Dom Raymundo Damasceno, novo presidente da CNBB

 

Foto: CNBB

Foi eleito ontem o novo presidente da CNBB: o Arcebispo de Aparecida, o Cardeal Raymundo Damasceno. “No primeiro escrutínio, dom Damasceno havia obtido 161 votos contra 91 de dom Odilo [Scherer, Arcebispo de São Paulo]. Por não ter alcançado 2/3 dos votos (182), houve a necessidade do segundo escrutínio. Dom Damasceno foi secretário da CNBB por dois mandatos consecutivos (1995-1998; 1999-2003)”.

A eleição ocorreu na 49ª Assembléia Geral da CNBB, que começou na semana passada e se estende até o próximo dia 13 de maio. Dia de Nossa Senhora de Fátima…

A Conferência tem um triste histórico de militância contra a Igreja Católica aqui nesta Terra de Santa Cruz. Esperamos [e rezamos para] que a eleição do Arcebispo de Aparecida possa, ao menos, mudar (um pouco que seja) o panorama geral do grande órgão burócratico perseguidor dos bons bispos e sufocador da Sã Doutrina.

A 49º AG termina no dia de Nossa Senhora de Fátima. Rezemos mais uma vez! Sem cansaços, despindo-nos das frustrações acumuladas ao longo dos anos. Rezemos como se fosse a primeira vez e como se fosse a última oportunidade que nós temos. Rezemos, como se fosse a única vez! Virgem Santíssima, nós ainda estamos à espera de um milagre. Rogai por nós!

Happy Mother’s Day!

Um feliz dia das mães para todas as mulheres que tiveram a generosidade de abrir-se ao dom da Vida!

Neste dia de hoje, rezemos especialmente por aquelas mães que preferiram fugir da maternidade assassinando os seus filhos dentro do ventre e, hoje, não celebram senão o remorso. Que a lembrança do que poderia ter sido possa levá-las ao arrependimento. Que o aborto pare de destruir crianças e mães. Que a Virgem Santíssima, Mãe de Deus e nossa, interceda por todos nós.

Ainda a repercussão sobre o STF e a “União Homoafetiva”

– Pe. Paulo Ricardo sobre o homossexualismo e a ideologia gay. Novo “Parresía”, não deixem de ouvir.

– Voto Católico: “Quando os juízes se tornam senhores absolutos por causa de nossas omissões”. Destaco: “Como cidadãos, sentimo-nos desrespeitados e manifestamos total repúdio ao comportamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A ordem natural, o bem comum e o próprio sentido comum do povo, que não aceita como natural esse tipo de união; são rejeitados como posturas pouco esclarecidas, quando em seu lugar são entronizados os lugares comuns e posições ideológicas, tidas como luzes reservadas a uma “elite” ilustrada que se arroga a missão de transformar o país contra a própria realidade das coisas”.

Dê ao STF cartão vermelho! “Entre aqui e escreva para o STF com respeito e firmeza. Faça uso de seu direito de exprimir-se diante das autoridades públicas para lhes manifestar sua inconformidade com aquelas disposições que afetam sua vida e a de seus filhos”.

Disparates do Novo Olimpo (sobre o STF e a “união homoafetiva”)

Verifico, ademais, que, nas discussões travadas na Assembléia Constituinte a questão do gênero na união estável foi amplamente debatida, quando se votou o dispositivo em tela, concluindo-se, de modo insofismável, que a união estável abrange, única e exclusivamente, pessoas de sexo distinto.

Voto do Ministro Ricardo Lewandowski,
no STF sobre a “União Homoafetiva”

Ontem o Brasil assistiu a (mais) um triste episódio da loucura moderna, onde a Constituição Federal foi rasgada e queimada diante do altar da Ideologia Gayzista sob o patrulhamento ideológico da Gaystapo e os aplausos da plebe ignara. Por dez votos a zero, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “[o]s casais homossexuais têm os mesmos direitos e deveres que a legislação brasileira já estabelece para os casais heterossexuais”.

