Esclarecimentos: Conferência Episcopal Alemã e “pílula do dia seguinte”

Ganhou repercussão recente (parece-me que saiu até no Jornal Nacional) uma notícia sobre a Conferência Episcopal Alemã ter autorizado o uso da chamada “pílula do dia seguinte” em casos de estupro. No início deste mês, eu escrevera aqui algumas coisas sobre uma declaração do Card. Meisner neste sentido, cuja leitura é importante para se entender o que está acontecendo. Aproveito que o assunto voltou à tona para insistir n’alguns pontos.

– A vida começa no momento da concepção, i.e., quando o espermatozóide do homem fecunda o óvulo da mulher. A partir deste instante, qualquer tentativa de impedir o desenvolvimento deste indivíduo humano recém-fecundado é um atentado à vida de um ser humano inocente, e não pode ser aceita sob nenhuma justificativa. O Vaticano sabe disso, nós sabemos disso e os bispos alemães sabem disso.

– Há três maneiras de uma relação sexual consumada não resultar em um bebê alguns meses depois: se a mulher não tiver ovulado (1), se os espermatozóides do homem não conseguirem fecundar o óvulo (2) ou se o óvulo fecundado não conseguir se desenvolver (3).

– Do exposto, segue-se que não há aborto nos casos (1) e (2) acima. Provocando-se o caso (3), ao contrário, há a destruição de um ser humano e, portanto, há um atentado direto contra uma vida já existente, há um aborto. Para a moralidade do ato não faz diferença se esta ação é feita diretamente (com pinças de aborto, p.ex.) ou indiretamente (p.ex., danificando o ambiente onde o embrião humano haveria de se desenvolver): em qualquer um dos casos há um aborto. Em particular, impedir a nidação (= a fixação do embrião já fecundado na parede uterina) equivale a abortar.

– “Pílula do dia seguinte” é um nome genérico dado a uma gama de medicamentos, cujos efeitos não são necessariamente idênticos no modo como operam. Há os que agem dos modos (1), (2) e (3) acima e – atenção! – há os que alegadamente não têm efeitos pré-implantatórios no embrião já fecundado (ou seja, que não são capazes de impedir a nidação). O mecanismo de ação desses últimos, supostamente, englobaria apenas os modos (1) e (2) acima.

– A Teologia Moral Católica diz ser lícito à mulher estuprada procurar impedir a concepção (veja-se o meu texto anterior). Assim, a mulher violentada pode (p.ex.) fazer uma lavagem interna para tentar se livrar do sêmen do estuprador e, deste modo, impedir uma gravidez. Não há pecado algum aqui.

– Uma droga que impedisse apenas a ovulação ou a concepção seria um equivalente químico da lavagem íntima pós-estupro. Assim, hipoteticamente, se existisse um composto químico que pudesse impedir a fecundação mas não fosse capaz de causar nenhum tipo de dano a um eventual embrião já fecundado, este composto poderia ser utilizado em casos de violência sexual como legítima defesa da vítima contra o sêmen do estuprador.

– Foi exatamente a utilização desta hipotética droga que a Conferência Episcopal Alemã autorizou, e não a de todos os compostos que atendem pelo nome de “pílula do dia seguinte” independente do seu mecanismo de ação. As declarações são claras, mesmo na mídia secular: «Métodos médicos e farmacêuticos que induzem à morte de um embrião [p.ex. – acrescento eu – impedindo a nidação] continuam sem poder ser usados» (Terra).

– Se só existem drogas que impedem a nidação do óvulo fecundado no útero da mulher, então nenhuma dessas drogas pode ser usada nem mesmo em casos de estupro, e é exatamente isso o que os bispos da Alemanha estão dizendo com todas as letras: métodos «que induzem à morte de um embrião continuam sem poder ser usados».

– Os documentos da plenária da Conferência Episcopal da Alemanha que decidiu esta questão estão disponíveis aqui. A declaração (em inglês) sobre o uso da pílula do dia seguinte em casos de estupro está aqui.

 – O que se autorizou foi o emprego de um composto que possa impedir a fecundação mas não a nidação; em suma, de uma droga que aja dos modos (1) e (2) acima enumerados, mas não do (3). Foi isso e somente isso o que a Conferência Alemã autorizou. Em nenhum momento os bispos da Alemanha autorizaram o uso de micro-abortivos, muito pelo contrário até: eles reforçaram a sua proibição. A Pontifícia Academia para a Vida, a propósito, também declarou que jamais deu aprovação ao uso da pílula do dia seguinte. Não há espaço para dizer o contrário disso.

– O que resta aqui é uma questão de fato, um problema de ordem prática, a saber: se existe uma droga capaz de impedir a ovulação (1) ou a fecundação do óvulo (2), mas que seja totalmente inofensiva para um eventual embrião já fecundado (3).

– Infelizmente, nenhuma das pessoas (entre médicos e biólogos) com as quais falei parece acreditar na existência de tal composto químico: a afirmação mais generosa que obtive foi a de que pílulas a base apenas de progestágeno teoricamente não teriam como impedir o embrião fecundado de nidar, mas que isso – embora seja aparentemente consenso entre médicos – é uma coisa que não foi ainda demonstrada na prática com o rigor científico que a seriedade do assunto exige. Ou seja: a dúvida fundada sobre se o composto é ou não capaz de impedir a nidação é o bastante para justificar o óbice moral ao seu uso mesmo em casos de estupro, e esta dúvida de fato existe.

– Em suma, a autorização dos bispos da Alemanha é exclusivamente para uma droga que possa simultaneamente impedir a concepção e deixar ileso um eventual embrião já fecundado. Esta autorização para casos de estupro, como vimos, está perfeitamente correta dentro da Moral Católica. O que se pode objetar contra os bispos é que eles, por falta de assessoria científica adequada, talvez tenham autorizado o uso de um composto que não existe no mundo real. O que revela um problema de ordem prática e científica, mas não de ordem moral. Assim, pode-se no máximo acusar a Conferência Episcopal Alemã de mal-informada; mas não de tentar deturpar a Doutrina Moral da Igreja Católica.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

65 comentários em “Esclarecimentos: Conferência Episcopal Alemã e “pílula do dia seguinte””

  1. Jorge e Sandro Pontes,

    1. A Conferência Episcopal Alemã apenas quis demonstrar publicamente sua desobediência ao Papa, foi um ato de afronta indefensável.

    2.A pílula do dia seguinte, levonorgestrel, tem um modo de aplicação que a torna quase impossível de não causar um aborto. Primeira dose: 12 horas após o coito, segunda dose: 72 horas após o coito. A carga hormonal dessa pílula é 60 vezes maior do que a normalmente presente no corpo da mulher. E a orientação de como usá-la está na bula que evidentemente diz dos efeitos abortivos do veneno, o que torna impossível o fato dos Senhores Bispos não saberem ou fingirem não saber disso. Sem esquecer que, segundo os livros de Embriologia Clínica, a formação do zigoto se dá em 8 horas do coito fértil. Então, não pode ser “irrelevante” quando o embrião se forma ou não e como a pílula do dia seguinte é aplicada.

