Sobre o falecimento de Dom Clemente Isnard

Faleceu anteontem (quarta-feira 24/08), aqui em Recife, aos noventa e quatro anos de idade, Sua Excelência Dom Clemente Isnard, arcebispo emérito de Nova Friburgo. Espantei-me ao ler hoje esta nota de pesar publicada pelo Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner.

Antes de mais nada porque a epígrafe não serve de epitáfio para Sua Excelência. É, aliás, uma tremenda falta de caridade para com o prelado recém-falecido, que precisa urgentemente é de orações de sufrágio e de súplicas ardentes ao Todo-Poderoso para que se tenha arrependido de tanto mal que causou à Igreja durante a sua vida. Dom Clemente precisa é da misericórdia do Altíssimo por ter perseguido a Cristo, e não de “preces de gratidão” como se houvesse sido em vida um Defensor Fidei.

O texto de Dom Steiner fala que Dom Clemente foi “o responsável direto pela reforma litúrgica no Brasil”. Isto é verdade; mas, antes de ser motivo de orgulho, é causa de vergonha e de opróbrio para ele próprio, para a Ordem de São Bento, para o Episcopado Brasileiro e para a Igreja Católica nesta Terra de Santa Cruz. É precisamente graças a Dom Clemente Isnard que nós sofremos, até hoje, com uma tradução porca do Missale Romanum (para cuja aprovação a Santa Sé foi enganada por Dom Isnard) que o Vaticano tenta em vão melhorar, e com uma babel litúrgica universalmente generalizada de fazer inveja à Europa pós-Reforma de Lutero. Nós, hoje, amarguramos os frutos podres das desonestidades de Dom Isnard que, antes de ser sentinela zeloso pela preservação da Fé Católica e pelo decoro do culto a Deus, foi inimigo da Igreja que Lhe abriu as portas por dentro para os assaltos das tropas de Satanás.

Para não me alongar muito e para os leitores que não estejam a par do terrível mal que Dom Clemente fez à Igreja no Brasil, remeto a este texto do Oblatvs e a estes dois testes do Exsurge, Domine! (parte 1 e parte 2) sobre “O Inclemente Isnard”. E, aos que passarem por aqui, peço que rezem ao menos uma ave-maria por este homem recém-falecido aqui na minha terra, que foi chamado a se apresentar diante do Justo Juiz tendo nas costas tantas culpas por tantos e tão graves males provocados à Igreja à Qual ele jurou servir. Que Ele tenha se arrependido de seus crimes, e que o Todo-Poderoso não perca esta chance de mostrar como é de fato Rico em Misericórdia para além de quaisquer medidas humanas.

R.I.P.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

19 comentários em “Sobre o falecimento de Dom Clemente Isnard”

  1. A nota de D. Leonardo U. Steiner não me surpreende de maneira alguma, uma vez que ele é da mesma cepa do falecido bispo. Que este alcance misericórdia pela intercessão da Virgem Maria, Mãe da Divina Misericórdia.

  2. Como o pessoal responsável pelo “Fratres in Unum” (sim, são mais de um) não publica mais meus comentários (sabe-se lá porquê), publico aqui minha nota de pesar pelo falecimento de D. Isnard, que entre outros absurdos, fez com que a tradução francesa que tinha sido reprovada pela Santa Sé fosse traduzida para o Português e, engodo dos engodos, fosse aprovada por Roma para estas plagas…

    Deus é tanto misericordioso quanto justo… que o Todo-Poderoso tenha pena de sua alma, mas que também seja justo, já que fez tanto mal à Igreja Católica no Brasil e pelo fato de sua atuação destrutiva da Tradição Católica e da Liturgia ter motivado que tantas almas fossem para a danação…

    R.I.P.

  3. Jorge, com todo respeito, mas você realmente se acha no direito de julgar as atitudes do falecido Bispo? Dizer que o mesmo necessitará de misericórdia por conta desses ou daqueles atos?
    Não precisa responder, o intento é apenas que você pense um pouco e questione a si mesmo.

  4. Mariana,

    As atitudes? Mas com toda a certeza.

    Você se acha no direito de julgar errôneas as atitudes de, sei lá, Hitler?

