A França legalizou o “casamento gay”

Como é sabido, na última terça-feira a França legalizou em definitivo o “casamento gay” no país. Nós acompanhamos o desenrolar dessa tragédia (aqui, aqui e aqui), e o (previsível) resultado de dois dias atrás pode passar a impressão de que nós perdemos, não valeu a pena, foi tudo em vão. Será que é isso mesmo?

Alguém insinuou ironicamente aqui no blog que isso deve ter acontecido porque os argumentos do movimento pró-família francês são tão ruins quanto os seus equivalentes brasileiros. Ledo engano. Na verdade, isso aconteceu porque o mundo moderno anda enlouquecido e absolutamente não dá mais importância a argumentos. Ora, em que lugar do planeta essa discussão é conduzida sobre bases argumentativas? Muito pelo contrário: os arautos da Revolução Moral só sabem agir na base da truculência e do apelo emocional, nada mais. Qualquer pessoa que já tenha tentado discutir esse tema com algum pró-gay sabe perfeitamente do que estou falando, e no próprio Deus lo Vult! é possível encontrar abundantes exemplos dessa curiosa patologia intelectual.

Mas, de uma forma ou de outra, o casamento gay foi legalizado na França, é fato. E agora, simplesmente perdemos? Foi tudo em vão? Penso que é possível sermos um pouco mais otimistas.

A França legalizou o “casamento gay”, mas os gritos de protesto dos que se levantaram contra essa infâmia foram ouvidos no mundo inteiro, e serviram de exemplo e estímulo àqueles que não concordam com a ideologia anti-natural que lhes está sendo imposta.

A França legalizou o “casamento gay”, mas a imprensa foi obrigada a noticiar que, em pesquisa recente, «58% dos [franceses] entrevistados se disse a favor do casamento gay» mas, por outro lado, «uma maioria (53%) se disse contra a adoção [de crianças], contra 45% a favor» – adoção esta incluída na lei aprovada anteontem, na contramão portanto da expressa vontade da maior parte dos franceses.

A França legalizou o “casamento gay”, mas sofreu dura e terrível resistência dos que são contrários à exaltação do vício e à equiparação legal entre “família” e “dupla gay”:  tanto quanto lembro, foi a primeira vez que uma lei desse tipo recebeu resistência pública tão clara e generalizada.

A França legalizou o “casamento gay”, mas não convenceu e nem silenciou os que mantêm a cabeça no lugar. Muito pelo contrário: o La Manif Pour Tous promete continuar protestando, como nos diz o Wagner Moura.

A França legalizou o “casamento gay”, mas a guerra cultural ainda não terminou, e dela ainda precisamos tomar parte – não nos é permitido desanimar. Faz diferença. Diante de um monstro tão grande e tão forte a se lançar sobre nós, qualquer mínimo dissabor que lhe consigamos impingir faz diferença.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

83 comentários em “A França legalizou o “casamento gay””

  1. De fato, Deus é o primeiro Motor imóvel, mas suas fontes sobre isso e sobre Aristóteles estão muito resumidas. Esse raciocínio não se opõe à Revelação, nem à religião, pois o Motor imóvel, conhece o mundo na Sua própria essência, dado o efeito poder ser conhecido na Causa. Santo Tomás fez algumas correções a Aristóteles.

    Seus outros argumentos são “ad hominem”. O “ad hominem” não me parece válido, quando desvia o foco das ideias para colocá-lo em quem as defende, pois as ideias podem ser verdadeiras, independente de outros argumentos ou da conduta de quem as defende.

    Rui

  2. JBC

    “Minha repulsa à ideia do “casamento gay” tem tanta aderência ao pensamento de Santo Anselmo como a de um muçulmano, um hindu, um romano do século II AC ou um habitante do império Inca…

    Se você se coloca como alguém que adere ao pensamento de santo, de um muçulmano, um hindu, um romano do século II AC ou um habitante do império Inca, eis a nossa diferença. ”

    Nossa, realmente é difícil… Você realmente não consegue perceber que o “argumento de autoridade” que você tentou colar em mim e em outros aqui é ridículo pelo simples fato de que ” um muçulmano, um hindu, um romano do século II AC ou um habitante do império Inca” ou não reconhece em Santo Anselmo qualquer autoridade ou nem ao menos sabe que ele existiu?

    ” Eu me coloco como um homem moderno, esclarecido quando ao conhecimento que nós produzimos graças à nossa inteligência, e inserido numa sociedade laica e secularizada.”