    3.O comprimido que bloqueia a progesterona é o abortivo RU 486, o qual provoca descamação do endométrio, hemorragia interna e aborto de uma possível criança que tenha nidado no ventre materno. A progesterona é hormônio indispensável para que não ocorra abortos uma vez que tenha havido concepção, tanto que após a ovulação, durante uma média de 14 dias, os níveis desse hormônio estão bem altos no organismo feminino. Sem progesterona por tempo suficiente (que fica em doses bem altas durante parte da gravidez, justamente para não ocorrer abortos) é causa certa de morte da criança.

    4.Quanto às argumentações de Teologia Moral, é claro que não se aplica à pílula do dia seguinte nem considerando a possibilidade remota não abortiva dela. Até porque ela tem clara intenção abortiva e o dano eventual do aborto é dado evidente e assumido. O risco que uma possível criança já concebida corre é imenso e isso não deve ser tolerado. O que se vislumbra da passagem do Greco sobre o tema é tão somente a conhecida ducha vaginal que algumas mulheres costumavam aplicar nos tempos antigos para evitar uma possível gravidez com a intenção de se livrar do sêmen (tal procedimento, no caso de estupro, é válido até porque se já tiver ocorrido uma concepção não afetará a criança).

    5.O Papa Bento quando falou da camisinha viu um aspecto positivo na *intenção* de quem a utilizava e era prostituta, mas não justificou moralmente o ato. Porque nunca se pode aconselhar ninguém a fazer o mal (nem mesmo a roubar ao invés de matar!). Isso é um absurdo em termos de teologia moral! O mal físico pode ser escolhido, mas nunca o mal moral! Se isso fosse certo, uma mãe faminta estaria justificada a matar o filho para comê-lo, antes um morrer que dois, não é??? Não!!! Se, para não agir mal moralmente, alguém tenha que morrer, então, que morra! Mas nunca se pode aconselhar ninguém a fazer o mal. Se alguém mata outrem com um tiro na cabeça ao invés de antes torturar a pessoa, pode ter uma intenção menos malévola, mas o que fere gravemente sua atitude é o fato de matar e não sua intenção ou o conselho do Sandro Pontes: “amigo, não tortura o cara antes da morte, só dá um tiro nele e acabou”.

    6. Essas defesas do Jorge e essas conclusões do Sandro Pontes estão dando dor no coração dos verdadeiros católicos. Por favor, mais prudência!!!!

  2. Prezada Emanuelle, salve Maria.

    Você escreve:

    “(…) nunca se pode aconselhar ninguém a fazer o mal (nem mesmo a roubar ao invés de matar!). Isso é um absurdo em termos de teologia moral!”.

    Você sabia que jamais um leigo como nós pode emitir sua opinião em fé e em moral sem estar devidamente amparado por doutores da Igreja e que fazê-lo revela antes de qualquer coisa grande imprudência, prepotência ou talvez até estultície?

    As palavras do Jorge concatenadas a citação por mim trazida aqui são suficientes, a meu ver, para convencer que os alemães não se equivocaram naquilo que aconselharam. Até porque a citação que eu apresentei diz claramente que o remédio apropriado pode ser ingerido até duas horas após o estupro, descartando assim o dia seguinte, ou doze horas, ou qualquer coisa parecida.

    Cordialmente,

    Sandro de Pontes

  3. Prezado Sandro Pontes,

    1.Como já fora explicado, o modo de uso da pílula do dia seguinte e sua eficácia (seja abortiva seja para impedir a concepção) depende do fato de suas instruções serem seguidas à risca. Pelas doses hormonais serem 60 vezes maior do que a produzida no organismo da mulher, esta ainda corre riscos de desenvolver doenças ligadas à circulação sanguínea e morrer. Há riscos de malformação também para a criança que possa vir a ser concebida ou que já esteja concebida. Todos esses riscos, mesmo com a intenção de impedir a fecundação, tornam o uso desse comprimido inaplicável em termos de Moral. Nenhum ser humano pode ser submetido a um risco desnecessário.

    2.Estou me referindo exclusivamente à única pílula do dia seguinte conhecida no Planeta Terra, aquela que os Senhores Bispos alemães fizeram apologia irresponsável do uso.

    3.Poderia explicar para o Sr. de diversos modos que sua afirmação sobre aconselhar o mal *moral* “menor” para evitar o mal *moral* “maior” é absurda em termos de Teologia Moral. Vou começar citando o Pe. Luís Carlos Lodi da Cruz e a Encíclica Veritatis Splendor do Papa João Paulo II (que refere passagem de Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja). Depois, o livro de Teologia Moral do Royo Marín.

    4. Cf. Pe. Luís Carlos Lodi da Cruz no seu Curso de Bioética (Aula 2), disponível em http://www.providaanapolis.org.br/bioetica2.doc : “Deve-se distinguir entre mal físico e mal moral./O mal moral, por ser uma desordem no plano de Deus, nunca pode ser escolhido./Um mal físico (como bater em um filho) pode ser praticado para evitar um mal moral (uma falta grave cometida por ele)./Diante da imposição de cometer o mal moral (como oferecer incenso aos ídolos) deve-se preferir o sacrifício da própria vida (martírio, por crucifixão ou decapitação), que é um mal físico. E isso não equivale a um suicídio, pois a culpa recai sobre quem impôs esse conflito (o perseguidor)./Quando se trata de dois males morais, a obrigação é de rejeitar os dois, pois o mal moral nunca pode ser objeto de escolha. E isso até mesmo quando, ao se rejeitar o mal menor, se provocar (involuntariamente) um mal maior. Exemplo: na sua repartição pública, você recebe a ordem de furtar ou falsificar documentos. Caso você não o faça, haverá violência sexual ou a morte de certas pessoas./Como o furto é um mal moral, ele não deve ser praticado, ainda que dessa rejeição resulte, como vingança, males maiores. Se tais males vierem a acontecer, isso não seria imputável a quem decidiu não realizar o mal.”