    – Jorge

  5. Mariana, julgar as ATITUDES de alguém, julgar as AÇÕES de uma pessoa é diferente de julgar a pessoa. E infelizmente Dom Clemente Isnard não fez nenhum bem para a Igreja, muito pelo contrário. Só espero que ele tenha se arrependido, nem que seja nos últimos segundos de sua vida. Que Deus tenha piedade da alma dele, mas que seja justo também, se ele tiver se arrependido, certamente deve estar no purgatório.

  6. Que pena, Jorge…

    No mais, você não se limitou a julgar as atitudes apenas. Você foi claro que dizer que este precisaria de infinita misericórdia Divina. Uma coisa é opinar e dizer: achei errado determinada atitude. Outra, diferente, é dizer: fulano de tal precisará de toda amisericórdia do mundo após sua morte, por todo o mal que fez. Neste caso, você já está julgando a própria pessoa.

    Além disso, se o referido bispo limitou-se a modificar ritos (pelo que li nos textos indicados, foi basicamente isso), mas como disse o Dionísio, foi um homem de Deus e não deixou de seguir as lições de Jesus, não vejo (essa é minha opinião, claro) porquê tanta piedade.

    Se ele tiver em bom local, que o próprio interceda pelos que o julgam.

  7. Mariana,

    De novo: as tuas elevadas convicções morais te permitiriam dizer que, p.ex., Hitler ou o maluco de realengo precisam da Misericórdia Divina?

    Ademais, o fato é que Sua Excelência enganou a Santa Sé para aprovar no Brasil uma tradução nojenta do Missale Romanum (uma tradução que, no francês, já havia sido rejeitada), e ele o fez conscientemente. Sob qualquer ótica isto é um comportamento censurável. A tua opinião sobre o assunto é irrelevante.

    E, sim, se ele alcançar misericórdia do Altíssimo que interceda por nós aqui, que estamos rezando e pedindo orações pela alma dele.

    – Jorge

  8. Jorge, se a tradução do missal não é boa, paciência. Mas acho que não deverias chamar de nojenta as palavras usadas com as quais se celebram o santo sacrifício.

  9. Jorge, [e todos os que estão acompanhando a discussão]

    Não sei quanto ao destino de Hitler, ou do rapaz assassino de realengo. Para meu aprendizado, preciso ter que: se eu fizesse o mesmo, iria para o inferno, infalivelmente. Assim eu julgo as atitudes, e não as pessoas, suas almas.

    Ademais, comportamentos de pessoas podem ser censuráveis ou não, sem a pretensão de se descobrir o Juízo de Deus para elas, que é completo.

    Como eu tenho a ousadia de não fazer o politicamente correto e mandar Hitler para o quinto dos infernos? Lembrando que pode não ter existido uma correspondência direta e proporcional entre a malícia de sua alma e o mal materializado que provocou (além do espiritual, que geralmente é esquecido). Não sei quão ignorante ou ciente ele foi. Deus sabe, e [sua Lei] somente “cobrou” de Hitler de acordo com o que deu a ele. Quanto foi, eu não sei!

    Agora vejamos: se eu posso fazer tais considerações para um hitler, eu posso fazer análogo para um Bispo. Não é determinante o fato de ter sido um clérigo, com tantas oportunidades de formação. Provavelmente ele aproveitou um bocado do que lhe foi dado. Agora, o quanto será que ele, sem culpa, não conseguiu aproveitar, e o quanto será que ele, com culpa, não conseguiu aproveitar? Só Deus sabe! Só Deus conhece a malícia e a ignorância de cada um.

    Simploriamente tendemos a considerar o rapaz assino de realengo um “maluco”. O que isso realmente significa? Uma “fé” diferente? Doença mental?

    Esquadrinhar automaticamente os que pensam diferente, por mais errados que eles estejam, como os terroristas, num simplório rótulo de “maluco” ou “doente mental” me parece uma convardia intelectual diante da dificuldade de compreensão da pessoa deles.

    Por algum(s) motivo(s) misteriosos, Deus permite que seres humanos venham ao mundo [parece que] só para serem terroristas, idólatras, assassinos, pervertidos sexuais etc. Eu não penso que Ele esteja enviando todos para o inferno. Não estou contradizendo o ensinamento de I Coríntios 6,9. O acerto de contas deve ser diferente para cada um (São Lucas 8,18). A Bíblia nos ensina o que devemos aprender. Mas e os que não chegam à concreta oportunidade de aceitar tais ensinamentos?!

