“Por que é diferente esta noite?” – Quinta-Feira Santa

Por que esta noite é diferente das outras noites? A pergunta foi imortalizada na película do Mel Gibson que nós costumamos assistir nestes dias do ano. Para além de qualquer interesse histórico que a questão possa despertar, penso que sua maior utilidade no dia de hoje é provocar-nos uma reflexão e uma resposta. Estes dias santos exigem que nós tomemos parte nos acontecimentos neles celebrados, como disse certa vez o pregador da Casa Pontifícia.

Por que é diferente esta noite? Qualquer resposta que se pretenda frutuosa precisa incluir em si o fato de que foi nesta noite – a Noite da Quinta-Feira Santa – que teve início a nossa Redenção. Aliás, isto é uma das primeiras coisas que é preciso ter em mente para viver com fruto estes dias: esta noite que estamos vivendo hoje é Aquela Noite Terrível na qual o Salvador foi traído por Judas. Embora não haja rigorosamente representatio da Semana Santa no mesmo sentido em que a Eucaristia contém a Paixão do Senhor (cf. Ecclesia de Eucharistia 11), estes dias devem sim ser vividos “à maneira de um mistério”, como disse o Cantalamessa. Devem ser vividos de um modo místico e, misticamente, esta é a noite na qual o Senhor foi traído. A Noite da Última Ceia. A Noite do Getsêmani. A noite do beijo de Judas.

São estes os eventos onde devemos estar hoje – afinal, são eventos ocorridos por causa de nós. Dizer que Deus faria tudo o que fez para resgatar uma só alma é uma bonita sentença teológica; mas a consciência de que esta única alma poderia ser precisamente a minha é um poderoso elemento de conversão. É somente quando nós aplicamos as verdades de Fé à nossa vida concreta que elas nos são úteis. Em um certo sentido, nós podemos perfeitamente dizer que os eventos dramáticos deste Tríduo Santo gravitam ao redor de nossa existência concreta, da nossa vida particular. Deus é Amor, e a manifestação mais eloqüente desta consoladora verdade é precisamente esta em cujo meio nos encontramos agora.

Mensagens aos ministros do STF – A voz do Brasil pela vida!

Excelente esta iniciativa do Curator Ventris de criar um canal direto de envio de mensagens aos ministros do Supremo Tribunal Federal para manifestar-lhes posição contrária ao aborto! Cliquem no link para enviar (de forma rápida e prática) uma mensagem eletrônica a cada um dos ministros do STF. Há várias mensagens prontas que basta escolher para enviar, e há também a possibilidade de escrever a própria mensagem.

Temos que falar pelos nascituros, pois, ninguém mais está falando e se não os socorrermos eles serão assassinados antes de nascerem. Para isso estamos pedindo que façam-se ouvir pelos Ministros do STF.

Para que sua voz chegue aos Ministros só é preciso preencher o formulário abaixo e clicar em “Enviar”, este simples gesto vai contribuir para que o Brasil salve muitos nascituros acometidos de anencefalia.

PARTICIPE, FAÇA SUA PARTE.
OS NASCITUROS ACOMETIDOS DE ANENCEFALIA E NÓS LHES SEREMOS GRATOS ETERNAMENTE.

Disse muito bem o Paes de Lira (no vídeo que se encontra na página acima referida): “Aborto é homicídio qualificado a sangue frio, mas é muito fácil praticá-lo porque não se olha a vítima nos olhos e porque não se escuta o seu grito de terror”. Nós não queremos esta barbaridade no Brasil. Não fiquemos calados: cartas ao STF! Façamos a nossa parte, nem que seja somente para demarcar território e fazer o registro histórico do nosso desacordo com os desmandos dos nossos governantes. Que Deus salve a Terra de Santa Cruz. Que nós estejamos a postos para defendê-la.

Manifestação pró-vida em Brasília: A vida por um fio!

Via Voto Católico: “No início da tarde desta terça-feira [03/04/2012], jovens foram à frente do Supremo Tribunal Federal mostrar que o Direito à Vida está por um fio e que a decisão dos Ministros deve ser tomada com base no princípio da Justiça, com imparcialidade e sem discriminação”.

