Aviso – Missa na Forma Extraordinária em Recife

Atenção! A partir do próximo domingo (24 de abril de 2011 – Domingo de Páscoa), a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano (missa tridentina) será celebrada não mais na Paróquia da Imbiribeira, onde vinha ocorrendo até então, e sim na Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, na Rua Nova, no Centro da Cidade, ao meio dia.

Exibir mapa

A mudança, entre outras coisas, objetiva facilitar o acesso dos fiéis que tinham dificuldades em se locomover até a Imbiribeira (na zona sul da cidade), disponibilizando a Santa Missa em uma área mais central; bem como utilizar-se de um “espaço litúrgico” mais adequado (uma igreja histórica, restaurada há não muito tempo) para oferecer o Santo Sacrifício da Missa na forma antiga [p.s.: para fins de curiosidade histórica, vale a leitura desta crônica da Igreja da Conceição dos Militares].

A Missa ficará ao encargo do revmo. Monsenhor Edvaldo Bezerra, já conhecido dos que assistem esta Santa Missa na Imbiribeira.

Ad multos annos!

Sua Santidade celebra hoje, 16 de abril, 84 anos de vida. Este ano, na véspera do Primeiro Domingo da Paixão.

fratresinunum.com

Que Deus lhe conceda muitos anos de vida! Que o possa conservar e vivificar, e fazê-lo feliz sobre a terra, e não o entregar nas mãos dos seus inimigos. Sim, oremus pro pontifice nostro; é o melhor presente que podemos dar-lhe neste dia de hoje, e em todos os dias.

E, nele, o Senhor revela que não abandona a Sua Igreja. Nele, nós ouvimos a voz do Pescador. Nele, e com ele, nós enxergamos a grandeza da Igreja de Cristo que, iniciada há quase dois mil anos, continua viva e vivificante até os dias de hoje. Porque os homens passam, mas Pedro permanece. Sustentando a Igreja que é, Ela própria, “coluna e sustentáculo da Verdade”.

A foto, muito simpática, encontrei no Fratres in Unum, sobre os santos votos de “vivas tanto ou mais que Pedro” que cantamos na Marcha Pontifícia. Que assim seja. Felicidades, Santo Padre!

Ad multos annos!Que Deus o possa conservar e vivificar, e torná-lo feliz sobre a terra, e não o entregar aos seus inimigos.

Dictatus Papae – Gregório VII

[Recebido por email, e cotejado com o inglês do Medieval Sourcebook.]

Teses do “Dictatus Papae” do Papa S. Gregório VII (1073-1085), Papa que quebrou arrogância do Imperador Henrique IV. Excomungado duas vezes, foi ao Papa em três dias de penitência pedir perdão.

1 – A Igreja romana foi fundada somente pelo Senhor

2 – Somente o Romano Pontífice pode ser chamado de direito, de bispo de Roma.

3 – Somente ele pode depor ou restabelecer bispos.

4 – Seu enviado precede todos os bispos no Concílio, mesmo se for de grau inferior, e pode pronunciar sentença de deposição de um bispo.

5 – O papa pode depor os ausentes.

6 – Não se deve residir na mesma casa onde moram pessoas que ele excomungou.

7 – Somente ele pode promulgar novas leis, atendendo às exigências dos tempos, formar novas comunidades religiosas, transformar um cabido de cônegos em abadia, ou vice-versa, dividir uma diocese rica ou unir dioceses pobres.

8 – Somente ele pode usar as insígnias imperiais

9 – Somente dos papas os príncipes devem beijar os pés.

10 – Somente o seu nome pode ser citado nas igrejas.

11 – Este nome é único no mundo.

12 – A ele é lícito depor o imperador.

13 – A ele é lícito, se houver necessidade, transferir um bispo de uma sé para outra.

14 – Pode enviar um clérigo de qualquer igreja, lá onde estiver.

15 – Aquele que foi ordenado por ele pode presidir sobre outra igreja, mas não deve manter uma posição subordinada; e tal não deve receber uma posição maior de nenhum bispo.

16 – Nenhum sínodo pode ser chamado geral sem o consentimento do Papa.

17 – Nenhuma norma e nenhum  livro podem ser considerados canônicos sem a aprovação dele.

18 – A decisão dele não pode ser questionada por ninguém, somente ele pode rejeitar a sentença de qualquer um.

19 – Somente ele não pode ser julgado por ninguém.

20 – Ninguém pode condenar aquele que apela para a Santa Sé.

21 – Toda causa de maior relevo de qualquer igreja, deve ser remetida à Santa Sé.

22 – A Igreja romana nunca errou, e segundo o testemunho das Escrituras nunca cairá no erro.

23 – O Pontífice romano, desde que sua eleição tenha sido realizada segundo as regras canônicas, é sem dúvida, santificado, graças aos méritos do bem-aventurado Pedro, assim testemunha S. Enódio, bispo de Pádua (†521); à sua voz se unem a muitos santos Padres, assim como se pode ver nas decretais do bem-aventurado papa Símaco (†514).

24 – Depois de sua decisão , e com sua autorização, é permitido aos súdito apresentar uma queixa.

25 – Mesmo sem recorrer a um sínodo, pode depor um bispo ou receber de novo na igreja aqueles que tenham sido excomungados.

26 – Ninguém deve ser considerado católico se não estiver de pleno acordo com a Igreja Católica.

27 – Ele pode liberar os súditos do juramento de fidelidade ao Soberano, em caso de injustiça.

