O que esperam as senhoritas com as tetas à mostra?

Com relação à (assim chamada) “Marcha das Vadias” que ocorreu durante o último fim de semana em diversos estados do país, eu remeto integralmente à lúcida análise do Everth, à qual tenho bem pouco o que acrescentar. Apenas gostaria de chamar a atenção para as pessoas que, talvez, simpatizem com a [alegada] causa dessas mulheres.

Uma coisa precisa ficar clara antes de tudo: isto, absolutamente, não se trata de uma manifestação contra o estupro, como por vezes querem vender. E isto é óbvio, porque não existe ninguém que seja “a favor do estupro” a ponto de ser necessário uma manifestação pública pouco convencional como esta. Há, no entanto, muitas pessoas que são contra a “Marcha das Vadias”, por razões as mais diversas e que não têm nada a ver com a aprovação, de nenhuma maneira, da violência contra a mulher – muitíssimo pelo contrário. Este texto fala um pouco sobre isso.

Durante a semana passada, no Facebook, eu lia a “história” da manifestação: a idéia da marcha surgiu quando um policial, investigando uma onda de estupros que estava acontecendo em determinada localidade, disse que as mulheres poderiam evitar ser estupradas se parassem de se vestir como vadias.

Eu não estava presente e não sei em que tom esta declaração foi feita. Até posso entender que isto tenha ofendido terrivelmente as mulheres lá presentes (principalmente as vítimas). Há, no entanto, dois grandes problemas com a reação surgida daí (e que culminou nos deploráveis eventos de ontem).

O primeiro e evidente problema é que o conteúdo do conselho do policial é sensato e prudente, como qualquer pessoa de bom senso pode facilmente perceber. Lembro-me de que, há alguns anos, eu estava em Salvador (turista inexperiente…) e cheguei à noite no centro histórico, ali perto do Pelourinho. Um dos flanelinhas que estava por ali falou rapidamente para um amigo, apontando para um cordão que ele carregava no pescoço: “a prata, tira a prata”. Não era um assalto, era um aviso a um turista incauto de que aquela área era propícia a assaltos e, portanto, ele deveria tomar alguns cuidados elementares como não andar com objetos de valor à mostra.

Não passou por nossas cabeças – por um instante sequer! – que o flanelinha estivesse defendendo os assaltantes do centro de Salvador, ou dizendo que a culpa de sermos assaltados seria nossa caso estivéssemos com um pingente no pescoço, ou nos chamando de mauricinhos esbanjadores ostensivos e nem nenhuma outra besteira do tipo. Ao contrário, ficou-nos claro que estávamos em um lugar onde havia pessoas de má índole e o sujeito, conhecedor dos arredores, estava tentando nos proteger dos assaltantes que se sabia haver por ali. Se o conselho de guardar um pingente (ou tirar o relógio, ou manter o celular no bolso, ou o que seja) em um lugar onde está havendo uma onda de assaltos é um conselho legítimo e sensato, por qual motivo o de vestir-se com mais decoro em um ambiente onde está havendo uma onda de estupros deveria ser encarado como uma defesa do estuprador ou uma agressão injustificável à vítima da violência?

Este é o primeiro problema. O segundo é a tentativa (estúpida) de forçar a realidade para caber nas exigências descabidas da ideologia feminista. Uma das fotos que eu vi no Facebook mostrava um homem sem camisa e uma inscrição dizendo algo como “ele está com calor ou será que ele quer ser estuprado?”, em uma tentativa pueril de se igualar homens e mulheres – como se uma menina com os seios à mostra provocasse ou devesse provocar, nos homens, a exata mesma reação que um homem sem camisa provoca nas mulheres.

Digam o que disserem os manifestantes de reivindicações estapafúrdias, o fato indiscutível é que há mais homens estuprando mulheres do que o contrário. Digam o que disserem os companheiros revolucionários, o fato insofismável é que os homens geralmente se excitam à vista de um par de seios mais do que as mulheres se excitam à vista de um peito masculino à mostra. A evidência desta realidade é tão universalmente avassaladora – refletindo-se não somente na teologia moral católica, mas na própria moda quotidiana, no desenho dos trajes de banho, na censura dos meios de comunicação (audio)visuais e no bom senso mais elementar – que assusta ver as pessoas negarem-na. Afinal de contas, o que esperam as senhoritas com as tetas à mostra? Que os homens deixem de sentir excitação sexual por seios?