    Ai… que fofo.. . Só falta argumentar agora!

  3. E, novamente, é ridícula seu questionamento sobre as ideias de Aristóteles que você fez ao Rui.

    Só para entender. Você rejeita a lei da gravidade por causa de alguma opinião de Newton sobre política ou arranjo social?

  4. Os gays não querem tutela especial? Ok, vamos ver o que o Estatuto gay quer?

    ”Art. 5º § 1º – É indevida a ingerência estatal, familiar ou social para coibir alguém de viver a plenitude de suas relações afetivas e sexuais.”

    Legal, meu filho de 11 anos quer ter experiência sexual com outro garoto e não posso interferir, afinal, ele tem direito a viver sua plenitude sexual e a família não tem poder sobre isso, o direitos sai das mãos dos pais e passa pro Estado.

    ”Art. 32 – Nos registros de nascimento e em todos os demais documentos
    identificatórios, tais como carteira de identidade, título de eleitor, passaporte,
    carteira de habilitação, não haverá menção às expressões “pai” e “mãe”, que
    devem ser substituídas por “filiação”.”

    Pai e mãe são termos tão ofensivos assim por fazerem oposição a uma família hétera?
    Vão querer proibir os bebês de falarem mamãe e papai também? Dos meus documentos, ninguém tira esses termos.

    “Art. 73 – A administração pública assegurará igualdade de oportunidades no mercado de trabalho a travestis e transexuais, transgêneros e intersexuais, atentando ao princípio da proporcionalidade. P. ú. – Serão criados mecanismos de incentivo a à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas.”

    Cotas para gays? Ok, quero ser Juiz, virei gay e passei pelas cotas, agora que estou estável me curei, casei e tive filhos, chupa Poder Público, crie critérios saber quem é gay de verdade e quem está se aproveitando, hahahaha.

    ”Art. 37 – Havendo indicação terapêutica por equipe médica e multidisciplinar de hormonoterapia e de procedimentos complementares não-cirúrgicos, a adequação à identidade de gênero poderá iniciar-se a partir dos 14 anos de idade.”

    Uma criança de 14 anos está totalmente apta a saber se é gay ou não, por isso vamos fazer tratamento hormonal para elas.

    ”Art. 74 – A administração pública e a iniciativa privada devem promover
    campanhas com o objetivo de elevar a qualificação profissional de travestis e
    transexuais, transgêneros e intersexuais”

    Isso não é tutela especial? Existe isso para os héteros?

    “Art. 45 – Em todos os espaços públicos e abertos ao público é assegurado o
    uso das dependências e instalações correspondentes à identidade de gênero.”

    Viu o caso do Laerte? Então se um homem se veste de mulher, ele tem alvará para usar banheiro feminino.

    ”Art. 53 – É proibido o oferecimento de tratamento de reversão da orientação sexual ou identidade de gênero, bem como fazer promessas de cura”

    Se o filho é meu, vive as minhas custas e o lar é meu asilo inviolável, simplesmente não vou poder educá-lo do meu modo, sob meus preceitos? O Estado vai se sobrepor à família?

    ”Art. 60 – Os profissionais da educação têm o dever de abordar as questões de gênero e sexualidade sob a ótica da diversidade sexual, visando superar toda forma de discriminação, fazendo uso de material didático e metodologias que proponham a eliminação da homofobia e do preconceito”

    Material didático = kit gay.

    Análise jurídica:
    http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=_BR&infoid=8637&sid=4

  5. JBC,

    Você se equivoca mais uma vez, pois no contexto da discussão, axioma e dogma são equivalentes. E quem está impondo que crença e a quem?

