Bento XVI em Assis: “O «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida”

[Publico a íntegra do primeiro discurso do Papa Bento XVI no III Encontro de Assis, proferido hoje na Basílica de Santa Maria dos Anjos. Todos os grifos são meus.

Alguns podem estranhar que este discurso não se assemelhe tanto a uma defesa da Fé Católica diante dos que recusam a Religião Verdadeira. Isto é verdade. Mas nem todos os discursos papais precisam ser tratados de apologética, e nem os não-católicos só podem ser abordados sob a alcunha explícita de inimigos de Cristo. O dia é “pela Paz e a Justiça no Mundo”, e não diretamente “ut inimicos Sanctae Ecclesiae humiliare”. Há um tempo para cada coisa debaixo dos Céus.

O que não significa que não seja possível extrair coisas boas de uma abordagem distinta. Entre outras coisas, o Papa consegue, neste discurso, i) criticar o terrorismo islâmico; ii) demonstrar que são improfícuos os esforços naturalistas por paz; iii) defender abertamente a santidade da Igreja a despeito dos erros dos católicos; iv) criticar o Iluminismo; v) chamar os cristãos à conversão e ao aperfeiçoamento moral; vi) acusar o ateísmo assassino; e vii) separar os agnósticos (imensa maioria dos incrédulos) dos ateus fanáticos radicais (Dawkins et caterva), privando estes últimos do “número” que alegam ter.  É bastante coisa. Que as pessoas o possam perceber. E que este dia possa dar bons frutos.

Fonte: Discurso do Papa Bento XVI, Assis, 27 de outubro de 2011.]

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

Assis, Basílica de Santa Maria dos Anjos
Quinta-feira
, 27 de Outubro de 2011

Queridos irmãos e irmãs,
distintos Chefes e representantes das Igrejas
e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo,
queridos amigos,

Passaram-se vinte e cinco anos desde quando pela primeira vez o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis. O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz? Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. Perderam a sua capacidade de aterrorizar. A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência. A questão sobre as causas de tal derrocada é complexa e não pode encontrar uma resposta em simples fórmulas. Mas, ao lado dos factores económicos e políticos, a causa mais profunda de tal acontecimento é de carácter espiritual: por detrás do poder material, já não havia qualquer convicção espiritual. Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz. E é necessário acrescentar que, embora neste contexto não se tratasse somente, nem talvez primariamente, da liberdade de crer, também se tratava dela. Por isso, podemos de certo modo unir tudo isto também com a oração pela paz.

Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o facto de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo. A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo.

Procuremos identificar, mais de perto, as novas fisionomias da violência e da discórdia. Em grandes linhas, parece-me que é possível individuar duas tipologias diferentes de novas formas de violência, que são diametralmente opostas na sua motivação e, nos particulares, manifestam muitas variantes. Primeiramente temos o terrorismo, no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas. Aos olhos dos responsáveis, a grande causa da danificação do inimigo justifica qualquer forma de crueldade. É posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional. Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o carácter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.

A crítica da religião, a partir do Iluminismo, alegou repetidamente que a religião seria causa de violência e assim fomentou a hostilidade contra as religiões. Que, no caso em questão, a religião motive de facto a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente. De modo mais subtil mas sempre cruel, vemos a religião como causa de violência também nas situações onde esta é exercida por defensores de uma religião contra os outros. O que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição. Contra isso, objecta-se: Mas donde deduzis qual seja a verdadeira natureza da religião? A vossa pretensão por acaso não deriva do facto que se apagou entre vós a força da religião? E outros objectarão: Mas existe verdadeiramente uma natureza comum da religião, que se exprima em todas as religiões e, por conseguinte, seja válida para todas? Devemos enfrentar estas questões, se quisermos contrastar de modo realista e credível o recurso à violência por motivos religiosos. Aqui situa-se uma tarefa fundamental do diálogo inter-religioso, uma tarefa que deve ser novamente sublinhada por este encontro. Como cristão, quero dizer, neste momento: É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza. O Deus em quem nós, cristãos, acreditamos é o Criador e Pai de todos os homens, a partir do qual todas as pessoas são irmãos e irmãs entre si e constituem uma única família. A Cruz de Cristo é, para nós, o sinal daquele Deus que, no lugar da violência, coloca o sofrer com o outro e o amar com o outro. O seu nome é «Deus do amor e da paz» (2 Cor 13,11). É tarefa de todos aqueles que possuem alguma responsabilidade pela fé cristã, purificar continuamente a religião dos cristãos a partir do seu centro interior, para que – apesar da fraqueza do homem – seja verdadeiramente instrumento da paz de Deus no mundo.