A idéia é tão idiota e descabida que chega a ser irresponsável, podendo inclusive levar as meninas a acreditarem que elas não correm mais riscos de serem tratadas como objetos (e isto não se resume a serem vítimas de criminosos sexuais!) quando exibem aberta e despudoradamente os seus dotes em público. É muito fácil concordar que, em um mundo perfeito, ninguém deveria ser tratado de maneira desrespeitosa. Isto é evidente. Contudo, é também evidente que nós não vivemos em um mundo perfeito e, infelizmente, as mulheres que fazem questão de se apresentar como um objeto de desejo sexual serão, necessariamente, tratadas como objeto de desejo sexual. Talvez não o sejam por todo mundo e talvez não o sejam o tempo inteiro, mas é de uma ingenuidade atroz achar que todos os homens do mundo vão se de repente se transformar em gentlemen e tratar sempre como uma lady… quem tem orgulho de se apresentar como vadia.

A marcha deste final de semana, eu dizia, não é uma marcha contra o estupro ou a violência contra a mulher. Não é uma marcha em defesa da liberdade nem nada do tipo. Trata-se, tão somente, de mais uma velha e caquética manifestação feminista revolucionária, que se volta contra tudo – contra o pudor, contra a modéstia, contra a Igreja – que não cabe na estreita e pobre visão de mundo que os revolucionários querem impôr à sociedade. As mulheres não precisam desta depravação. Os homens de respeito não precisam deste espetáculo impudico para tratarem as mulheres como elas merecem. E é bastante evidente que quem é mau-caráter não vai se transformar em um cavalheiro ao ser confrontado com uma horda de mulheres seminuas alardeando orgulho… de serem vadias.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

49 comentários em “O que esperam as senhoritas com as tetas à mostra?”

  1. Jorge Ferraz, seus comentários complementaram primorosamente os do Everth Queiroz.

    Estas vadias (e não é assim que desejam ser chamadas?) precisam ser tratadas como o que mais são: baderneiras. Com polícia arrastando pra cadeia.
    Quanto aos cristãos que são vítimas de invasão do seu templo, como ocorreu aqui em Copacabana, vale seguir o Cristo, que precisou tomar atitude vigorosa de expulsar debaixo de chibatadas quem ousou profanar o templo.

  2. Comentário infeliz o seu. Um estuprador vai estuprar uma mulher esteja ela vestida ou pelada. Ou acha que só por andarem com partes do corpo à mostra alguém “normal” vá estuprá-las? Pessoas de bem não vão sair por aí estuprando mulheres só por estarem sensuais. Deixe de ser recalcado!

  3. Não, mas pessoas de má índole estão, sim, mais propícias a atormentarem quem se cuida menos, como é evidente e como a sabedoria popular consolidou no dito “a ocasião faz o ladrão”. Sem contar que existem incontáveis outras formas das mulheres serem tratadas como objeto (que passa de uma cantada grosseira a um olhar lascivo) sem ser exclusivamente por meio de conjunção carnal forçada, e eu faço parte daquele grupo de pessoas que acreditam que as mulheres devem ser preservadas de qualquer coisificação, e não somente da mais extrema.

    Por fim, o que não tem absolutamente a menor lógica é imaginar que estupradores vão passar a respeitar as mulheres caso elas saiam por aí com as maminhas ao léu se autoproclamando “vadias”. Isto sim é o supra-sumo da estupidez. Certamente os maiores entusiastas destas marchas são pervertidos se comprazendo em ver o desfile de mulheres seminuas.

  4. Jorge.

    Esse policial que recomendeu a modestia para as mulheres, é de Toronto no Canadá.

    Obragiado,

    Fabio Matias

  5. Queimar calcinhas e sutiãs;mostrar as partes intímas;invadir templos é apenas doidice misturada com promiscuidade e com gente que quer ter 15 minutos de fama…Parabenizo ao policial por ter evitado tamanha insanidade dentro de um templo…

  6. Jorge, estou escrevendo uma crônica com a mesma inspiração sobre a marcha. Lendo o seu agora até parece que temos os mesmos pensamentos. Acho que chegamos ao mesmo ponto.

    Deve sair amanhã no Humanitatis…

  7. O cara eh contra o feminismo!

    Eu acho q as mulheres têm medo sim de ser estupradas e q a manifestação passa por esse medo, mas o mais importante é o aspecto hedonista. Libertação sexual.

    Peitos a mostra mesmo, pq nao?

    Pra quem quiser claro.