    A questão é a seguinte, você iniciou com um sofisma para nos dizer que nossa fé é irracional e que a tibieza de argumentos contrários (porque religiosos) fez com que a França legalizasse o “casamento” homossexual. Bem, como vimos sua tentativa, via santo Anselmo, de afirmar que a fé é contra a razão foi desmantelada. O máximo que você pode dizer é que a nossa fé é contra a sua razão, nada além disso. Quanto aos argumentos contra o “casamento” homossexual, mesmo que existam os de cunho religioso, existem os que não são de cunho religioso. O que ocorre é que as religiões, de um modo geral, tomam para si estes argumentos por conveniência.
    Um argumento que eu considero importante é o da natureza dos seres. Existem seres hermafroditas, mas quando numa espécie há o macho, sempre há a fêmea para o complementar, não existe espécie apenas com machos ou apenas com fêmeas, como era de se esperar. Mas você pode objetar que existem casos de homossexualismo na natureza… pode ser, mas são casos isolados, até porque se uma espécie, por algum motivo ignorado, começa a agir de modo homossexual e de forma generalizada, sabemos que o futuro desta espécie é a extinção. Isto nos diz, explicitamente, que o ato homossexual, em si, não é benéfico a qualquer espécie.
    Outro argumento contra é o da estrutura humana. O órgão sexual masculino foi feito para o órgão sexual feminino, nunca para o ânus, que foi feito para o excremento. Você vai objetar dizendo que o sexo anal é apreciado por muitos… certo, mas independente da prática, é notório que o sexo anal é uma disfunção ou uma agressão direta ao correto funcionamento dos órgãos em questão. E apesar de ser possível, não dá para dizer que sexo anal é bom para o corpo, visto que este ato é incompatível com o correto funcionamento dos órgãos envolvidos.
    Outro argumento é a questão do termo “casamento”. Por mais que se queira torcer a definição, casamento é para casal, ou seja, um macho e uma fêmea. O máximo que dá para dizer de dois homens ou duas mulheres é “um par”.
    Outro argumento trata da crise de identidade de um homossexual. O desejo de muitos homens e mulheres homossexuais é se parecer com o sexo oposto o mais que puderem. Então o homem quer ser mulher e a mulher quer ser homem nem que seja ao menos na aparência. Se fosse possível mudariam de sexo sem dúvida, mas como não há essa possibilidade forçam a barra com roupas, maquiagens, hormônios, cirurgias, tom de voz, etc. O fato é: nasceste homem? Faça o que quiser, vais morrer homem mesmo que sua aparência tenha mudado.
    Outro argumento, querem adotar crianças para constituir família. Mais uma crise de identidade. E esta vai ter consequência na cabeça da criança ao se deparar com dois pais ou duas mães…

    Veja acima que os argumentos não são de cunho religioso. Você pode discordar de todos, mas ainda assim são argumentos consideráveis.

  6. Rui,

    Pelo pouco que pesquisei, sim, a base filosófica de Aristóteles leva a supor a falta de razão em ter uma religião. Me mostre alguém que discorda e a gente conversa.

    Você não sabe o que é um argumento ad hominem. Não tem nada a ver com que eu disse. Teria, se eu tivesse feito algum ataque à sua pessoa, o que não ocorreu.

    Eu apenas trouxe esses demais pontos de vista do filósofo para te mostrar que não dá pra trazer Aristóteles pra essa discussão, já que diversos estudiosos, embora concordem que ele tenha promovido progresso em diversas áreas do conhecimento, afirmam que alguns de seus pontos de vista hoje em dia estão ultrapassados. A genética e a psicologia estão certas de que a sexualidade do indivíduo não é mera opção.

    Sendo assim, não é válido discriminar ninguém por sua orientação sexual nem sua identidade de gênero e muito menos negar direitos a essas pessoas.

    Como eu já disse aqui, vocês usam tratados internacionais de direitos humanos para defender sua ideias “pró-vida”, que são os mesmos tratados que pressupõem que ninguém será discriminado nem será privado de direitos por motivo algum. Nonsense total.

    Lampedusa,

    Se a única coisa que você tem a dizer é que meus argumentos são ridículos, então morreu o papo.

    Abs

  7. Julio,

    Concordo com você em diversos pontos. Mas creio que você as vezes confunde orientação sexual com identidade de gênero. Dá uma olhada nesse vídeo aqui que acho que ele vai te trazer alguns esclarecimentos. (vale pro Ygor também, pois toca no assunto dos casos de “homossexualismo” na natureza…)

    Abs a todos.

  8. Quanto aos argumentos contra o “casamento” homossexual, mesmo que existam os de cunho religioso, existem os que não são de cunho religioso. O que ocorre é que as religiões, de um modo geral, tomam para si estes argumentos por conveniência.

    Só o Lampedusa não quer ver né?

    Fazer o que… cedo ou tarde eles aparecem.

  9. JBC,

    1 – foi demonstrado à exaustão que o seu argumento de que muitos somos contra o “casamento gay” apenas por motivos advindos da fé cristã (sem base racional) não tem nenhum fundamento. E, sim, é ridículo, pois em todas as culturas não cristãs o “casamento gay” não é aceito. Aliás, mesmo nos regimes ateus o homossexualismo foi (e ainda é) combatido. Eles também se submetem a Santo Anselmo?