    5.Cf. João Paulo II na Encíclica Veritatis Splendor, disponível em http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_06081993_veritatis-splendor_po.html : “Neste sentido, como ensina o Catecismo da Igreja Católica, «há comportamentos concretos pelos quais é sempre errado optar, porque tal opção inclui uma desordem da vontade, isto é, um mal moral».127 «De facto, é frequente — escreve o Aquinate — que alguém aja com recta intenção mas inutilmente, porque lhe falta a boa vontade: como no caso de alguém que roubasse para alimentar um pobre, a intenção é certamente boa, mas falta a devida rectidão da vontade. Consequentemente nenhum mal, mesmo realizado com recta intenção, pode ser desculpado: “Como aqueles que dizem: Façamos o mal, para vir o bem. Desses, é justa a condenação” (Rm 3, 8)». 128

    6.Cf. Royo Marín, in Teologia Moral para Seglares. Tomo I.P.97 (tradução livre): “Mas nunca pode converter em boa uma ação propriamente má./A razão é porque o fim nunca justifica os meios (Rom 3,8). Não se pode roubar com o bom fim de dar esmolas aos pobres. Se alguém realizara essa ação crendo *com absoluta boa fé* que era lícita e boa, não cometeria pecado formal, mas sim uma injustiça material.De nenhum modo realizará uma boa ação, segundo o conhecido aforismo: <>.

  4. O aforismo* decepado no texto pelas minhas <>: “O bem requer todas as condições de bondade, porém o mal se produz por qualquer falta”

  5. Prezada Emanuelle, salve Maria,

    As três citações apresentadas por você não tratam ex-professo do tema que eu coloquei aqui, a saber: se é lícito aconselhar alguém a praticar um mal menor quando se tem certeza que não se vai conseguir impedi-lo de praticar um mal maior.
    Padre Lordi diz erroneamente que nunca se pode optar pelo mal moral, o que é falso: existem situações que obrigam a pessoa a escolher justamente um mal menor, como uma esposa que contrariada opta praticar o onanismo em seu marido por vários motivos, ainda que ela saiba que tal prática é totalmente imoral e por isso mesmo pecado mortal (este exemplo está na obra de Padre Royo Marín citada por você).

    João Paulo II diz (parafraseando São Tomás) que os fins não justificam os meios e que ninguém pode dar uma de “Robin Hood”. E a terceira citação apresentada por você, a do Padre Royo Marin, diz exatamente o mesmo.

    Logo, você não abordou nem de perto aquilo que estamos debatendo aqui. Para mostrar fraternalmente o seu equívoco, vou aproveitar esta mesma obra trazida por você, a do Padre Royo Marín, que ensina justamente aquilo que estou dizendo. Veja:

    3º. SI FUERON VARIOS LOS QUE DIERON EL CONSEJO, están obligados a restituir solidariamente, o sea, la parte proporcional o el todo, según los demás aporten la parte que les corresponde o se nieguen a ello. Estos últimos estarían obligados a restituir su parte al que lo restituyó todo por ellos. Aplicación. EL CONSEJO DE UM MAL MENOR. El que aconseja un mal menor al que está del todo dispuesto a cometer outro mayor — v.gr., aconsejándole robar 500 pesetas en vez de 1.000, O HERIR EM VEZ DE MATAR –, no estaría obligado a restituir al damnificado si se trata de la misma persona que iba a sufrir el mal mayor, porque en este caso NINGUNA INJURIA RECIBE DEL CONSEJERO, sino más bien una DISMINUCION DE SU DANO”.

    Compreende? O conselheiro que faz o criminoso roubar ao invés de matar não comete injúria contra a vítima, mas ao contrário contribui para diminuir o seu dano. Em outro tratado de teologia moral o autor é ainda mais incisivo em suas palavras. Veja, por favor:

    “(…) 3 – Aconselhar um pecado menor àquele que está para cometer um pecado maior É PERMITIDO SE NÃO HOUVER OUTRO MEIO DE DEMOVÊ-LO DE SEU INTENTO. Sem duvida, isso é permitido nos casos em que o pecado menor já está contido no maior: assim PODE-SE ACONSELHAR UMA PESSOA QUE TENCIONE MATAR E ROUBAR QUE SE CONTENTE COM ROUBAR. Segundo alguns autores é permitido também a aconselhar alguém a um pecado menor em que não havia pensado aconselhando-o a que roube ao invés de matar” (Compêndio da Moral Católica – adotado ao Código Civil Brasileiro bem como as prescrições do Concílio Plenário – Padre Heriberto Jone – Doutor em Direito Canônico e Professor de Teologia – pag. 109 – Parágrafo 144).

    É isso. Cordialmente,

    Sandro de Pontes

    Obs.: eis o exemplo do onanismo dado pelo padre Royo Marin:

    “(…) La mujer no puede prestar jamás su cooperación material al onanismo de su marido practicado por medios artificiales (o sea con el uso de instrumentos que hacen imposible La generación), porque esa acción ES INTRÍNSECAMENTE MALA DESDE EL PRINCIPIO. Tiene que resistir y defenderse como si se tratara de un invasor extraño; y si, a pesar de ello, es atropellada, debe rechazar el consentimiento interior al placer que se produzca. Otra cosa sería si El onanismo del marido fuera natural (o sea, por retracción intempestiva), porque entonces PODRÍA COOPERAR CON GRAVE CAUSA (v.gr., para evitar graves disgustos o maltratos, por El peligro de propia incontinencia o adulterio del marido, etc.), ya que esa acción comienza siendo lícita para ella (aunque no para el marido, por su perversa intención), Y SÓLO POR CULPA DEL MARIDO ACABARÁ DE UN MODO ILÍCITO. Pero, aun en este caso, tiene que manifestar a su marido su disgusto y desaprobación y hacer todo lo posible para hacerle desistir de su conducta inmora. Principio 3.°: La cooperación puramente material al pecado ajeno PUEDE SER LÍCITA en las siguientes condiciones: a) si La acción con la que se coopera es de suyo buena o indiferente; b) si se tiene RECTA INTENCIÓN, y c) si hay CAUSA JUSTA y proporcionada a la gravedad del pecado ajeno y a la proximidad del concurso que se le presta”.

  6. Prezado Sandro,

    O exemplo do “Robin Wood” das citações que eu trouxe é apenas um dentre tantos sobre o fato de que um objeto moral *mal*, uma ação em si má *moralmente*, nunca se converterá em algo bom nem mesmo pela melhor das intenções do agente porque o fim não justifica os meios. Logo, para alguém não matar (pecado mortal contra o 5º mandamento), aconselhá-lo a roubar (pecado mortal contra o 7º mandamento), continua sendo uma ação moral má e, portanto, indefensável em termos de Teologia Moral: é pecado mortal contra a caridade.

    Ainda que as explicações do Pe. Lodi estejam certíssimas e bem didáticas, fulminando seus argumentos a respeito da licitude de se aconselhar alguém a realizar um *mal moral* (aquilo que não é bom, nem indiferente), para tentar provar o contrário, levanta dois exemplos, um que se refere a uma mulher que *tolera* o onanismo (porque praticá-lo é biologicamente impossível para alguém do sexo feminino) e outro que se refere à querela da restituição (como se o fato de restituir fizesse com que o ato realizado deixasse de ser pecado!) e não consegue me trazer nenhuma parte dos livros de Teologia Moral que apontam a licitude da cooperação (no mínimo) material com um *mal moral*.