Fonte: Registrum Gregorii VII,MGH, Ep.Sel. II, n. 55a
(História da Igreja, Roland Frohlich)

Encontro de blogueiros em Roma

http://www.pccs.va/

Como a maior parte das pessoas já está sabendo, o Vaticano vai promover um encontro de blogueiros no próximo dia 02 de maio, logo em seguida à beatificação de João Paulo II.

O que talvez nem todas as pessoas estejam sabendo é que hoje, sábado, foi publicada a lista com o nome dos 150 blogueiros (de 750 que foram enviados) selecionados para participar, presencialmente, do encontro. São blogs de todo o mundo, entre iniciantes e já consolidados, entre pessoais e profissionais.

Muitos eu não conheço, outros são bem famosos. O Sandro Magister está lá, bem como o American Papist. Também o exorcista pe. Fortea está na lista dos blogs selecionados. Achei até – curioso! – um blog que fala de informática e ética.

Mas a alegria, a maior alegria, o júbilo que chega quase a ser inconveniente às portas da Semana Santa, é que só foram selecionados três blogs brasileiros (se deixei escapar algum, por favor me avisem). Um é o “Jovens sem Fronteiras”, outro é o “Medidas de Fé”, e o terceiro é o… “O Possível e o Extraordinário”, do meu caríssimo amigo Wagner Moura!

Parabéns, Wagner! É merecido. Que o encontro possa ser proveitoso. Que sirva, sempre, ad majorem Dei Gloriam.

Verba volant, scripta manent

O título deste post é um antigo provérbio latino. Significa “as palavras voam, [mas] os escritos permanecem”. O reverendíssimo padre Alex Cordeiro, que publicara na semana passada um artigo em seu blog no qual atacava violenta e injustamente o padre Paulo Ricardo, resolveu “dar sumiço” no seu post após eu ter respondido aqui aos seus impropérios. Mesmo dizendo expressamente que não retira o que disse (como pode ser visto no tweet acima), quis apagar os registros do que dissera contra um seu irmão no sacerdócio. Quis eliminar os escritos (que permanecem), para deixar as palavras voarem e se perderem – após terem provocado todo o mal-estar que provocaram. O padre falou, falou, falou… e agora parece não querer escutar.

E isto não é justo. O estrago feito pelo péssimo artigo do pe. Alex foi público, e não pode simplesmente ser “apagado”, assim, como se nunca houvesse acontecido. As pessoas precisam assumir a responsabilidade por aquilo que dizem e fazem. Outrossim, se o sacerdote mantém tudo o que disse, não existe razão para esconder o artigo que deu origem à polêmica.

Mas, na internet, verba non volant. O cache do Google ainda mantém a página que foi tirada do ar. E, mesmo após a sua remoção, foi possível recuperar o artigo do pe. Alex que respondi anteriormente. Se a palavra proferida não tem volta, como diz o adágio, muito menos o tem o post publicado. Abaixo, segue um printscreen do artigo da forma como ele estava ainda hoje pela manhã, antes do sacerdote resolver fazê-lo desaparecer. O registro é necessário por questões de justiça e transparência. Segue, na íntegra:

Para terminar, a pequena galeria abaixo é um ligeiro apanhado do Twitter do padre (agora protegido), ao longo do dia de hoje, em sucessivas crises de caridade, de bom trato e de diálogo fraterno com as pessoas que cometeram o único crime de discordar das suas palavras agressivas contra um zeloso sacerdote católico – palavras nas quais ele, felizmente, não conseguiu dar o sumiço que desejara.

“Ratos”, “fariseus”, “doentes” e “raça de víboras” são alguns dos caridosos epítetos que o pe. Alex Cordeiro reserva para aqueles que ousam contrariá-lo e oferecer a resposta devida ao seu artigo mesquinho que tanta confusão e perplexidade provocou entre os fiéis católicos nos últimos dias. Não é uma atitude cristã atacar violenta e publicamente um sacerdote católico e, depois, não aceitar críticas. Não é uma atitude cristã despejar tantos xingamentos contra aqueles que discordam de suas atitudes e que jamais fizeram manifestações públicas que justificassem esta reação histérica. Não é uma atitude cristã jogar coisas na internet e, depois, procurar escondê-las, fazendo-se de vítima e buscando deixar o dito pelo não dito. Após tudo isso, que cada um possa julgar por si próprio se o lobo é mesmo o pe. Paulo Ricardo ou se, ao contrário, o lobo não está disfarçado de Cordeiro.

Sobre lobos e cordeiros

Foi recentemente publicada no seu blog pelo revmo. pe. Alex Cordeiro, diretor espiritual do Ministério Jovem da RCC, uma dura (e profundamente injusta) crítica ao padre Paulo Ricardo [p.s.: o padre fechou o blog; ver aqui]. Sob o título «Defensor de que “DOUTRINA”?» (assim, em maiúsculas e entre aspas mesmo), o pe. Alex tece ácidas críticas à postura do padre Paulo Ricardo no cenário católico nacional. É uma questão de justiça defender o zeloso sacerdote das insinuações maléficas lançadas pelo diretor espiritual do MJ; nas próximas linhas, tecerei alguns comentários sobre o artigo do pe. Alex Cordeiro. Serão um pouco longas, mas isto é necessário porque estão em jogo tanto a honra de um sacerdote que procura ser fiel à Igreja quanto a própria integridade da Fé Católica e Apostólica.

