A apologética em tempos sombrios

Eu achei este cartaz de divulgação muito bom. Conheço bem pouco do Marcus Boeira (sei que é articulista do Mídia Sem Máscara) e só devo ter lido bem poucas coisas dele, mas as referências que eu tenho são positivas e o tema do referido encontro é bastante interessante. A palestra será em São Paulo no próximo domingo; se alguém puder participar, seria bom se o fizesse e, depois, colocasse aqui as suas considerações.

A apologética católica em tempos sombrios! O título é instigante. Sim, nós vivemos em tempos sombrios – tempos que renegam a Cruz de Nosso Senhor, tempos que parecem sentir um prazer doentio em reencenar o prólogo do Evangelho de São João e fazer com que as Trevas não compreendam a Luz de Cristo. E, sim, em tempos assim, é importante fazer apologética. É importante defender a Fé de Seus inimigos.

As verdades a serem defendidas são sempre as mesmas. Mas as armas adequadas a cada combate são aquelas oferecidas em ato, diante de cada batalha concreta. Pode-se até dizer que a apologética é uma só; mas a forma de fazê-la “em tempos sombrios” é sem dúvidas diferente da forma de esgrimi-la no tempo “em que a luz do Evangelho guiava as nações”.

Acho que é no Filotéia que São Francisco de Sales fala em um ramalhete disposto de maneira diversa dos outros ramalhetes; as mesmas flores, mas diferente apenas a maneira de as apresentar. A metáfora sempre me foi muito cara. Sempre tive bem claro que, se por um lado é importante uma fidelidade intransigente àquilo que de nossos antepassados recebemos, por outro lado é também de suma importância um esforço sincero para transmitir a nossa herança sem perdas ou incompreensões.

E são estes os tempos nos quais quis a Providência que vivêssemos! Importa, portanto, que neles vivamos da melhor forma possível. Ainda que sejam sombrios, a Graça de Deus não nos haverá de faltar – se a ela formos dóceis e por ela implorarmos com zelo e confiança. Façamos a nossa parte para levar um pouco de luz às trevas modernas. E que seja em nosso favor a Virgem Soberana, Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, a Stella Matutina que prenuncia a aurora. As trevas não haverão de durar para sempre. Os tempos sombrios hão de passar.

“Xingar muito no Twitter” com os dias contados

Hoje pela manhã eu lia este longo texto do Geneton Moraes, e aquilo que era motivo de júbilo para o articulista era, para mim, um sinal de profunda desesperança com a sociedade moderna. Resumindo: o sujeito ganhou uma ação (na esfera civil, pelo que entendi) contra um outro repórter que, no Twitter, acusou-o de ter copiado de um trabalho de jornalismo as perguntas que fizera ao Geraldo Vandré em uma entrevista que foi ao ar em 2010.

Eu não sei quem é o Geneton Moraes e nem quem é o outro repórter anônimo cujo tweet ele cita. Não assisti a tal entrevista com o Geraldo Vandré nem muito menos li os comentários no site não-citado onde se acusava o sr. Moraes de copiar as perguntas de trabalhos de alunos de jornalismo. O que me chocou nesta história foi, por um lado, a profunda irrelevância da agressão sofrida e, pelo outro, a enormidade do peso do Estado lançada sobre um comentário de 140 caracteres. Em uma palavra, a absurda desproporcionalidade entre a ação e a reação.

Eu já expliquei outras vezes que, segundo penso, agressões irrelevantes devem ser tratadas no máximo com outras agressões irrelevantes. O cara quer xingar muito no Twitter? Deixa ele xingar muito no Twitter e ser feliz – no máximo, xinguemo-lo também! Bons tempos os da nossa infância, quando a gente aprendia a resolver os problemas da gente em total respeito ao princípio da subsidiariedade: primeiro a gente trocava tapas com os colegas, e só depois – quando a coisa ficava feia – chamávamos os amigos para nos ajudar; se ainda não resolvesse, íamos à professora, à diretora e aos pais. O respeito a esta cadeia hierárquica era sagrado: nunca íamos à diretora (muito menos aos pais!) antes de tentarmos resolver as coisas por nós próprios. Quanta sabedoria nos antigos colégios…

O princípio da subsidiariedade prega que os problemas devem ser resolvidos pelas instâncias mais próximas a ele e que são capazes de tratá-lo. Se alguém nos xinga, a gente xinga também e pronto – em 99% dos casos não há necessidade de envolver instâncias superiores desnecessárias para tratar deste problema (as mais das vezes) fútil, a menos que sejamos dotados de uma tal crise de megalomania que achemos ser o nosso próprio umbigo um assunto tão importante que é absolutamente imprescindível que toda a sociedade com ele se envolva. Somente quando os efeitos deletérios extrapolarem os limites dos envolvidos é que se deve chama o arbítrio de uma instância superior; e, francamente, quem é que dá a mínima para xingamentos do Twitter?