    2 – Você, ‘as usual’, deturpou as palavras do Ygor. Ele NÃO diz que os argumentos racionais contra o ” casamento gay” não existam, mas, SIM, que eles TAMBÉM são esgrimidos por pessoas religiosas. Releia e tente compreender. Aliás, o post dele termina assim: “Veja acima que os argumentos não são de cunho religioso. Você pode discordar de todos, mas ainda assim são argumentos consideráveis.”

    3 – realmente você estudou MUITO pouco Aristóteles. Aliás, você não respondeu a essa pergunta que lhe fiz: “Você rejeita a lei da gravidade por causa de alguma opinião de Newton sobre política ou arranjo social?”

    4 – “Se a única coisa que você tem a dizer é que meus argumentos são ridículos, então morreu o papo.”

    Não, JBC, o ‘ridículo’ foi apenas o corolário final surgido após longa argumentação…

  10. Lampedusa,

    Não rejeito a lei da gravidade de Newton até porque ela não tem nada a ver como suas opiniões políticas ou de arranjos sociais, assim como as ideias de Aristóteles não tem nada a ver com homossexualidade. Isso é uma forçada de barra feia, até porque Aristóteles rejeitou as ideias de Platão sobre a abolição da homossexualidade[1].

    Se você é tão sabido sobre Aristóteles, mostre-me aonde e como, em suas obras, ele não rejeitava a religião, ao invés de ficar repetindo “você não estudou muito”, “suas ideias sobre Aristóteles são ridículas”. Aponte fontes, apesar de duvidar que você seja capaz.

    Abs

    Fontes:

    [1] BOSWELL. Christianity, Social Tolerance, and Homosexuality (1980)

  11. “Pelo pouco que pesquisei, sim, a base filosófica de Aristóteles leva a supor a falta de razão em ter uma religião. Me mostre alguém que discorda e a gente conversa.”

    Sim, o problema é que você pesquisou muito pouco. Eu já lhe respondi acima porque o Motor Imóvel conhece o mundo. Santo Tomás completou o argumento de Aristóteles. Agora, se você prefere apelar à “falácia da autoridade”, é um problema seu. Entretanto, eu já lhe dei alguém que discorda: Tomás aderiu à filosofia do Estagirita e corrigiu os pontos nos quais ela não se sustenta.

    “Eu apenas trouxe esses demais pontos de vista do filósofo para te mostrar que não dá pra trazer Aristóteles pra essa discussão, já que diversos estudiosos, embora concordem que ele tenha promovido progresso em diversas áreas do conhecimento, afirmam que alguns de seus pontos de vista hoje em dia estão ultrapassados. A genética e a psicologia estão certas de que a sexualidade do indivíduo não é mera opção.”

    Que maneira mais ridícula de descartar uma ideia, descartando quem a concebeu! Interessante que você ignora que a filosofia aristotélica foi pensada e aperfeiçoada por outros pensadores. E interessante também o seu pretenso “apelo à autoridade”, como se isso tivesse algum valor lógico. Que estudiosos? Acredito que nem você mesmo saiba.

    Rui

  12. “A genética e a psicologia estão certas de que a sexualidade do indivíduo não é mera opção.”

    A genética e a psicologia dominadas por ideologias relativistas provindas das “ciências humanas”, você quer dizer. Esse assunto de homossexualismo ter origem genética é controversa. O próprio Freud não concordava com isso. E mesmo que ele tenha origem genética, isso não abona a prática homossexual como contrária à razão. Quem tem certa propensão genética ao homicídio, como os sádicos, deve ter controle racional sobre suas próprias paixões. Com o homossexualismo, dá-se o mesmo.

    Rui

  13. JBC

    É hilário a forma como você “responde” a um questionamento fugindo do tema introduzindo outro que não estava em baila.

