Reproduzo a notícia que o Taiguara de Sousa – editor da Revista Vila Nova – publicou ontem no seu Facebook. É uma notícia aliás até bem velha: da década de 30 do século passado. Mas é importante reproduzi-la agora por ser um serviço de utilidade pública, para tentar pôr freios à propaganda desinformativa que se transformou em lugar-comum quando se fala na história da Igreja Católica.
Sobre isto, explicou o próprio Taiguara:
Pessoal metido a historiador que vive rasgando as vestes porque a Igreja supostamente não teria feito nada contra o nazismo, deem um Google nos jornais da época, antes de saírem espalhando o que leram em qualquer blog por aí.
A notícia acima é do jornal The Milwaukee Sentinel de 21 de março de 1937 e a manchete é impactante: “Nazistas denunciados pelo Papa Pio como anticristãos”.
O texto que dei o print diz: “Concordata com Vaticano violada pela Alemanha, diz o Pontífice; Desfecho do confronto com a Igreja se precipita.
Por William Shirer.
O Papa Pio XI hoje em uma Encíclica de palavras afiadas aos católicos alemães abruptamente acusou o governo nazista de ter violado a concordata com o Vaticano e de favorecer movimentos anticristãos.”
Mas a notícia continua por colunas e pode ser conferida inteira neste link:
Há um momento na notícia em que se diz: “Pelos eventos atuais, um espetacular desfecho no longo conflito entre a Igreja Católica Romana e o Estado Nazista parece inevitável”.
Isto é, em 1937, antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, a imprensa já noticiava um “longo conflito” entre a Igreja e o nazismo.
Logo em seguida, se fala que o Papa condena a política racial do nazismo e suas doutrinas neo-pagãs: “Isto pode ser ainda mais antecipado porque Sua Santidade, na Encíclica, denuncia energicamente a política nazista de supremacia da raça ariana e aponta o contraste entre os princípios católicos e as idéias ‘neo-pagãs’ nazistas”.
Segue a notícia relatando como a mensagem chegou aos católicos, sendo aventuradamente despachada em motocicletas para cada paróquia.
Historiadores de plantão que escavam “Papas de Hitler”, façam uma pesquisa nos jornais da época. O Google ajuda.
Além disso, entre diversos comentários interessantíssimos que foram publicados nesta foto, um deles em particular me chamou a atenção, do revmo. pe. Celso Nogueira, LC, e que merece ser reproduzido:
Essa carta [Mit Brennender Sorge] foi a única encíclica publicada em alemão. Para redigi-la, Pio XI contou com a ajuda do seu secretário de estado, que tinha sido núncio na Alemanha por muitos anos. O nome do secretário era Eugenio Pacelli, o futuro Pio XII. Além de condenar o nazismo, o comunismo e o fascismo, Pio XI denunciou o que ele chamou de “conspiração do silêncio” dos países democráticos antes da guerra, diante dos avanços do totalitarismo. Esses mesmos países que agora acusam a Igreja de ter silenciado…
Após a boa repercussão da matéria no Facebook, o próprio Taiguara aprofundou a pesquisa e nos brindou com este texto publicado no site da Revista Vila Nova, mais completo e com mais referências. Não deixem de acessar. E, enquanto alguns continuam reproduzindo as besteiras do Cornwell, façamos a nossa parte em divulgar o (abundante!) material verdadeiramente histórico que existe. Ao menos os que conservarem um pouco de honestidade intelectual não poderão mais continuar com a imagem da Igreja filo-nazista.
segundo o livro do sr Godman, ele agiu em interesse próprio, como agente duplo e complicou ainda mais a delicada situação.
“ao contrario do dudu, eu leio e muito”
Muito mais do que livros que – diz você – desafiam suas convicções – penso que você precisaria mesmo de uma boa reflexão.
Já esperei mais de você. Hoje, o vejo patético nessa autoproclamação risível de (falsa) neutralidade e amor ao saber.
Percebo, às vezes, uma mente confusa, movida a ódio contra uma religião e a necessidade de se afirmar. Quo vadis, Quintas?
Eu estou feliz com minha religião. Você está com a sua?
Encerro com uma passagem magnífica de Chesterton, da introdução de O Homem Eterno, para a sua consideração:
“O pior de todos os juízes é aquele que está mais preparado com seus julgamentos; o cristão malformado que gradativamente se transforma no agnóstico mal-humorado, preso no meio de uma briga da qual ele nunca entendeu o começo, infestado por uma espécie de tédio hereditário sem saber do quê, e já cansado de ouvir o que ele nunca ouviu. Ele não julga o cristianismo calmamente como faria um confucionista; não o julga como ele julgaria o confucionismo. Não consegue, mediante um esforço de imaginação, situar a Igreja Católica a milhares de quilômetros de distância em estranhos céus matinais e julgá-la tão imparcialmente como se fosse um pagode chinês.”