Saiu também n’O Possível e o Extraordinário. “Com balões presos por um fio, representando as vidas que estão nas mãos do STF, eles [os manifestantes] queriam sensibilizar a todos para a dignidade da pessoa do nascituro anencefálico, um deficiente que precisa de cuidados especiais e não de aborto”.

Há mais fotos (e a cobertura completa) no Promotores da Vida. Os nossos parabéns aos organizadores desta manifestação em Brasília! O STF está em recesso  de Semana Santa (que ironia…) e só volta na próxima segunda-feira. Na quarta (11/04) é já o julgamento da ADPF 54. Que Deus proteja o Brasil.

“O povo e a massa” – D. Fernando Rifan

O povo e a massa

Dom Fernando Arêas Rifan*

Estamos na Semana maior do ano, a Semana Santa, na qual recordamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Nosso Senhor. Sua aparente derrota no Calvário é suplantada pela vitória da sua gloriosa Ressurreição, que celebraremos na Páscoa. Em Jesus Cristo, Deus feito homem, morto e ressuscitado para a nossa salvação, o coração humano encontra a solução para todos os seus problemas, a resposta a todas as suas dúvidas e a plena realização de todas as suas esperanças. Com ele aprendemos a alegria do amor gratuito, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte. Ali encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação (cf. Bento XVI, Porta Fidei).

A Semana Santa é cheia de lições para nós: o amor infinito e gratuito de Jesus por nós, pecadores, sua paciência sem limites, seu desejo de reconciliar com Deus a humanidade pecadora, pela qual ofereceu seu sacrifício, a crueldade dos carrascos, a inveja dos fariseus e doutores da lei, a fraqueza e covardia de Pilatos, a louca avareza de Judas, a atitude medrosa dos discípulos em fuga, a fortaleza de Nossa Senhora, a coragem das santas mulheres, a oração comovente do Bom Ladrão e o triunfo da sua Ressurreição. Quanta matéria para reflexão!

Mas, ocorre-nos uma questão intrigante: a mudança repentina do “povo” que pediu a morte de Jesus, depois de tê-lo aclamado rei no Domingo de Ramos. Como pode ocorrer uma mudança assim em cinco dias? Gritaram “hosana ao Filho de Davi” no Domingo e “crucifica-o” na sexta-feira seguinte?! Será que foi o mesmo “povo” ou foi outro? Ou houve alguma mudança que transformou sua mentalidade e comportamento?

Na verdade, não foi o verdadeiro povo que preferiu Barrabás a Jesus e pediu a sua morte. Foi a massa, manobrada pela aristocracia do templo, à qual se juntaram, para pressionar, os partidários de Barrabás, enquanto os seguidores de Jesus, o povo simples e bom, permaneceram escondidos de medo. Portanto, a vox populi realmente não foi válida, porque não correspondeu à realidade de “voz do povo” (cf. Bento XVI, Jesus de Nazaré II). Ou pode ser até que as mesmas pessoas, que antes eram povo, então se tornaram massa!

Como assim? Qual a diferença? O povo raciocina, a massa não. O povo caminha, a massa é conduzida. O povo segue racionalmente, a massa é manipulada cegamente. O povo percebe os embustes, a massa é alvo fácil de quaisquer demagogos e propagandistas. “O povo vive, a massa é inerte e não se move se não do exterior, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, alternadamente, hoje esta bandeira e amanhã aquela” (Pio XII). Assim, o povo aclamou espontaneamente Jesus no domingo de Ramos. A massa, manipulada, pediu sua morte.

Sejamos nós o povo de Deus, racional e consciente, discípulos convictos de Jesus Cristo, firmes na fé e na doutrina cristã, e não a massa manobrável por pressões, sentimentos e propaganda, fácil presa das emoções, do medo, das seitas, dos formadores de opinião, da acomodação e do argumento da maioria.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney

Curtas: Zé Dirceu e o aborto, camisinhas femininas e saúde pública, exame de consciência, eugenia e anencéfalos

– Vale lembrar que, para nossa alegria, o Zé Dirceu irritou-se com a manifestação pró-vida de São Paulo. O texto original do petista está aqui. Chegam a ser risíveis as suas colocações. Por exemplo:

A propaganda anti-aborto é só um pretexto para a ex-TFP, uma organização fascista, ressurgir, agora, sob as asas e o patrocínio de setores reacionários da Igreja Católica. A pergunta que fica aqui é: quem a financia?

