Orígenes, a reencarnação e a Igreja Primitiva

Foi recentemente comentada aqui no Deus lo Vult! uma suposta aprovação do Cristianismo nascente à falsa teoria da Reencarnação nos moldes em que é apregoada pelo espiritismo dos nossos dias. Como já tive a oportunidade de me deparar anteriormente com a afirmação descabida, gostaria de esclarecer quanto segue:

1. O Concílio ao qual se deseja fazer referência é o Segundo Concílio de Constantinopla, ocorrido em 553.

2. Mais especificamente, o cânon sobre o qual se está falando é o 11, que diz [apud “Documentos dos primeiros oito concílios ecumênicos – Tradução de Mons. Otto Skrzypczak”, p. 78; EDIPUCRS, Porto Alegre, 2000] o seguinte:

Cân. 11: Se alguém não declarar anátema a Ário, Eunômio, Macedônio, Apolinário, Nestório, Êutiques e Orígenes com seus ímpios escritos, bem como os demais hereges, que foram condenados e declarados anátemas pela Santa Igreja Católica e Apostólica e pelos quatro sagrados concílios citados anteriormente e outrossim os que professaram ou professam opiniões semelhantes às dos mencionados hereges e persistiram em sua impiedade até o fim, – um tal seja anátema.

3. O texto de Orígenes ao qual os espíritas gostam de fazer referência é o De Principiis [mais especificamente, o livro III, Cap. III, 5], que traduzo:

Em todo caso, aqueles que sustentam que tudo no mundo está sob a administração da Divina Providência (como também nós acreditamos) não pode, ao que me parece, dar nenhuma outra resposta que não esta: não há sombra de injustiça no governo divino, e isto porque há certas causas que provêm de [uma] existência prévia [da alma], em conseqüência das quais as almas, antes de nascerem nos corpos, contraem uma certa quantidade de culpa em sua natureza sensitiva, ou em seus movimentos, em razão das quais são julgadas merecedoras, pela Divina Providência, de serem colocadas em tais condições.

4. Convém notar que Orígenes não defende a “reencarnação”, e sim a pré-existência da alma (que são duas coisas distintas – ambas erradas, mas distintas). Sobre isto vale a pena ler este texto ou este outro (que traz inclusive algumas interessantes citações patrísticas contra a falsa doutrina da reencarnação).

5. Orígenes, ao contrário, negou peremptoriamente a espúria doutrina reencarnacionista. Isto está fora de qualquer discussão, uma vez que há um capítulo do seu “Comentários sobre Mateus” [Livro XIII, cap. 1] no qual ele analisa a doutrina da “transmigração” [a reencarnação espírita] aplicada ao caso de São João Batista e Elias [clássico “exemplo” de reencarnação que os espíritas gostam de inventar nos Evangelhos] e a rechaça absolutamente. Traduzo um trecho do comecinho:

Mas agora, de acordo com as nossas habilidades, vamos investigar também as coisas que estão contidas aqui [na passagem onde Nosso Senhor fala que São João Batista é o Elias que há de vir – Mt 17,10]. Aqui não me parece que, por “Elias”, se esteja falando da alma dele, uma vez que isto seria cair no dogma da transmigração, que é estranho à Igreja de Deus, jamais ensinado pelos Apóstolos e nunca encontrado em lugar nenhum das Escrituras.

6. De toda a patrística, a passagem do De Principiis de Orígenes é a única que se pode dizer possuir remotamente algum resquício de similaridade com a falsa teoria espírita da reencarnação. Isto, ao contrário do que pretendem os espíritas modernos, significa exatamente que tal doutrina era completamente estranha aos primeiros cristãos – tanto que eles nunca falam dela.

7. Ainda que Orígenes tivesse defendido a falsa doutrina da reencarnação, isto não significaria nada: seria apenas uma voz isolada defendendo uma doutrina espúria que, posteriormente, seria condenada pela Igreja (como já aconteceu incontáveis vezes). No entanto, nem isso os espíritas têm, uma vez que o próprio Orígenes rejeita taxativamente, em outro de seus escritos, a doutrina da transmigração das almas.

8. Desmascarada esta falsificação histórica, resplandece com clareza – uma vez mais – o fato de que as teses reencarnacionistas do espiritismo são estranhas à Doutrina Católica ensinada por Nosso Senhor – e que, portanto, há total incompatibilidade entre a Fé Cristã e as fábulas espíritas, como aliás a Igreja sempre afirmou.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

80 comentários em “Orígenes, a reencarnação e a Igreja Primitiva”

  1. Ferraz

    “A única “boa leitura da Bíblia” é aquela feita pelo Magistério da Igreja Católica, único intérprete autorizado da palavra de Deus.”

    E a objeção de consciência onde fica? ;)

    Eu concordo com você que o Magistério Católico é fera em interpretação bíblica. Só não concordo com o “intrinsecamente desordenado”. Só isso. Vc sabe do que estou falando.

    Agora, vai dizer aos não católicos que o magistério da ICAR é o único interprete autorizado da Palavra.

    O problema é a ideologia que acaba permeando tudo. Se o MIC é a única autoridade legítima da Bíblia como os católicos podem sair em defesa dos que pregam a palavra não autorizada.

  2. O espiritismo não se sustenta. Me admira muito uma pessoa dizer “questionadora” e ser espírita. Por certo, procura as respostas convenientes e não a Verdade revelada.