O próprio articulista sabe disso! «Preferi não prolongar o trabalho que estava dando à Justiça – que, como se sabe, já vive sobrecarregada. Dei-me por satisfeito». Tudo isto em nome de um precedente que ele queria estabelecer, que não apenas é inútil como também pode ser prejudicial: já pensou se a moda pega e ninguém pode escrever ou falar mais nada sob pena de ser processado por fulanos e sicranos que se sintam ofendido com o que leram ou ouviram?

Às vezes é sim fundamental que haja uma intervenção superior. Penso, por exemplo, em um caso que li há alguns anos quando a imprensa noticiou (falsamente) que uma escola primária abrigava casos de pedofilia e aí, naturalmente, todos os pais tiraram os seus alunos do colégio – provocando um prejuízo enorme ao dono do estabelecimento de ensino. Aqui, cabe reparação. No caso do sr. Moraes… o que aconteceu com ele? Ele perdeu o emprego, a sua mulher o deixou, ele foi espancado na rua por grupos de skinheads por ser um mau jornalista…? Danos morais não deveriam ser para apaziguar os brios ofendidos de ninguém, e sim para tratar de assuntos sérios e prejuízos verdadeiros. A “honra” de cada um, enquanto não há prejuízo objetivo certo, deveria ser lavada como fazíamos quando éramos crianças. E não com esta síndrome de “conta tudo pra tua mãe, Kiko”.

Curtas

O Ano Sacerdotal: coletânea de textos do Papa Bento XVI organizada pelo pe. Demétrio Gomes. «As páginas deste livro contêm as principais intervenções do Romano Pontífice dirigidas aos sacerdotes ao longo do Ano Sacerdotal. Constituirão, certamente, um sólido alimento para a meditação dos sacerdotes, assim como uma preciosa catequese para todos os membros da Santa Igreja acerca deste ministério sagrado». São 205 páginas, pela Editora Ecclesiae.

Fica a dica. Mais informações aqui.

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Bispo mexicano afirma que o Vaticano lhe pediu explicações sobre seu apoio a um grupo gay. Trata-se de Dom Raúl Vera López.

Para quem não conhece a história: no início do mês passado apareceram alguns “fiéis” gays, com o apoio do bispo, pedindo um “matrimônio gay”. Os católicos, naturalmente indignados com este vergonhoso apoio dado por Sua Excelência, manifestaram-se pedindo um bispo católico para a diocese de Saltillo – ao que Dom Raúl respondeu oficialmente: “por fidelidade ao ministério pastoral que desempenha, (o Bispo Vera) não cessará seu dinamismo e sua voz, que procuram contribuir à construção de comunidades de fé mais viva e comprometidas e de uma sociedade mais humana”. Apareceu também um abaixo-assinado “em solidariedade” a Sua Excelência.

Pois bem, agora o Vaticano pede esclarecimentos a Dom Raúl Vera López. “Não estou contra o magistério da Igreja, nem estou promovendo a desonestidade, iria contra meus princípios promover a depravação ou a degeneração das pessoas”, disse Sua Excelência. Veremos se o compromisso do bispo de Saltillo é com o Evangelho ou com a Agenda Gay.

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Jovem religiosa defende o uso público do hábito desafiando a Cristofobia. À Paris! A garota foi ao Liceu Carnot de hábito e provocou a ira dos professores laicistas. “Os jornais fizeram estardalhaço com o fato e o secretariado geral do ensino católico exigiu que a irmã Ana Verônica desse prova de ‘juízo’ e comparecesse usando roupas civis”.

A matéria acima diz que a irmã escreveu uma carta em resposta, que foi publicada pelo La Croix. Não encontrei a original. Encontrei este áudio do dia 23 de junho que minha incompetência lingüística me impede de entender a contento. No entanto, a polêmica é verdadeira. Tristes tempos em que provoca polêmica o fato de uma freira se vestir… como freira! Parabéns a Sœur Anne-Véronique. Que Nosso Senhor possa, n’Aquele Dia Terrível, testemunhar em favor desta garota que, aqui na terra, não hesitou em dar testemunho d’Ele.