É divertido ver como esta gente se borra de medo da TFP, infelizmente hoje reduzida a uma sombra dos tempos passados e que não tem sequer o direito de usar o próprio nome. Mas é realmente uma pérola: para o Zé Dirceu, a Igreja Católica na verdade não é contra o aborto coisa nenhuma: isto é tudo pretexto para o ressurgimento da TFP (!). Ora, francamente! Engana-se o José Dirceu se acha que vai conseguir minar o movimento pró-vida por meio deste rótulo odioso nonsense e descabido.

* * *

Saiba mais sobre as camisinhas femininas. O texto está bem completo e a denúncia merece ser levada em consideração:

20 milhões de camisinhas grátis. Isso não cai do céu, não é criado ex-nihilo certo? … tem matéria prima, mão de obra, equipamentos, despesa com embalagem, transporte. Isso custa. Custa quanto? A pequena bagatela de 27.3 milhões de Reais.

Aos românticos e idealistas, sinto informar que tudo que o governo faz custa alguma coisa. Nada sai de graça. De onde o governo tira dinheiro para pagar a conta? Dos impostos que o cidadão paga. Mas e quando o governo não paga a conta? O governo dá algo em troca para quem está pagando a conta. O que exatamente? Difícil saber.

[…]

Resta saber se você está contente em financiar a proteção(?) gratuita da transa alheia.

Pois é, nada sai de graça. E enquanto o governo finge que distribuir alucinadamente camisinhas femininas é “educação sexual”, somos nós que pagamos as contas duas vezes: pelo custo desta brincadeira toda e pelas conseqüências futuras deste ultrajante incentivo à promiscuidade.

* * *

Um exame de consciência para adultos (encontrei via Sentinela Católico). Vale a pena ler nesta Semana Santa; nestes últimos dias que temos a nos prepararmos para a Paixão do Senhor. Apenas lembrando:

Lembre-se de confessar os seus pecados com arrependimento sobrenatural, tendo uma resolução firme de não tornar a pecar e de evitar situações que levem ao pecado. Peça ao seu confessor que o ajude a superar alguma dificuldade que tenha em fazer uma boa confissão. Cumpra prontamente a sua penitência.

* * *

“Não matarás”, por Roberto Romano. Saiu no Estadão.

No Brasil as propostas de crimes são feitas sob a capa de “progressismo” e “liberdade de escolha”. Surgem doutas desculpas jurídicas em comissões oficiais, que aventam a incapacidade de manter um filho para permitir o aborto. Logo, o Estado não poderá, seguindo a mesma lógica, sustentar seres indesejados, sobretudo se “monstruosos” (discuti o ponto em meu livro Moral e Ciência, a Monstruosidade no Século 18). Graças à democracia, tais receitas letais são parcialmente conhecidas pela opinião pública. O perigo é eminente, no entanto. Uma diminuta censura contra a liberdade de imprensa e todas as permissões serão concedidas aos assassinos disfarçados de políticos, filósofos, juristas, psicólogos ou médicos. Eles agirão, seguindo o ensino platônico, em segredo. Quem tiver consciência grite, para depois não se espojar na lama dos rebanhos.

Mais atual impossível.

* * *

Sobre o mesmo assunto, temos a campanha “Cartas ao STF pela Vida dos bebês anencéfalos”, divulgada pelo pe. Demétrio Gomes. Não deixem de acessar.

É no mínimo um contrassenso que, num Estado Democrático de Direito, recursos públicos sejam utilizados para matar seres humanos que se encontram numa situação de fragilidade. Isso afronta a dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal.

Podemos fazer algo concreto!

Basta que você imprima a carta abaixo, preencha o espaço em branco com seu nome e envie-a para o endereço do Supremo Tribunal Federal através do correio (clique aqui para baixar a carta).