Se hoje uma tipologia fundamental da violência tem motivação religiosa, colocando assim as religiões perante a questão da sua natureza e obrigando-nos a todos a uma purificação, há uma segunda tipologia de violência, de aspecto multiforme, que possui uma motivação exactamente oposta: é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso. Como dissemos, os inimigos da religião vêem nela uma fonte primária de violência na história da humanidade e, consequentemente, pretendem o desaparecimento da religião. Mas o «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo. Os horrores dos campos de concentração mostram, com toda a clareza, as consequências da ausência de Deus.

Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado; queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal. O desejo de felicidade degenera num anseio desenfreado e desumano como se manifesta, por exemplo, no domínio da droga com as suas formas diversas. Aí estão os grandes que com ela fazem os seus negócios, e depois tantos que acabam seduzidos e arruinados por ela tanto no corpo como na alma. A violência torna-se uma coisa normal e, em algumas partes do mundo, ameaça destruir a nossa juventude. Uma vez que a violência se torna uma coisa normal, a paz fica destruída e, nesta falta de paz, o homem destrói-se a si mesmo.

A ausência de Deus leva à decadência do homem e do humanismo. Mas, onde está Deus? Temos nós possibilidades de O conhecer e mostrar novamente à humanidade, para fundar uma verdadeira paz? Antes de mais nada, sintetizemos brevemente as nossas reflexões feitas até agora. Disse que existe uma concepção e um uso da religião através dos quais esta se torna fonte de violência, enquanto que a orientação do homem para Deus, vivida rectamente, é uma força de paz. Neste contexto, recordei a necessidade de diálogo e falei da purificação, sempre necessária, da vivência da religião. Por outro lado, afirmei que a negação de Deus corrompe o homem, priva-o de medidas e leva-o à violência.

Ao lado destas duas realidades, religião e anti-religião, existe, no mundo do agnosticismo em expansão, outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São «peregrinos da verdade, peregrinos da paz». Colocam questões tanto a uma parte como à outra. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polémicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela. Mas, tais pessoas chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais. Estas pessoas procuram a verdade, procuram o verdadeiro Deus, cuja imagem não raramente fica escondida nas religiões, devido ao modo como eventualmente são praticadas. Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que crêem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus. Assim, a sua luta interior e o seu interrogar-se constituem para os que crêem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível. Por isto mesmo, convidei representantes deste terceiro grupo para o nosso Encontro em Assis, que não reúne somente representantes de instituições religiosas. Trata-se de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, de nos comprometermos decisivamente pela dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito. Concluindo, queria assegura-vos de que a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo. Vivemos animados pelo desejo comum de ser «peregrinos da verdade, peregrinos da paz».

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

158 comentários em “Bento XVI em Assis: “O «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida””

  1. “Como cristão, quero dizer, neste momento: É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza.”

    Até que enfim, o reconhecimento.

  2. Amo o Papa Bento XVI, mas eu esperava muito mais.
    Um discurso tão grande e em nenhum momento foi sequer pronunciado o nome de JESUS.

    “Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si”

    A paz não existe sem Jesus. Faltou dizer com coragem o principal.

    O Papa fala apenas de “Deus”, o que acaba ficando bem vago, afinal, todos ali acreditam em “Deus” (mesmo os ateus, se considerarmos que o deus dos ateus é a si mesmos).