    Nasci católico e vou morrer católico. Quando estava afastado da Igreja (aquela fase de “aborrecente”), ao voltar, questionava tudo e procurava ler tudo que encontrava. Intelectuamente me satisfazia por demais, e nunca imaginava uma religião imbuída de tanta razão. Razão essa que no espiritismo passa muito longe. Não se sustenta nos princípios, nos fundamentos.

    A verdade é somente uma. E quem realmente é questionador, e busca a realmente a Verdade, só encontra na Igreja Católica.

  3. O fato de alguém ter a sensação de que já conhecia uma pessoa que encontra pela primeira vez não significa forçosamente que já encontrou tal pessoa numa outra vida antes. Pense em quantas pessoas vivas hoje que pensou serem outras por causa da semelhança no aspecto e nos modos. Mas como se explica a familiaridade com um lugar que a pessoa nunca antes visitou?
    Nosso cérebro tem uma habilidade notável de armazenar informações adquiridas através dos anos por intermédio dos olhos e dos ouvidos. Nossa memória é como uma biblioteca. Alguns de seus “livros” são constantemente requisitados e circulam livremente. “Outros livros, talvez a vasta maioria deles”, declara certa autoridade, “ajuntam pó em prateleiras obscuras e raramente são consultados ou nunca o são. Grande quantidade de informações está englobada em lugares compactos”. Portanto, quando vemos um cenário que nos parece familiar, talvez tenhamos visitado um lugar semelhante, lido a respeito, ouvido alguém falar a respeito, visto fotografias dele, talvez num cinema ou num livro — mesmo quando éramos criancinhas.
    Parece que, sob hipnose, grande parte dessa informação nas “prateleiras de trás” do cérebro é estimulada. Contudo, não obstante os extraordinários pormenores do que parece ser uma vida anterior, a evidência de parte da narrativa mostra que a pessoa realmente não viveu naquele tempo.
    Por exemplo, a dona-de-casa norte-americana que achava que viveu como irlandesa no século 19 descreveu, enquanto estava em transe hipnótico, que havia raspado “a pintura de toda a minha cama . . . Era uma cama de metal”. Ela tinha supostamente quatro anos (1802). O fato é que as camas de armação de ferro não foram introduzidas na Irlanda senão em 1850, no mínimo. Ela contou também sobre sua vida anterior: “Freqüento a igreja de Sta. Teresa.” Contudo, embora haja uma igreja assim na Irlanda, ela não foi fundada senão em 1911 — 47 anos após a “primeira morte” dela. Os investigadores descobriram que, embora houvesse algumas exatidões (tais como suas descrições de certos lugares), havia muitas discrepâncias. Uma equipe de cientistas é da opinião de que suas expressões ‘vieram de lembranças no seu subconsciente’ e não de sua vida anterior. O fato de ter sido criada por pessoas de descendência irlandesa talvez explique em parte a origem de tais memórias.
    Apesar desta exposição de fatos, muitos se apegam à crença na reencarnação porque acham que se baseia na Bíblia.

  4. PLATÃO, o filósofo grego, relacionava o apaixonar-se com a idéia da reencarnação. Ele acreditava que, após a morte do corpo, a alma, sendo imortal, migra para o chamado “mundo das idéias puras”. Sem corpo, ela permanece ali por algum tempo, contemplando as idéias. Mais tarde, quando reencarna num outro corpo, a alma lembra-se subconscientemente do mundo das idéias e o anseia. Segundo Platão, as pessoas se apaixonam porque reconhecem no ser amado a idéia ideal de beleza, da qual se recordam vagamente e a qual procuram.
    Portanto, a origem da reencarnação deve remontar aos povos ou às nações que tinham tal crença. Por isso, alguns acham que se originou no antigo Egito. Outros sustentam que teve início na antiga Babilônia. Para prestigiar a religião babilônica, seus sacerdotes promoveram a doutrina da transmigração da alma. Podiam assim afirmar que seus heróis religiosos eram reencarnações de antepassados notáveis, embora tivessem falecido havia muito tempo.
    No entanto, foi na Índia que a crença na reencarnação se desenvolveu plenamente. Os sábios hindus estavam tentando resolver os problemas universais do mal e do sofrimento entre os humanos. ‘Como podem estes ser harmonizados com o conceito de um Criador justo?’, perguntavam. Tentaram resolver o conflito entre a justiça de Deus e as imprevistas calamidades e desigualdades no mundo. Com o tempo, eles inventaram “a lei do carma”, a lei de causa e efeito — ‘o que o homem semear, isso também ceifará’. Elaboraram uma detalhada ‘folha de balanço’, segundo a qual os méritos e deméritos numa vida são recompensados ou punidos na próxima.
    “Carma” significa simplesmente “ação”. Diz-se que o hindu tem um bom carma quando acata as normas sociais e religiosas, e que tem um mau carma quando não o faz. Sua ação, ou seu carma, determina seu futuro em cada renascimento sucessivo. “Todos os homens nascem com um padrão de caráter, preparado principalmente pelas suas ações em vidas anteriores, embora suas características físicas sejam determinadas pela hereditariedade”, diz o filósofo Nikhilananda. “[De modo que] o homem é o arquiteto da sua própria sorte, o construtor do seu próprio destino.” O derradeiro objetivo, porém, é ser liberado deste ciclo de transmigração e ser unido com Brâman(e) — a derradeira realidade. Acredita-se que se consegue isso pelo esforço por um comportamento socialmente aceitável e um conhecimento hindu especial.