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– É também interessante este texto do Fratres sobre a Cruz de Cristo e os judeus. Interessante, porque o rabino de Roma parece descobrir a pólvora:

« Pois então há o risco – prossegue – de se entrar na teología da substituição e a Cruz se converte em obstáculo. O diálogo judaico-cristão corre inevitavelmente este risco, porque a idéia do cumprimento das promessas judaicas é a base da fé cristã; assim, o afirmar-se desta fé implica sempre uma idéia implícita de integração, se não de superação da fé judaica ».

De Segni continua: « a língua do diálogo deve ser comum e o projeto deve ser compartilhado. Se os termos do diálogo são baseados em cristãos indicando aos judeus o caminho da Cruz, não se entende o porque do diálogo nem o porque de Assis ».

Ora, como já dissemos e repetimos incontáveis vezes, o objetivo do “ecumenismo” e do diálogo inter-religioso não é outro que não a conversão de todos os homens à Igreja Católica, Única Igreja de Cristo e caminho necessário para a salvação. Se o De Segni não entendeu isto ainda, então ele realmente não faz a menor idéia do que é o “diálogo” ou do porquê de encontros como o de Assis.

Sim, a afirmação da Fé Católica é, ipso facto, a negação de toda e qualquer outra falsa fé, e isto é bastante evidente. Que bom que um rabino descobriu o sol ao meio-dia! Já é meio caminho andado para que ele possa agora, enfim, deixar que o Onipotente tire-lhe dos olhos o véu da cegueira e o conduza à Igreja de Nosso Senhor.

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Deve-se prender mulheres por causa do aborto? Via Wagner Moura. Não vou dizer do que se trata, vejam lá. Recomendo enfaticamente a leitura. Só para dar um gostinho: «É, amiguinhos, assim é o mundo pós-descriminalização do aborto. Você aí pensando que ser contra o aborto não implica em ser contra a descriminalização do aborto uma vez que assim todos poderão ser amigos e felizes… Você é só um idiota. Obrigado».

Brasileiros: nem homofóbicos e nem pró-gays

O discurso do óbvio, apresentado de uma forma cretina pelos inimigos do senso comum: foi esta a impressão que eu tive ao ler a reportagem da VEJA de ontem segundo a qual a maioria dos brasileiros é contra a decisão do STF que deu respaldo legal à mancebia sodomofílica.

Discurso do óbvio, porque é bastante evidente para qualquer pessoa que não viva no mundo lunático das classes [ditas] “intelectuais” brasileiras que os brasileiros, não obstante apresentem uma enorme tolerância a uma vasta gama de comportamentos dissolutos [segundo a VEJA, «o brasileiro não tem restrições em lidar com homossexuais no seu dia a dia, tais como profissionais ou amigos que se assumam gays»], mesmo assim mantêm clara a separação entre o certo e o errado e não aceitam que o Estado possa promover ou beneficiar um padrão de comportamento imoral [«[m]as ainda se mostra resistente a medidas que possam denotar algum tipo de apoio da sociedade a essa questão, como o caso da institucionalização da união estável ou o direto à adoção de crianças»].

Sem restrições aos homossexuais, mas resistente à agenda subversiva gayzista: eis a sociedade brasileira. Em um único golpe, os brasileiros nem são homofóbicos e nem são pró-gays. Exatamente as duas mentiras que o Movimento Gay gosta de alardear (como se aliás fosse possível os brasileiros terem preconceito contra os gays e, ao mesmo tempo, a institucionalização da “união homoafetiva” pelo STF estar em perfeita sintonia com os anseios da população brasileira!). Até aqui, o discurso do óbvio, que provavelmente fez os gayzistas espumarem de ódio contra a realidade dos fatos.

Agora, a parte cretina: segundo a matéria da VEJA, a “culpa” desta visão “retrógrada” da sociedade brasileira é do machismo, da velhice, da pobreza, da ignorância e da religião. Pois a revista cita, destacando os números:

  • 63% dos homens são contra, enquanto 48% das mulheres têm a mesma opinião.
  • Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis. Já os maiores de 50 anos são majoritariamente contrários (73%).
  • Territorialmente, as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste dividem a mesma opinião: 60% são contra. No Sul, 54% são contra e, no Sudeste, o índice cai para 51%.
  • Entre as pessoas com formação até a quarta série do fundamental, 68% são contra. Na parcela da população com nível superior, apenas 40% desaprovam a medida.
  • Protestantes e evangélicos são os que se mostram mais resistente: apenas 23% se dizem favoráveis à iniciativa do STF.

