Ontem, no novo calendário litúrgico, foi a celebração da Festa de Cristo Rei; em tempos de ateísmo militante como estes nos quais vivemos, é oportuno conhecer as origens desta festa e o porquê do Papa ter um dia mandado que ela fosse celebrada.
Quem a instituiu foi Pio XI na Encíclica Quas Primas (no site do Vaticano só tem em espanhol; encontrei uma tradução para o português aqui, e é desta que tiro as citações adiante (inclusive com a numeração, que diverge da do texto em espanhol), apenas para fins de praticidade – pois prefiro a versão espanhola e recomendo a todos a sua leitura nos pontos em que a tradução portuguesa se mostrar de difícil compreensão). Os pontos mais importantes desta Encíclica, no meu entender, são três:
1) Cristo é Rei de todos os homens, e não somente dos cristãos. Embora o Seu Reino seja primordialmente espiritual, disto não segue que o Filho de Deus seja menos Rei na esfera temporal. Assim Pio XI: «fora erro grosseiro denegar a Cristo Homem a soberania sobre as coisas temporais todas, sejam quais forem. Do Pai recebeu Jesus o mais absoluto domínio das criaturas, que Lhe permite dispor delas todas como Lhe aprouver» (QP 13). E ainda:
14. Assim, pois, a realeza do nosso Redentor abraça a totalidade dos homens. Sobre este ponto, de muito bom grado fazemos Nossas as palavras seguintes de Nosso Predecessor Leão XIII, de imortal memória: “Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro” (Encícl. Annum Sacrum, 25 de Maio de 1899). E, neste particular, não cabe fazer distinção entre os indivíduos, as famílias e os estados; pois os homens não estão menos sujeitos à autoridade de Cristo em sua vida coletiva do que na vida individual. Cristo é fonte única de salvação para as nações como para os indivíduos. “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos” (At 4, 12). Dele provêm ao estado como ao cidadão toda prosperidade e bem-estar verdadeiro. “Uma e única é a fonte da ventura, assim para as nações como para os indivíduos, pois outra coisa não é a cidade mais que uma multidão concorde de indivíduos” (S. Aug., Epíst. ad Macedonium, c. 3). Não podem, pois, os homens de governo recusar à soberania de Cristo, em seu nome pessoal e no de seus povos, públicas homenagens de respeito e submissão. Com isto, sobre estearem o próprio poder, hão de promover e aumentar a prosperidade nacional.
2) Não se diga que isto é doutrina ultrapassada que já se encontra aggiornada. A Festa de Cristo-Rei continua sendo celebrada mesmo após a Reforma Litúrgica, e – segundo Pio XI – as Festas Litúrgicas servem para incutir mais eficazmente no povo fiel as verdades divinas:
19. Com efeito, para instruir o povo nas verdades da fé e levá-lo assim às alegrias da vida interna, mais eficazes que os documentos mais importantes do Magistério eclesiástico são as festividades anuais dos sagrados mistérios. Os documentos do Magistério, de fato, apenas alcançam um restrito número de espíritos mais cultos, ao passo que as festas atingem e instruem a universalidade dos fiéis. Os primeiros, por assim dizer, falam uma vez só, as segundas falam sem interminência de ano para ano; os primeiros dirigem-se, sobretudo, ao entendimento; as segundas influem não só na inteligência, mas também no coração, quer dizer — no homem todo.
3) Esta festa foi instituída contra o laicismo, e é dever dos católicos – mesmo (e talvez principalmente) dos fiéis leigos – lutar com denodo para recuperar a Nosso Senhor a Sua Realeza pública. Assim nos ensina o Papa:
22. Como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, não é num dia que esta praga [o laicismo] chegou à sua plena maturação; há muito, estava latente nos estados modernos. Começou-se, primeiro, a negar a soberania de Cristo sobre todas as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de doutrinar o gênero humano, de legislar e reger os povos em ordem à eterna bem-aventurança. Aos poucos, foi equiparada a religião de Cristo aos falsos cultos e indecorosamente rebaixada ao mesmo nível. Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos. Houve até quem pretendesse substituir à religião de Cristo um simples sentimento de religiosidade natural. Certos estados, por fim, julgaram poder dispensar-se do próprio Deus e fizeram consistir sua religião na irreligião e no esquecimento consciente e voluntário de Deus.