  5. Bee,

    E a objeção de consciência onde fica? ;)

    Fica naquilo que lhe compete: na resistência legítima à autoridade injusta, não sendo jamais lícito evocá-la para uma insubordinação ilegítima Àquele que tem o poder de ligar e desligar dado por Nosso Senhor.

    Só não concordo com o “intrinsecamente desordenado”. Só isso. Vc sabe do que estou falando.

    Sei, e é exatamente por isso que tu não és católico, por mais que insistas em te dizer assim.

    Não existe a possibilidade de se “escolher”, dentro do Corpo Doutrinário da Igreja, aquilo que lhe convém e rejeitar aquilo que lhe desagrada.

    O Magistério não é “fera”, ele não é “muito bom”, não é “profissional”, não é “genial”, não é nada disso. Ele é infalível. Quem não acredita nisso não acredita no Magistério e, quem não acredita no Magistério, não se pode dizer católico. Simples assim.

    Agora, vai dizer aos não católicos que o magistério da ICAR é o único interprete autorizado da Palavra.

    Ué, isto é praticamente só o que eu faço por aqui.

    Eles não o aceitarem… são outros quinhentos. É por isso que eu não discuto interpretações bíblicas com particulares desautorizados, como me recusei a discutir recentemente com a Mariana aqui.

    Eu exponho a interpretação da Igreja, e pronto. Se alguém discordar dela… bom, aí nós estamos diante de um impasse entre a Igreja fundada por Nosso Senhor e um indivíduo ignorante [uso no sentido de “ignorar”, “não conhecer” mesmo, não como um apodo depreciativo]. Parece-me bastante óbvio o lado que devemos tomar nesta pendenga. Se o sujeito não consegue ver esta obviedade e se pretende maior conhecedor das Escrituras Sagradas do que centenas de homens doutos e santos ao longo de dois mil anos… eu não posso fazer nada contra esta soberba infernal.

    O problema é a ideologia que acaba permeando tudo. Se o MIC é a única autoridade legítima da Bíblia como os católicos podem sair em defesa dos que pregam a palavra não autorizada.

    Tu estás falando da defesa de Malafaias et caterva?

    No caso concreto, não faz diferença se eles são ou não desautorizados. O fato é que estão, neste ponto, pregando a verdadeira doutrina. Santo Tomás de Aquino ensina que a Verdade deve ser reconhecida como tal, independente de onde venha.

    Se um herege toma a defesa da lei de Deus, é claro que eu não posso discordar-lhe nisto. Do mesmo modo, qualquer pessoa de qualquer crença que queira defender um ponto da Doutrina Cristã merecerá, sim, a ajuda católica neste ponto.

    O problema nunca foi com os homossexuais, Bee. O problema é com a ideologia gayzista iníqua. E, contra esta, nós contamos até mesmo com alguns homossexuais – veja o pessoal do Courage que vez por outra comenta por aqui.

    – Jorge

  6. A Reencarnação: um “deus” deixado pelo piloto automático.

    A crença básica da reencarnação é que a vida é como uma roda de nascimentos e mortes continuaram a formar uma cadeia que devem ser livres para se fundir com o Todo, e ao fazê-lo, deixam cair a série de ações e reações nos escravizar. De acordo com essa doutrina, toda ação gera uma reação boa ou má terá sua remuneração similar (karma).

    Tudo o que é feito por mínimo que seja (intelectual ou emocional, por exemplo) afeta a roda de reencarnações.

    Um de seus atuais desenvolvedores grande é Sai Baba, guru indiano que fala muito sobre isso em seu livro “Meu Baba e eu”. Não vá pensando que eu estou tirando sarro … Este é seu nome, e o livro também.

    Com isso em mente para ele e para aqueles que acreditam na reencarnação, não há misericórdia, não há salvação, nem perdão, nem céu nem inferno, nem santificação. Claro, isso seria suficiente para dizer que não podemos aceitar que a crença e permanecer católicos.

    Para os seguidores dessa crença é como se Deus fez o homem, em seguida, o “colocou em piloto automático” e o eixou, de modo que autosalvasse, no valor de uma vida melhor ou auto-condenação, descendo para um nível inferior, mesmo em um animal.
    Desculpe-me irmão, mas que disparate. Neste caso, em respeito por aqueles que acreditam, eu prometo que da próxima vez eu comer um “taco de carnitas” Vou fazê-lo com mais respeito, não haverá nenhum conhecido neles.

  7. “Eu exponho a interpretação da Igreja, e pronto”. Foi apenas isso que eu pedi quanto àquela passagem.
    Não quero discutir, pois já disse o que penso. Quero, tão somente, saber qual explicação a Igreja dá.
    Muito grata.