    Na europa top less eh mto mais comum. Ate de peitos q vc preferia nao ver. Mas fazer o q… se a mule quer.. O lance é rezar pra aparecer um q vc curta.

  8. “Afinal de contas, o que esperam as senhoritas com as tetas à mostra?”
    Simples, caros católicos. Querem ser donas de seu corpo, de seu desejo, de seu prazer. Elas estão mostrando seu corpo para protestar contra o machismo, o sexismo, o patriarcado.
    Protestam contra uma Igreja que faz do corpo delas propriedade e território particular do Vaticano.
    Somente em uma sociedade machista, sexista e patriarcal mulheres nuas é sinônimo de estupro consentido. Somente em uma sociedade machista, sexista e patriarcal a mulher só pode exibir seu corpo se for como mercadoria, como carne, como objeto sexual.
    Basta de rosários nos ovários.

  9. Machismo!!! Policial preconceituoso. Falta de policiamento no local. Mulher não pode ser julgada pelo que veste, isso é pré-conceito. Pessoas corroborando com atitude do policial preconceituoso. Repressão da sexualidade da mulher e do direito individual.

    Vou me mudar para Marte!! Humanos desprezíveis.

  10. As próprias participantes da marcha pedem para ser julgadas pelo que são – vadias.

  11. Se não querem ser estupradas, deveriam se vestir com modéstia.

  12. Ahh claro, claro!! O vaticano é o dono dos corpos destas senhoritas vadias. Que besteira é essa agora? O corpo de mulheres assim pertencem ao hedonismo desenfreado que vigora hj em dia. Quando ela marcham se intitulando vadias acham que vão ganhar respeito de quem? Quem merece respeito são as mulheres que apesar de toda dificuldade duidam para que seus filhos andem no bom caminho, são as mulheres que através do estudo, do seu trabalho contribuem para a melhora de nossa sociedade. Mulheres com os seios a mostra que marcham pelo direito de serem vadias, que marcham pelo direito ao aborto, que marcham para terem o seu direito a promiscuidade respeitado envegonham…

  13. envergonham as mulheres que realmente fazem alguma coisa. O que o femen trouxe de bom para as mulheres? Nada, a não ser vergonha alheia.

  14. Acontece que a marcha foi justamente um protesto contra a atitude preconceituosa do policial que disse que elas se vestem como “vadias” (como se um determinado tipo de roupa determinasse o caráter de uma pessoa). O nome da marcha é como se fosse uma ironia para o que o policial disse.

  15. A pessoa escolhe a roupa que vai vestir. Essas “senhoritas” sabem muito bem que seios de fora significa promiscuidade.

    Elas também sabem muito bem que 95% dos homens não conseguem deixar de olhar um par de seios, e começam a pensar em coito, e alguns inclusive sentem vontade de estuprar.

    A “marcha das vadias” mostra muito bem no que se degenerou o movimento feminista (que já teve reivindicações justas): um bando de vadias, mulheres extremamente promiscuas que tem _orgulho_ disso, que odeiam a família tradicional, e desprezam as mães-de-família que se dedicam aos filhos.

    Eu lembro de um debate sobre o aborto em que a médica obstetra mostrou um modelo de bebê no início da gravidez (12 semanas se não me engano), e a feminista gritou revoltada: “NÃO INTERESSA se o bebê tem vida! Temos que discutir é a liberdade sexual da mulher!”

    Eis o movimento feminista: um bando de vadias que são tão animalizadas que colocam o prazer do coito acima do direito à vida.

    Isso faz anos, e NUNCA vai sair da minha mente

    “NÃO INTERESSA se o bebê tem vida! Temos que discutir é a liberdade sexual da mulher!”

    Monstros.

  16. Errado.

    O percentual de pessoas pró-vida é igual entre os homens e entre as mulheres.

    Mas você não deixa que a realidade interfira na sua lógica, né?

  17. Como ninguém, nem ao menos você leu o meu blog, Quintas, vou repetir algo. Para o marxismo, sobretudo o Cultural, o proletariado era definido por uma classe que deveria defender seus direitos.Como até a Eleonora Menicucci, a Ministra das “mulheres” já demonstrou apoio a essa “Marcha”, prova por a + b, que essas “marchantes” não querem ser enquadradas como alguém do sexo feminino, mas sim da Classe Feminina.Pois é, uma classe minoritária ( ?) que quer defender pautas (absurdas) de reivindicação.Onde tem marxismo, socialismo ou comunismo boa coisa não é. Quanto a sua fala que diz “protestam contra uma igreja que faz do corpo delas propriedade e território particular do vaticano”, tem tudo a ver com a falácia marxista que mente discursivamente e soltam coisas sem fundamentos e sem provas. Se estivessem vlvas a médica Zilda Arns, Madre Tereza de Calcutá ou a Irmã Dulce, certamente discordariam da sua fala.Quem segue seu pensamento, Quintas, são mulheres de miolos queimados pelas ideias malucas de Marx.Mas tem cura, meu caro.