Já começa o revmo. pe. Alex a denegrir a imagem do pe. Paulo Ricardo por meio do próprio título do seu artigo. Afinal, colocando o termo “doutrina” entre aspas e perguntando-se retoricamente “qual” seria a doutrina defendida pelo pe. Paulo Ricardo, o pe. Alex insinua que o seu irmão no sacerdócio estaria defendendo uma “doutrina” que não a Doutrina Católica. Insinuação grave cuja demonstração, no entanto, o pe. Alex crê-se escusado de fazer: depois de lançar a insinuação maledicente, começa o seu artigo dizendo que responderá “não às questões levantadas” pelo pe. Paulo, mas sim à sua “postura”. Chega a afirmar taxativamente: “[n]ão entrarei no mérito da questão do conteúdo”.

Mas como assim, padre Alex? Doutrina é conteúdo, por óbvio. Como o senhor é capaz de insinuar levianamente que o pe. Paulo Ricardo defenderia uma “doutrina” diferente da Católica e Apostólica e, acto contínuo, dizer que não vai entrar no mérito do que ele defende? A insinuação é grave. Quem defende uma doutrina diferente da católica é herege. Colocar em dúvida a doutrina defendida pelo padre Paulo Ricardo é colocar em dúvida a sua ortodoxia e, portanto, é duvidar de que ele seja realmente católico, é insinuar que ele possa ser herege. Uma insinuação de tamanha gravidade não pode ser feita por quem se exime de entrar “no mérito da questão do conteúdo” do que o acusado defende. Agindo assim, quem é mesmo que está dividindo a Igreja?

As acusações não param por aí. “Pe. Paulo Ricardo me cheira mais a um lobo em pele de cordeiro, que tem difundido confusões sérias em meio aos nossos jovens e adultos”. Esqueceu-se somente o pe. Alex de… apontar quais seriam estas “confusões sérias” que o padre Paulo Ricardo estaria difundindo! Mas isso o reverendíssimo sacerdote não vai fazer porque, como ele disse no começo, não vai entrar “no mérito da questão do conteúdo”…

Acusar um irmão no sacerdócio de ser “lobo em pele de cordeiro” e de “difundir confusões sérias” sem, no entanto, mostrá-las! Quem é que está dividindo a Igreja? Se há “confusões sérias” sendo difundidas, é dever de todo católico – principalmente dos sacerdotes – clarificá-las. Mas isso o pe. Alex não faz. Limita-se a insinuar que o padre Paulo seja herege, acusa-lhe taxativamente de ser lobo em pele de cordeiro e se recusa a “entrar no mérito” das “confusões sérias” que, supostamente, o padre Paulo Ricardo estaria difundindo. Cabe perguntar: isso porventura é atitude de pastor ou de lobo voraz?

Toda a sibilina argumentação do pe. Alex baseia-se em uma obviedade e em uma falácia. A obviedade: o pe. Paulo Ricardo não é sucessor dos Apóstolos. A falácia parte de um ponto básico da Doutrina da Igreja: “os PRIMEIROS RESPONSÁVEIS PELO MAGISTÉRIO OFICIAL SÃO OS BISPOS EM COMUNHÃO COM O SUCESSOR DE PEDRO” (gritos da lavra do reverendíssimo pe. Alex Cordeiro). Ora, isto é algo que nenhum bom católico pode negar e que nem tampouco o próprio pe. Paulo Ricardo nega.

O argumento torna-se falacioso quando o pe. Alex, lupinamente, faz uma extrapolação grosseira da Doutrina Católica e afirma: “Logo, ao criticar os Bispos do Brasil e a estrutura de comunhão criada por eles, este digníssimo senhor critica a Igreja como tal, legitimamente constituída em nosso país”. Ora, semelhante conclusão é um grandíssimo absurdo – mesmo que tenha sido introduzida por um ergo supostamente silogístico. Não senhor, pe. Alex, não senhor! Os bispos detêm o munus docendi na Igreja de Cristo, sem dúvidas, mas isso não os torna ipso facto perfeitos e incapazes de errar. Os bispos não exercitam sempre o seu munus docendi. Os bispos – é um doloroso dever dizê-lo, mas é necessário – não necessariamente estão sempre em comunhão com o sucessor de Pedro.

O Pe. Paulo Ricardo não nega, absolutamente, que devamos estar em comunhão com os bispos que estão em comunhão com o Papa! Isso seria um grande absurdo. O que o pe. Paulo Ricardo faz é afirmar – ou, melhor, é constatar – que algumas atitudes de alguns prelados não estão em comunhão com o que ensina Romano Pontífice. Ousará o pe. Alex negar isso?

No mundo perfeito do pe. Alex, aparentemente os bispos não erram nunca, os bispos nunca tomam atitudes contrárias à Fé e à Moral da Igreja, os bispos nunca pecam… será possível que tal visão seja fruto de uma enorme ingenuidade, ou será que é simplesmente má fé? Eis então que a “doutrina” (agora, sim, com aspas muito bem colocadas!) uivada pelo pe. Alex estendeu a infalibilidade papal para todos os bispos do mundo inteiro, em quaisquer circunstâncias, e de tal modo que quem discordar deles em qualquer coisa que seja passa, ipso facto, a discordar “da Igreja como tal”!

Acaso um bispo nunca erra, pe. Alex? E, quando um bispo erra, acaso não é dever de caridade apontar-lhe o erro e impedir que outras pessoas o sigam neste engano, pe. Alex?