    Você acusou o Rui de basear um argumento no Olavo de Caralho. O Rui responde-lhe

    “Essencial é aquilo que se fundamenta na natureza. [Dois homens não podem procriar por um impedimento da natureza, pois a natureza dispôs a geração humana para ser causada pelo ato sexual entre pessoas de sexos diferentes. Se um casal infértil não consegue procriar], não é por disposição da natureza (finalidade natural), mas por uma causa acidental. Isso tudo não aprendi com Olavo de Carvalho, mas com Aristóteles”

    Em vez de você contradizer o argumento do Rui, baseado em Aristóteles (sei lá, você poderia demonstrar que a geração humana pode advir de pessoas do mesmo sexo; ou questionar se a esterilidade é acidental ou essencial, etc) , qual a sua tática? Questionar: ” segundo Aristóteles, é inútil o homem tentar estabelecer uma relação com o divino, pois o “Motor Imóvel” (o deus dele) é apenas um princípio metafísico [que claramente nada tem a ver com o tema em debate]” e pergunta se o Rui concorda com isso. Sua canhestra lógica leva a imaginar que se ele não concorda com a última assertiva deve, portanto, negar a primeira. Ou seja, você não responde.

  14. Rui,

    Eu poderia trazer aqui diversas referências sobre estudiosos que atestam a minha posição, mas já cansei. Isso não vai te fazer mudar de opinião sobre a adequação de trazer Aristóteles ao debate sobre homossexualidade (a não ser que você diga expressamente o contrário, aí eu trago). Anselmo de Cantuária está certo e pronto.

    Pelo visto, sei tampouco de Aristóteles quanto você, que não cita uma fonte pra embasar sua posição, o que mostra que não leu nada sobre o pensador.

    Ah, e sim, um religioso como Tomás teve que adequar o pensamento de Aristóteles às sua visões, pois o original sabia que o Motor Imóvel ignorava os seres que não eram divinos como ele.

    Aliás, olha que pérola que seu santo escreveu:

    “Tudo o que é encontrado em outras ciências que seja contrário a qualquer verdade desta ciência [a Doutrina Sagrada], deve ser condenado como falso.” [1]

    É bem o que você está tentando fazer com o que eu disse com relação às pesquisas nas áreas de genética e psicologia.

    Ca piche?

    Abs

    Fontes (olha, eu boto fontes de pesquisa nas minhas opiniões – não sou só um zé da internet que fica cuspindo achismos!!!):

    1. Aquinas, T., 1952, Summa Theologica, Treatise on God, Question 1, Article 6, p. 6, translated by the Fathers of the English Domincan Province, Great Books of the Western World, vol. 19. William Benton, Chicago, p. 3.

  15. Lampedusa,

    Leia de novo o que eu escrevi. Não quis contestar a questão do “essencial” e do “acidental” que o Rui trouxe. Ao invés disso, aleguei que não tem nada a ver trazer conceitos de Aristóteles pra essa discussão, até porque homossexualidade é tão natural quanto esterilidade, além de mostrar que atualmente casamento é uma instituição social, não tendo nada a ver com questões “naturais”. E por fim, não são todas as pessoas que hoje se casam com a finalidade de procriar. Leia de novo e vai ver que respondi tudo isso.

    Quanto ao Olavo de Carvalho? Ah, ele só escreveu um livro sobre Aristóteles… além de ser patente que muito aqui usam as mesmas abobrinhas que ele.

    Por falar em responder questionamentos, tem alguém aqui correu feito gazela assustada quando pedi fontes aristotélicas que demonstrassem que o filósofo defende a religião. Outro, no máximo, alegou que um santo “corrigiu” seu pensamento. É de matar. Querem usar Aristóteles só quando for conveniente. Típica atitude de quem quer defender racionalmente sua fé, como Anselmo já dizia.

    Abs

  16. Os atuais demagogos, para fazer a corte ao povo, proporcionam-lhe através dos tribunais muitos confiscos. Aqueles que se preocupam com a segurança do Estado devem agir de modo inverso e, em vez de se apoderar em proveito do povo dos bens dos condenados, consagrá-los à religião.

    Política

  17. Numa palavra, deve agir de modo totalmente inverso do que dissemos mais acima, conservar e adornar a cidade, como se fosse o seu curador, e não o tirano.

    Que demonstre principalmente muito zelo pela religião. Teme-se menos injustiça da parte de um príncipe que se crê seja religioso e parece temer aos deuses, e se está menos tentado a conspirar contra ele quando se presume que tem a assistência e o favor do Céu. Mas é preciso que sua piedade não seja afetada, nem supersticiosa.

    Política

  18. A Regulamentação dos Casamentos e dos Nascimentos

    Devendo o legislador cuidar antes de tudo da boa conformação do corpo dos súditos que deverá criar, cabe-lhe começar por bem regular os casamentos, determinando a idade e a compleição dos que julgar admissíveis na sociedade conjugal.