    Esperei que o Papa gritaria em alto e bom tom que o mundo só conhecerá a paz verdadeira em Cristo Jesus, mas…também não sabemos que tipo de pressões ele sofre em seu reinado. Pressão de governantes, cardeais, etc. Fica muito fácil para nós falarmos aqui, quando é o Papa que está na mira de todos.

    Entendo isso, continuo amando e confiando em Bento XVI, e espero no Senhor Jesus que ele venha, como sempre faz, tirar o bem de um mal. Mas continuo com a mesma impressão: o encontro foi mais negativo que positivo, e o Papa perdeu uma grande oportunidade de anunciar JESUS.

  3. É para isso que serve esse tipo de discurso, para envergonhar os cristãos e fazer a festa dos que odeiam a Igreja. Tristeza!

  4. Um discurso claramente polido e politico.
    Muito abaixo de um representante de Cristo na terra.
    E na mesma altura que um “pacifista” da ONU.
    Quando leio coisas assim, compreendo bem o que disse Nosso Senhor: Se o mundo vos odeia, odiou primeiro a Mim.
    Quanto custa ao homem assumir sua amizade com Cristo?
    E quem paga esse preço?

  5. Ainda não vou opinar sobre se o encontro foi positivo ou negativo, como fez o Wilson Junior. Nem sobre a propriedade do discurso, como fez Andrea Patricia.

    roberto quintas mais uma vez parece distorcer as coisas, manipulando palavras, conscientemente ou não, deixando para os que o leem, grandes chances de subentender erroneamente. Pois:

    O Papa reconheceu que foi feito um uso abusivo da fé cristã. Aliás, Jorge grifou, no post. Não é a fé cristã que é abusiva.

    Wilson Junior escreveu:

    O Papa fala apenas de “Deus”, o que acaba ficando bem vago, afinal, todos ali acreditam em “Deus” (mesmo os ateus, se considerarmos que o deus dos ateus é a si mesmos). 

    Não, ateus não se veem como Deus. Talvez se comportem como um deus, mas se dificilmente veem como um deus; e não é razoável ter que alguma vez se vejam como o Deus único. Por isso, a abordagem é uma desonestidade para com eles.

    Fica muito fácil para nós falarmos aqui, quando é o Papa que está na mira de todos.

    É verdade. Isso precisa ser considerado.

  6. Salve Maria,

    Duas perguntas:

    1 – O Santo Padre estava presente no momento em que foi cantado o hino à deusa olokun dentro da basílica de santa maria dos anjos? http://fratresinunum.com/2011/10/28/assis-iii-hino-a-deusa-olokun-e-cantado-dentro-da-basilica-de-santa-maria-dos-anjos/

    2 – A que tipo de violência cristã ele se referiu no texto: Deus matando os adoradores de outros “deuses” ( Antigo Testamento), São Pedro ao matar Ananias e Safira (Novo testamento), Jesus exercendo violência com os vendilhões do templo, as Cruzadas, a Santa Inquisição, etc?

    Deus nos abençoe.
    São Pio X, rogai por nós.

  7. alexandre, eu não afirmei que a crença cristã é abusiva.
    houve abuso de uma instituição.
    o que vem a calhar, pois se a instituição reconhece que abusou e considera-se que tal [ab]uso da violência não faz parte do credo cristão, então cabe aos católicos mudar a Igreja [ou mudar-se dela].

  8. Mais um texto perfeito de Sua Santidade o Papa Bento XVI.

    Assim como o Espirito Santo o animou nesta mensagem, peçamos que também a nós o Espirito Santo favoreça a compreensão.

    Que a luz do Espirito destrua de forma violenta nossa presunção de donos da verdade. Que o temor de Deus nos permita uma vida livre de temores inúteis. Que o poder de Deus esmague contra as pedras as cabeças dos filhos de nossa soberba.

  9. Não devemos tentar ensinar a verdade a outra pessoa para que ele aprendendo a verdade venha a ser uma pessoa perfeita, devemos levar a ela uma pessoa perfeita para que assim maravilhada, veja a verdade que Deus já havia deixado nela.

  10. quintas, eu não disse que você afirmara que a crença cristã é abusiva.