Ou seja: esta “intolerância” brasileira é uma alguma coisa de inadmissível e que só permanece graças à influência nefasta do atraso econômico, do conservadorismo estéril, do machismo, da falta de educação e do cristianismo. O homem nordestino semi-analfabeto pobre e cristão é, segundo a nossa imprensa, uma hipóstase múltipla entre a natureza humana e a legião dos Males que assombram o Brasil. Faltou só acrescentar com todas as letras: “e deve ser eliminado”. Mas é até desnecessário, porque a conclusão de que esta espécie inferior de cidadão deve deixar de existir está mais do que clara no teor da reportagem. Chega a ser impressionante o cinismo destes que pretendem combater um “ódio” inexistente com uma linguagem que, esta sim, destila ódio e preconceito do primeiro ao último parágrafo.

Curtas

Imagem de Nossa Senhora e Missa na Forma Extraordinária em São Paulo. «Esta imagem é chamada de Imagem Sagrada, pois, estando exposta numa paróquia em Nova Orléans, verteu milagrosamente lágrimas humanas no dia 17 de julho de 1972. Investigação liderada pelo bispo de Nova Orléans concluiu não haver explicação natural para o fenômeno».

Do mesmo texto: «Em silêncio, devotamente e de olhar atento a tudo o que acontecia no altar, aqueles dois mil paulistanos suburbanos provaram-me definitivamente que a missa de São Pio V pode perfeitamente ser rezada para multidões. Embora a grande maioria dos presentes provavelmente nunca tenha assistido à missa antiga, não houve embaraços nem constrangimentos. Apenas alguns poucos presentes sabiam os momentos corretos de ajoelhar-se, levantar-se etc. e estes poucos foram suficientes para conduzir, pelo mero exemplo, a multidão a adotar a postura correta em cada parte da missa. Enganam-se, portanto, os que pensam que o Usus Antiquior é indicado apenas para pequenos grupos, de espiritualidade mais elevada».

A Virgem e a Eucaristia, como no sonho de Dom Bosco! Ambas – assim esperamos! – como um sinal de que as coisas estão melhorando. Como um prenúncio da vitória da Igreja.

Digno de menção, a propósito, o comentário sobre a Forma Extraordinária do Rito Romano. Eu sempre soube que o povo simples é perfeitamente capaz de assistir – e com muitíssimo fruto – a celebração do Santo Sacrifício segundo as rubricas anteriores à Reforma Litúrgica. São apenas os “sábios deste mundo” que, por não possuírem vida espiritual e por não entenderem as coisas de Deus, pretendem que os pobres também não a possuam ou as entendam…

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Luteranos voltam à Igreja CatólicaDeo Gratias, et iterum dico, Deo Gratias! «Todos os membros da ALCC [Igreja Católica Anglo-Luterana] se farão católicos. A diferença de algumas Igrejas Anglicanas, a ALCC não tem “posturas inamovíveis” A ALCC não está interessada em absoluto em “preservar um patrimônio”. Ao contrário, trata-se de uma Igreja profundamente “romanizada”, que trabalha com todas as suas forças para “desfazer” a Reforma, porque considera que foi um trágico erro de proporções épicas, que nunca devia ter acontecido, e procura restaurar a unidade da Igreja segundo os critérios da Igreja Católica. A ALCC não pede para preservar um “patrimônio luterano”. A diferença do patrimônio anglicano, o patrimônio luterano é essencialmente teológico e, ao ter compreendido plenamente as heresias do luteranismo e ao ter aceitado a fé católica, a única coisa que pede e por que reza a ALCC é que se lhe permita “voltar para casa” e entrar na Igreja Católica, como filhos pródigos arrependidos. A única coisa que queremos é nos dissolvermos na Igreja Católica, como católicos normais».

Isto, sim, são os verdadeiros frutos do Ecumenismo: a volta dos filhos pródigos à casa paterna, o retorno das ovelhas tresmalhadas ao único redil do Senhor. Há festa nos Céus. Que, a este exemplo, sigam-se outros e mais outros em profusão.

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– Enquanto isso, Lula chama de bobagem palavras de Nosso Senhor (!!). Sim, senhoras e senhores, o ex-presidente que é “católico a seu modo” abre a boca para blasfemar desta maneira. «Bobagem», disse o ex-presidente, «essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra».

E quem ainda não compreendeu que o Reino de Nosso Senhor não é deste mundo não foi capaz de chegar nem mesmo aos umbrais do Cristianismo. Passagens de uma sabedoria profunda que inspiraram grandes homens ao longo dos séculos são agora transformadas em “bobagem” por esta sumidade sapiencial que é o sr. Luiz Inácio, vergonha do Pernambuco que um dia lutou pela Fé.