Ora, ou os bispos nunca erram, ou eles erram pelo menos às vezes, e tertium non datur. Se eles nunca erram então eles são infalíveis o tempo inteiro – o que pode até ser uma nova “doutrina” alexiana, mas não é a Doutrina Católica. Se, ao contrário, eles erram às vezes, acaso está “critica[ndo] a Igreja como tal” quem lhes aponta o erro? A regra da Fé porventura deixa de ser a Doutrina para ser a estrutura eclesiástica, qualquer que seja ela, independente do que façam ou deixem de fazer os sucessores dos Apóstolos? Isto, sim, é uma “doutrina” bem estranha! Quem é mesmo que está provocando divisão na Igreja e disseminando “confusões sérias”, pe. Alex?

[E, ao contrário do reverendíssimo sacerdote, eu faço questão de entrar “no mérito do conteúdo” e de apontar, exatamente, quais são as “confusões sérias” que põem em risco a Fé do povo de Deus. Prossigamos.]

Pergunta o pe. Alex: “se os bispos nos apresentam um tema para refletir na Quaresma (que nos faz pensar e muito sobre nossos apegos e responsabilidades de nosso egoísmo frente às futuras e presentes gerações) porque não podemos fazê-lo?”. Ora, pe. Alex, a resposta é bastante óbvia: porque este “tema” não é adequado para o Tempo Quaresmal e, muito pelo contrário, está imbuído de graves erros contra a Doutrina Católica (agora, sim, sem aspas) que todo mundo tem obrigação de guardar. A resposta a esta pergunta está, exatamente, no “conteúdo” dos discursos do pe. Paulo Ricardo em cujo “mérito”, no entanto, o senhor não quer entrar! Por que o senhor uiva perguntas cujas respostas se recusa a priori a ouvir, pe. Alex?

Vamos entrar no mérito, sim senhor. Vamos ao hino da Campanha da Fraternidade (que tem inclusive um trecho no próprio blog do pe. Alex): esta malfadada música canta que a terra é “das criaturas todas a mais linda”. O planeta terra é “a mais linda” das criaturas, pe. Alex? Em que “doutrina”? Não na Católica! Vamos ao Catecismo:

§356 De todas as criaturas visíveis, só o homem é “capaz de conhecer e amar seu Criador”; ele é “a única criatura na terra que Deus quis por si mesma”; só ele é chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Foi para este fim que o homem foi criado, e aí reside a razão fundamental de sua dignidade:

Que motivo vos fez constituir o homem em dignidade tão grande? O amor inestimável pelo qual enxergastes em vós mesmo vossa criatura, e vos apaixonastes por ela; pois foi por amor que a criastes, foi por amor que lhe destes um ser capaz de degustar vosso Bem eterno.

É o homem, padre Alex, que é “das criaturas todas a mais linda”, e não o planeta terra. E o senhor ainda pergunta por que é que nós não podemos aderir à Campanha da Fraternidade? Ora, acaso pode um católico meditar, durante a Quaresma, em coisas que contrariam de maneira tão explícita pontos elementares da Fé Católica?

Mas o senhor não quer entrar “no mérito da questão do conteúdo”…

Temos obrigação sim, pe. Alex, de obedecer aos nossos bispos, isso é óbvio e incontestável. Mas não temos obrigação nenhuma de professar doutrinas heterodoxas. Não temos obrigação nenhuma de afirmar – p.ex. – que o planeta terra é a mais linda das criaturas de Deus. E é contra estas coisas, pe. Alex, e não contra a obediência aos bispos em si, que se levanta o pe. Paulo Ricardo. O senhor saberia disso, padre, se tivesse se dado ao trabalho de entrar no mérito da questão.

E, no circo armado pelo pe. Alex diante de toda a alcatéia, quem causa divisão é quem protesta contra estes absurdos. Quem está contra a Igreja é quem se recusa a defender a “doutrina” expressa no hino da Campanha da Fraternidade. Quem semeia a divisão é quem afirma com clareza que a mais bela das criaturas de toda a Criação é o homem, e não o “planeta terra”. Quem só quer ser católico está provocando divisão na Igreja e, quem critica um ponto específico do cenário católico nacional – p.ex., a Campanha da Fraternidade -, está ipso facto atacando todos os bispos do Brasil e a própria “Igreja como tal”. Brilhante lógica a do pe. Alex!

E prossegue, com ares de canis lupus, o reverendíssimo sacerdote: “Peço o cuidado de sempre buscarmos a comunhão da Igreja, peço a obediência aos nossos bispos, nossos VERDADEIROS pastores, peço a obediência ao Santo Padre, o Papa, que nomeia estes bispos”. O pedido é, em si, muito justo. Mas no que consiste, pe. Alex, a “comunhão da Igreja”?

Consiste em uma tríplice comunhão: de Fé, de Sacramentos e de Governo. E, faltando uma dessas, não se pode falar em comunhão. Ora, como é possível manter a comunhão de Fé negando, ao mesmo tempo, pontos básicos da Fé? Na “doutrina” canhestra do pe. Alex, a “comunhão” é uma só: de Governo. Pede o pe. Alex obediência aos bispos antes mesmo da obediência à Fé ou, pior, ainda que de modo contrário à Fé! Só que esta, padre Alex, não é “a comunhão da Igreja”. A comunhão da Igreja é um tripé, e ela se perde quando qualquer uma das suas três sustentações é comprometida. O problema nunca foi de Governo, pe. Alex. Se o senhor tivesse se dado ao trabalho de entrar “no mérito do conteúdo da questão”, teria percebido isso e não viria a público fazer as graves acusações ao pe. Paulo Ricardo que o senhor fez. Não viria a público alardear a “doutrina” lupina segundo a qual quem defende a Fé está agindo contra a Igreja.