  8. Bee,

    Gostaria de recordar algo que já postei aqui a algum tempo atrás. O Jorge já deixou isso claro, mas não custa relembrar pela voz de um grande apologeta dos nossos tempos que:

    “Um orgão como a Igreja que encarna a Cristo, abriga o Espírito Santo, e por isso goza de infabilidade […]; por conseguinte, apresentar-lhe objeções é coisa desprovida de sentido, porque por todos esses motivos a Igreja […] que possui Pedro por base, não pode errar; e quem afirma o contrário do que a Igreja afirma, cai imediatamente no erro porque […] a Bíblia foi escrita pela Igreja, pelos apóstolos e evangelistas que a iniciaram […] é preferivel, então dizer que a Biblia é um livro inspirado e infalível porque a Igreja o garante como tal”. (Giordani, Igino. Deus. São Paulo: Rede Latina, 1948. p. 240).

    Esse mesmo autor ainda afirma:

    “A doutrina ensinada colegialmente pelos bispos, assim como a outrora ensinada pelos Apóstolos é a verdade plena, prometida por Cristo […]; Cristo não pode errar e, no ensinamento apostólico e episcopal é Cristo quem fala, consoante havia prometido aos seus, e é o Espírito Santo quem ensina, em virtude de que o Paraclito jamais se separar da Igreja. Por conseguinte, afirmar que a Igreja erra ou errou é fazer de Cristo um mentiroso, porque Ele garantiu a sua indefectível presença com a perene assistência do Espírito Santo” (Giordani, Igino. Deus. São Paulo: Rede Latina, 1948. p. 240,242).

    Percebe que quanto à doutrina só existem, como o Jorge disse, dois caminhos? Ou aceitamos porque sabemos “em quem colocamos a nossa fé” (cf. 2Tm 1,12) e esse em quem colocamos a nossa fé que assiste a sua Igreja, Santa e Católica. Por isso o magistério dela é infalível, ou seja, ausente de erros.

    O que pensam aqueles que questionam isso está no Catecismo da Igreja: “extra ecclesiam nulla sallus”. Não adianta querer usar de respeito humano ou de politica da boa vizinhança para com a verdade de Cristo porque senão no dia do Juizo ele vai virar e dizer: “Eu não te reconheço”, pois como Ele mesmo afirma: «Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu.Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei-de negar diante do meu Pai que está no Céu.» (Lc 14, 32-33).

  9. Mariana,

    Aqui:

    http://hjg.com.ar/catena/c130.html

    Ou aqui (o próprio Orígenes explicando!):

    http://newadvent.org/fathers/101613.htm

    Aqui:

    http://www.veniteadoremus.com/conteudo/75

    Todos estes links já foram citados.

    Acrescento ainda:

    http://www.veritatis.com.br/article/3009

    http://www.veritatis.com.br/article/5837

    http://www.dicionariodafe.com.br/index.php?pg=artigos&id=22

    Aliás, traduzo rapidamente outro trecho do tratado de Orígenes já citado e recitado, agora do segundo capítulo, que leva por título « “O espírito e o poder de Elias” – Não a Alma – estavam em [João] Batista »:

    Mas alguém pode [ainda] perguntar: se a alma de Elias não esteve primeiro no Tisbita e, depois, em João… o que pode pode haver de comum a ambos para que o Salvador tivesse chamado [a João] de Elias? E eu respondo que [o Anjo] Gabriel, em suas palavras a Zacarias, já sugeriu qual a substância que estava em Elias e em João Batista e que era a mesma. Pois ele disse: “Muitos dos filhos de Israel voltar-se-ão para o Senhor seu Deus: e ele irá diante de Sua Face no espírito e o poder de Elias” (Lc 1, 16-17).

    Observe-se que ele não falou na “alma” de Elias, em cujo caso a doutrina da transmigração poderia até ter algum apoio; mas “no espírito e no poder de Elias”. Ora, as Escrituras conhecem bem a diferença entre “espírito” e “alma”, como p.ex. em “que Deus possa santificar-vos inteiramente, e possam vossos espírito e alma e corpo serem preservados íntegros, sem culpa, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Ts 5,23); ou na passagem “Abençoe o Senhor os espíritos e as almas dos justos”, como se encontra no livro de Daniel de acordo com a Septuaginta, onde está representada a diferença entre espírito e alma. Elias, conseqüentemente, não foi chamado “João” por causa da alma, mas por causa do espírito e do poder – o que não está em contradição com o ensinamento da Igreja, se ele estivesse anteriormente em Elias e depois em João [Batista].

    E “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1Cor 14, 32), mas as almas dos profetas não estão sujeitas aos profetas. E “o espírito de Elias descansou em Eliseu” (II Reis 2, 15).

    Aliás, faço notar que na passagem vetero-testamentária citada (que usa os mesmos termos que Nosso Senhor usou para se referir a João Batista) Eliseu não tem nenhuma possibilidade de ter sido uma “reencarnação” de Elias, uma vez que ambos eram contemporâneos e amigos inclusive. Como também não tem cabimento, a propósito, Nosso Senhor ser uma “reencarnação” de São João Batista pelo mesmo motivo (e, mesmo assim, os Apóstolos respondem a Nosso Senhor: “uns dizem que és João Batista”, etc.), mas mesmo assim os espíritas gostam de distorcer as Escrituras Sagradas.