    Está claro nos escritos de Teologia Moral que a esposa não peca se *tolerar* o onanismo, negando-se a consentir no desejo sexual. Mas o marido que assim procede, por óbvio, peca mortalmente. E a diferença entre *tolerar* e *aconselhar a fazer* é enorme. Ela não quer o onanismo e não aconselha que o marido o faça, apenas tolera o ato.

    Quanto ao segundo exemplo trazido, sobre *restituição*, vejamos o absurdo em que, sofisticamente, quer induzir o leitor desatento: a restituição é o ato de devolver a coisa injustamente possuída ou de compensar um dano injustamente causado (MARÍN, Royo. 1996, p. 695). O exemplo a que se refere trata do caso de alguém que aconselha outrem a ferir ao invés de matar, incorrendo em um mal menor. Esse alguém continua a pecar mortalmente, apesar de não estar obrigado a *restituir* aquele que sofreu o dano. Um exemplo mais claro para que ninguém confunda a questão da *restituição* com *objeto do mal moral* é um outro dado pelo mesmo Marín: aquele que fornica não está obrigado à *restituição* caso o tenha feito de comum acordo com o(a) parceiro(a) e não tenha havido conseqüências como uma gravidez, por exemplo (MARÍN, Royo. 1996, p. 730). Agora, me diga, Sr. Sandro, fornicar deixou de ser pecado mortal porque não há obrigação de restituir????

    Quem é o Pe. Heriberto Jone perto disso?

    E sobre a extensão do exemplo de onanismo depois do seu “P.S”, lembre-se e não esqueça do que é cooperação material: aquela que não envolve a intenção do agente, concorrendo-se somente à obra externa. Ou seja, a mulher não tinha a intenção de consentir no onanismo, mas se faz meio de praticá-lo. Resulta daí dois efeitos, um bom (evitar supostamente a morte) e outro mal (a prática do onanismo) que não é querida, mas apenas *tolerada*, *suportada* e nunca, em absoluto, *aconselhada*.

  7. Emanuelle, salve Maria.

    Faz-me rir o seu malabarismo mental, a maneira protestante, para não admitir que foi vencida. Vou colocar aqui pela última vez o trecho da citação que desmonta a sua pseudo argumentação:

    “(…) 3 – Aconselhar um pecado menor àquele que está para cometer um pecado maior É PERMITIDO SE NÃO HOUVER OUTRO MEIO DE DEMOVÊ-LO DE SEU INTENTO. Sem duvida, ISSO É PERMITIDO nos casos em que o pecado menor já está contido no maior: assim PODE-SE ACONSELHAR UMA PESSOA QUE TENCIONE MATAR E ROUBAR QUE SE CONTENTE COM ROUBAR” (Padre Heriberto Jone – favor conferir o restante da citação).

    Aqui estamos analisando a culpabilidade, ou não, do conselheiro, e não de quem segue o conselho. Desta forma, acertaram os alemães ao dizerem o que disseram? Acertou Bento XVI ao recomendar a camisinha? Penso que sim. Você pensa que não. Então, para mim, acabou o assunto.

    Fique com Deus e com Nossa Senhora.

    A Sé está vacante! Com isso todos concordaremos.

    Sandro de Pontes.

  8. Emanuelle, não tenho o seu conhecimento, mas sei muito bem o que está dizendo. Estou contigo e não abro! Pax!

  9. Luciano: obrigada pelo apoio!

    Sandro Pontes,

    De fato, eu não sei quem é o Pe. Heriberto Jone. Não posso conferir no livro a citação, nem sei mesmo se pode ser equiparado ao Royo Marín ou ao Greco, ou ao João Paulo II ou ainda a Sto. Tomás de Aquino.

    Por isso, não vou emitir nenhum esclarecimento a respeito da declaração desse padre. Mas sobre as outras do Royo Marín, você simplesmente não tem palavras porque sabe que trouxe um exemplo de *tolerância* e outro de *restituição*, sendo que este último vêm em secção especial tratando unicamente desse tema. Pelo seu conhecimento, não posso imaginar outra coisa, a não ser o fato de que você está sofismando só para “ganhar a discussão” a qualquer custo.

    A cupabilidade ou não do conselheiro é realmente o que está sendo discutido e estou provando que aconselhar alguém a realizar um *mal moral* ainda que considerado menor é pecado mortal do mesmo jeito. Porque nunca posso aconselhar ninguém a fazer um mal moral. E não é uma questão de “concordamos” ou “não concordamos”, é uma questão de quem está certo segundo a sã Teologia Moral e de quem está sendo sofista.

    Como já disse, Bento XVI se referia à intenção da prostituta ao usar camisinha (que era boa). Mas todos sabemos que de “boas intenções o inferno está cheio”. A fornicadora e adúltera que não se arrepende vai para o inferno com ou sem o uso de camisinha. O que posso aconselhá-la, sem ferir a caridade, é que deixe de se prostituir.

    E os senhores Bispos da Alemanha deveriam, por razões médicas e teológicas, ter ficado calados para não pronunciar uma besteira sem tamanho, aconselhando o uso da pílula abortiva do dia seguinte no caso do estupro. De apologética do erro já basta toda essa confusão em que está metida a Igreja Católica! Basta.

  10. Prezado Jorge, salve Maria.

    Quer a Emanuelle de presente para você?

    Abraços,

    Sandro de Pontes

  11. Prezado Sandro,

    Não era o Sr. que me acusava de estultice no início dessa conversa?
    Depois desse comentário, dá para ver quem é o insensato aqui.

    Passe muito bem, meu caro.

    Minhas saudações ao Jorge Ferraz e sua esposa, meu marido mandou-lhes
    um abraço e lhes deseja felicidades.

  12. Caro Jorge

    “Assim, pode-se no máximo acusar a Conferência Episcopal Alemã de mal-informada; mas não de tentar deturpar a Doutrina Moral da Igreja Católica.”

    Será que existe muita diferença entre aconselhar estando “mal-informada” e “tentar deturpar a Doutrina”, se nos referíssemos a colegiais a diferença seria enorme…

    Com relação ao mal moral, não achei nenhum documento da Igreja que permita o aconselhamento ao mal moral, mesmo que disto resultasse um bem superior, apenas que pode-se, em circunstancias bem restritas, tolerar para evitar um mal maior.(tolerar)

  13. Gente,

    O Sandro está perfeitamente amparado na boa Teologia Moral católica quando diz ser lícito aconselhar uma pessoa a praticar um mal menor, se ela já está decidida a praticar um maior.