A decisão, sinceramente, não surpreendeu ninguém. Acredito que não havia uma única pessoa esperando que este julgamento terminasse de outra forma que não a capitulação resignada diante do lobby gay. No entanto, o julgamento teve pelo menos o mérito de pôr a descoberto o modus operandi dos auto-intitulados novos deuses neo-pagãos do Olimpo que eles chamam de “Supremo Tribunal Federal” e onde os excelentíssimos senhores ministros julgam-se árbitros onipotentes que não devem prestar contas a absolutamente nada e nem ninguém. Nem mesmo à Constituição Federal.

Pois o ministro Lewandowski fez questão de dizer, com todas as letras, a frase em epígrafe: é “insofismável” que, para a Assembléia Constituinte de 1988, “a união estável abrange, única e exclusivamente, pessoas de sexo distinto”. Peço vênia para reproduzir um trecho do “Diário da Assembléia Nacional Constituinte (Suplemento “B”), p. 209”, citado pelo Lewandowski, que trata exatamente desta mesmíssima discussão de ontem, mas travada em 1988:

O SR. CONSTITUINTE GASTONE RIGHI: – Finalmente a emenda do constituinte Roberto Augusto. É o art. 225 (sic), § 3º. Este parágrafo prevê:

‘Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento’

Tem-se prestado a amplos comentários jocosos, seja pela imprensa, seja pela televisão, com manifestação inclusive de grupos gays através do País, porque com a ausência do artigo poder-se-ia estar entendendo que a união poderia ser feita, inclusive, entre pessoas do mesmo sexo. Isto foi divulgado, por noticiário de televisão, no show do Fantástico, nas revistas e jornais. O bispo Roberto Augusto, autor deste parágrafo, teve a preocupação de deixar bem definido, e pede que se coloque no §3º dois artigos:

‘Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento’.

Claro que nunca foi outro o desiderato desta Assembléia, mas, para se evitar toda e qualquer malévola interpretação deste austero texto constitucional, recomendo a V. Exa. que me permitam aprovar pelo menos uma emenda.

O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Isso é coação moral irresistível.
O SR. PRESIDENTE (ULYSSES GUIMARÃES): – Concedo a palavra ao relator.
O SR. CONSTITUINTE GERSON PERES: – A Inglaterra já casa homem com homem há muito tempo.
O SR. RELATOR (BERNARDO CABRAL): – Sr. Presidente, estou de acordo.
O SR. PRESIDENTE (ULYSSES GUIMARÃES): – Todos os que estiverem de acordo permaneçam como estão. (Pausa). Aprovada (Palmas).

Nunca é demais repetir: para a Constituição Brasileira, a união estável abrange, única e exclusivamente, pessoas de sexo distinto. Isto foi expressa e taxativamente debatido durante a Assembléia Constituinte, e o texto da Carta Magna que trata do assunto foi escrito desta maneira exatamente “para se evitar toda e qualquer malévola interpretação deste austero texto constitucional”. E os senhores deuses do Novo Olimpo sabiam perfeitamente disto.

E, no entanto, o que vigorou no STF ontem foi exatamente esta “malévola interpretação deste austero texto constitucional” que os constituintes fizeram questão de evitar em 1988. Os ministros do Supremo votaram conscientemente contra o texto constitucional e a expressa intenção da Assembléia Constituinte. Isto existe? Infelizmente, no universo dos disparates do Novo Olimpo, tudo existe e tudo é possível. Se a Constituição veda, dane-se a Constituição. São estes os homens que nos governam e que, do alto de suas cátedras no Supremo Tribunal, julgam-se no direito de decidir qualquer barbaridade que lhes passe pela cabeça. Nem mesmo a Carta Magna é capaz de oferecer resistência à sua sanha destruidora da ordem natural da sociedade. Se a lei é contra o que eles pensam e dá muito trabalho mudar a lei, basta ignorá-la. Ninguém se incomoda. Todos aplaudem.

O Carlos Ramalhete manifestou uma posição interessante na lista “Tradição Católica”, que me permito reproduzir parcialmente aqui:

O matrimônio deve ser protegido em função do futuro, mas o que se está fazendo é celebrar o “afeto” e as relações sexuais do presente, o que não é da alçada do Estado e não tem interesse algum para a sociedade.

Se o que se está fazendo é celebrar e “reconhecer”, por alguma razão bizarra, o “afeto” de quem vive em adultério ou em fornicação,  realmente faz todo o sentido do mundo botar no mesmo saco quem vive em parceria de sodomitas. Isso não tem nada a ver com família; é simplesmente uma celebração estatal (!) da existência de desejo sexual.