    No discurso, Bento XVI não determina quem fez o tal “uso abusivo” da fé cristã, e você está inferindo indevidamente que foi a instituição – Igreja Católica Apostólica Romana – que fez tal uso abusivo.

    O papa não reconheceu responsabilidade da Igreja nesse uso abusivo. Reconheceu outra coisa. Reconheceu, em outras palavras: que existiram pessoas que abusaram da fé cristã, pretendendo serem católicas ou não, pretendendo serem cristãs.

    Ou seja, a instituição – na pessoa do papa, que seja – não está reconhecendo que abusou da fé cristã. Por isso, não implica, como você quer no seu argumento, que os católicos [cristãos] devam mudar a Igreja ou mudar-se [sair] dela.

  11. Pelo que entendi, nenhum não-católico desse encontro foi chamado para ouvir a verdade, que nós conhecemos, e suas implicações. Antes, foram ao encontro para defender suas crenças e buscar uma paz mundial no sentido de não-violência (não querem a paz de Cristo). Olhando por este viés, penso que o discurso do Papa foi muito bom. Ora, se os convidados não vieram para buscar a verdade, que utilidade teria tentar convertê-los com um discurso neste sentido? Seria “atirar pérolas aos porcos”!

    Bom seria se os muçulmanos acolhessem o discurso e parassem de matar católicos, mas certamente que não vão parar, infelizmente. Tenho minhas dúvidas se o encontro trará algum benefício no sentido de diminuir a violência no mundo.

    Lendo a informação do link indicado pelo Francisco A. B. Júnior, penso que, independente do Papa estar ou não no momento do hino pagão, este encontro não deveria ser realizado dentro de uma basílica. Porém, é a mera opinião de um leigo. Pode ser que eu esteja errado, até porque o Papa é muito sábio e deve ter plena ciência de tudo isso.

  12. Sr. Quintas,

    Destaco sua resposta ao Alexandre:

    “houve abuso de uma instituição” (PREMISSA 1).

    “o que vem a calhar, pois (PREMISSA 2) se a instituição reconhece que abusou e (PREMISSA 3) considera-se que tal [ab]uso da violência não faz parte do credo cristão, então (CONCLUSÃO) cabe aos católicos mudar a Igreja [ou mudar-se dela]”.

    a) A premissa 1 carece de fundamento, pois há um abismo entre a frase, “Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã”, e a frase “houve abuso de uma instituição”

    b) A premissa 2 se apoia na premissa 1, e por (a), deve ser desconsiderada.

    c) A conclusão é ilógica, a partir da premissa 3. Ora, se o erro não faz parte do credo, quem tem que mudar são os praticantes do erro e não a Igreja.

    d) A frase final, “[ou mudar-se dela]” além de desconexa, é sugestão gratuita que dispensamos, obrigado.

    Então vou te dar uma sugestão gratuita também, aceite-a se “vier a calhar”: Reflita melhor antes de postar um comentário sobre A Santa Igreja, procure ter um mínimo de coerência em seus argumentos…

  13. Belo discurso do papa. Mas não posso deixar de considerar os seguintes pontos sobre as considerações do Jorge Ferraz:

    1) Ele diz que o papa critica o terrorismo islâmico. Mas em nenhum momento no texto o islã é mencionado; o terrorismo é citado de forma geral, podendo incluir até o praticado pelos que se dizem cristãos. Na verdade, a única religião citada é justamente a cristã, reconhecendo-se o uso da violência em seu nome ao longo da história.
    E ele faz questão de frizar que a violência “não é a verdadeira natureza da religião”.

    2) Diz que o discurso “demonstra que são improfícuos os esforços naturalistas por paz”. Não sei bem exatamente o que quer dizer com “naturalistas”, mas algo que me chamou bem a atenção neste discurso foi dizer que agnósticos “são peregrinos da verdade, peregrinos da paz”, mesmo sem acreditar em Deus. Aliás, o último parágrafo tem conclusões fortes, que curiosamente não foram grifadas – por exemplo, ao dizer que os agnósticos colocam questões às religiões para que não considerem Deus como sua propriedade.
    Os grifos foram só em relação aos ateus e às más práticas das religiões.