O Lula quer um reino aqui e agora, aqui na Terra. Como são mesquinhos e fúteis os desejos do ex-presidente! Para quê tesouros na terra, onde as traças corroem e a ferrugem consome? Contra este materialismo infeliz – digno de pena, inclusive – do Lula, ficam as palavras de São Paulo: «Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima» (1Cor 15,19). Bom faria o Luiz Inácio se meditasse nesta passagem antes de abrir a boca para falar besteiras.

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As mentiras do filme “Ágora”. O filme não é de hoje (se não me engano, a versão brasileira veio com o nome de “Alexandria” e foi – tanto aqui quanto na Espanha – um estrondoso fracasso de bilheteria), mas talvez valha a pena se prevenir. «Não só havia cristãos nas aulas de Hipátia, não só havia bispos cristãos entre seu círculo de amigos, mas havia também teólogos cristãos – Agostinho, Ambrósio e Orígenes, só para citar os mais proeminentes –  e eles eram entusiastas defensores do neo-platonismo. Portanto, retratá-la como a campeã da nobre razão sobre os intolerantes cristãos primitivos é simplesmente ridículo».

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Motivações do terrorista de Oslo são anti-cristãs. Já que o assunto é recente, é bom deixar claro que este indivíduo não tem nada a ver com a “ultra-direita fanática” no mesmo sentido em que a expressão é (pejorativamente) aplicada aos cristãos que valorizam a sua Fé. Excerto:

O terrorista teria fundado, em 2002, em Londres, junto a outros ativistas, a ordem dos Pobres Companheiros de Cristo do Templo de Salomão, inspirado nos graus Templários da Maçonaria.

Esta suposta Ordem estaria aberta “aos cristãos, cristãos-agnósticos e ateus-cristãos”, quer dizer, a todos que reconhecem a importância das raízes culturais cristãs, “mas também “das judaicas e iluministas”, assim como “das pagãs e nórdicas”, por se oporem aos verdadeiros inimigos, o Islã e a imigração.

“Longe de ser um fundamentalista cristão – esclarece Introvigne – Breivik, batizado na Igreja Luterana da Noruega, define-se um ‘cristão cultural’, cujo apelo à herança cristã tem uma função instrumental anti-islâmica.”

As igrejas, segundo o terrorista, não estão dispostas a lutar contra o Islã. Por isso, ele propõe um Grande Congresso Cristão Europeu, do qual nasça uma nova Igreja Europeia e anti-islâmica. E ameaça diretamente o Papa Bento XVI, pois “abandonou o cristianismo e os cristãos na Europa e deve ser considerado um Papa covarde, incompetente, corrupto e ilegítimo”.

A Catedral da Sé Primacial do Brasil

[Agradeço ao Dionísio por me ter mostrado esta preciosidade; cliquem no banner abaixo para acessarem o incrível trabalho do Iuri Peixoto sobre a Catedral da Sé Primacial do Brasil. Além de algumas pinturas do edifício (demolido em 1933), é possível encontrar um texto com a história da Sé e uma belíssima reconstrução tridimensional da Catedral Primaz da Terra de Santa Cruz! Reproduzo, abaixo, o texto na íntegra e algumas fotos. Para as demais, cliquem no banner.

Salvador, a propósito, ganhou ontem um novo bispo auxiliar, o mons. Gilson Andrade da Silva. Que ele possa ajudar na dura tarefa de reconstrução da Sé Primacial. Que São Salvador da Bahia de todos os Santos possa salvar Salvador, salvar a Bahia, salvar o Brasil.]

A antiga igreja da Sé, primeira Catedral do Brasil, demolida em 1933, teve a sua construção iniciada já em 1551, no topo mais alto da cidade antiga, a beira da encosta, com fachada voltada para o mar. Alguns anos depois, no mesmo local, uma nova e maior construção, em pedra e cal, substituiu a primitiva, em taipa. A invasão holandesa, de 1624, a encontrou com uma só torre, uma única porta, retangular, frontão triangular e sem janelas, apenas um óculos, no alto, no típico estilo maneirista, “chão”, português. Esta, assim como todas as demais igrejas da cidade, foi saqueada pelos invasores, que a transformaram num local de culto protestante, sem imagens nem ornamentos. Pela sua posição estratégica, também a utilizaram como local de defesa. Os espanhóis e portugueses, ao retomarem a cidade, em 1625, bombardearam fortemente o local, para desalojar os holandeses, destruindo-a parcialmente. A falta de recursos, após a custosa guerra de reconquista, e a preocupação principal em reforçar as defesas da cidade adiaram a sua reconstrução.