Quem disse que ele não lê? Até onde eu sei, o Eduardo é muito bem informado. Nós católicos lemos sim, caro Quintas. Eu mesma gosto de saber a verdade, estou sempre em busca da verdade e procuro saber sobre a história da Igreja, e leio livros mesmo de autores NÃO-CATÓLICOS.
E eu dou crédito a estes autores, desde que sejam historiadores sérios e honestos, e não patifes como John Cornwell. Até porque escrever qualquer um escreve qualquer coisa, e muitos autores que vivem criticando a Igreja, muitos que escrevem obras contra a Igreja nem historiadores são… Por aí está cheio de autores ao estilo de Dan Brown… Nós lemos sim, procuramos nos informar, só que ao contrário de você, não acreditamos em qualquer coisa que escrevem sobre a Igreja..
E ninguém aqui nega nenhum fato histórico que tenha ocorrido no passado. Ninguém aqui, nem mesmo o Eduardo, nega que ocorreu a Inquisição, as Cruzadas, o Holocausto…
Apenas procuramos apresentar os fatos como realmente ocorreram, levando em consideração o contexto mental, histórico, cultural e político da época. O maior de
todos os erros ao se analisar estes assuntos é querer julgar fatos
ocorridos há séculos usando os nossos padrões de moral de hoje. Isso é de uma má-fé sem tamanho, pois não se pode tirar os fatos históricos de seu contexto.
Muitas pessoas têm o péssimo hábito de afirmar coisas das quais ouviram
falar, viram em algum filme ou leram numa revista sensacionalista. É esse o seu problema, caro Quintas: querer julgar fatos históricos ocorridos há séculos atrás, como se tivessem ocorrido hoje…
Não negamos que a Inquisição, por exemplo, cometeu abusos, mas é preciso conhecer a verdade dos fatos antes de formar opinião. Nós buscamos apenas lançar luz sobre a questão, com fundamento na história real. Portanto, nos acusar de revisionismo histórico é no mínino desonesto e leviano, até porque não negamos nada. Até onde eu sei, nunca vi uma só pessoa daqui deste blog fazer nenhuma tentativa para tentar “apagar” fatos do passado… Você é que têm uma visão distorcida e nada realista destes fatos ocorridos no passado…
Se quiser saber sobre Inquisição, seria bom ler o livro do professor João Bernardino Gonzaga, a Inquisição em seu mundo. E saiba desde já que esse professor não é nenhum clérigo católico, que eu sabia não tem ligação nenhuma com a Igreja…
Se quiser saber sobre Inquisição, leia a obra deste autor, que é considerada uma das melhores obras sobre Inquisição em língua portuguesa. Isso se tiver boa vontade, é claro, e se estiver siceramente em busca de um debate honesto, e se estiver realmente em busca da verdade, o que eu duvido…
Dizia Marcus Moreira Lassance Pimenta: “Ao
ignorante, basta uma mentira bem contada para que a tenha como verdade.
E ao sábio, não há mentira que o impeça de buscar a verdade”.
Isso serve para o Quintas, não acha, Eduardo?
tiane12, o caso não é esse. o caso é defender exatamente esse revisionismo, essa contextualização.
du, dudu e edu, SE o sr realmente tem e leu o livro, teria visto que o sr Godman não afirma que Hitler foi excomungado. mas agradeço a lista de livros. mas vamos voltar ao assunto, uma vez que o sr não expôe qualquer argumento que favoreça seu comentário? deixe de sair pela tangente ou tentar uma inversão de estratégia, alegando que o nazismo amasse o “paganismo”. bola furada, du, dudu edu. a mesma “releitura” e “contextualização” que o sr usa para analisar o papel de tua Igreja no período deve ser usado ao paganismo.
se o Jorge não se importar, reproduzo meu comentário ao livro do sr Godman aqui.
Achei a Mit brennender Sorge em espanhol. Mas depois vi que o próprio site do Vaticano a tem em alemão, espanhol, italiano e inglês. Alguém sabe da existência de tradução em português?
Tenho quase certeza de que existe uma tradução em português naquela coletânea de “Documentos Pontifícios” da Paulus:
http://www.paulus.com.br/documentos-de-pio-xi_p_2538.html
Em casa dou uma olhada.
– Jorge