    Que Deus tenha misericórdia de todos nós, o quanto precisarmos por termos sido maus. Ele já nos garantiu que não vai nos cobrar o que não nos deu. Por isso não me atrevo a pedir “especializadamente” a Misericórdia para alguém, julgando-o. Isso não seria bom pra mim!

    Alexandre Magno

  10. Carlos, se Nosso Senhor humilha-Se e, por amor a nós, faz-Se presente até mesmo diante de abusos mais ou menos institucionalizados, isto não legitima de per si os [graves!] erros que foram cometidos. Que a tradução é sofrível e foi obtida por meio de engodos é um fato objetivo. Que não obstante é válida, é outro fato objetivo. Um não anula o outro.

    Alexandre, eu acho que é meio óbvio que há certas atitudes que, objetivamente, necessitam de mais misericórdia do que outras – e pedir misericórdia ao Altíssimo para outrem não pode ser algo errado.

    Abraços,
    Jorge

  11. Jorge, gostaria de fazer uma questão para você, que está quase dentro deste assunto, como existe a missa do rito tridentino, o qual parece aquela que você mais gosta de acompanhar, porém estas missas são em latim, não sou contra a isto, mesmo porque o Papa Bento XVI a liberou pelo seu moto próprio a alguns anos atrás, e já deixei dito em
    outro post, que preferiria acompanhar mais um missa neste rito, do que alguma missa no rito ordinário do novo missal romano e em vernáculo, missa esta que acompanho todos os finais de semanas, mas, quando há aquela bagunça, de palmas, danças, apresentações dentro do culto, aí eu prefiro mais a missa do rito antigo (o qual ainda não pude ter a oportunidade de assistir) do que as palhaçadas promovidas em um vez ou outra dentro das missas do rito ordinário, porém, coloco aqui que são poucos a entender o latim, como eu, e se a missa no rito extraordinário ficasse só com a oração eucaristia vai lá, mais como eu li em uma matéria no fratres in unum, em uma matéria intitulada: “Novus Ordo em Latim e a Missa Tradicional em Latim: você consegue perceber a diferença? “, tem algo aí que me deixou intrigado, até o evangelho era lido em latim, poxa, o povo católico não tem muita intimidade com as Sagradas Escrituras, muitos só vão ouvir algo nas Igrejas durante a missa, porém no rito antigo além disto era proclamado o evangelho em latim?!, então o que o povo fazia nas igrejas durante as missas antigamente, e se hoje voltasse tudo como antes, será que teria alguém que ainda freqüentaria alguma missa? , ouço dos mais velhos que as missas de antigamente eram chatas e muitos quase não havia motivações para ir, iam só para cumprir um preceito religioso, pois toda a missa era em latim, só o sermão em vernáculo, e enquanto a missa prosseguia em latim, o povo que não sabia o que fazer rezava o terço, ou seja, se for para participar de uma missa destas nem eu estaria motivado para ir, porém, acredito que possam haver missas assim, como há e volto a frisar, não sou contra, porém, para aqueles que não sabem o latim, deveriam ser providenciados livros que contivessem as leituras bíblicas do dia e a oração eucarística que o padre viesse a proferir sobre o altar, pois mesmo que tudo fosse em latim, pelo menos o povo acompanharia em silêncio em uma leitura que elevasse a meditação e o acompanhamento mental da oração ou leitura bíblica que estivesse acontecendo, por isto pergunto a você Jorge, isto já acontecia no passado, ou o povo ficava a ver navios sem saber o que faze e só rezava o terço e o resto da missa só acontecia com o padre o coroinha e o coral, quando houvesse? E nos dias de hoje, nestas missas que são realizadas no rito antigo, se alguém que não sabe o latim, são providenciados algum livro com leituras dos evangelhos e das orações eucarísticas em vernáculo daquilo que o padre faz em latim?.

  12. Já eu, usando raciocínios parecidos com os de Sidnei, prefiro frequentar celebrações na forma ordinária do rito romano, em português. Por enquanto, ainda penso que tiro melhor proveito delas.

    Contudo, é bem interessante o que acontece, por exemplo, aqui em Natal. Uma Missa na forma extraordinária do rito romano é celebrada aos domingos, pela manhã, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (mapa). Parece-me que eles sempre se servem do vernáculo nas leituras e na homilia, confeccionando um jornalzinho de acompanhamento que também traz tradução de cada fala ou oração que deva ser em latim.