Somente ao final do século XVII a reconstrução, em dimensões bem maiores, em estilo barroco, muito mais imponente que a anterior, foi concluída. Um padre português que aqui esteve em 1709, para participar de um encontro de bispos (sínodo) do Brasil, descreve o templo, talvez com um certo exagero, como “o mais grandioso das Américas”. Tinha então dois andares, duas torres sineiras, frontispício em pedra trabalhada, e frontão, também em pedra, com as típicas volutas barrocas. O seu interior abrigava doze capelas laterais e altar mor, em talhas douradas, barrocas, e forro da nave em abóbada de madeira, pintada em perspectiva ilusionista, de autoria de um dos maiores mestres nesta arte, no mundo, o italiano Baciccio, autor de várias outras obras, do tipo, em Roma. Em ~ 1750 esta Sé, com relógio externo e órgão, doados pelo rei de Portugal, estava em sua plenitude.

A partir dessa época começam uma série de eventos que vão resultar na sua progressiva descaracterização, culminando com a sua demolição, já no século XX. No inverno de 1755, após chuvas torrenciais, parte da encosta a sua frente desmorona, provocando rachaduras na fachada e torres. Dois anos após, a torre direita, do relógio, muito danificada, é demolida até a cimalha (cornija do telhado). Inicia-se assim a sua degradação. Em 1765 estando a, também magnífica, igreja dos jesuítas desocupada, pela expulsão da ordem no Brasil, a sede do arcebispado é transferida para lá, perdendo a Sé a função de Catedral. Desde então a sua manutenção fica a cargo de uma irmandade de poucos recursos. Novos e sucessivos deslizamentos de terra, a sua frente, causam ainda mais danos à igreja. Em 1785 acreditando-se, erroneamente, que o peso da fachada era o que causava os corrimentos de terra, mesmo após ter sido construída uma muralha de contenção na sua base, até hoje existente, decide-se demolir toda a parte superior da fachada, incluindo o frontispício e frontão em pedra e mais a torre esquerda, até então intacta, e o resto que sobrara da torre direita. Por falta de dinheiro e de interesse nunca mais a fachada original seria reconstruída.

Uma nova fachada, muito pobre, foi construída em substituição àquela demolida, e as bases, remanescentes da demolição das torres, foram cobertas por telhadinhos, dando a igreja um aspecto externo bizarro, tosco e deselegante, que persistiu até a demolição final da igreja. Só sobraram da fachada original a parte inferior do frontispício, no entorno das portas frontais. As laterais, o fundo e o interior da igreja mantiveram-se, entretanto, intactos, inclusive as molduras em pedra trabalhada das portas laterais, consideradas por vários especialistas como um dos mais importantes trabalhos em pedra lavrada do Brasil colonial, alem do passadiço coberto que ligava a igreja diretamente ao interior do Palácio Arquiepiscopal, vizinho a ela. Ao final do século XIX a irmandade do Santíssimo Sacramento, então proprietária da igreja, resolve fazer desastrosas remodelações no seu interior, substituindo as talhas barrocas, originais, da maioria dos altares, por outras mais “modernas”, neoclássicas, eliminando duas das capelas laterais e revestindo ainda as arcadas internas, em pedra, com argamassa pintada. O forro, uma das maiores obras artísticas do Brasil colonial, foi também totalmente repintado em azul, se acrescentando a ele um pequeno medalhão decorativo, de mau gosto, no centro.

Ao final do século XIX e início do século XX se inicia no Brasil a reurbanização demolidora, que destruiu todo o centro colonial de São Paulo e de parte do Rio de Janeiro e da maioria das cidades antigas do país. Em Salvador o processo se inicia em 1912, com a abertura da Avenida 7 de Setembro, resultando na demolição de varias igrejas e quarteirões inteiros de antigos casarões. A igreja da Sé, então praticamente abandonada, quase arruinada, resistiu a essa primeira leva de demolição.

Em 1933, um arcebispo e um governador, recém-empossados, pressionados e, dizem, comprados por uma companhia de bondes (a Circular), de capital inglês, em meio a grande polêmica, autorizam a sua total demolição, se declarando progressistas, alegando que a igreja não tinha valor artístico e histórico algum e que os bondes e o “progresso” precisavam de espaço para ali passar. Do vazio resultante da demolição da igreja e de alguns quarteirões de sobrados, próximos à ela, surge a atual Praça da Sé. O arcebispo ganhou de “presente” da companhia de bondes “Circular” uma confortável e espaçosa casa, cercada de amplo terreno, na Praça do Campo Grande, casa essa que ainda hoje existe (área social do edifício “Morada dos Cardeais”).