    Para estabelecer boas leis sobre esta associação, é preciso em primeiro lugar atentar para a idade e para as qualidades pessoais dos noivos, para que eles se convenham em maturidade e em força; se, por exemplo, sendo o homem capaz de gerar, a mulher não é estéril, ou se, pelo contrário, podendo esta conceber, não é o homem que é impotente. Esta má combinação só é boa para criar discórdia e para contrariar.

    […]

    Quanto às relações após o casamento com outra mulher ou outro homem que não aquela ou aquele a que se está unido, isto deve ser considerado como uma diversão absolutamente desonesta. Se ainda se estiver em idade de ter filhos, o adultério deve ser marcado de infâmia e punido segundo a enormidade do crime.

    Política

  19. JBC,

    Suas postagens demonstram que seu compromisso é exclusivamente com sua própria razão. Suas opiniões e suas interpretações estão a serviço exclusivo do seu ego. Diante desta limitação, é inútil debater…

  20. A formação da cidade

    Nesta como em qualquer outra matéria, uma excelente atitude consiste em remontar à origem. É preciso, inicialmente, reunir as pessoas que não podem passar umas sem as outras, como o macho e a fêmea para a geração. Esta maneira de se perpetuar não é arbitrária e não pode, na espécie humana assim como entre os animais e as plantas, efetuar-se senão naturalmente. É para a mútua conservação que a natureza deu a um o comando e impôs a submissão ao outro.

    Política

  21. JBC

    Você continua não entendendo o que se diz a você. O Rui usou um argumento baseado nos conceitos de essência/natureza/ causalidade e apresentou-os dentro dos parâmetros aristotélicos. Só isso. Se você não os entende (como fica claro) é outro problema.

    Não, não fugi à sua moda do debate (gazela assustada). Simplesmente não quero dar-lhe a saída à qual você sempre apela que é mudar de assunto quando não tem resposta. Mas, o xará do Aristóteles acima já lhe respondeu. Lógico que você vai mudar de assunto…

  22. Lampedusa, não vou mudar de assunto, como você costuma fazer quando te interpelam e você não tem resposta.

    Bom, é notório que vocês conseguem entender menos que eu de Aristóteles, o que é quase nada. Primeiro porque a sua obra, Política, é uma reflexão que contribuiu para o que hoje conhecemos como a Ciência Política.

    Com Aristóteles afirma-se o teísmo do ato puro. No entanto, este Deus, pelo seu efetivo isolamento do mundo, que ele não conhece, não cria, não governa, não está em condições de se tornar objeto de religião, mais do que as transcendentes ideias platônicas. E não fica nenhum outro objeto religioso. Também Aristóteles, como Platão, se exclui filosoficamente o antropomorfismo, não exclui uma espécie de politeísmo, e admite, ao lado do Ato Puro e a ele subordinado, os deuses astrais, isto é, admite que os corpos celestes são animados por espíritos racionais. Entretanto, esses seres divinos não parecem e não podem ter função religiosa e sem física.

    Não obstante esta concepção filosófica da divindade, Aristóteles admite a religião positiva do povo, até sem correção alguma. Explica e justifica a religião positiva, tradicional, mítica, como obra política para moralizar o povo, e como fruto da tendência humana para as representações antropomórficas; e NÃO DIZ QUE ELA TERIA UM FUNDAMENTO RACIONAL NA VERDADE FILOSÓFICA DA EXISTÊNCIA DA DIVINDADE, a que o homem se teria facilmente elevado através do espetáculo da ordem celeste.

    Fontes:
    – COTRIM, Gilberto. FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA. SER, SABER E FAZER. Saraiva: 1997, 13 ed. p. 103/106.
    – DURANT, Will, Historia da Filosofia- a vida e as idéias dos grandes filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1 edição, 1926.
    – Enciclopédia Barsa (eletrônica)
    – Enciclopédia Microsoft® Encarta® (eletrônica). © 1993-2001 Microsoft Corporation.
    – GEISLER, Norman L. e FEINBERG, Paul D. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – UMA PERSPECTIVA CRISTÃ. São Paulo: Vida Nova, 1983, 1 ed.
    – JACQUES, Maritain. INTRODUÇÃO GERAL À FILOSOFIA. ELEMENTOS DE FILOSOFIA I. Rio de janeiro: Agir. 1994. 17 ed. p. 47/51.
    _______________. PLATÃO, Vida e Obra. São Paulo: Nova Cultura Ltda, 1999 (Coleção Os Pensadores)
    – REALE, Giovanni. e ATISERI, Dário. História da Filosofia. 6 ed., São Paulo: Paulus, 1990 (1 vol.)