    Por outro lado, conheço gente que – infelizmente – tem como principalmente motivação para ir a esta Missa um declarado “saudosismo”. Quando a motivação deveria ser o significado especial da forma do rito, e principalmente o significado da própria Missa, a necessidade dela. Entre esses, é fácil encontrar quem deixe de assistir Missa se não houver uma Tridentina por perto!

  13. Sidnei,

    Salvo exceções pontualíssimas [p.ex., missas privadas que acompanhei sozinho ou com no máximo mais uma ou duas pessoas], eu nunca vi nem ouvi falar de uma missa onde as leituras não fossem feitas em vernáculo.

    Nas missas tridentinas dominicais daqui de Recife, as leituras são proferidas em vernáculo. Nas de Campos que tive a oportunidade de assistir, idem. No máximo, o que já vi foi a leitura proferida em latim [geralmente cantada] à qual se segue imediatamente sua tradução em vernáculo.

    O bom movimento litúrgico (salvo engano, do início do século XX) popularizou os chamados “missais dos fiéis”, que são livros bilingües contendo todos os textos da Liturgia (tanto as orações quanto as leituras de todos os dias do ano) em latim com a sua respectiva tradução para a língua do lugar ao lado.

    Aqui em Recife o pessoal responsável pela Missa faz um pequeno folheto a cada domingo, com as leituras em vernáculo.

    Na pior das hipóteses, em uma eventual missa talvez celebrada com as leituras exclusivamente em latim, o sacerdote deveria traduzir as Sagradas Palavras na homilia – p.ex., como se vê no Sermão da Sexagésima.

    O fato, no entanto, é que o grosso do povo nunca soube latim. E o outro fato incontestável é que o povo sempre conheceu as histórias bíblicas. Portanto, eles nunca ficaram privados delas por limitações lingüísticas.

    Abraços,
    Jorge

  14. Obrigado Jorge pela sua atenção, só fiquei em dúvida sobre as leituras bíblicas, principalmente a proclamação do evangelho ser feita em latim, foi devido a matéria do fratres in unum, mas, como você confirma que as leituras nas missas tridentinas são feitas em vernáculo, dou me por satisfeito.

  15. Até onde entendo, nós católicos (ou os cristãos em geral) devemos buscar ver nas pessoas, mais as partes boas que as ruins, e crer nas suas retas intenções. Claro, há um limite. Mas acredito que Dom Clemente foi um homem virtuoso, por vários sinais.
    Quanto à Liturgia, quando do estabelecimento do novo “Ordo” em 1969 houve muito questionamento, inclusive na revista dos beneditinos, “Liturgia e Vida”, onde um dos articulistas apresentou uma série de falhas mas fez a ressalva de que nós acatávamos a autoridade eclesiástica. Como a qualidade dos pastores brasileiros hoje em dia parece ser muito melhor em média que nos anos 60 (tenho sentido padres e bispos sensacionais nesses últimos tempos, que sabem falar profeticamente, como o Padre Paulo Ricardo), fico com a esperança de que se faça alguma coisa para melhorar o nosso “Ordo”. Uma coisa que não entendo é o resumo do “Gloria” onde as palavras “pelos séculos dos séculos” foram omitidas.
    Em suma, concordo que o “Ordo” estabelecido no Brasil apresenta falhas e precisa ser corrigido. Mas, isto não invalida as missas. E também não gosto de bagunça na celebração litúrgica, p.ex. interromper para cantar “parabéns a você” aos aniversariantes da semana (o fiel que esteja aniversariando deve ficar na sua, se perguntarem quem faz anos; eu é que não colaboro com a farra na missa).

  16. Dom Clemente Isnard, como Jesus de Nazaré, foi incompreendido pelos seus. “Veios aos seus e os seus não o receberam” (jo, 1,11) Pois chegarao dias em que os da própria familia o rejeitarão. Movido pelo Espírito Santo, Dom Isnard admoesta sua Igreja, pois quem busca corrigir os erros de sua Igreja, este está no caminho da verdade. Obrigado Dom Isnard pelo zelo que o consumia pela verdade, sem hipocrisias. “vem Servo fiel, tome parte da minha herança, diz o Senhor!”

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