  18. Lenny, Lenny, nem ao menos voce leu meu comentário. Aproveitando a queixa da Simone, permitam-me explicar meu comentário.
    A Igreja é uma instituição religiosa que tem um propósito: o de transmitir a Boa Nova a todo Mundo, para que todos conheçam a Cristo e alcancem a salvação. Confere?
    Para alcançar tal salvação todo Mundo tem que seguir determinados padrões de comportamento, especialmente no tocante ao trato do corpo, do desejo, do prazer, do amor e do relacionamento. Confere?
    Ora, Lenny, toda vez que o sr Ratzinger ou outro alto prelado vem em publico a tonica do discurso é exatamente o de tratar o corpo de todas as pessoas como se fossem “propriedade privada” da Igreja.
    Ora, nem todos são católicos, nem todos são cristãos, então os padrões e doutrinas da Igreja não são universalmente aceitos. Mas vivemos em uma sociedade marcantemente católica conservadora, comodista, machista, patriarcal e sexista.
    O corpo de uma mulher só pode ser exibido dentro destes moldes. O comportamento das mulheres só é permitido e aceitável dentro deste padrões. O número de violência física e sexual contra mulheres é um sintoma disso.
    Então, Lenny e demais, o protesto é exatamente para mostrar de quem, efetivamente, o corpo é propriedade privada: de nós mesmos.

  19. Sim, quintas, eu li o seu texto e entendi muito bem o que vc disse e por isso escrevi aquilo.
    Vamos lá, vou me repetir,para o marxismo todos os tais oprimidos fazem parte de uma classe esmagada.As Vadias, que teve o apoio no Brasil da Ministra Menigucci, se sente parte de uma classe que obtém direitos e não de um sexo.Quanto a sua fala de “propriedade privada”, vou te contar uma coisa.Eu, Leniéverson Azeredo Gomes, sou filho e irmão de uma família.Ninguém me deixa fazer o que eu quero, o que me vem a cabeça, enfim, não sou uma pessoa ‘solta’ no mundo. A Igreja Católica, enquanto mãe e mestra, também se propõe e não impôe a nos ensinar que tudo deve-se ter um freio ético e moral. Em todos esses meus quase quatro anos como comentarista do “Deus lo Vult”, não é novidade para mim, a leitura dessa defesa de que ninguém pode interferir no direito das pessoas.Vejam só, o governo do PT, querem impor a lei da palmada, colocar o casamento gay no código civil, o aborto, a liberação das drogas e das marchas da maconha. Isso é uma imposição.Até, nos EUA, a população racional, vem observando o quão Obama um socialista não-assumido tem feito com suas medidas liberais, o que alguns especialistas em políticas internacionais afirmam que isso faz com que ele, Obama, tenha chances bem grandes de perder a reeleição para presidente.Quanto a violência física, eu concordo com uma pessoa acima que a esse crime acontece com as mulheres vestidas ou não,.E a Igreja não tem culpa se o Estado não garante o pleno cumprimento da Lei Maria da Pena ou se não há Delegacia das Mulheres suficientes.A não discussão da PEC 300 (mentalizada pelo Lula), os baixos salários das polícias e os bombeiros, ajudam na acentuação da crise.E terminando, se você tem problemas com os valores morais e éticos cristãos é um direito seu, mas não me venha defender a tese de que o VATICANO impõe, porquê isso é um lixo discursivo.

  20. poxa, Lenny, esse seu discurso em cima do marxismo cultural não te cansa? veja bem, estamos falando de uma realidade social, vivemos em um país extremamente machista, patriarcal, sexista, etc [até eu estou ficando cansado disso]. leis são propostas e ora são aprovadas ou rejeitadas ou reescritas. quantos dogmas e doutrinas da tua Igreja foram discutidos? nenhum. o discurso de tua Igreja é o discuros totalitário que não admite dúvida, questionamento ou contestação.

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