    3) O papa, aqui, não defendeu abertamente a “santidade da Igreja a despeito dos erros dos católicos”. Ele disse que é necessário “purificar continuamente a religião dos cristãos”. Não tem nada de “abertamente” aqui!! Pelo contráio, não foi citada a Igreja. Falou-se somente que o “centro” da Fé cristã é o Deus do amor e da paz, e é para Ele que deve-se voltar.

    4) Não vi nenhuam ênfase ao “ateísmo assassino”; muito pelo contrário, o papa disse que NÃO PRETENDIA DETER-SE no ateísmo de Estado (e, curiosamente, somente estas últimas palavras foram grifadas em toda a frase). O papa é claro: quando fala em “contra-religião”, está falando de forma mais ampla, na ausência de Deus que há na ganância, as drogas, à decadência do humanismo – ateístas ou não.

    5) Ao separar os agnósticos de ateus, não foi feita nenhuma consideração de número. A ênfase foi mais em uma “terceira via” que teria questionamentos importantes às duas vias de violência citadas: a “religiosa” e a “contra-religiosa”. Aliás, os agnósticos foram ressaltados como autênticos “peregrinos da verdade e da paz”.

    Me pergunto, com todo o respeito, se foi feita uma análise sincera ou simplesmente um “ouvir o que queria ouvir”, “ler o que queria ler”, interpretar como se quer…

    O discurso do papa pode não ser o que você quer que seja. E cuidado para não prestar um des-serviço à Igreja e ao mundo, divulgando-o como se fosse…

  14. Salve Maria,

    Perfeito Joaquim, o senhor lembrou muito bem o “famoso” beijo de JP2 no Alcorão. Analisemos:

    Nem minha filha de três anos seria capaz de ofender tanto a Deus beijando o tal livro Alcorão. E mesmo que fizesse isto seria pela sua inocência (ainda não sabe ler). Entretanto, o ex-chefe supremo do catolicismo, JP2, tem ciência do ato cometido e do que isto significa.

    Jorge, é melhor não defender JP2, vai envergonhar ainda mais os católicos. Desculpe, mas não compactuo. Não sei quem foi pior Alexandre VI ou JP2.

    A dureza das palavras ainda não são proporcionais ao ato de JP2 ao beijar o Alcorão. Fosse no antigo testamento, sabes qual é o catigo que Deus o reservaria? (por analogia é claro)

    São Pio X, rogai por nós.

  15. Bento XVI, admirável como sempre (impressiona a clareza, virtude e profundidade das palavras deste homem santo e sábio). Lembro, a propósito, que Bento XVI tem toneladas de textos escritos e fala frequentemente em Jesus Cristo.

  16. Os protestantes tradicionalistas gostariam que seu sumo pontífice, o padre Bernard Felay, derrubasse Bento XVI do trono de São Pedro e assumisse seu lugar, Lutero também era tradicionalista, só que a tradição dele não passou do primeiro século e a tradição dos protestantes católicos não passou de Pio XII.

  17. A distancia entre a Santa Igreja católica e Maome, Lutero, Felay ou quaisquer outros que se colocam fora de sua comunhão tem muito pouca diferença.

    Luteranos e Lefebvrianos são dois grupos de excomungados que tem muito mais em comum entre si do que supõem e a Igreja tem para com ambos o mesmo desejo de que se convertam.

    Parece que alguns personagens totalmente desligados da Igreja a criticam, quando esta demonstra caridade com tantas outras criaturas perdidas, achando que tem algum tipo de pertença à Igreja e qualificação para ser contra o Sumo Pontífice.

    A única forma de pertencer a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, é por Roma.

  18. Salve Maria,

    Prezados Alexandre Carvalho e Wilson Ramiro, é sempre assim: Já que não há mais argumentos lógicos pra defender os erros pós CVII (e de JPII), partem para o ataque. Defendam o ASSIS III a luz da doutrina católica e JPII do beijo no Corão, sigam em frente.. CORAGEM.