    É exatamente este o ensino de Del Greco no seu Compêndio de Teologia Moral:

    É permitido, segundo a opinião mais provável, aconselhar alguém a causar à mesma pessoa um mal menor, menos grave, para evitar um mal maior, mais grave, já premeditado: por exemplo, roubar uma pessoa, em vez de matá-la.
    [Del Greco “Compêndio de Moral Católica Católica para o clero em geral e leigos”, Segunda Parte, Livro Primeiro, Seção I, Tratado III, Cap. III., Art. IV (135, 2)].

    O exemplo dado pelo moralista é praticamente o mesmo que o Sandro vem usando aqui!

    [Atenção! O aconselhamento do mal menor não é “pra obter um bem superior”, e sim para evitar que o outro pratique um mal maior que já está determinado a fazer. Não tem nada a ver com “fins justificarem meios”.]

    No entanto, IMMO, isso não se aplica nem a camisinha e nem à pílula do dia seguinte. O primeiro caso é um “mal menor” somente considerado em absoluto (porque o uso da camisinha, considerado em si, não acrescenta malícia ao pecado da prostituição e, portanto, penso que não cabe nem falar em “aconselhar um mal”) e o segundo caso não tem nada a ver com o aborto, porque (como eu já disse e tresdisse um milhão de vezes aqui) a CE Alemã NÃO autorizou nenhuma pílula que possa provocar aborto!

    Abraços,
    Jorge

  14. Especificamente sobre esta celeuma toda com a CE Alemã e a “pílula do dia seguinte”, remeto a esta lúcida entrevista com o presidente da Pontifícia Academia para a Vida [que penso que eu já devia ter traduzido e colocado como um post específico aqui no Deus lo Vult!], que chama a decisão dos bispos alemães de “irrepreensível”:

    http://vaticaninsider.lastampa.it/inchieste-ed-interviste/dettaglio-articolo/articolo/pillola-chiesa-church-iglesia-carrasco-22574/

    Destaco o seguinte trecho (que traduzo abaixo, os grifos por minha conta):

    una cosa è il linguaggio giornalistico, un’altra cosa è il linguaggio teologico o quello clinico. ‘Pillola del giorno dopo’ è un’espressione giornalistica ma non è un termine medico, non compare nei ricettari o nelle prescrizioni. Per questo, il cardinale Meisner nella sua indicazione sottolinea che ‘pillola del giorno dopo’ è un termine che viene riferito a molte cose e invita a non usarlo. Lui, si limita a dire ai medici quali sono i criteri da seguire: ritenere possibile l’uso di un medicinale il cui principio attivo è un contraccettivo, nel caso di donne a cui è stata fatto violenza, mi sembra accettabile. Invece, rifiuta l’uso di un farmaco abortivo.

    «Uma coisa é a linguagem jornalística e, outra, a linguagem teológica ou mesmo clínica. “Pílula do dia seguinte” é uma expressão jornalística mas não é um termo médico, não existe nas receitas ou nas prescrições [médicas]. Por isto, o cardeal Meisner sublinha na sua indicação que “pílula do dia seguinte” é um termo que se refere a muitas coisas e [portanto] convida a não o empregar. Ele se limita a dizer aos médicos quais são os critérios a seguir: acredita ser possível o uso de um medicamento cujo mecanismo de ação é contraceptivo, no caso de mulheres que foram estupradas, [e isto] me parece aceitável. Ao contrário, ele rejeita o uso de um fármaco abortivo

    Abraços,
    Jorge

  15. Prezado Jorge Ferraz,

    De uma forma geral e comumente concreta, não se pode, nunca, aconselhar ninguém a realizar um *mal moral* ainda que disto resulte um *mal menor*. Nesse sentido, afirma o Papa João Paulo II em sua belíssima encíclica Veritatis Splendor, disponível em http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_06081993_veritatis-splendor_po.html : “81. Se os actos são intrinsecamente maus, uma intenção boa ou circunstâncias particulares podem atenuar a sua malícia, mas não suprimi-la: são actos *irremediavelmente* maus, que por si e em si mesmos não são ordenáveis a Deus e ao bem da pessoa: *Quanto aos actos que, por si mesmos, são pecados (cum iam opera ipsa peccata sunt) — escreve S. Agostinho — como o furto, a fornicação, a blasfémia ou outros actos semelhantes, quem ousaria afirmar que, realizando-os por boas razões (causis bonis), já não seriam pecados ou, conclusão ainda mais absurda, que seriam pecados justificados?*. 134/Por isso, as circunstâncias ou as intenções nunca poderão transformar um acto intrinsecamente desonesto pelo seu objecto, num acto *subjectivamente* honesto ou defensível como opção.”

    Um erro muito comum no estudo da Teologia Moral é a falta de análise em confronto com a realidade diante das asserções do autor. A defesa da afirmação dos bispos alemães é que não passa de um malabarismo para tentar defender o indefensável, utilizando inclusive um parágrafo que contém, implicitamente, uma situação extrema e limite que não se aplica ao caso nem da camisinha nem da pílula do dia seguinte, a existente no Planeta Terra (e não a suposta pelo Jorge Ferraz).

    Quando Greco afirma que é permitido, segundo a opinião mais provável, o conselho ao roubo diante de alguém que premedita a morte de outrem, o diz certamente em casos onde não há outra possibilidade evidente para solucionar a questão. Inclusive, cita um exemplo extremamente ruim em termos de realidade. Senão vejamos:

    1. Quem está decidido a matar uma pessoa, muito provavelmente não vai ouvir o seu conselho de roubar ao invés de matar;
    2. Se, para roubar, tiver que matar, ela vai matar do mesmo jeito;
    3. Ainda assim, alguém só poderia aconselhar outra pessoa a realizar esse ato, se não houvesse outra possibilidade como denunciá-la para a polícia por exemplo.

    Logo, só seria lícito aconselhar alguém a realizar um mal menor para evitar um mal maior *se não existissem outros meios de se evitar o mal maior*. Por que alguém aconselharia o mal menor se há outros meios lícitos para evitá-lo?

    Agora, analisando o caso da pílula do dia seguinte e aplicando o conceito trazido do livro do Greco, poderíamos visualizar o absurdo que vocês (Jorge e Sandro) estão levantando. Já que, para tanto, teríamos que ter um mal maior que o aborto para evitar (e daí conseguir obter um mal menor através do tal conselho).

    Então, eu pergunto, o que seria pior do que o aborto a ser evitado?

    O que justificaria dar a alguém a pílula do dia seguinte para evitar um mal maior?

    Ou, para vocês, a gravidez e a gestação de uma criança é um mal e abortá-la é um bem?

    Não tratemos de quimeras, mas da realidade concreta.

    Tenho dito.

  16. Prezado Jorge, salve Maria

    Concordei com você que o exemplo amparado na teologia moral não se aplica a conferência alemã, porque esta não aconselha um mal menor, mas diretamente um bem a vítima do estupro.

