também podem adotar, mas eu iria querer dar um pai para a criança. Mas com certeza estes casais que buscariam este método seriam minoria, como é hoje, já que este método é tão caro, e a grande maioria dos casais inférteis é pobre.
Cristiane, entendo o que pensa. Foi bom seu comentário.
Irmão Aparecido, não entendi. De qual crime fala?