    1- Prove que Lutero era tradicional. Pra ter idéia a “missa nova” é que se parece muito com a “missa de Lutero”;
    2 – Não fazemos questão que D. Felay seja o Papa, mas se este for o único a respeitar a Tadição da Igreja…;
    3 – Acrescente a sua lista: os “católicos” que estão em “plena comunhão”, mas conscientemente compactuam com os erros de seus lideres;
    4 – Caridade é falar a verdade, sem ambiguidades.
    5 – Indo aos pontos de divergência: encontre na história da Igreja antes do CVII exemplos concretos de documentos de apoio a Liberdade Religiosa, de Ecumenismo ou de Diálogo Inter-religioso.

    Wilson, você pertence a hierarquia da Igreja para declarar os Lefebvrianos excomungados? Tem certeza que somos? Você ainda acredito no dogma que “fora da Igreja não há salvação?”

    São Thomas More, rogai por nós.

  19. Todo católico deve aceitar o ensinamento da Igreja na sua integralidade, e a Igreja Católica ensina que os Concílios Ecumênicos são infalíveis:

    “…contudo, mesmo quando dispersos pelo mundo, eles (os bispos) guardando, porém, a comunhão entre si o com o Sucessor de Pedro e quando ensinam autenticamente sobre assuntos de fé e moral, concordando numa sentença que deve ser mantida de modo definitivo, então enunciam infalivelmente a doutrina de Cristo”. Lumen Gentium n. 25.

    Os protestantes não devem fidelidade ao Magistério da Igreja, o católico que ataca o Concílio Vaticano II, ataca a plena continuidade da Tradição da Igreja, assim como fazem os protestantes.

    Por que o Papa não beijaria o Alcorão? já que o livro sagrado dos muçulmanos honra Nossa Senhora com um capítulo dedicado a ela? Sim, existe um livro no Alcorão dedicado a Maria e com o nome de Maria, está ali diante deles o caminho para Jesus, através de Maria mãe de Jesus eles podem chegar ao verdadeiro Deus da Mãe de Deus.

    O católico verdadeiro segue o Magistério VIVO da Igreja, o Magistério morto não tem como se defender, não tem como se justificar, só o Magistério VIVO tem condições de interpretar as verdades reveladas à luz da realidade atual.

    Quem quer ser seu próprio Magistério é o protestantismo, com suas interpretações pessoais das Escrituras, os protestantes tradicionalistas inventaram suas interpretações pessoais do Magistério morto, igualmente aos protestantes eles são na verdade seu próprio Magistério.

  20. A Igreja é o Corpo de Cristo, fora do Corpo de Cristo não há salvação, mesmo que não seja nas fronteiras visíveis da Igreja, pois Ela também é Corpo Místico em que todos os salvos pela graça de Deus, por Cristo Jesus, fazem parte, sendo assim existe uma misteriosa ligação desses eleitos com a Igreja de Cristo, fora da Igreja não há salvação.

  21. “Por que o Papa não beijaria o Alcorão? já que o livro sagrado dos muçulmanos honra Nossa Senhora com um capítulo dedicado a ela?”

    Essa é a maior manobra literária que eu já li de alguem defendendo esse ato.
    Um verdadeiro contorcionismo das letras.
    Por esse raciocinio pergunto: Por que não ir a IURD já que o tramulhão do Edir Macedo tambem oferece “um capitulo dedicado a Deus” ?
    Por que não visitar a seita Mundial, já que o “pastô” Waldomiro “chapeleiro” Santiago passa parte de seu tempo a falar de Cristo?
    Qualquer católico de boa vontade sabe que não “adianta falar bem de Nossa Senhora” sem atribuir a Ela o título de Mãe de Deus.
    De que adianta “dedicar um capitulo de um livro a Nossa Senhora” sem ter fé no Seu filho e reconhecê-LO como Deus.
    São Felipe Neri, revelou que a frase que mais agrada Nossa Senhora é esta: Mão e Virgem. Virgem e Mãe.
    A vida de um católico não se resume a leitura de um “livro”…Pior ainda se esse livro for o alcorão.
    A vida do católico é o amor à Cruz.
    Que se beije a CRUZ.
    Em suma: O Papa é o sucessor de Pedro. Ponto.
    O Papa é o chefe da Igreja. Ponto.
    O Papa é infalível em questão de fé e moral. Ponto.
    O Papa merece nosso respeito e vassalagem. Ponto.
    O Papa JPII deu mau exemplo em beijar o alcorão. Ponto.
    O beijo do papa não é infalível. Ponto.
    E o “beijo” não era o forte do JPII.Ponto.