Destinatário: Supremo Tribunal Federal
Praça dos Três Poderes – Brasília – DF – CEP 70175-900

É no próximo dia 11 de abril. Quem tiver consciência que grite! Os maus triunfam em grande medida devido ao silêncio dos bons. Não nos tornemos réus de (mais!) esta culpa; que esta omissão não pese sobre os nossos ombros n’Aquele Dia.

Aos que defenderam a Pátria, nossas saudações!

Este vídeo não é propriamente novo; foi feito por ocasião das eleições presidenciais de 2010, quando o então candidato ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, participou da Sabatina da UOL. As palavras do ex-guerrilheiro são suficientemente claras a ponto de não deixarem margens para dúvidas: trata-se de verdadeira confissão dos reais propósitos dos terroristas contra os quais os militares brasileiros precisaram lutar em meados do século passado.

http://www.youtube.com/watch?v=Lkc766dDwhY

Transcrevo o início da fala do Gabeira, sobre ditaduras e lutas armadas; cito-o, afinal de contas, como testemunha autorizada (afinal, trata-se de um ex-guerrilheiro diretamente envolvido na luta armada contra os militares) a respeito dos fatos históricos dos quais foi palco o Brasil no século XX. Ei-lo:

Todos os principais ex-guerrilheiros que se lançam na luta política costumam dizer que estavam lutando pela democracia. Eu não tenho condições de dizer isso. Eu estava lutando contra uma ditadura militar; mas se você examinar o programa político que nos movia naquele momento, era voltado para uma ditadura do proletariado. Então você não pode voltar atrás, corrigir o seu passado e dizer “olha, naquele momento eu tava lutando pela democracia”. Havia muita gente lutando pela democracia no Brasil; mas não especificamente os grupos armados que tinham como programa este processo de chegar a uma ditadura do proletariado.

Circularam hoje no Facebook algumas imagens de documentos da época; entre eles, um periódico militar de 1963 chamado “O Gorila”. Não o encontrei na internet, a não ser alguns trechos transcritos em blogs; encontrei também um artigo (ArtCultura, Uberlândia, v. 9, n. 15, p. 195-212, jul.-dez. 2007) que lhe faz referência. É portanto, ao que tudo indica, documento verídico.

As palavras são fortes: “Marcharemos ombro a ombro, na ocasião oportuna, para fazer as reformas que o país necessita, para fazer o bem ao povo, para defender a disciplina e a hierarquia, para manter a dignidade dos lares, para liquidar os corruptos e os corruptores, para enfim podermos, dentro das melhores tradições de nosso brio de soldado brasileiro, prestar contas a Deus e aos nossos patrícios, com um solene e verdadeiro brado de patriotas autênticos”. O documento, claro, não prova por si só que estivessem corretos os militares que tomaram o poder. Mas revela insofismavelmente a existência de movimentos subversivos no Brasil antes de 1964 e, portanto, serve para enquadrar o movimento dos militares como aquilo que realmente foi: um contra-golpe. As pessoas gostam às vezes de dizer que os movimentos terroristas apareceram como uma “legítima defesa” da população injustiçada contra os desmandos dos ditadores que subjugavam o país, e isto não é exato. Antes de haver governo militar havia movimentos subversivos. Ao invés de terem surgido para lutar contra a ditadura, os terroristas foram precisamente aqueles contra os quais os militares tiveram que se levantar para proteger o país.

Tenho na minha estante um livro do cel. Brilhante Ustra chamado “A Verdade Sufocada”. Os esquerdistas vão rasgar as vestes e dizer que se trata de um seqüestrador e torturador, mas não é este o meu ponto. O que quero dizer é que há algo de muito errado na maneira como os derrotados de 64 contam história. Simplesmente não é crível que as Forças Armadas do país tenham de repente se transformado em uma guilda de criminosos sedentos por sangue e poder. Não é verossímil que a virtual totalidade dos brasileiros – o que pode ser visto tanto pelas gigantescas Marchas da Família quanto pelas publicações dos jornais da época – tenha apoiado com entusiasmo um governo monstruoso como o que nos pintam no segundo grau. Se não é fidedigno (p.ex.) o livro do coronel Ustra por se tratar do relato de um torturador, por qual motivo seriam dignas de crédito as declarações dos terroristas subversivos? Fiquemos, então, com os fatos reconhecidos. E estes são largamente favoráveis aos militares. Só dois exemplos.