    Aí entra outra obra do autor (Aristóteles, um pequeno trecho) que confirma o dito acima, o Metafísica:

    “Transmite-se em forma de mito dos primitivos e antiqüíssimos aos pósteros a tradição de que estes são deuses e de que o divino envolve toda a natureza. As coisas remanescentes foram acrescentadas miticamente a fim de persuadir muitos e para usá-las em vista das leis e da utilidade. Dizem alguns, com efeito, que estes [deuses] têm forma humana e que são semelhantes a alguns outros animais, e a isso acrescentam outras coisas conseqüentes e semelhantes a estas ditas. Se, após tê-la separado destas últimas, alguém tomasse apenas a primeira afirmação, isto é, que consideravam as substâncias primeiras ser deuses, seria considerado falar divinamente” (Metafísica, cap. VIII, 1074 a 38-b 10)

    Ou seja, religião só é justificada para agradar o povão e manter uma coesão social em torno de uma comunidade. Mas não tem fundamento racional.

    Bom, voltando ao assunto principal:

    Primeiro, mostrei que não é válido trazer conceitos aristotélicos pra essa discussão, tendo em vista que é grande a produção científica que nos leva a ter a certeza de que homossexualidade não é opção de ninguém.

    Até porque só sendo muito louco pra querer sofrer sendo homossexual numa sociedade com gente que nem vocês.

    Ainda, qual é a lógica de defender a posição de Aristóteles sobre a homossexualidade e não defender também suas posições sobre a inferioridade feminina e sobre a escravidão?

    – Ah, JBC, é que a misoginia e a escravidão nós já superamos!

    Pois é o que estamos tentando fazer aqui, superar a homofobia.

    Segundo, que casamento é um instituto social, que não nada a ver com as coisas “naturais”. É um instituto que é criado e moldado pela sociedade.

    Terceiro, que atualmente não é função primordial do casamento a procriação, tanto é que conheço diversos casais que não tem filhos. Isso, mais uma vez, é uma concepção judaico-cristã que não estamos todos obrigados a aceitá-la. Tanto é que vocês, cristãos, que tanto defendem essa concepção (mesmo inconscientemente), não saem por aí obrigando todo mundo que se casa a ter filhos. Atualmente, o casamento é muito mais um instituto que serve para promover bem-estar social e financeiro para um casal.

    Em síntese:
    Se homossexualidade é natural, se casamento é uma invenção social, e se não é mais função primordial do casamento a procriação, parem com esse papinho que de gay não deve se casar porque não pode procriar.

    Façam logo que nem o Feliciano: digam que homossexualidade é pecado porque Deus quis assim!

    Abs

  23. Que Aristóteles julgasse que o Ato Puro não pode conhecer o mundo, nada interessa para o debate. O Ato Puro conhece o mundo, pois isso pode ser demonstrado racionalmente.

    Infelizmente, o JBC, não conseguindo refutar uma ideia, ataca quem a defende. Isso é uma prática FALACIOSA.

    Um conselho: use fontes primárias, não fontes secundárias ou terciárias.

    Rui

  24. Rui, deixando Aristóteles de lado, eu já disse pelo menos umas três vezes que seus conceitos aristotélicos de “essencial” ou “acidental” não tem nada a ver com o assunto, porque homossexualidade é tão natural quanto a esterilidade (quando inata). Uma pessoa pode tanto nascer uma coisa quanto a outra. E você está negando direitos a uma delas, apenas. Isso não é racional.

    Segundo, a finalidade do casamento hoje não é a mera procriação, mas é também, e talvez mais a presente, a promoção do bem-estar social e financeiro do casal. Quantas vezes vou ter que repetir isso?

    Você, assim como o Lampedusa (que correu feito gazela assustada), está saindo pela tangente e não refuta esses dois pontos básicos.

    Reafirmo que você está usando um conceito aristotélico para racionalizar sua fé.

    “Tudo o que é encontrado em outras ciências que seja contrário a qualquer verdade desta ciência [a Doutrina Sagrada], deve ser condenado como falso.” (Aquinas, T., 1952)

    Logo, tudo que corrobora sua visão é verdadeiro. Já que Aristóteles nega a racionalidade da religião, é falso! :-)

    Por fim, uso as fontes que achar necessário. Se discorda delas, procure outras que corroborem seu argumento e que refutem o meu (se puder). Ah, o livro Metafísica é fonte primária!