E o revmo. pe. Alex Cordeiro termina o seu texto desfilando uma longa ladainha de diatribes contra o pe. Paulo Ricardo: “[i]gnorância total deste padre”, “TOTALMENTE FUNDAMENTALISTA”, “quer desorientar os cristãos”, “divisor, sismático (sic!!!), incitador da desobediência, perseguidor de nossos pastores”, “totalmente IRRESPONSÁVEL”. Tudo isso assim, gratuita e violentamente, e ainda – repitamos! – sem que o padre tenha se dado ao trabalho de entrar “no mérito do conteúdo da questão”!

Resumindo, portanto, o texto do pe. Alex é formado

a) por um lado, de uma “doutrina” totalmente estranha segundo a qual ou os bispos são infalíveis o tempo inteiro ou, quando eles erram, quem os corrige está cometendo não um ato de caridade cristã mas, ao contrário, está agindo contra a própria Igreja (!); e

b) por outro lado, de um rosário – melhor dizer “abrolhário” – de invectivas violentas e venenosas lançadas contra um sacerdote da Igreja, ao mesmo tempo em que se recusa peremptoriamente a analisar “o mérito do conteúdo da questão” – i.e., a única coisa que poderia dar sustentação às suas graves acusações.

E um texto desses ainda é publicado na internet! Oras, quem é que está sendo o irresponsável e o leviano? Quem é que está sendo o lobo em pele de cordeiro? Quem é, afinal de contas, que está dividindo a Igreja?

Termino essas linhas afirmando claramente que só o que eu quero – e, comigo, muitos outros que são atingidos, ainda que indiretamente, pelos impropérios do pe. Alex – é ser católico. E sei que, para ser católico, é mister guardar a Fé da Igreja. Se existe “desorientação” e “divisão”, elas não se originam nestas minhas linhas (nem nas outras do Deus lo Vult!), nem nos textos e pregações do pe. Paulo Ricardo, nem em nenhum de nós outros, católicos que nos recusamos a uivar na mesma alcatéia de onde o pe. Alex Cordeiro ataca covardemente um seu irmão no sacerdócio pelo terrível “crime”  de anunciar a Verdade Católica. Ao padre que gosta de acusar sem entrar “no mérito da questão do conteúdo”, cabem muito bem as palavras de Nosso Senhor que iremos meditar nos próximos dias: “Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?” (Jo 18, 23). E, antes de acusar os outros de promoverem divisões, que o padre olhe para si mesmo e veja o que ele próprio está fazendo. Que examine a si com honestidade para ver se o “cheiro” de lobo que ele sente nos outros não está saindo do seu próprio pelo molhado, ou se os focinhos lupinos que ele julga ver adiante não vêm do seu próprio reflexo n’algum espelho.

Mais petróleo do que oração na CF-2011

O próximo domingo já é o Domingo de Ramos e, até o presente momento, a CNBB não disponibilizou no seu site o texto-base da Campanha da Fraternidade 2011. Procurando na internet, encontrei-o aqui; 63 páginas que, pelo que vi, contêm a íntegra do documento. Caso alguém identifique algum problema na integridade do texto, gentileza me informar.

Como fiz nos anos passados (2010 e 2009), trago aqui mais uma vez algumas simples estatísticas mostrando os temas que, na visão dos responsáveis pela produção do referido documento, são mais dignos de menção e meditação durante este tempo quaresmal. Mais uma vez, trago-os divididos em dois grupos: o que se poderia esperar de uma sadia espiritualidade quaresmal primeiro e, em seguida, os vocábulos mais empregados ao longo das páginas do texto base da Campanha da Fraternidade. Como no ano passado, a metodologia foi a mais simples possível: uma pesquisa simples (ctrl + shift + f) no arquivo .pdf, que pode ser facilmente reproduzida por qualquer um que tenha curiosidade sobre o assunto. Na lista abaixo, o termo simples, entre aspas, foi pesquisado da maneira como se encontra; quando aparece “e derivados”, é porque a busca foi feita pelo radical (p.ex., “penit”, que incluiria tanto “penitência” quanto o verbo “penitenciar-se”, o adjetivo “penitente”, etc.).

Termos que indicam visão sobrenatural:

  • “Deus”: 155 ocorrências.
  • “Eucaristia”: 16 ocorrências.
  • “Jesus”: 14 ocorrências.
  • “Pecado” (e derivados): 11 ocorrências.
  • “Papa”: 8 ocorrências.
  • “Santificação” (e derivados): 7 ocorrências.
  • “Católica” (e derivados): 6 ocorrências.
  • “Bíblia”: 6 ocorrências [mais duas no título de duas citações, à página 32].
  • “Salvação” (e derivados): 5 ocorrências.
  • “Nosso Senhor”: 5 ocorrências.
  • “Oração”: 4 ocorrências [sendo três nas primeiras páginas e uma referência à oração de São Francisco em louvor pelas criaturas].
  • “Conversão” (e derivados): 4 ocorrências [além de mais 3 ocorrências, às páginas 14 e 37, que falam em conversão de energia cinética do vento (!) e no mundo que corre o “risco de converter-se em fábricas que poluem” (!!); há aínda, à página 43, uma referência a “conversão ecológica”].
  • “Jejum”: 2 ocorrências.
  • “Diabo”: 2 ocorrências.
  • “Caridade”: 2 ocorrências.
  • “Maria”: 1 ocorrência [“Virgem Maria”, nenhuma, e nem “Nossa Senhora”].
  • “Penitência” (e derivados): 1 ocorrência.
  • “Cruz”: 1 ocorrência.
  • “Sacerdote”: 1 ocorrência.
  • “Sacramento”: 1 ocorrência.
  • “Missa”: 1 ocorrência [esta, no título da citação de um ensaio de Teilhard de Chardin (!)].
  • “Arrependimento” (e derivados), esmola, Magistério, confissão (e derivados), inferno, purgatório: nenhuma ocorrência.