Primeiro, o argumento quantitativo. A lista de mortos e desaparecidos políticos durante o período da Ditadura Militar tem menos de 400 nomes. Ora, estamos falando de vinte anos repletos de seqüestros de embaixadores, atentados a bomba contra aeroportos e assaltos a banco, nos quais os subversivos freqüentemente trocavam tiros com a polícia, fugiam do país mudando de nome e inclusive “justiçavam-se” mutuamente! Em um tal cenário social, é realmente espantoso que tenham morrido duas dezenas de pessoas ao ano em todo o Brasil? Para fins comparativos, a lista de pessoas assassinadas em Recife no mês de abril de 2008 tinha praticamente o mesmo tamanho da de mortos e desaparecidos em todo o Brasil durante toda a Ditadura Militar.

Depois, a popularidade do governo e o desenvolvimento do país durante o governo dos militares. O milagre econômico brasileiro remete a esta época; e Médici (como Lula…) teve 82% de aprovação. O próprio Lula, aliás, já elogiou o governo Médici. Diante de uma tão universal aprovação, como entender as menções ressentidas aos “anos de chumbo”? Como dar-lhes o crédito que exigem?

Enfim, os maniqueísmos costumam ser injustos. Os generais que governaram o Brasil na segunda metade do século XX eram homens. Aceito facilmente que eles não eram santos perfeitos, mas rejeito com veemência que tenham sido os demônios que costumam pintar. Foram homens cujo sincero amor à pátria não pode ser honestamente posto em dúvida. Independente de quaisquer trágicos desdobramentos políticos futuros, o fato é que em 1964 os militares agiram em conformidade com o seu dever, diante de uma ameaça concreta e com amplo apoio popular – isto é incontestável. Merecem, sim, a gratidão dos brasileiros, e não as cusparadas revanchistas dos inimigos da Pátria por eles derrotados e nem as agressões vazias de uma juventude ignorante da história recente do país.

Hoje é 31 de março. É aniversário do contra-golpe de 64. O nosso sincero muito obrigado aos que defenderam o nosso país.

Tradição, tradições e conservadorismo – por Carlos Ramalhete

[Excelente intervenção do Carlos Ramalhete em um papo privado sobre Tradição Católica, tradições cristãs e conservadorismo. Publico na íntegra a resposta dele, que delineia bem o papel que nos compete – a todos nós! – diante do mundo moderno, na situação em que nós o encontramos.]

O fato de haver uma diferença entre a Tradição – que é fundamentalmente doutrinal – e tradições – aplicações provadas pelo tempo desta Tradição ao mundo, dela dependentes e a ela apontando – não faz com que nem se justifique um minimalismo doutrinal que as tornaria irrelevantes nem, muito menos, com que se possa acusar todo conservadorismo de confusão entre aquela e estas.

Num momento como este em que vivemos, em que os poderosos tentam criar uma sociedade nova a golpes de leis e novelas, o conservadorismo nada mais é que o reconhecimento de que “qualquer evolução dos costumes e qualquer gênero de vida devem ser sempre mantidos dentro dos limites impostos pelos princípios imutáveis fundados nos elementos constitutivos e nas relações essenciais de cada pessoa humana, elementos e relações que transcendem as contingências históricas” (Dz-H 4580; é Paulo VI, nada de rad-tradismo…). A palavra chave é “mantidos”, que poderia ser traduzida também como “conservados”. Conservadorismo é isso. Como há, sim, uma enorme riqueza cultural de que somos, ou deveríamos ser, herdeiros, espelhando e expressando de várias formas o possível e o impossível nesta conservação de limites, preservá-la é sim dever nosso.