    Porém, discordei no que se refere a camisinha, parece-me claro que existe uma analogia que pode ser aplicada, embora na prática tal discussão não seja importante, penso eu.

    Por fim, insisto ainda mais uma vez após ler a última resposta da douta Emanuelle: você a quer de presente, meu amigo? Sua esposa não está precisando aí de uma conselheira? Aproveita que ela está facinha, facinha…

    Abraços,

    Sandro

  17. Acho que as primeiras pessoas que discutiram com vocês sobre a questão da píula existente no planeta Terra e comumente chamada de pílula do dia seguinte já esclareceram bem a questão. Se trata-se de um bem o aborto, daí se vê que não estão se amparando na Moral Católica.

    De douta nada tenho.

    De tolos voces têm e muito.

    No afã e no orgulho de ficarem defendo a si mesmos, esquecem do que a própria Igreja Católica ensina e acabam realizando uma apologética irresponsável.

    Não é ao Papa Bento nem mesmo à Conferência Episcolpal Alemã que estão defendendo, mas a si mesmos. Desse tipo de apologia pessoal que, muitas vezes, leva a um orgulho de si desemedido se disseminam erros e erros, porque há aqueles que tem a opinião de gente como vocês com muita validade, às vezes como se fossem uma espécie de doutorzinhos (e penso que não é essa a intenção de vocês, mas é o que acaba acontecendo na prática).

    Então, esclareço aqui que de douta nada tenho e que seguidores não tenho intenção de fazer porque todas essas coisas deixam as pessoas orgulhosas como a gente pode observar a atitude de você, Sandro, e a do Jorge Ferraz.

    Para mim, qualquer frase que se jogue na internet, se não for suficientemente clara, pode ser mal interpretada. Mais cuidado com o que diz, Sandro. Afinal, não ousaria lhe oferecer de “presente” porque não sei se tem mais o que fazer da vida além de ficar discutindo quimeras.

  18. Emanuelle,

    Você escreve:

    “(…) esclareço aqui que de douta não tenho nada”.

    Nem precisava esclarecer. Não tem mesmo. O que você tem é prepotência, arrogância e ignorância travestida de pretenso amor e defesa pela fé católica.

    Você não merece, mas vou recolocar aqui mais uma vez a citação que trouxe no início de minhas postagens, bem lá atrás, retirada de uma manual de teologia moral do ano de 1955, portanto de quase 60 anos atrás:

    “(…) Unicamente si la mujer hubiere sido violada contra su derecho podría tratar de EXPULSAR O ESTERELIZAR EL SEMEN INVASOR; pero sólo mientras no hubiera peligro razonable de destruir una vida humana, o sea durante UN PAR DE HORAS escasas después de la violación” (El Magisterio Eclesiastico y la Medicina – pág. 17 – Madrid: Razon y Fe, 1955, M. ZALBA e J. BOZAL).

    Mas agora você vai dizer não conhecer Zalba, então para você a citação não valerá, como se o mundo tivesse que parar para você conhecer todos os moralistas católicos existentes para somente depois disso os manuais passarem a ter valor…

    Já que é assim, eu lhe apresento Zalba, Emanuelle: ele viria a ser, com Martelet, o principal redator da Humanae Vitae, promulgado por Paulo VI, o que indica que este autor era de inteira confiança do mesmo, a ponto de redigir um dos documentos mais importantes do século XX, amado e odiado por milhões de pessoas em todo o planeta.

    Mas mesmo que não fosse homem de confiança de Paulo VI, só o fato dele ter escrito o seu compêndio de teologia moral sobre assunto tão espinhoso e ter sua obra aprovada por Pio XII já deveria lhe fazer se recolher a sua insignificância, não é mesmo?

    Digo isso porque é inaceitável você dizer, como de fato disse, “não conhecer Padre Heriberto Jone”…aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh – foi exatamente por isso que coloquei que o compêndio de moral católica concatenado por ele foi ADOTADO PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, bem como as PRESCRIÇÕES DO CONCÍLIO PLENÁRIO BRASILEIRO, além do fato para você nada importante dele ser DOUTOR EM DIREITO CANÔNICO e PROFESSOR DE TEOLOGIA.

    Mas ainda que nada disse ele fosse, apenas pelo fato de ser sacerdote e de compor obra aprovada pelo Santo Papa Pio XI já seria suficiente para você não falar uma bobagem desta “não conheço este padre”…depois Dom Willianson diz que a mulher realmente tem que se ocupar das coisas da casa mesmo e os mais modernos vão achar ruim…

    Só para você saber, esta obra do padre desconhecido da grande Emanuelle (Emanu quem?) foi sucesso em toda a Europa nos anos 30 e 40, com sucessivas reedições, traduzida em diversas línguas para orientar dezenas de conferências episcopais. Não apenas o padre é aprovado, mas APROVADÍSSIMO pela Santa Igreja Católica, que bem poderia lhe dar um imprimátur “de honra”, por assim dizer.

    Mas voltando ao que realmente interessa, ao que disse acima Zalba, que recebeu aprovação de Pio XII e braço direito de Paulo VI (logo, com todas as credenciais para que você aceite o ensinamento dele) parece-me claro que essas duas horas não batem com a pílula do dia seguinte, não é mesmo?

    E parece-me igualmente claro que expulsar ou esterilizar é muito mais do que uma simples “ducha a moda antiga”, como você sugere não é mesmo, ó grande Emanuelle?

    Pelo ensinamento acima e pelo que disseram os alemães, penso não fazer diferença se tal ato de impedir a concepção após o estupro se dá com uma ducha, com um cano de ferro, com um tipo de aparelho cirúrgico que entra na vagina e faz a limpeza do sêmen ou se é mesmo com um comprimido, o que vale é que o efeito desejado é exatamente NÃO PROVOCAR O ABORTO e é incrível que uma pessoa que tenha um mínimo de capacidade intelectual possa vir aqui e acusar a mim e ao Jorge de estarmos defendendo o aborto, quando nos últimos anos, e no meu caso há mais de uma década venho lutando com todo o meu coração, com toda a minha alma e com todas as minhas forças contra o aborto.

    Cada uma que me aparece…

    Sandro de Pontes

  19. Sandro,

    Como disse, penso que os contraceptivos são condenados enquanto meios de se separar a intenção procriativa da unitiva do ato conjugal; e portanto – à luz quer da Casti Connubii, quer da Humanae Vitae – penso que, em situações de consórcio sexual já intrinsecamente pecaminosas (como a fornicação, a prostituição, o estupro), a referida separação entre os dois fins do ato sexual já está perfeitamente caracterizada sem a necessidade das camisinhas, de tal sorte que, em si mesmas, estas não acrescentam malícia específica ao pecado.