Termos que indicam visão materialista rasteira:

  • “Produção” (e derivados): 98 ocorrências.
  • “Desenvolvimento” (e derivados): 74 ocorrências.
  • “Energia”: 69 ocorrências.
  • “Terra”: 69 ocorrências.
  • “Água”: 59 ocorrências.
  • “Ambiente”: 59 ocorrências.
  • “Efeito estufa”: 58 ocorrências.
  • “Aquecimento”: 51 ocorrências [“aquecimento global”, 42].
  • “Consumo” (e derivados): 50 ocorrências.
  • “Ecologia” (e derivados): 37 ocorrências.
  • “Carbono” (e derivados): 36 ocorrências.
  • “Governo” (e derivados): 32 ocorrências.
  • “Economia” (e derivados): 32 ocorrências.
  • “Alimento” (e derivados): 29 ocorrências.
  • “Pobre” (e derivados): 20 ocorrências.
  • “Temperatura”: 23 ocorrências.
  • “Lucro”: 15 ocorrências.
  • “Petróleo”: 10 ocorrências.
  • “Exploração” (e derivados): 10 ocorrências.

Os números falam por si sós. Em comparação com o ano passado algumas coisas parecem ter melhorado. Palavras como “Cruz”, “Sacerdote” e “Penitência” finalmente ganham direito a figurarem em um documento da CNBB para a Quaresma. E, embora eu tenha tentado, não consegui encontrar nenhum termo que aparecesse no texto mais vezes do que “Deus”. Deo Gratias! É também digna de menção a sucessiva redução do tamanho destes textos bases; em 2009 ele tinha 176 páginas e, em 2010, 80. Perto destes monstros, um documento com 63 páginas é uma bênção de Deus.

Entretanto, o resultado final ainda é muito, muito ruim. É óbvio que não dá para se viver corretamente o tempo da Quaresma descuidando da vida sobrenatural para perder tempo com coisas como consumo, energia elétrica, água potável e desenvolvimento – temas que têm lá a sua importância, mas que absolutamente não cabem como guia de vivência do tempo quaresmal. Um texto que trate tanto destes temas poderia encaixar-se muito bem como fruto de um estudo do Governo, de uma ONG, de uma dissertação de mestrado em ciências ambientais, do Greenpeace, de qualquer coisa: mas não cabe, absolutamente, como um texto – e da Quaresma! – da Igreja cujo papel é levar as almas para Deus. Quando uma Conferência Episcopal fala, na Quaresma, mais de petróleo do que de oração, alguma coisa está muito errada. Que os senhores bispos possam perceber este gravíssimo engano (que não é de hoje!) o quanto antes. E que Deus nos ajude a termos uma santa Quaresma – apesar da Campanha da Fraternidade da CNBB.

A cidade nascida junto à Cruz e a cidade imposta pelos materialistas

Embora longo e de leitura relativamente difícil para quem não é da área, este texto de Roger Scruton vale muito a leitura. Sou um completo ignorante em arquitetura urbana e confesso, envergonhado, não conhecer nenhum dos nomes citados no artigo; não obstante, o articulista tem o mérito de se fazer entender mesmo para quem (como eu) é leigo no assunto.

Porque as coisas que ele fala fazem bastante sentido e todos nós as percebemos, mesmo que não saibamos organizá-las sistematicamente do jeito que ele o faz. Em brevíssimas palavras, o autor fala da arquitetura como uma modalidade de arte intrinsecamente coletiva e que, como tal, não pode estar sujeita aos caprichos grandiloqüentes – e amiúde insanos – daquilo que ele chama de “arquitetos-superstars”, sempre preocupados em elaborar construções novas e totalmente destoantes da paisagem urbana que foi tradicional e organicamente moldada para se adaptar ao estilo de vida de uma população. E os exemplos que ele traz são bastante eloqüentes, como p.ex.:

Glazer é um sociólogo que dedicou à arquitetura e aos seus efeitos sociais uma atenção considerável ao longo dos anos; o seu livro reúne ensaios bem escritos que relatam a sua desilusão crescente com os estilos e arquétipos modernistas. Como muitos socialistas bem-intencionados (coisa que ele era na época), Glazer em princípio foi um entusiasta da mentalidade planificadora que fincou raízes na Grã-Bretanha do pós-guerra e que procurou varrer os cortiços superlotados e insalubres, substituindo-os por torres higiênicas cercadas de espaços onde a população pudesse desfrutar de luz e ar. Essa receita para melhorar a situação da classe trabalhadora das cidades foi mais influenciada por Gropius e a Bauhaus do que por Le Corbusier. Coincidia com o programa socialista, segundo o qual a habitação era responsabilidade do Estado, todos os arquitetos da época tendiam a endossá-la, e parecia oferecer vantagens insuperáveis em comparação com a receita antiga – que em todo o caso era antes um subproduto da liberdade do que uma escolha consciente -, segundo a qual as casas deviam ficar uma ao lado da outra ao longo da mesma rua.