Como filhos fiéis da Igreja, o nosso dever é procurar *conservar*, sim, o que resta da civilização cristã, até para que no futuro mais ou menos próximo possa se erigir uma *outra* civilização cristã. Não se trata, como é evidente e eu não me canso de repetir (quer dizer, canso, sim: confesso que torra a paciência ter que dizer sempre a mesma coisa…), de voltar a qualquer passado tido como utópico, mas de procurar manter a sociedade “dentro dos limites impostos pelos princípios imutáveis”.

Isso quer dizer, na prática, que, como já ocorreu 1600 anos atrás, é função da Igreja (e nós somos Igreja, assim como o clero e os seminaristas de cuja formação se está falando) *conservar* o imenso tesouro de sabedoria humana, já depurado pelo confronto com a Revelação, que compõe o currículo de humanidades clássicas que eu mencionei ser importante. Quer dizer *conservar* o valor da vida humana, o valor da mulher (cada vez mais reduzida a ou um pseudo-homem ou a uma máquina de prazer sexual), o valor da hierarquia, o valor do respeito à sabedoria dos idosos, etc. E conservar Cícero, Dante, Ortega. E, por que não, mesmo que como exemplo negativo, Rawls, Marx ou Rand?

Isso não quer dizer que seja um herege quem não aprecia o valor de Dante ou de Cícero. Quer dizer apenas que é um idiota. E já há idiotas o bastante nas telas de tevê, para que se os queira também nos presbitérios.

No meu apostolado, eu não chego ao ponto de assistir TV, embora até leia sobre o que está passando nela; falta-me paciência. No meu trato com catecúmenos e com o público em geral, procuro apresentar como novidade, em geral apoiando-me unicamente na razão, as obviedades que só o são por terem já chegado a esta situação pela sua repetição ao longo dos séculos; é sabedoria humana, sim, mas é sabedoria, e sabedoria burilada pela Igreja ao longo dos séculos. E ela tem que ser, sim, conservada, ou estaremos como o muçulmano que manda queimar a biblioteca de Alexandria por que ou repete o Corão é assim desnecessária, ou o nega e é assim blasfema.

Cada geração de jovens pode aprender de novo, e precisa aprender de novo, descobrir de novo aquilo que é sua herança. Cada uma. Ano passado um aluninho de filosofia de seus 15 anos de idade veio, sério como só um rapaz desta idade pode ser, me dizer que resolvera tornar-se um estóico. Ótimo. Melhor estóico que fã do BBB ou fanqueiro. Isso quer dizer que o contato com o estoicismo é necessário para sua salvação? Não, mas pode perfeitamente bem ser instrumental. A chance de o ser é muito maior que a do contato com Tati Quebra-Barraco. Ou, pior ainda, de achar que “descobriu” alguma coisa ao abandonar-se aos mais baixos instintos, como sói ocorrer com quem não percebe que não é o primeiro ser humano a sentir atração sexual. O estoicismo, tal como nos chegou após depurado pela Igreja ao longo dos séculos – nas palavras de Padre Antônio Vieira, “um estóico é como um cristão de antes de Cristo” – é uma semente do Verbo, algo que abre para a graça.

Já temos problemas demais com idiotas que, por falta desta mesma cultura clássica que estou defendendo, confundem pudor com a moda de 1950. Não precisamos de uma reação igualmente inane, que se arrepia ao ouvir falar de conservadorismo por achar que há perigo de confusão entre Tradição e tradições, como se tanto estas quanto aquela não fossem, hoje, animais em risco de extinção.

Entrevista com o Cel. Paes de Lira

O site “Rainha dos Apóstolos” informa que irá entrevistar hoje (29/03) à noite o cel. Paes de Lira. A entrevista será transmitida ao vivo pela Web Radio “Rainha dos Apóstolos” a partir da 21h00. O tema: as ameaças contra a vida e a família no Brasil contemporâneo.

Provavelmente a maior parte de nós já conhecemos estes assuntos; nem por isso, contudo, eles se tornam menos importantes. Assistam e divulguem este programa! É importante que os brasileiros tomem consciência do que está acontecendo com a nossa pátria. Esta é uma luta da qual nenhum de nós tem o direito de se furtar.