    Abraços,
    Jorge

  10. Mariana!!

    Veja quanta riqueza de informações lhe foram dadas para uma só questão que voce propôs.
    E repare que as respostas foram todas uniformes e coerentes.
    Eu não entrei nessa polêmica porque meus conhecimentos sobre o tema são básicos e bem comezinhos…
    Mas não pense que eu fiquei inerte diante disso, não!
    Vou confessar-lhe algo: Rezei para que voce lesse e compreendesse cada frase que lhe foi dirigida.
    Rezei à Nossa Senhora pedindo que Ela lhe fizesse compreender o quanto é rica a Igreja Católica na sua doutrina.
    E o quanto é preciosa a Sua Verdade.
    Penso que não precisamos compreender todos os documentos da Igreja nesses seus dois mil anos de existencia para sermos católicos.
    Basta que confiamos em quem tem mais inteligencia que nós de entender as coisas.
    E isso, não pense voce, que é comodismo…
    Cada qual tem o seu limite intelectual.
    Confiamos em Deus, que é bom e misericordioso, e sempre aguarda com imensa alegria o retorno de um filho pródigo.
    Por isso, Mariana, volte para Igreja Católica.
    Ela é a sua casa.
    Abandone essa doutrina espirita que tão mal tem feito a sua alma.
    Volte para seus irmãos de fé.
    Vamos lutar pela Igreja de Nosso Senhor.
    Volte Mariana, volte logo minha filha.

    Olegario

    Em tempo: Continuarei a rezar por voce.

  11. Ferraz, Cristiano

    “Intrínsecamente desordenado” não cola. Não convence.

    Se o Magistério dissesse algo como “intrínsecamente ordenado para ser a interface entre os homens e os anjos”, eu até que acharia bacana. Mas “desordenado”… Negativo.

    Aí, o Olegário diz: “Basta que confiamos em quem tem mais inteligencia que nós de entender as coisas.”

    E quem tem mais inteligência que eu para entender as coisas?

    Não dá pra se desmoralizar a inteligência de tantos só para se preservar o centro do poder.

    Não estaria aí a causa da crise católica?

  12. Bee, meu filho

    “Basta que confiamos em quem tem mais inteligencia que nós de entender as coisas.”

    Se eu para ser católico tivesse que obrigatoriamente compreender toda a obra de Stº Agostinho e Thomaz de Aquino, estaria definitivamente perdido.
    Sou muito ignorante para isso…
    Mas se ambos foram infinitamente mais inteligentes do que eu; foram católicos e hoje são santos; com humildade e boa vontade rendo-me a eles e curvo minha canga.

    Fica com Deus meu filho.
    Olegario.

  13. Bee,

    A mim parece que a sua proposta de interpretação do Magistério é um tanto arrogante, não acha? As pessoas que tem atração pelo mesmo sexo (AMS) são homens e mulheres como todos os outros, possuem a mesma capacidade e a mesma dignidade diante de Deus que todos os outros homens. O Salmo já deixa muito claro que o homem tem um lugar muito elevado na criação: “Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes. Destes-lhe poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo” (Sl 8, 5-7). Já não é isso dignidade suficiente?

    Quando a Igreja diz que os atos entre duas pessoas com AMS são intrinsecamentes desordenados ela se ampara sobretudo nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição. Se olharmos o plano de Deus para a sua Criação veremos que a perenidade dela depende da relação entre homem e mulher, e vemos que aí reside a perfeição magnifica de Deus. Só podemos dizer que algo é ordenado quanto este segue o curso da lei natural e não quando se-lhe opõe, com no caso da SSA.

    Sabemos (eu, você e toda a humanidade) que segundo a Lei Natural, que é aquela sob a qual age a Vontade de Deus os atos entre pessoas com SSA não podem ser considerados ordenados, isso porque eles trazem um inerente fechamento à vida e, o nosso Deus, como afirma o Livro da Sabedoria é o Deus da Vida, pois criou o homem para a imortalidade (cf. Sb 2,23), portanto, não se pode conceber que esses atos sejam considerados como ordenados se não são geradores de vida.

    Esses atos são considerados desordenados porque, em fim último e numa situação extrema, podem até mesmo ser o principio gerador que leve ao fim da Criação divina. Diante disso, como poderiam serem considerados ordenados? Tudo que foge à capacidade de perpetuar a Criação divina não pode considerado ordenado exatamente porque atenta contra a Criação e, por fim, contra o seu Criador e mantenedor, Deus nosso Senhor.

    Domingo passado estando à missa ouvi uma palavra que me recordo agora. O Evangelho dizia: “Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis; e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo tornou se-duro, e duros também os seus ouvidos; fecharam os olhos, não fossem ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, compreender com o coração, e converter-se” (Mt 13, 14-15). Porque é tão difícil para você aceitar as evidências da Verdade, que é Cristo, que é sempre explanada, ensinada e defendida pela Igreja Santa e Católica?

    Não pense que a causa da ruina da Igreja Católica está em ignorar uma doutrina do mundo, mas antes, está exatamente em todas as vezes que ela nega a doutrina de Cristo, seja pelos leigos, seja pelo clero. E acrescento mais. Segundo um livro bastante conhecido chamado “A alma de todo apostolado”, que acredito que seja bastante conhecido dos frequentadores desse blog, a causa da ruina da Igreja Católica é a falta de oração, a falta de verdadeira vida de santidade. Segundo o sonho do papa Inocencio III, era Francisco de Assis que sustentava a Igreja naquela crise que ela se encontrava no momento, sabe porque? Porque Francisco vivia Cristo e era uma alma orante e intima de Deus. A causa da crise na Igreja foi ter abandonado a intimidade com o seu Senhor na vida de oração e de santidade e ter renunciado à lucida doutrina de Cristo pela espúria doutrina do mundo, muitas vezes. Como diz aquela música famosa aqui no Brasil: “Céus e terras passarão, mas Sua palavra não passará”. Se a Igreja (todos nós) se lembrar disso, ela sairá facilmente da crise.