[…]

O “casamento” civil e sua paródia “light”, a união estável, passaram a ser simplesmente contratos de prostituição, garantindo direito ao patrimônio em troca de sexo.

Eu concordo que, na prática, o que se vem fazendo é realmente “uma celebração estatal da existência de desejo sexual”. Mas discordo que seja esta a função primária da figura da “união estável” no texto da Constituição Federal. Para a Carta Magna, o objetivo da união estável é o reconhecimento de uma situação de fato com vistas à sua conversão em casamento. Seria, em um mundo razoável, o correspondente civil do Matrimônio realizado sem a forma canônica (que, p. ex. na Idade Média, era reconhecido como verdadeiro Matrimônio) na esfera eclesiástica, o qual deve ser regularizado. No entanto e infelizmente, é verdade que, na prática, a “união estável” parece existir mais com vistas ao pagamento de pensões e divisão de bens. Existe com vistas ao divórcio, e não mais à sua conversão em casamento. Deste jeito, de fato, deixou-se de haver correspondência entre a lei civil e lei natural há muito tempo. Por conta não da lei, mas de deturpações da lei como a que assistimos ontem.

E agora que os deuses do STF aprovaram uma nova modalidade de contratos de prostituição, o que muda? Firmou-se jurisprudência e, portanto, a maior parte (provavelmente todas) as decisões de casos análogos nas instâncias inferiores deverá se pautar pela tristemente histórica votação de 05 de maio de 2011. E, daqui para frente, as coisas só tendem a piorar. Não sabemos que outros tormentos nos virão da morada dos novos deuses. Resta-nos, pelo menos, registrar para o futuro as inacreditáveis loucuras sobre as quais vivemos. É sexta-feira. Ofereçamo-nos em reparação ao Altíssimo por (mais) este ultraje. Triste Brasil, outrora Terra de Santa Cruz governada por Cristo-Rei e, hoje, entregue aos descalabros dos novos deuses do Olimpo moderno! Que Deus tenha piedade de nós.

RCC: a apologia necessária

Pediram-me os meus comentários sobre o vídeo do pe. Fortea aqui publicado recentemente (e, mais especificamente, sobre os assim chamados “dons carismáticos” da RCC). Trago-os à consideração.

Antes de mais nada, é preciso dizer ser verdade que há elogios dos Papas à Renovação Carismática. Nestes, no entanto, há pouca (ou nenhuma) menção específica aos carismas extraordinários. Vale lembrar que os “carismas”, na Doutrina Católica, não se confundem com os dons extraordinários pregados pela RCC. Ensinar é um “carisma”, a vocação à vida comunitária é um “carisma”, etc. Em poucas palavras: existem muitos “carismas” perfeitamente naturais e ordinários e, quanto a estes, não imagino haver nenhuma controvérsia. O problema são os “carismas” entendidos como dons sobrenaturais e (teoricamente) extraordinários.

A RCC me parece ser uma coisa bastante diversificada mundo afora. Em 2008 estive em Roma e fiquei hospedado na casa de uma família que fazia parte da Renovação Carismática; e juro que eu não teria percebido se isto não me tivesse sido contado expressamente. Creio (e aqui é apenas a minha impressão) que existe um “modus vivendi” carismático que é próprio do Brasil (e talvez – não sei – de outros países da América Latina), o qual infelizmente às vezes se confunde (muito) com o de um protestante pentecostal. E este “modus vivendi” não é, de nenhuma maneira, referendado por Roma.

Eu já vi os papas louvarem, por diversas vezes, muitas coisas na RCC que são sem sombra de dúvidas louváveis. A oração particular e em grupo, a tomada de consciência da própria vocação batismal, a devoção ao Espírito Santo, a Lectio Divina, etc. Estas coisas – repito – não me parecem ser objeto de controvérsias entre os católicos. Por outro lado, há um outro grupo de coisas (como a bagunça litúrgica e má formação doutrinal, o sentimentalismo exacerbado, etc.) que, ao contrário, não me parecem ser defendidas nem mesmo pelos carismáticos. Aqui, também há consenso. Onde há discordância parece ser quase exclusivamente com relação à existência e ao uso dos carismas extraordinários. Vamos, portanto, a eles.