Contudo, Glazer chama a atenção para o fato de a principal oposição ao projeto modernista de habitação não ter vindo dos críticos, mas das próprias pessoas a que esses projetos eram destinados. Para a surpresa dos planejadores, a população resistiu à tentativa de demolir as suas ruas e de eliminar as doenças familiares e domesticadas que grassavam nos seus quintais atulhados. As pessoas não gostavam nada de viver dependuradas no ar, nem de olhar por uma janela e não ver coisa alguma; queriam a vida da rua, queriam sentir a vida ao seu redor e ao mesmo tempo saber que podiam trancá-la do lado de fora ou deixá-la entrar conforme quisessem. Queriam ter os vizinhos ao lado, não acima ou abaixo. E a maioria delas queria uma casa própria, não uma que fosse propriedade da prefeitura e que depois não pudesse ser transmitida  como herança para os filhos. A tentativa de “bauhausizar” a classe operária foi, portanto, rejeitada pelos próprios operários, que nesse caso como em tantos outros se recusaram a fazer o que os socialistas lhes ordenavam até serem coagidos a fazê-lo pelo Estado.

Se é verdade que a arte é veículo transmissor de idéias e de valores, isto se aplica também à arquitetura urbana e a forma como as cidades são organizadas diz muito sobre os seus habitantes. Este texto surgiu em uma lista após alguém perguntar sobre o porquê das cidades medievais possuírem ruas estreitas. A melhor resposta, a meu ver, foi a que incluiu na sua explicação a importância das ruas estreitas de um ponto de vista militar, para facilitar a organização das tropas em defesa da população contra um exército invasor estrangeiro – e, por outro lago, avenidas largas são úteis quando o inimigo a ser combatido é a própria população da cidade, facilitando a movimentação rápida de tropas no interior da malha urbana (o que é exatamente o que se deseja evitar no caso de tropas invasoras)…

Curiosidades históricas à parte, isso me fez pensar na organização tradicional de cidades do interior de Pernambuco (que imagino não serem muito diferentes Brasil afora), onde o centro da cidade é a igreja com uma praça defronte, ponto a partir do qual a cidade cresce organicamente conforme for aumentando o número dos seus habitantes. Mas a pracinha e a igrejinha estão sempre lá, no centro, no início histórico da cidadezinha, como que dando testemunho permanente dos hábitos daquela população: a cidade nasceu junto à Cruz, e é em torno à casa de Deus que ela cresce e se desenvolve.

Contrastando com tudo isso está a arquitetura moderna: com seus prédios horrorosos e seus monumentos sem significado, com o planejamento tomando o lugar do crescimento orgânico, as formas das construções obedecendo aos devaneios de “arquitetos superstars” ao invés de refletirem o estilo de vida da população, e a nudez fria e impessoal dos prédios – em nome da “praticidade” e da “utilidade” – ocupando o lugar da variedade de adornos e ornamentos nas fachadas das casas, os mais espontâneos e diversos possíveis porque enfeitavam construções que, antes de prédios precisando ser úteis, eram lares que precisavam ser vivos. A arquitetura moderna é degradante, é desumana, é atéia. Reflete as tentativas modernas de impôr à paisagem urbana uma ideologia materialista, tentando fazer com que as pessoas, imersas neste ambiente que tesmunha anti-valores de modo tão claro, possam assim assimilar com mais facilidade as ideologias anti-naturais nele refletidas.

Mas só o que se consegue com isso é fazer com que os habitantes sintam-se desconfortáveis em suas próprias cidades, e passem a odiá-las e a desejar fugir delas. A arquitetura moderna é muito bizarra para ser aceita assim, sem resistências, por seres humanos criados para Deus e em cujos corações o Todo-Poderoso gravou de maneira indelével um anseio infinito por Ele próprio. E, forçando a vida em um ambiente desagradável (como acontece o tempo inteiro nas nossas cidades totalmente dominadas por esta “arte” moderna nefanda), não é possível obter senão prejuízos para a própria sociedade. Porque uma vez que – como diz Roger Scruton – “a cidade é o centro da vida social e criativa, (…) se fugimos dela acabamos por refugiar-nos numa solidão estéril”. E, portanto, é extremamente importante “o retorno à ordem natural da arquitetura, que permitirá que voltemos a sentir-nos em casa em um ambiente urbano”.

Tragédia em Realengo

Provocou enorme comoção a tragédia acontecida na semana passada em uma escola do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, onde um sujeito – ex-aluno do colégio – entrou no prédio e matou friamente onze crianças, tendo deixado outras treze feridas.

Eu soube do caso logo na quinta-feira, do trabalho. Lembro-me de que me chocou sobremaneira uma simples e terrível frase, jogada displicentemente entre as linhas das matérias: o homem havia “recarregado as armas várias vezes”.

Este simples fato revela uma frieza que foge à compreensão e aumenta a revolta. Ele não chegou correndo e descarregando metralhadoras, atirando a esmo. Ele escolheu as suas vítimas, uma a uma, na maior parte meninas (dez mortas e dez feridas); atirou para matar, na cabeça ou no peito, e de forma tão fria e deliberada que se permitiu recarregar os revólveres enquanto mantinha as crianças e funcionários da escola sob terror intenso, sob verdadeiro pânico! Uma coisa é um crime passional; outra, um crime premeditado. Uma terceira coisa é um crime premeditado cometido “com pausas”, com interrupções para recarregar as armas do crime, com tempo o bastante para se pensar calmamente no que se está fazendo e, mesmo assim, não abrir a menor brecha para nenhuma espécie de arrependimento – não vacilar nem por um instante. E, se os primeiros casos são bárbaros e injustificáveis, este último consegue ser ainda pior. É estarrecedor.