    Você afirma que o ensinamento da Igreja “não cola. Não convence”. A Igreja é chamada a ensinar a doutrina de Cristo, e cabe aos homens escolher entre aderir ou repelir tal doutrina. Jesus nunca procurou fazer com que sua doutrina colasse ou convencesse, mas quis aquiescência de fé. Para os fariseus a sua doutrina jamais colou ou convenceu, tanto é que eles jamais seguiram a Jesus pelo mesmo motivo que você aponta. Por favor, não estou chamando-te de fariseu, mas tu e outros agem com a mesma cegueira de espirito que eles. Jesus em dois momentos afirma o seguinte: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos ” (Jo 14,15) e ainda “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele” (Jo 14,21). Veja, portanto, que Jesus afirma que amá-lo é guardar os seus mandamentos. Perceba: é um vinculo imediato, que não exige convencimento, somente aquiescência de fé. Jesus nao disse, aquele que foi convencido pelos meus mandamentos. O apostolo Paulo quando dá o seu testemunho não diz que foi convencido por Cristo, mas conquistado por Cristo, percebe a diferença?

    Enquanto você procurar ou desejar ser “convencido” pela doutrina de Cristo, continuaras perdendo tempo; mas quando deres seu consentimento de fé, Ele e o Pai virão a ti e manifestar-se-ão a ti (cf. Jo 14,21) e então serás conquistado por Cristo.

    Em oração por você, sempre.

  14. Quando, ao final do poema, Deus entra (abruptamente), uma nota repentina e esplêndida é tocada, que faz a coisa tão grande quanto ela é. Todos os seres humanos na estória, e Jó especialmente, fizeram perguntas a Deus. Um poeta mais trivial teria feito Deus participar, de uma forma ou de outra, para responder Ele próprio um número de questões. Num toque verdadeiramente inspirado, quando Deus entra, é para perguntar Ele próprio um número maior de questões. Nesse drama de ceticismo, o próprio Deus toma o papel de cético. Ele faz o que todas as grandes vozes defensoras da religião sempre fizeram…
    Introdução ao Livro de JÓ Chesterton

    Excerto do Livro de JÓ

    Satanás retirou-se da presença do Senhor e feriu Jó com uma lepra maligna, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. E Jó tomou um caco de telha para se coçar, e assentou-se sobre a cinza. Sua mulher disse-lhe: Persistes ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre! Falas, respondeu-lhe ele, como uma insensata. Aceitamos a felicidade da mão de Deus; não devemos também aceitar a infelicidade? Em tudo isso, Jó não pecou por palavras.
    (JÓ 2,7-10)

    Como é que os maus vivem, envelhecem, e cresce o seu vigor?
    Sua posteridade prospera diante deles, e seus descendentes sob seus olhos; sua casa é tranquila, sem alarmes, a vara de Deus não os atinge. Seu touro é cada vez mais fecundo, sua vaca dá cria sem nunca abortar. Deixam os filhos correr como carneiros, e os seus pequenos saltam e brincam. Cantam ao som do pandeiro e da cítara, divertem-se ao som da flauta. Passam os dias na alegria, e descem tranquilamente à região dos mortos.
    (JÓ 21,7-13)

    Esperava a felicidade e veio a desgraça, esperava a luz e vieram as trevas. Minhas entranhas abrasam-se sem nenhum descanso, assaltaram-me os dias de aflição. Caminho no luto, sem sol; levanto-me numa multidão de gritos,
    29. tornei-me irmão dos chacais e companheiro dos avestruzes. Minha pele enegrece-se e cai, e meus ossos são consumidos pela febre. Minha cítara só dá acordes lúgubres, e minha flauta sons queixosos.
    (JÓ 30,26-31)

  15. Cristiano

    “2358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação.”

    O catecismo chama os homossexuais de doentes psíquicos em contradição à propria afirmação:

    “2357 … A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar.”

    Se não está explicada “em grande parte” (até está dependendo da teoria), então nada se pode afirmar.

    E, Cristiano, não fiz exatamente uma proposta. Foi apenas uma suposição do que poderia ter sido colocado e nesse caso eu ficaria menos chocado. Em tremos…

    Se eu tivesse que propor que os doutos teólogos fizessem alguma alteração, eu proporia a eliminação pura e simples dos párágrafo.

    Por quê?

    1. Porque homossexuais como os héteros devem manter a castidade. Para os não casados, a abstinência sexual.

    2. Os homossexuais não podem contrair matrimônio porque, por definição, matrimônio é entre homem e mulher.

    Então, é absolutamente óbvio que os homossexuais, do ponto de vista do Magistério Católico, devem manter abstinência sexual.

    Agora, tachar homossexuais de desordenados psiquicamente, sem que a gênese psíquica seja “em grande parte” explicada, é só pra fazer bulling mesmo.

    Por isso não cola mesmo. Até depõe contra a inteligência do Magistério.