E ainda, sobre os leigos:
24. A festa, doravante ânua, de “Cristo-Rei” dá-nos a mais viva esperança de acelerarmos a tão desejada volta da humanidade a seu Salvador amantíssimo. Fora, com certeza, dever dos católicos, apressar e preparar esta volta com diligente empenho; a muitos deles, contudo, pelo que parece, não toca, na sociedade civil, o posto e a autoridade que conviriam aos apologistas da fé. Talvez deva este fato atribuir-se à indolência e timidez dos bons que se abstêm de toda resistência, ou resistem com moleza, donde provém, nos adversários da Igreja, novo acréscimo de pretensões e de audácia. Mas, desde que a massa dos fiéis se compenetre de que é obrigação sua combater com valentia e sem tréguas sob os estandartes de Cristo-Rei, o zelo apostólico abrasará seus corações, e todos se esforçarão de reconciliar com o Senhor as almas que o ignoram ou dele desertaram; todos, enfim, se esforçarão por manter inviolados os direitos do próprio Deus.
Cristo é Rei e Se revestiu de Majestade: esta verdade solenemente cantada ontem em todas as nossas igrejas não perde o seu valor por conta da lastimável situação na qual o mundo se encontra hoje em dia. Assim como Nosso Senhor está substancialmente presente nas espécies eucarísticas ainda que d’Ele zombem e blasfemem, Cristo é Rei das Nações ainda que os nossos governantes deixem-se guiar pela impiedade e batalhem ostensivamente para erigir «o esquecimento constante e voluntário de Deus» como única regra de fé permitida no Estado Moderno. A nós, contudo, que tivemos a graça de ouvir da Igreja de Cristo a doce mensagem da Salvação, cumpre batalhar com todas as nossas forças pelos «direitos do próprio Deus». Não ousemos nos furtar a tão grave dever! Porque, se o fizermos – Deus não o permita! -, n’Aquele Dia Terrível «de tamanha afronta há de tomar o Supremo Juiz a mais terrível vingança» (QP 33).
Caro Jorge Ferraz, boa noite!
Gostaria de solicitar ao senhor, a divulgação da petição online para a permanência do frei carmelita Tiago de São José, de Atibaia, que está a ser expulso da diocese de Bragança Paulista (SP) pelo bispo local, justamente devido ao uso da forma Extraordinária do Missal pelo frade; se não bastasse, estão “no olho da rua”, não apenas o frade, mas também cerca de 50 irmãos conquistados por sua obra, além de terem de deixar os aposentos que construíram com seus esforços. Como se vê, é lamentável esta decisão, e estamos em mui insatisfação.
Por favor, nos ajude:
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2012N32486
Nosso muitíssimo obrigado. Att.
O problema é que o laicismo do ponto de vista ateu se mostra como um buraco, ou seja, um espaço vazio, carregado de intolerância, sobretudo aos cristãos. Traz a tona uma sociedade desprovida do transcendente, do sagrado, do infinito. Esse ponto de vista mostra que o Reino de Deus tem ser substituído por outros “Reinos”, que são os da terra, do materialismo, do cientificismo (tudo tem de ser provado pela ciência), do egoísmo, do materialismo, do individualismo, do narcisismo, etc. Se pensarmos que estamos há um mês do Natal, ficarmos a pensar, como os laicistas, do ponto de vista, ateu comemora o natal – se é que comemoram-, sem abordar Deus ou cantar hinos cristãos? É um emaranhado de coisas que não se encaixam.