A demolição da igreja se deu de forma rápida e selvagem, sem a mínima preocupação em preservar quase nada, feita a base de picaretas e marretadas. Toda a cantaria em pedra, lisa e trabalhada, externa e interna, incluindo mármores raros do piso, e lápides centenárias de sepultamentos, foi destruída. Estes materiais, além de todo o madeirame, portas em madeira nobre, trabalhada, janelas, e demais restos da demolição foram jogados numa chácara (Quinta das Beatas), então pertencente à igreja. A área foi, anos depois, invadida por sem tetos, que usaram estes materiais nas construções de suas casas, dando origem ao atual bairro/favela de Cosme de Farias.

Da Igreja da Sé só restam hoje os alicerces, escavados há poucos anos atrás, algumas imagens de santos e objetos sacros que foram distribuídos por outras igrejas e, em parte, reunidos no Museu de Arte Sacra da Bahia, junto com a mesa do altar, toda em prata, e fragmentos de alguns altares.

É essa igreja, desaparecida, que é aqui apresentada na sua feição dos meados do século XVIII, época de seu máximo esplendor, antes das mutilações que sofreu nos períodos posteriores. Esta reconstituição, inédita, só foi possível após exaustivas pesquisas bibliográficas, medições no local e o uso das técnicas mais avançadas de computação gráfica. Esperemos que esta reconstituição contribua para a conscientização da preservação de nosso patrimônio histórico, tão rico e tão dilapidado.

Atenção: pela aprovação do Estatuto do Nascituro

O direito à vida é o primeiro e o mais fundamental de todos os direitos. Afinal de contas, para que as pessoas possam ter saúde, educação, trabalho ou moradia elas precisam, antes de qualquer outra coisa, estar vivas – sob pena de todos aqueles direitos deixarem de fazer sentido.

Assim, o direito inalienável à vida é o direito que deve ser defendido de maneira absoluta e intransigente, como condição mesma para que se possa falar em quaisquer outros direitos. As ameaças à vida humana são ameaças a todos os direitos do indivíduo humano – uma vez que, ceifando-se-lhe a vida, retira-se-lhe também imediatamente todos os demais direitos da vida decorrentes. Quem não protege a vida também não pode proteger os outros direitos humanos, uma vez que estes dela dependem.

Diante desta realidade não há espaço para tergiversar, para pensar melhor no assunto, para fazer ressalvas de qualquer natureza. Diante desta realidade é preciso uma tomada de posição firme e corajosa – uma vez que o triunfo dos maus é muitas vezes conseguido por conta do silêncio dos bons.

Está em tramitação no Congresso Nacional o PL 478/07, o chamado “Estatuto do Nascituro”. “Nascituro”, como define o próprio texto, “é o ser humano concebido mas ainda não nascido”. Trata-se de um projeto de lei que, entre outras coisas, visa proibir a discriminação dos nascituros “em razão do sexo, da idade, da etnia, da origem, de deficiência física ou mental” e obrigar os estupradores a pagarem pensão alimentícia aos filhos por eles gerados, cabendo ao Estado arcar com os custos “para cuidar da vida, da saúde[,] do desenvolvimento e da educação da criança” caso o agressor não possa ser intimado e a mãe da criança não disponha de meios econômicos para tanto. É, em suma, um projeto de lei que se propõe a conferir proteção legal àquelas pessoas que são as mais frágeis das pessoas e as mais sujeitas a sofrerem injustiças: os seres humanos ainda não nascidos.

O Movimento Brasil Sem Aborto está recolhendo assinaturas pela aprovação do Estatuto do Nascituro, a serem apresentadas no Congresso Nacional. É fundamental que nós assinemos este documento (não leva sequer um minuto) e o encaminhemos aos nossos amigos e familiares, cobrando deles esta tomada de posição. Não deixem para depois. Precisamos destas assinaturas e precisamos delas depressa.

Para assinar, basta clicar aqui. Será aberta uma tela com o texto do abaixo-assinado, em cujo lado direito há um botão laranja escrito “Assinar agora!” que, quando pressionado, exibirá o formulário de assinatura. No formulário, é preciso preencher o nome (completo), o email, o número do documento de identidade (RG), a cidade e o estado. Uma vez que isso tenha sido feito e o botão azul (escrito “SIGN!”) tenha sido pressionado, pronto: a sua assinatura já consta na lista de assinaturas. Atenção: o sistema do i-petitions (o site onde está hospedado este abaixo-assinado) irá exibir, logo após o envio da assinatura (o botão azul mencionado), uma tela pedindo doações para o site (e NÃO para o Estatuto do Nascituro ou para o Movimento Brasil Sem Aborto). Quando esta tela for exibida, é porque a assinatura já foi enviada com sucesso e a janela já pode ser fechada; a assinatura não depende da referida doação que é pedida e, esta, é para a manutenção do site de abaixo-assinados, e não para a promoção do Estatuto do Nascituro ou do Brasil Sem Aborto.