Quanto aos carismas extraordinários, sinceramente, eu não lhes consigo dar crédito da maneira como eles são apresentados e praticados. Fiquemos tão-somente no (assim chamado) “dom de línguas”, que me parece ser o mais massificado e o mais controvertido. É um dom extraordinário ou ordinário? Se é extraordinário, por qual motivo acontece ordinariamente nas reuniões da RCC? Se é ordinário, por que foi que deixou de ser extraordinário e, depois de vinte séculos de Cristianismo, começou a aparecer em profusão exatamente em um dos momentos mais críticos da História da Igreja e – isto é o fundamental! – sem dar os frutos de conversão e santidade que seriam esperados? Afinal, no Pentecostes “original”, o Espírito Santo provocou conversões profundas e verdadeiras aos borbotões. Por qual motivo, agora, o “Novo Pentecostes” já existe há décadas e não vemos nada parecido com o que aconteceu em Jerusalém da primeira vez?

Mais: estes dons são sobrenaturais ou são naturais? Se são sobrenaturais, por que motivo eles parecem acontecer (de novo, fico somente no “dom de línguas”) de acordo com a vontade de quem reza, e não como um fenômeno espontâneo? Se são sobrenaturais, por qual motivo eles podem ser ensinados?

Se, ao contrário, forem naturais – e eu já vi alguém defender que a oração em línguas seria, na verdade, não “o dom das Línguas” do Espírito Santo da maneira como ele foi historicamente conhecido, e sim apenas uma “modalidade de oração” -, então é urgente parar de apresentá-los como se houvesse uma identidade entre eles os fenômenos relatados no Novo Testamento. E, ainda neste caso, caberia perguntar: que espécie de oração natural é esta onde ninguém sabe o que se está rezando [afinal, em sendo natural, é preciso abandonar a explicação de “língua dos anjos que Deus entende” (uma vez que isto seria claramente sobrenatural) e considerar que se estão apenas balbuciando sons sem significado algum], e por qual motivo isto deveria ser incentivado?

Enfim, as perguntas são muitas. É óbvio que, em teoria, Deus (que, afinal de contas, é Deus) poderia perfeitamente Se manifestar de forma extraordinária também nos dias de hoje, e não me parece nem mesmo ser possível excluir a priori que estas manifestações possam se tornar ordinárias. O que elas não podem, de nenhuma maneira, é serem irracionais e sem propósito. É a este ponto que, parece-me, a apologia dos carismáticos precisa se dirigir, caso acreditem sinceramente naquilo que pregam e estejam imbuídos de verdadeiro amor à Verdade, e não às próprias opiniões.

Há pessoas que defendem a veracidade dos dons (supostamente) presentes na Renovação Carismática? Sim, há. Mas não me consta que estas pessoas tenham alguma vez respondido a questionamentos como os que eu coloquei acima, que considero bastante justos e pertinentes. Sem uma explicação satisfatória sobre estes alegados dons, causa porventura alguma surpresa que eles sejam recebidos (no mínimo) com desconfiança por alguns católicos? Os que alegam possuírem dons extraordinários do Espírito Santo precisam responder em sua defesa e corrigirem as suas práticas naquilo que for necessário. Caso contrário, não poderão se surpreender com a estranheza e incredulidade que provocam em católicos não pertencentes à RCC.

Um exorcista e o Dom de Línguas

Vi no Wagner Moura. “O padre [José Fortea, exorcista] pede respeito ao movimento [RCC] e comenta que, sim, os carismas são armas eficazes no combate ao demônio. O próprio Pe. Fortea também reza em línguas. Imperdível”. De fato, imperdível. Segue o vídeo:

“E deu-nos ordem pra não termos medo”…

Ontem, domingo da Divina Misericórdia, diante de um milhão de pessoas, foi beatificado o Papa João Paulo II. O Wagner Moura esteve lá. Eu infelizmente não acompanhei a transmissão ao vivo da cerimônia (era às cinco da manhã no horário do Brasil). Vi, no entanto, outras coisas – que valem a pena ser conhecidas e divulgadas.

Homilia do Papa Bento XVI. “E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade”.