“O escândalo da Cruz” – Dom Fernando Rifan

São Paulo Apóstolo fala que o resumo da sua pregação, o cristianismo, era Cristo crucificado: “Nós proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23). Ele se refere ao “escândalo da Cruz” (Gl 5, 11), porque, realmente, muitos dela se escandalizavam. E não só. Muitos a odiavam: “Há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3, 18). O ódio à cruz, o incômodo pela cruz, o escândalo da cruz, referem-se à Cristo. É Ele que incomoda, é sua doutrina, é sua lembrança que incomoda. É por isso que os atuais “inimigos da cruz de Cristo” não querem vê-la.

Dom Fernando Arêas Rifan
“O Escândalo da Cruz”

Direito de nascer, independente de quem seja a mãe

Creio já ter me referido aqui a este blog chamado “Nossa amada Vitória de Cristo”, mantido por um casal que tem uma filha deficiente: a pequena Vitória. Nas palavras de seus pais, o blog foi criado (há mais de dois anos!) “[p]ara contar sobre a nossa amada filha Vitoria. Para mostrar a todos que ela existe e tem uma história. Uma linda história”.

Esta foto abaixo foi publicada domingo passado (25 de março de 2012). A menina já está grandinha, tem mais de dois anos. Tem uma evidente deficiência no crânio, facilmente perceptível nas fotos. No entanto, assim como uma outra criança deficiente de há alguns anos, sorri.

Vitória foi diagnosticada com acrania quando ainda estava no ventre de sua mãe. Não tenho formação médica, mas o Google me ensina que a acrania está freqüentemente associada com a anencefalia. A explicação é bem simples: a ausência da calota craniana (acrania) faz com que o encéfalo do bebê fique desprotegido e, exposto ao líquido amniótico, termine por ser danificado (causando assim a anencefalia ou meroanencefalia em suas diversas nuances). A própria semelhança entre Vitória e outras crianças anencéfalas mostra que elas poderiam perfeitamente ser confundidas. Para todos os efeitos práticos, é como se Vitória fosse anencéfala. Se os seus pais quisessem, ela teria sido abortada.

O nosso Supremo Tribunal Federal marcou para o próximo dia 11 de abril o julgamento sobre a autorização para o aborto de anencéfalos. O foro, claro, é uma fraude do começo ao fim; primeiro porque o ministro relator já “cantou” o resultado do julgamento muito antes dele ser realizado e, segundo, porque o STF não tem competência para legislar (e inventar que “não se pune” o aborto de anencéfalos é acrescentar uma terceira exclusão ao artigo 128 do Código Penal, é legislar). Da nossa vergonhosa Suprema Corte, no entanto, nós infelizmente podemos esperar qualquer sandice.

Isto não é uma questão sobre “liberdades”. Não nos basta saber se Cacilda ou Joana terão o direito de terem suas filhas; interessa-nos impedir que crianças deficientes possam ser exterminadas. Interessa-nos que Marcela, Vitória e tantas outras tenham o direito de viver porque são seres humanos, e não pela casualidade de suas mães terem “renunciado” ao “direito” de lhes assassinar. Não basta que a mãe tenha o direito de ter a criança, qualquer que seja ela; é preciso que a criança tenha o direito de nascer independente de quem seja a sua mãe.

É esta, no fim das contas, a nossa luta: pela vida das crianças. Aqui não cabe falar em “liberdade” das mães, porque nenhum direito à liberdade pode estar acima do inalienável direito à vida. Independente da deficiência que porventura se possua, o direito de viver deve ser assegurado pelos poderes públicos, não podendo de nenhuma maneira estar nas mãos de particulares. É esta e não outra a questão (de suma importância!) que será julgada nas próximas semanas pelo STF. Vejamos se a nossa Suprema Corte a levará a sério – ou, ao contrário, prosseguirá levianamente com a agenda da morte que vem sendo sistematicamente implantada em nossa Pátria ao longo dos últimos anos.

* * *

P.S.: pouco tempo depois do STF ter aprovado a eliminação de crianças deficientes, a pequena Vitória veio a falecer. Ela foi para junto de Deus no dia 17 de julho de 2012. E, de lá, intercede por nossa Pátria. A luta continua.