Várias interrogações surgem quando nos deparamos com uma tragédia destas proporções – interrogações das mais diversas. Pode-se perguntar onde estava Deus naqueles momentos terríveis. Pode-se aproveitar a comoção para fazer lobby político barato a favor do desarmamento dos cidadãos de bem. Pode-se questionar quais as motivações de um crime tão hediondo. Mas existe também uma pergunta emblemática que um amigo me fez e que, creio, merece consideração.

Como é possível que diversos adolescentes de doze, treze ou catorze anos (sem falar nos funcionários da escola!) tenham ficado inertes enquanto um único sujeito calmamente os matava um a um? Como é possível que ninguém tenha reagido? Que o medo intenso provoque reações imprevisíveis nas pessoas – podendo levá-las inclusive a ficarem paralisadas – é algo perfeitamente aceitável; que, no entanto, ninguém, nem uma única pessoa, tenha cogitado pular em cima do desgraçado para detê-lo e (quiçá às custas da própria vida, mas a situação era extrema) salvar os demais, é algo extremamente preocupante. Revela de maneira trágica o triste estado de passividade no qual se encontra a nossa população.

“Eram crianças!”, alguém pode dizer. Muitas aspas aqui! Aos doze anos, São Luís já era rei da França. E, depois, não existem crianças sozinhas em um colégio: certamente havia também professores e funcionários. Eu entendo perfeitamente que nem todo mundo seja como São Luís, mas o porquê de não haver uma única pessoa a demonstrar um mínimo de senso de sobrevivência, eu não consigo entender. Não era simplesmente um assalto ou um seqüestro, o bandido estava matando pessoas lenta e sistematicamente, mesmo sem que elas reagissem! Ninguém pensou que, se é para morrer nas mãos de um louco, é melhor – ou, vá lá, é menos ruim – morrer agarrando-se à vida, morrer lutando, morrer tentando não morrer?

Isto é inexplicável, é dramático, é triste, é profundamente triste. O Papa Bento XVI se disse “profundamente consternado” com a tragédia, e isso não é exagero retórico. Na verdade, creio não haver palavras para exprimir como todos nós, no Brasil e no mundo, nos sentimos ao tomar conhecimento deste atentado estúpido e covarde.

Mais uma vez, em uma escola… O vídeo abaixo foi feito pelo Diogo Cysne, e relembra algumas tragédias similares acontecidas anteriormente ao redor do mundo, às quais é impossível não fazer referência quando se toma conhecimento do que aconteceu em Realengo.

Que nós possamos “construir uma sociedade fundada sobre a justiça e o respeito pelas pessoas”: este foi o desejo expresso pelo Sumo Pontífice e não se trata simplesmente de uma frase de efeito. É uma necessidade premente. Tragédias assim são terríveis máculas que, quando pensávamos que iriam ser superadas e se transformar em páginas de vergonha da história da humanidade, insistem em voltar a acontecer. Que Deus tenha misericórdia de nós! Que a dor possa nos fazer despertar para a necessidade de sermos melhores. Que as vítimas desta tragédia possam descansar em paz. E que todos os amigos e familiares possam, ainda que contra todos os prognósticos, manter a esperança e superar da melhor forma possível este lamentável episódio ocorrido na Cidade Maravilhosa.

Gay pré-histórico

A mais nova fraude ideológica travestida de inédita descoberta científica é esta descoberta de um esqueleto de cinco mil anos… de um homossexual!

Isso mesmo, senhoras e senhores. A antropologia e a arqueologia estão já tão evoluídas que são capazes de traçar o comportamento sexual de um ser humano só de olhar-lhe o esqueleto. A matéria diz que a ossada foi encontrada em um sítio arqueológico do neolítico, e o título diz que o homem viveu há cerca de 5.000 anos; três mil anos antes de Cristo e, portanto, ainda na pré-história, embora a Antiguidade seja tipicamente colocada como iniciando-se já em 4.000 a.C.

Mas estas firulas cronológicas não são importantes. O que é absolutamente fantástica é a prodigiosa capacidade destes cientistas de tirarem “conclusões” totalmente contaminadas com a ideologia contemporânea. “Transexual”? “Terceiro sexo”? Sim, dizem eles, esta é hipótese “mais provável” (!). O homem, ao que parece, foi enterrado com utensílios usualmente femininos. A matéria do Telegraph fala de um caso anterior, onde uma guerreira foi enterrada como os homens; se o lobby gayzista tivesse chegado primeiro, a hipótese “mais provável” seria a de que a mulher era lésbica, naturalmente, e não que fora simplesmente uma guerreira que recebeu as honras funerárias dos homens por ter tomado parte em combates.

Este esqueleto de Praga, no entanto, não teve a mesma sorte. A matéria até fala que ele poderia ser um xamã ou um feiticeiro (“witch doctor”), mas isso é pouco provável porque teria que haver acessórios mais ricos na tumba. Como não havia, ergo, ele era gay. Simples assim, sem explicações alternativas mesmo. E há quem veja como um bom sinal o fato das pessoas acreditarem sem pestanejar neste tipo de “ciência”, enquanto duvidam da Igreja! Para mim, isto só é sinal de decadência.