John Allen: qual a pressa em beatificar João Paulo II? “No passado, a fama de um candidato muitas vezes se espalhava só gradualmente, mas hoje o mesmo lapso de tempo nem sempre se aplica. O papado de João Paulo II explorou habilmente duas das marcas da aldeia global de hoje: a ubiquidade das comunicações e a relativa facilidade das viagens. Como resultado, pode-se argumentar que o ritmo de sua beatificação nada mais é do que um reflexo da maior velocidade com que tudo se move no século XXI”.

– Esta “homenagem a João Paulo II” está muito bem-feita. Uma vida em imagens: dezenas, quiçá centenas de fotos do novo beato, nas mais variadas ocasiões. Uma seleção feita com esmero, e ao alcance de quaisquer poucos cliques. Recomendo.

Esta cronologia é leitura fundamental. Está em espanhol, mas traz “algunas cosas que, año por año, se hicieron durante el pontificado de Juan Pablo II para defender la fe y disciplina dentro de la Iglesia”: este é o chamado “lado obscuro” do pontificado de João Paulo II, não por ser tenebroso ou de alguma maneira censurável, mas sim por não ter tido praticamente divulgação nenhuma pelos meios de comunicação.

E o Papa está mais perto dos altares! A interceder por nós. A convidar-nos ao Céu. A ordenar-nos ainda, do alto, que não tenhamos medo. Queremos a graça de obedecer-lhe! Beato João Paulo II, rogai por nós!

Em tempo, recordar é viver: “Um dia de abril”.

P.S.: Ver também “João Paulo foi o Papa da minha vida” (Dom José Cardoso Sobrinho).

Aviso

Viajo hoje, logo após o Regina Caeli vespertino, às Minas Gerais para celebrar a Oitava de Páscoa com alguns caros amigos que, não obstante façam o enorme desfavor de morarem tão-tão-distante, ainda assim são amigos excelentes. Não sei, portanto, como estará o meu acesso à internet de hoje até a próxima segunda-feira. Peço a paciência de todos, pois este blogueiro também é humano.

Uma feliz e santa Páscoa a todos! Alegrai-vos, que Cristo ressuscitou!

A Causa das causas e o Bule Voador

Todo efeito tem uma causa; este é um princípio metafísico tão elementar que chega às raias da auto-evidência, sendo inclusive constatado pelas ciências experimentais. Lavoisier (assassinado pela Revolução Francesa, a propósito) já chegou a postular que, na natureza, nada se perde e nem nada se cria: tudo se transforma.

Qualquer análise rudimentar dos encadeamentos de causa-e-efeito levam a um corolário também bastante óbvio: suprimindo-se a causa, suprime-se o efeito. Ora, se é o fogão aceso a causa do aquecimento da água na chaleira, apagando-se o fogão chega-se inevitavelmente à conclusão de que a água não há de ferver sozinha. Qualquer camponês analfabeto da Idade Média entende perfeitamente este mecanismo óbvio da realidade ao seu redor, e qualquer dona-de-casa, por simplória que porventura seja, sabe muito bem que se o gás do fogão acabar-se ela não conseguirá ferver a água do café.

Se todo efeito tem uma causa (e não se encontra uma única exceção a este princípio metafísico na realidade empírica ao nosso redor), segue-se inevitalmente que é mister haver uma Causa das Causas, é preciso haver Algo que tenha causado o mundo em que vivemos e que nós percebemos pelos nossos sentidos. A esta conclusão já chegaram os filósofos da Antiguidade e, com o advento do Cristianismo, a sentença tomou a sua forma lapidar que é utilizada até os dias de hoje: a esta Causa das Causas, a este Primeiro Princípio, nós chamamos de Deus.

“Ah”, pode objetar algum ateu moderno, “mas se Deus criou todas as coisas, quem foi que criou Deus? Se tudo tem que ter um Criador, porque a mesma lógica não se aplica a Deus?”. A esta pergunta (profundamente pueril) pode-se responder da seguinte simples forma: se Deus foi criado por Algo, então Deus não é Deus e este Algo que criou Deus é que é Deus. E, se este Algo foi criado por algum “Outro Algo”, então o Algo primeiro não é Deus e Deus é, na verdade, o “Outro Algo”. E assim sucessivamente: o princípio permanece integralmente válido independente de quantos “Algos” sejam colocados no encadeamento das causas. No entanto, devido ao princípio conhecido por “navalha de Ockham”, não faz sentido multiplicar desnecessariamente o número de explicações para os fenômenos. Basta que haja uma Causa das Causas para explicar a existência do mundo ao nosso redor.