    O problema de (p.ex.) distribuir camisinhas no carnaval é que isto estimula o sexo irresponsável, anestesia as consciências, facilita a premeditação do pecado, etc.; em suma, trata-se de uma – digamos assim – condenação por metonímia (= a camisinha pelo sexo extraconjugal que ela representa). As razões aqui não são diretamente as mesmas expostas no contexto do Sagrado Matrimônio.

    Mas também concordo que esta discussão não é a mais importante aqui.

    Abraços,
    Jorge Ferraz

  20. Emanuelle,

    A senhora está totalmente coberta de razão quando diz não ser lícito fazer o mal para que dele decorra o bem. As citações do pe. Lodi e de João Paulo II dizem isso, com o que todos aqui concordamos.

    A questão de aconselhar (p.ex.) a somente roubar quem estava disposto a matar e roubar não tem nada a ver com um “pecado justificado” (!) nem com nada do tipo. Muito pelo contrário, trata-se de dissuadir o fulano de cometer parte do mal que ele intencionava, na impossibilidade de dissuadi-lo de todo (ou de impedi-lo por outros meios). Moralmente falando, trata-se de um bom conselho, ainda que visto em si mesmo pareça colaboração com o mal. Não é.

    E isto é um outro assunto que não tem nada a ver com a questão da pílula do dia seguinte, como eu já dissera antes. Nesta última não se trata de aconselhar a mulher a fazer um mal porque esterilizar o sêmen do estuprador não é um mal, é legítima defesa e, portanto, é algo a que a mulher violentada tem direito. Todos os moralistas reconhecem isso. E a maneira empregada para esterilizar o sêmen (se por ducha íntima, por injeção de espermicida endovaginal, por hormônios que inibem a ovulação ou o que seja) não importa, conquanto não haja riscos para o eventual embrião já fecundado.

    Sobre a única pílula do dia seguinte existente no Planeta Terra, eu confesso que não me sinto confortável para emitir este tipo de julgamento peremptório sobre assunto que não é da minha área, mais ainda após ter lido o presidente da Pontifícia Academia para a Vida fazer coro ao Card. Meisner e dizer expressamente que «‘pillola del giorno dopo’ è un termine che viene riferito a molte cose». Eu não sei se existe ou pode existir uma droga que impeça a fecundação mas não a nidação, mas sei – e este é o ponto – que o seu uso por uma mulher estuprada seria lícito, e igualmente que um fármaco abortivo não é lícito nem em caso de estupro. Foi isso o que a CE Alemã falou, foi isso que a PAV entendeu do que a CE Alemã falou, e a mim parece sinceramente incompreensível que bons católicos comprem o discurso tosco da mídia anti-clerical e prefiram voltar os seus canhões contra outros católicos, uma Conferência Episcopal e um Dicastério Romano!

  21. Jorge, salve Maria.

    Entendi o que você disse, e vou pensar sobre o assunto. Mas me ficou uma interrogação: quando Bento XVI aconselhou a camisinha ele o fez somente para as pessoas que levam a vida profissionalmente na prostituição, não? Ou seja, não teria sido neste caso específico, para evitar mal maior da auto contaminação e da contaminação de terceiros, que ele teria dado o conselho?

    Ou ele chegou ao absurdo de sugerir distribuir camisinhas a população em geral? Porque se ele fez isso eu realmente não fiquei sabendo.

    Abraços,

    Sandro

  22. Sandro, salve Maria!

    A rigor o Papa não “aconselhou” ninguém a usar preservativo, nem mesmo prostitutos. Como vimos, moralmente até poderia tê-lo feito, mas o fato concreto é que nunca o fez.

    O que provocou a reação da mídia (à época escrevi aqui) foi tão-somente um trecho de uma entrevista, onde Bento XVI dizia:

    Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer.

    Ora, isso não é nem mesmo um “conselho”, é uma constatação de um fato. Não é uma orientação de comportamento, é o emprego de um caso concreto para exemplificar um princípio moral. No entanto, não faltou quem estampasse nas manchetes que, segundo o Vaticano, agora “todos podem usar preservativo para evitar HIV”… é tanta má-fé que chega a ser cômico.

    E não, o Papa não cometeu o absurdo de nem sequer insinuar que se devessem distribuir preservativos para a população. Muito pelo contrário até, imediatamente após a frase que eu trouxe acima, Bento XVI fez questão de frisar: «Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade».

    Abraços,
    Jorge

  23. Prezado, salve Maria.

    Na época do suposto conselho de Bento para que prostitutos usassem camisinha eu não acompanhei diretamente os acontecimentos por excesso de serviço, mas lembro que posteriormente li os manuais de teologia acima citados e pensei da seguinte maneira: se eu tivesse um filho e ele estivesse indo a um local se prostituir eu iria tentar demovê-lo desta intenção espúria. Mas caso eu não conseguisse tal coisa, então quando visse que não tinha jeito eu então diria a ele que ele não tinha direito de ir mas já que ele ia fazer aquilo que então fizesse de camisinha (pois amanhã ele pode se arrepender e ser perdoado por Deus e melhor seria se não tivesse uma Aids ou um filho para arcar)”.

    Assim, mesmo sem ter me aprofundado no tema sempre achei que Bento tinha acertado caso ele realmente tivesse dito para os tais prostitutos usarem o preservativo nestes termos que imaginei. Mas se ele não disse melhor ainda, evita gastar tinta desnecessariamente.

    Abraços e obrigado pelo esclarecimento. Quanto a sua mensagem recente onde você citou o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, ela foi perfeita. Só não entende quem não quer ou quem tem muita má fé.

    Cordialmente,

    Sandro de Pontes

  24. Prezado Sandro de Pontes,

    Muito provavelmente, pelo desprezo que sente à capacidade intelectual de uma mulher, não deve ter lido integralmente tudo o que eu disse desde o início de minhas postagens. De uma grande mulher, a Dra. Alice Teixeira Ferreira (minha amiga também), docente da UNIFESP, reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho com manipulação de Células Tronco Adultas, trouxe as informações médicas sobre o modo de uso da pílula do dia seguinte e qual comprimido levantado no debate que bloqueava a progesterona e não passava de um abortivo.

    Há anos, faço estudos sobre o Método de Ovulação Billings, inclusive já fiz cursos com as Australianas descendentes dos fundadores do método (Dr. Billings). São mulheres de incrível capacidade intelectual também. E estou remetendo essa informação porque todos os exemplos que foram trazidos sobre algum modo de expulsar o sêmen invasor no caso de estupro são falhos, porque o que faz com que o sêmen seja conservado no organismo de uma mulher em período fértil é o muco que ela produz. São bilhões de espermatozóides conservados nesse muco por até 3 dias (esperando uma ovulação) e, mesmo as duchas vaginais são bem falíveis para matá-los.Penso ainda que esses procedimentos levantados podem até matar muitos espermatozóides, mas não todos, sobrando os piores para a concepção e podendo aumentar as chances de se gerar uma criança com problemas físicos ou mentais. Além do fato de que as pílulas que são chamadas contraceptivas, pela pouca dose hormonal que atualmente possuem, podem provocar abortos também.