Isso mostra o caráter totalitário da igreja: mesmo se o sujeito for budista, xintoísta, etc, cristo seria seu “rei”. É a imposição de certos valores como se fossem universais. Risível, para dizer o mínimo. Depois ainda tem a pachorra de reclamar do comunismo ou dos malvados ateus…Ora, 68% da população mundial não é cristã, portanto não estão nem aí para o que cristo ensinou ou o papa pensa ou deixa de pensar. Mesmo entre alguns católicos e cristãos é assim. O laicismo tão detestado principalmente pelos sedevacantistas, lefrevistas e integristas os incomoda tanto não porque seus símbolos são retirados de locais públicos (são só isso mesmo – símbolos) ou a religião tem sido forçada a um caráter privado, mas sim porque percebem que estão perdendo poder. É o amargor pela perda do poder temporal, algo que jamais terão de volta. A igreja desde o início sempre gostou do poder e se entrelaçou com o Estado, tendo como resultado horrendas guerras de religião e massacres de populações.
O laicismo nada mais é do que colocar a religião no seu devido lugar e reafirmar os princípios democráticos que devem nortear uma nação. A democracia, deturpada pelos seus detratores como “governo da maioria”, ou em alguns casos como “ditadura da maioria” é (ou deveria ser) o governo de TODOS, defendendo a PLURALIDADE e não privilegiando nenhum grupo, sob qualquer argumento, muito menos o da “maioria” ou da “tradição”.
O poder temporal deve ser unicamente do Estado, assim como o poder espiritual pertence unicamente às religiões.
Eder Castro para quê tanta revolta ???????? Porque os símbolos, os princípios e a fé cristã o incomoda tanto???? Quem está amargo????
Cristo é Rei do Universo quer queiramos quer não queiramos. Sabe porquê? Pelo simples motivo de que Ele é Deus e tudo foi feito por Ele e para Ele. Para esta realeza não é necessário nosso consentimento.
Todo joelho ainda se dobrará, não haverá escapatória, porque é inevitável, não haverá como não agir desta maneira diante da magnificência do Rei dos Reis.
Muitos assim agiram por grande amor e por aceitá-Lo como Senhor e Salvador. Talvez outros tantos, apesar de reconhecê-Lo, estarão com o coração duro (laico, ateu, ególotra, irreligioso, egoísta, frio, sem amor) e farão a opção por viverem a eternidade longe do Senhor Jesus (espero em Deus que não exista ninguém nesta última condição).
Assim, para a realeza de Cristo não é preciso consentimento, agora, quanto a fazermos parte do Reino Dele por toda a eternidade ai sim vai entrar em jogo nosso querer, nosso livre arbítrio.
O Santíssimo Padre fala, exorta, ensina cumprindo a ordem do Senhor. Cristo fala através dos seus. Escuta quem quiser, não podem calá-Lo, não podem impedir que a voz Dele chegue aos que precisam. Não vão conseguir impedir que os princípios cristãos norteiem a vida em sociedade.
Veja os períodos de grandes perseguições aos cristãos, quantos eram mortos pelos inimigos de Deus tantos mais surgiam professando a fé em Cristo (e isto se dá até hoje). Quantos o ateísmo calar tantas vozes mais se elevarão.
“Quando já se ia aproximando da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, tomada de alegria, começou a louvar a Deus em altas vozes, por todas as maravilhas que tinha visto. E dizia: Bendito o rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus! Neste momento, alguns fariseus interpelaram a Jesus no meio da multidão: Mestre, repreende os teus discípulos. Ele respondeu: Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras! ” (Lucas 19, 37-40).
Viu Eder, se os discípulos de Cristo se calarem até as pedras clamarão !!!!!!!!!!!!!
Assim como os ateus tem direito a proclamarem no poder temporal: Deus não existe. Nós também temos o mesmo direito de proclamar Deus existe e nos ama, Louvado seja Deus.
Enquanto estivermos neste século lutaremos para que nossos símbolos cristãos e nossa fé esteja a vista de todos, não ficaram relegados aos porões, as sacristias. Os cristãos não ficaram escondidos e temerosos, nós fizemos e faremos a diferença na sociedade.
Paz de Cristo !!!!! (não é uma imposição, a Paz do Senhor só estará com você se assim você quiser).
Leniéverson é o negro da Casa Grande!