“E por que precisa existir esta Causa das Causas?”, pode insistir o nosso ateu. A resposta é óbvia: se não houvesse uma Causa Primeira, então não haveria efeitos (uma vez que, supressas as causas, suprimem-se os efeitos) e, portanto, não existiria nada. Ora, mas é evidente que as coisas existem: portanto, a única explicação para a existência das coisas é que elas tenham sido causadas por Algo que, por Sua vez, é Não-Causado. Há, portanto, necessariamente uma Causa Incausada. A Ela, nós chamamos de Deus.

“Beleza. Há um Primeiro Princípio. Mas dizer que este Primeiro Princípio é um Deus Pessoal já é extrapolar as conclusões da filosofia” – ainda assim pode insistir o nosso teimoso ateu. Também a isto é fácil responder: é evidente que os efeitos são “da mesma natureza” das suas causas. Assim, o fogo que aquece a panela tem que ser ele próprio quente, a tinta que tinge o portão de vermelho tem que ser ela própria vermelha, et cetera. Também isto é bastante óbvio. Em linguagem filosófica mais específica, nós diríamos que a passagem da potência para o ato dá-se necessariamente por meio de algo que já possui, em ato, a qualidade transmitida: o fogo que aquece precisa ser quente, o gelo que resfria precisa ser frio, a tinta que pinta de vermelho precisa ser vermelha, etc. E a Causa das Causas é também – exatamente por ser Causa das Causas – Ato Puro, i.e., um Ser que possui em ato todas as características.

Ora, há inteligência no mundo: a despeito de alguns questionamentos que nós infelizmente somos obrigados a ouvir, a existência da inteligência (que não pode ser confundida com “todas as pessoas são inteligentes”) é outro dado da realidade facilmente perceptível. E, se há inteligência, também esta precisa de uma Causa, de um Princípio. Na formulação feita por Gilson é possível dizer: como é possível explicar a existência da inteligência no mundo de outro maneira que não através de um Princípio que já inclua, n’Ele próprio, a Inteligência? Ora, não é possível pintar uma casa de vermelho sem tinta vermelha, e não é possível ferver a água do chá sem fogo ou alguma outra coisa que aqueça a água. Se a casa é vermelha, a conclusão de que existe tinta vermelha é imperativa e, se o chá é-nos servido às três da tarde, a conclusão de que existe fogo (ou microondas, ou seja lá o quê) para aquecer a água do chá é totalmente indiscutível. Ora, se existe inteligência no mundo, a conclusão de que o Primeiro Princípio é Inteligente, de que o Ato Puro é também Inteligência, são absolutamente incontestáveis [p.s.: na expressão bíblica, nós dizemos que in principio erat Verbum…]. A Causa das Causas, que nós chamamos de Deus, existe e é inteligente: e isto é a definição mesma de “Deus Pessoal”.

Ora, todo este edifício filosófico foi construído pela humanidade ao longo de séculos para responder a questionamentos que, sem ele, não têm absolutamente nenhuma resposta! Após tudo isso, chega a ser frustrante ver alguém comparar Deus com um bule de chá voador. Ora, pra quê serve o Bule Voador? Ele porventura responde às questões sobre o ser das coisas que encontramos ao nosso redor? Ele traz alguma contribuição para as cadeias de causa-efeito cuja existência (e necessidade) nós conhecemos pela razão? Ele responde a algumas das perguntas relevantes da filosofia como, p.ex., por que existe algo ao invés de nada? Ele tem alguma relevância filosófica, psicológica, sociológica ou antropológica? A resposta é não, não, não e não: o Bule Voador nem de longe tem a mais remota relação com a Causa das causas e, portanto, trata-se de um estratagema pueril para se furtar às perguntas que conduzem o homem a Deus. E ainda vêm os ateus a dizerem que a religião impede as perguntas! Como se pode facilmente constatar, é exatamente o contrário: é a ideologia atéia que, na tentativa de afastar os homens do Primeiro Princípio, busca impedi-los de pensarem sobre as questões que somente no Deus Altíssimo podem encontrar respostas.

[p.s.: na expressão bíblica, nós dizemos que in principio erat Verbum…]