    Abraços

  25. Caro,

    Tomás de Aquino não considerava que a razão pudesse realmente afirmar qualquer coisa contra a fé. Ele considerava que, se você chega a uma conclusão contraditória sobre a fé, você tem rever seu raciocínio, não com argumentos da fé, mas da própria razão. O problema dessas citações, é que elas não respeitam o contexto em que a frase foi dita. Sua citação, por exemplo, não diz de que obra ela foi pinçada, embora eu julgue ter sido da “Suma Teológica”:

    http://hjg.com.ar/sumat/a/c1.html#a5

    Antes de fazer uma citação, leia todo um trecho da obra, para saber o contexto e as questões nas quais ela se insere.

    Quanto ao casamento, ele não tem outra finalidade maior se não a procriação, pois ele não é absolutamente necessário para o bem-estar financeiro do casal. Inclusive, hoje, tanto homens, quanto mulheres, são independentes financeiramente. Ele existe, para propiciar uma sociedade em que novos indivíduos são criados e educados para a sociedade maior, ou seja, ele serve ao bem comum, e não ao bem do indivíduo, somente. Claro que serve ao bem do indivíduo, mas o bem comum é mais importante do que o bem do indivíduo. O bem comum é que funda a existência do casamento, como instituição firme, perpétua, enquanto o bem individual apenas é consequência de tal fundação.

    Para você entender algo como “causa acidental” e “causa eficiente”, você deve ter alguma conhecimento de Metafísica. A Metafísica não é propriedade apenas de Aristóteles, mas discutida por todos os filósofos. Para entender um pouco de Metafísica, há bons livros na Internet, como esse abaixo:

    http://www.documentacatholicaomnia.eu/03d/sine-data,_Barros._MC,_Uma_Introducao_A_Filosofia_de_S._Tomas_de_Aquino,_PT.pdf

    Rui

  26. JBC,

    Fui reler o debate inteiro para entender se eu deixei de responder a alguma questão que você me fez. Não a encontrei. E deixe de ser estúpido e moleque e pare de ofender desnecessariamente as pessoas.

    A sua forma de debater realmente é um ‘case’. Você não responde às questões que lhe são formuladas dentro do contexto do debate, introduz questionamentos alheios ao debate (a religião em Aristóteles), exige que os outros respondam essas questões, quando alguém tem a paciência de fazè-lo, você vê que está errado e tenta fazer crer que você é que achou a resposta, etc.

    “Logo, tudo que corrobora sua visão é verdadeiro. Já que Aristóteles nega a racionalidade da religião, é falso! :-)”

    Você falou sério isso ou foi de brincadeira?

    Voltando ao debate: o que você entende por “natural”?

  27. Aliás, caro Rui, me diga uma coisa: tem mais alguém ou algum estudioso de Aristóteles que concorde com essa sua ideia de que a infertilidade é acidental e a homossexualidade é essencial ou você tirou tudo isso da sua cabecinha?

    Por que pelo que ando vendo por aqui, aqui, aqui e aqui, Aristóteles definia que a essência do ser humano era ser um animal racional dotado de vontade própria. O fato de ele ser alto, magro, gordo, baixo, estéril, homo ou heterossexual é tudo acidental e não descaracterizaria o como um ser humano. Assim sendo, esterilidade e homossexualidade são “acidentais”, não sendo racional discriminá-los.

    Estou começando a achar que você não só usou conceitos aristotélicos para racionalizar uma imposição religiosa, mas sim que você deturpou esses conceitos para justificar sua homofobia!

    Um “jênio” você, hein?!?!

  28. JBC

    Não vem ao caso, mas, apenas para você ter em mente, estudei a filosofia de Aristóteles ‘in’ Julián Marías, Zubiri, Russel, Ferrater-Mora e em Morente (que eu me lembre agora). E li ao menos duas de suas obras: “Metafísica” e “Ética a Nicômano”.

  29. JBC,

    Eu não tratei da essência humana. A essência humana é realmente ser um animal dotado de intelecto e vontade. Eu falei de finalidade natural e causalidade acidental. Procure ver, na metafísica de Aristóteles, as quatro causas, inclusive a causa final e a causa acidental.

    A reprodução é uma finalidade natural, e a infertilidade um acidente (não na contraposição com a substância, mas com a causalidade final).

    Suas ofensas pessoais a mim e ao Lampedusa não são argumentos; parecem-me mais atos de desespero.

    Rui

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