Assine agora! Peça a seus amigos, vizinhos e parentes que o façam também agora. Não deixe para mais tarde, pois o tempo urge. Que a Virgem da Conceição Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto.

“Uma só carne”

Eu naturalmente não acompanhei os debates – em meados do século passado – travados nesta Terra de Santa Cruz e que culminaram com a recepção do divórcio no ordenamento jurídico brasileiro. Li, a posteriori, um excelente livro do Gustavo Corção chamado “Claro Escuro”, que era uma coletânea de artigos de jornais publicados ao longo dos meses nos quais aconteceram os tais debates. E, dentre as crônicas saídas da pena do ilustre escritor católico, uma delas se referia de modo mais claro ao título do livro.

Argumentava o Corção que havia sem dúvidas alguns casais que tinham de tudo para dar certo, como também havia alguns outros casais que visivelmente não poderiam dar certo de jeito nenhum. Mas também havia – a esmagadora maioria – uma multidão enorme de casais que poderiam tanto dar certo como falhar miseravelmente na grande aventura de formação de uma família. E era exatamente com esta multidão, vivendo neste claro-escuro, que a legislação positiva deveria se preocupar – no caso, não oferecendo a “via fácil” da dissolução do vínculo conjugal, a qual poderia fazer com que alguns casais (que dariam certo se tentassem mais um pouco) fossem induzidos a desistir diante das primeiras adversidades.

Porque a entidade familiar tem uma grande importância social e, como disse alguém recentemente (acho que o Ramalhete), se na alegria é fácil aos cônjuges ficarem juntos as coisas não são tão simples assim na tristeza – e, aqui, um pouco de senso de responsabilidade favorecido pela legislação positiva é muito bem vindo. Não me recordo se o Corção falava isto no “Claro Escuro”, mas falo eu: a aprovação do divórcio provocou, talvez acima de tudo, o enorme mal de criar uma cultura de que “se-não-der-certo-separa”, com uma conseqüente desvalorização da Família nos moldes em que ela sempre foi entendida (e como a Igreja sempre a defendeu). A partir desta mentalidade, os bravos e corajosos desbravadores de um mundo novo que se aventuravam para além das fronteiras da casa materna com a missão bem determinada de criar raízes sólidas e edificar na História uma árvore frondosa que pudesse contribuir com rebentos saudáveis para a sociedade e para a Igreja transformam-se agora em jovens irresponsáveis (independente da quantidade de anos que porventura carreguem nas costas) preocupados apenas em “sentirem-se bem” e em gozarem uma “felicidade” confundida com prazer momentâneo.

A imagem é forte, mas não vejo como ela possa ser menos verdadeira. Afinal de contas, quando se fala em “célula-mater da sociedade”, quantas são as pessoas que identificam isto com uma família – e, com isso, estamos falando de um homem e uma mulher unidos em ordem à geração e educação dos filhos e integralmente voltados um para o outro até que a morte os separe? Quantas são as pessoas que entendem as graves responsabilidades que disto decorrem?

A lei do divórcio criou uma cultura de pusilânimes. E talvez um dos mais eloqüentes exemplos disto que eu vi nos últimos tempos tenha sido este texto da sra. Regina Navarro, onde ela faz uma apologia da infidelidade conjugal e defende que “a monogamia não funciona muito bem para os ocidentais”. Que é na verdade uma reescrita daquela “A Maçã” de Raul Seixas, sendo – tanto uma quanto a outra – uma utopia sem sentido de que é possível “amar” sem que o amor seja uma doação íntegra da totalidade do ser, ou de que é possível separar “amor” de “fidelidade”, ou de que o amor não ande sempre e necessariamente de braços dados com a responsabilidade.

A cultura pró-divórcio pavimentou a estrada para que barbaridades como esta ganhassem livre trânsito. Contra os devaneios de articulistas e artistas de rock, contudo, permanecem incólumes os exemplos da história, o testemunho da reta razão humana e aquelas palavras das Escrituras Sagradas conforme a qual o homem e a mulher “serão uma só carne”. E, contra esta verdade insofismável, passarão músicas e artigos; os vinis estarão pendurados em decorações de festas estilo “anos setenta” e os jornais estarão embrulhando o peixe do fim da feira, mas haverá ainda aqueles que defendam a capital importância da Família monogâmica e indissolúvel. Porque certas convicções são inegociáveis. Certas palavras não passarão.