  16. Só para “arrematar”, Sr. Bee, sobre esta tua frase:

    “Não dá pra se desmoralizar a inteligência de tantos só para se preservar o centro do poder”.

    Inteligência tão profunda que não entende o básico da doutrina de Cristo. É preciso muita humildade para se conformar à vontade de Deus e extirpar a própria. Isto é muito difícil para quem está convencido de que pensa corretamente.

    Outra coisa, o centro do poder não é preservado pela desconsideração da sabedoria humana. Reflita melhor sobre isto e veja quem mantém a unidade da Igreja.

    E sobre a correta interpretação da Bíblia, eu diria, antes de tudo, que a Bíblia foi gerada dentro da Igreja… é fato. E pergunto:

    Quem tem maior autoridade, competência, conhecimento e continuidade apostólica para interpretar as sagradas escrituras, senão o Magistério da Igreja?

  17. Bom dia, “Paz a esta casa.” São Mateus 10, 12
    Cristiano:
    Muito boa explanação ao sr. Bee!!!
    Simples, direta e fácil de ser entendida por aqueles que trocam o seu coração de pedra por um de carne.
    Quem tem ouvidos (e olhos), ouça (e leia).
    E entenda.

    Marana tá!

  18. Olegário, você não imagina como me senti bem ao ler o que você escreveu. Agradeço de todo meu coração. Contudo, assim como vc confia na Igreja, eu confio da Doutrina Espírita, que me tem feito tentar ser verdadeiramente uma pessoa melhor. É provável que, assim como nesse assunto, eu não consiga provar nada para vocês, já que as fontes nas quais eu confio são para vós suspeitas (e vice-versa). Vamos combinar uma coisa: cada qual na sua religião e tentando seguir e viver na prática a mensagem principal do Evangelho: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI.
    Jorge, obrigada pela sua boa vontade.
    Olegário, mais uma vez, obrigada pelas orações.
    Abraços.

  19. Bee says

    O catecismo chama os homossexuais de doentes psíquicos em contradição à propria afirmação:

    O Catecismo (2358) não chama homossexuais de doentes psíquicos.

    Doença não é propensão desordenada,

    Esta tua “analise” é isto que você chama de inteligência gay???

  20. Bee,

    A sua hermeneutica está um pouco equivocada, não acha? A Igreja JAMAIS chamou as pessoas que possuem AMS(ou SSA, se preferir) de doentes psiquicas. O juizo de valor emitido pela Igreja é concernente tão somente em questão de moral e de fé. Segundo o mesmo ponto 2357 do CIC, se afirma:

    “A homossexualidade designa AS RELAÇÕES entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. […] Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.” (cf. CIC § 2357)

    Percebe que a sua hermeneutica não se sustenta? O juizo de valor da Igreja está concernente aos atos e não a genese psiquica da AMS e tão somente ao que tange à fé e à moral, por conseguinte, ela tem o dever de se pronunciar sobre o assunto pois ela é ‘Mater et Magistra’ no que tange a isso, pois é assistida pelo proprio Cristo através do Espírito Santo. Logo, em nenhum momento ela se pronuncia sob o aspecto de autoridade medica sobre isso, antes, reconhece que não tem competência para tanto, tanto é verdade isso que quando da sua aprovação, o Vaticano deixou claro ao Courage, que este deveria se restringir em auxiliar as pessoas com AMS sob o viés espiritual e se eximir de incentivar a utilização de qualquer tipo de terapia ou ajuda psiquica.

    Diante disso, penso, que a sua colocação está equivocada, pois a Igreja não é e nem quer ser autoridade no que tange a medicina para julgar as pessoas com AMS como doentes psiquicas como você afirma.

    Passemos agora para a segunda parte da sua afirmação. Apesar de você chegar à essa conclusão, nem todos chegariam a essa conclusão. Muitas pessoas certamente encarariam a situação sob a otica do ditado: “Quem cala, consente”. Logo, como a Igreja, conforme os § 2357 e 2358 não consente nesse sentido, ela elucida a sua posição diante da homossexualidade para deixar claro que ela é contraria à manutenção de uma parceria entre pessoas com AMS pelos motivos elencados pelas Sagradas Escrituras e pela Sagrada Tradição, fonte e origem da Verdade de Cristo no consoante à fé e à moral. Alem do mais, se a Igreja se calasse, ela teria que responder diante de Deus por não proclamar a Verdade.

    Em nenhum momento a Igreja quer “fazer bullying” como você afirma. O proprio Compêndio de Doutrina Social da Igreja (CDSI), § 228 afirma:

    “A pessoa homossexual deve ser plenamente respeitada na sua dignidade humana e encorajada a seguir o plano de Deus com um empenho particular no exercício da castidade. O respeito que se lhes deve não significa legitimação de comportamentos não conformes com a lei moral” (cf. CDSI § 228).

    Respeitar e legitimar comportamentos não são sinõnimos, por isso a Igreja se reserva o direito de seguindo a verdade de Cristo, admoestar seus filhos e orienta-los a seguir a via de Cristo e não a via do mundo. Somos livres e a Igreja, por respeitar a liberdade de consciência, se reserva o direito de emitir seu juizo de valor no que tange à fé e à moral e nisso ela jamais deve ser reprimida porque também ai seria desrespeitar a liberdade que ela tanto preza.