    Olegário.

    Em tempo: E não adianta me xingar de rad-trad; excomungado; lefrebrista; protestante; que eu não ligo pra isso. Deus sabe do meu coração.

  22. Caro Francisco A. B. Júnior, não é preciso defender o Concílio Vaticano segundo, nem é necessário defender O beato Papa João Paulo II ou Sua Santidade o Papa Bento XVI.

    Lutero acreditava que defendia a igreja original, “a mais tradicional” mesmo que não usasse estas palavras. Todo protestante afirma que a igreja se perdeu em algum momento ou concílio, isto não te soa familiar?

    “sua santidade felay!” …nem o menor dos demônios ficaria sem rir.

    Tua escolha foi perfeita. São Thomas More entregou sua vida por não aceitar uma igreja sem Roma.

  23. III encontro de ASSIS, III negação de Pedro, espero que O Santo Padre escute o galo cantar e volte a dirigir as ovelhas para o único pasto correto.

    Para quem é indiferente ao encontro leia a enciclica Mortalium Animus

  24. Salve Maria,

    Alexandre, quero comentar seu texto, mas antes devo te perguntar: tem certeza que não há problemas em beijar o Corão? Isto é sério?

    São Pio X, rogai por nós.

  25. O beijo no Alcorão é um beijo no coração das pessoas que acreditam neste livro, é gesto de respeito, assim como nós cristãos civilizados respeitamos a fé dos filhos de Ismael, esperamos que eles também respeitem nossa fé e não criem dificuldades para aquele muçulmano que quiser abraçar a fé católica e nem imponham barraeiras para a propagação dessa fé.

    E independente do aspecto missionário eu beijaria o Alcorão por estas palavras:

    19 Explicou-lhe: Sou tão-somente o mensageiro do teu
    Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado.(877)
    20 Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum
    homem me tocou e jamais deixei de ser casta?
    21 Disse-lhe: Assim será, porque teu Senhor disse: Isso
    Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e
    será uma prova de Nossa misericórdia(878). E foi uma
    ordem inexorável.(879)
    22 E quando concebeu, retirou-se, com um rebento a um
    lugar afastado(880).
    Máriam 19

    Até os muçulmanos têm devoção por Maria e a chamam de Imaculada, e é considerada, por alguns sufis (mulçumanos que mantém comunhão perfeita com Allah), a Mãe-Sabedoria, a mãe da Profecia e de todos os Profetas; por isso o Islã a chama de siddigah (a sincera), identificando-a com a Sabedoria, com a Santidade, com a Sinceridade e com a total concordância à Verdade.

    Note o contraste entre muçulmanos e protestantes, lembre da profecia de Nossa Senhora:

    Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, (Lucas 1, 48)

    Por isso eu beijo sim o Alcorão.

  26. Uau, então quer dizer que os muçulmanos tem devoção por Maria? Que coisa! Que devoção estranha essa, pois não aceitam seu Filho como Deus…

    O que mais veremos ser defendido? Hinos a “deusa” X entoados dentro da igreja?

    Misericórdia, Senhor!

  27. Salve Maria,

    Caro Alexandre,

    O Olegario já te respondeu com clareza, mais que isto… impossível. “Olegario says: 29 October 2011 at 8:37 pm”.

    Até o Espíritismo fala bem de Jesus, e você aceita a doutrina Espírita??

    Quanto as perguntas que fiz, sobre os exemplos de ecumenismo, diálogo inter-religioso e liberdade religiosa antes do CV2, pelo jeito nada…

    Santo Inácio de Loyola, rogai por nós.

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