    De qualquer modo,o seu desprezo pela mulher é tão estranho que não lhe importa nem se esse sêmen será retirado “com um cano de ferro” ou com qualquer outro aparelho que você diz ser “cirúrgico”. De novo, apelo para a realidade e não para sua quimera. Há coisas que não se podem fazer, porque o fim não justifica os meios.

    O trato do Sr. para com minha pessoa nessa discussão só denota a falta de educação que recebeu. “Está facinha”, “De presente” etc. Parece-me, assim, que se sente realizado em auto-afirmar sua “superioridade masculina”, mesmo sendo contestado de maneira honesta por uma mulher: a “Emanu o quê?”. Mas todos vêem que isso não passa de despeito. Da minha parte, sinto pena do Sr.. Homens de verdade são cavalheiros o suficiente para não tratar uma mulher dessa forma. Os afetados por algum problema sexual e/ou pessoal costumam agir tão grosseiramente quanto o Sr (e não estou insinuando que é um homossexual enrustido).

    Enfim, às vezes Deus se serve de uma “Emanu o quê?” para colocar gente tão prepotente como o Sr. no seu devido lugar.

    Sobre o restante da discussão, acho que já fui suficientemente clara.

    Passe muito bem, Sr. Sandro de Pontes. E que Deus tenha piedade de sua alma afetada pelo mesmo orgulho de Lúcifer.

  25. Emanu-que,

    Eu até poderia deixá-la dar a palavra final, para pensar que venceu o debate, o que faria bem ao seu ego feminino e mostraria uma certa delicadeza da minha parte para com a sensibilidade do sexo frágil, tão acostumado a chorar pitangas quando lhe convém quanto para cobrar os seus direitos da forma mais atroz possível quando lhe são convenientes.

    Pouco me importam os seus estudos. Para Deus o que importa é se você é casada, quantos filhos possui, como os cria e também como trata seu marido, o seu senhor, diga-se de passagem, que certamente não deveria deixa-la sair por aí tratando de assuntos morais para os quais não está minimamente qualificada. O resto, nada prezada, é conversa fiada para boi dormir.

    E por falar em orgulho luciferino, quem foi mesmo que o cramulhão fez pecar no paraíso e por qual motivo? “Mais amarga do que a morte, somente a mulher” diz o autor vetero-testamentário. Vai acusá-lo também de ser homossexual?

    Não, não posso deixa-la dar a última palavra, ainda mais quando veio aqui, falou um monte de bobagens, foi fraternalmente corrigida por mim e pelo Jorge, insistiu soberbamente eu sua ignorância, foi ainda assim corrigida dentro dos limites da caridade, não abaixou a crina, insistiu nos mesmos erros a maneira protestante quando refutado sobre as imagens na bíblia, continuou a verborragia sofismatóide e ao final, após as últimas mensagens perfeitas do Jorge citando lá o presidente da Academia Pontificia para a Vida, uma autoridade no assunto MUITO MAIOR DO QUE NÓS DOIS, ainda quer vir aqui acusar os outros de bixas para não reconhecer a sua derrota.

    Eu já vi pessoas baixas mas perto de você todas elas desaparecem: você é muito baixa, moralmente baixíssima, diga-se e realce-se para que fique registrado. Assumo diante de Deus qualquer ato falho que tenha cometido neste debate e que ele me tire a vida eterna se eu estiver sendo injusto com você.

    E se eu a acusasse de prostituta? Você é casada? É virgem? Se for casada, casou virgem? Se não casou virgem ou se é solteira sem ser virgem não sabe que a relação sexual fora do casamento é prostituição? Então, o que é você?

    Prezada, tome cuidado com o que fala para os outros porque não sabe o que pode acontecer posteriormente.

    Aliás, toda vez que debato com homossexuais e destruo todos os argumentos deles ao final eles me dizem, porque o demônio quando não tem argumentos apela, já dizia São Bernardo: “você é enrustido, aposto que adora dar o rabo”. Todos os homossexuais que debati até hoje falaram isso para mim após serem derrotados e eles falam isso para os TODOS os católicos que debatem com eles. Por isso, vendo você ser derrotada e ao final me acusar de gostar de dar o rabo, tenho que perguntar: é você “entendida”?

    Sandro de Pontes

  26. Sr. Sandro de Pontes,

    Não preciso provar minha moralidade para você, apenas aconselho-lhe um *bem*: fale menos bobagens, conte até dez, tome um suco de maracujá ou consulte um psiquiatra.

    Emanuelle

  27. “E a maneira empregada para esterilizar o sêmen (se por ducha íntima, por injeção de espermicida endovaginal, por hormônios que inibem a ovulação ou o que seja) não importa, conquanto não haja riscos para o eventual embrião já fecundado.” (Jorge Ferraz). Jorge, pela admiração que sinto por vc, pelo tempo que acompanho seu blog, pela sua inteligência reiteradamente comprovada, me recuso a acreditar que tenha escrito isso. Que hormônios poderão garantir a inibição da ovulação após uma relação sexual com uma certeza no mínimo aceitável? Nenhum, ao menos em nosso planeta, como a querida irmã Emanuelle vem tentando nos informar. Mais uma vez reitero, a Conferência Alemã falou de algo hipotético, se fosse pra falar de algo que ainda não existe e talvez nunca venha a existir, melhor que não falasse nada para não trazer mais confusão ao mundo católico e aos que lutam pela defesa da vida humana desde a a sua concepção. Emanuele.. não desanime, mas também não não se deixe turvar pelas emoções. Pax.

  28. É muito provável que a conferência alemã volte atrás nessa declaração infeliz e nossos irmãos irão ficar corados de vergonha, rs.

  29. Prezado Luciano,

    Não se preocupe, amigo, não desanimo tão fácil. Não entendo apenas o porquê de insinuações tão grosseiras quando em nenhum momento havia sido (a meu ver) deselegante com o Sr. Sandro de Pontes. Depois, tive que dar uma cutucada na criatura para ele mostrar a todos do quê o seu coração está cheio, assim, ele mesmo se desmoraliza.

    E, realmente, a questão central dessa discussão é a *realidade* dos fatos e não a abstração que está sendo discutida. Certamente, um quadrado existe, mas o quadrado perfeito só nos conceitos matemáticos. A Teologia Moral é sempre bem vinda, acompanhada das análises concretas e das possibilidades existentes.

    Tenha um Santo Domingo.

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