    Aberto a qualquer outro questionamento, espero ter respondido às suas colocações.

    Em oração, sempre.

  21. (Só publique se quiser, é uma dúvida)
    Jorge, estou pesquisando bastante a questão aqui discutida e, de fato, as fontes citadas em várias obras espiritualistas quanto ao fato de o Cristianismo Primitivo trazer em seu bojo a reencarnação (ou transmigração das almas) são questionáveis, imprecisas e incompletas (pelo menos até agora). Entretanto, achei em um site (falhas espiritismo) a tal carta atribuída à São Jerônimo em que este (segundo o dono do site, pois não sei ler em outro idioma) fala que Orígenes professava a idéia da reencarnação, criticando-o, inclusive. Veja, por favor e, se possível, verifique a veracidade de tal documento: http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf206.v.CXXIV.html
    Obrigada.

  22. Ramiro
    “Doença não é propensão desordenada, ”

    Cristiano
    “A Igreja JAMAIS chamou as pessoas que possuem AMS(ou SSA, se preferir) de doentes psiquicas. O juizo de valor emitido pela Igreja é concernente tão somente em questão de moral …”
    “Em nenhum momento a Igreja quer “fazer bullying”…”

    O que se apreende dos parágrafos 2357, 2358 e 2359 do Catecismo Católico:

    os homossexuais são para o Catecismo “intrínsecamente desordenados”. Ou seja, IMORAIS. Imoralidade é doença psíquica.

    Para o Magistério, os homossexuais são heterossexuais sexualmente pervertidos. Vivendo ou não sua sexualidade conforme o seu IMPULSO “intrinsecamente desordenado”, logo… imorais e pervertidos.

    Portanto, é bullying.

    Posto que o Magistério não pode provar que é escolha, mesmo porque homossexualidade não é escolha.

  23. Bee, Bee…

    Imoralidade não é doença psíquica. Imoralidade é imoralidade, é um juízo de valor que se faz sobre atos humanos [= conhecidos e consentidos].

    – Jorge

  24. Ferraz

    Então vamos lá. Juízio de valor resulta de um entendimento, o entendimento é a própria psiquê.

    Então, juízo de valor é um reconhecimento psíquico. Se o juízo de valor é doente, assim é o reconhecimento. Logo, imoralidade, juízo de valor doente, é um reconhecimento psíquico doente. Doença psíquica.

    Prove o contrário, né Ferraz?

  25. Bee, esta tagarelice sua não quer dizer absolutamente nada.

    Uma doença psíquica é esquizofrenia, por exemplo, sobre a qual não cabe nenhuma valoração moral. Esquizofrenia é um fato, e não um ato humano sobre o qual cabe falar em moralidade.

    É até possível (eu próprio considero bastante provável) que alguns casos de tendências homossexuais sejam doenças psíquicas análogas à cleptomania, à esquizofrenia, ao transtorno bi-polar ou coisa que o valha. Mas isto não vem ao caso. Não é a Igreja quem determina quais são as doenças psíquicas.

    «Intrinsecamente desordenados» são os atos homossexuais, como está no Catecismo. Se o cara comete um ato homossexual porque é doente ou porque “gosta”, este ato é intrinsecamente desordenado. Da mesma forma que o cara pode roubar (= ato desordenado) por sacanagem ou por cleptomania.

    – Jorge

  26. Esquizofrenia é apenas UMA das incontáveis patologias psíquicas.

    Ladrão por sacanagem é um disturbio psiquíco. Sacanear é um disturbio psíquico. Claro que os níveis de sacanagem vão do zero ao inimaginável. Mas sacanear é coisa de quem tem parafuso a menos.

    Moralidade é um conjunto dado de regras naturais E reconhecido por determinado corpo social. O imoral é o que se recusa à essas regras conscientemente. O amoral inconscientemente. Essa recusa consciente de regras morais reconhecidas para proteger o corpo social é um desvio de conduta. Uma psiquê que não se coaduna com o corpo social em que está inserido, está doente. Ou muda de corpo social ou o enfrenta com as devidas consequências.

    As mudanças na moralidade que não afetam a sobrevivência ou a saude do corpo social são auto aplicáveis. As que afetam, não.

    E por aí vai.

  27. Sim, esquizofrenia é apenas uma das patologias psíquicas, e foi exatamente por isso que eu usei “por exemplo”.

    Não, a moralidade é objetiva, e independe completamente do reconhecimento do “corpo social”. A passagem do Catecismo aplica-se ipsis litteris a Sodoma e Gomorra, por exemplo.

    E a Igreja não está preocupada (primeiramente) com o corpo social, e sim com a alma individual – por isso que insiste em dizer que os atos homossexuais (que, por definição, são praticados por indivíduos) são intrinsecamente desordenados.

    – Jorge

  28. Benjamim escreveu:

    “Ladrão por sacanagem é um disturbio psiquíco. Sacanear é um disturbio psíquico.”

    Mas … O quê!!??

    E qual seria o C.I.D. do distúrbio psíquico “sacanagem”?

    A propósito, acabou de inocentar todos os políticos corruptos safados que roubaram/roubam o Erário. Afinal, não é isto pura “sacanagem” com os contribuintes? Logo, segundo a peculiar afirmação acima, os pobrezinhos tão-somente sofrem de distúrbio psíquico …

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