[…]
Senhores, desejais crítica? Quereis ciência? Pois em plena ciência e crítica histórica, deveis admitir a historicidade dos Evangelhos.
Em suas páginas, constituindo sua essência, depositadas estão algumas das provas apresentadas por Jesus Cristo
, fiadoras de sua missão e de sua Pessoa.
Muitos de vós negais os fatos que não se enquadram nas vossas idéias e nas vossas tendências afetivas! E ainda alardeais ciência…
Senhores! Isto não é sério, nem sincero. É algo espantoso.
* * *
Todo crítico especialista nesta matéria admite as obras de Heródoto
e de Tucídides
. Pois bem, senhores[,] quem mencionou Heródoto
pela primeira vez, e cem anos após sua morte, foi Aristóteles
. E o primeiro a reconhecer como autênticas as obras de Tucídides
foi Cícero
, trezentos anos depois do seu desaparecimento.
Considera-se suficiente para que o crítico, exibindo erudição[,] admita Heródoto
e Tucídides
como autores de tais e tais obras, o simples depoimento de testemunhas que viveram de cem a trezentos anos posteriormente à sua morte.
Senhores, é de grande proveito observar que aqueles que, nos Evangelhos, fogem da luz, são os mesmos que admitem, sem a menor hesitação, a vida e a doutrina de Buda
. Mas o livro Lalita Vistara, que contém a história de Buda
, é reconhecido, de olhos fechados, por todos os críticos, como do Século I antes de Cristo
, isto é, redigido pelo menos três séculos após a morte de Buda
.
A questão, senhores, não é de ciência, mas de fobia.
Disse-o expressamente Strauss
: Não querem admitir os Evangelhos, não porque haja razões para isto, mas para não admitir as conseqüências morais dos mesmos.
Mais – confessa terminantemente Zeller
: ainda que tivessem a prova máxima de Jesus Cristo
, corroborada por argumentos de maior força e mais valor, jamais acreditariam nele.
Foi o que aconteceu com os judeus e se passa com os incrédulos de hoje.
E este é o enorme pecado contra o Espírito Santo, do qual o grande perdoador Jesus Cristo
Nosso Senhor diz que “não haverá perdão para quem blasfemar contra o Espírito Santo”.
É o pecado de desprezar e caluniar as obras manifestas de Deus.
Isto[,] como se vê, não tem perdão, não porque o pecador, arrependido, não possa obtê-lo, pois Deus perdoa a quem se arrepende, mas sim porque os que procedem dessa forma fecham para si próprios, da maneira mais absoluta, o caminho da conversão.
Ah! que dó sentiu Jesus Cristo
dessa gente! Ele, que propiciou as máximas garantias em prol da verdade! Quanta pena lhe causou essa conduta!
Com que dor de coração exclamou Jesus Cristo
diante desse tristíssimo proceder: “Se eu não tivesse vindo e não lhes houvesse falado, não teriam culpa, mas agora não têm desculpa do seu pecado… Se eu não houvesse feito entre eles tais obras, como nenhum outro as fez, não teriam culpa, mas agora viram-nas e, contudo, aborreceram-me a mim, e não só a mim, mas também a meu Pai” (cf. Jo XV, 22-24).
“Lux venit in mundum”. A luz veio ao mundo…
Bem nítido está no Evangelho tudo quanto se refere à pessoa de Jesus Cristo
e a suas obras.
Mas “amaram os homens mais as trevas do que a luz”…
José Antonio de Laburu, S.J.
Jesus Cristo é Deus? – Conferências sobre a divindade de Jesus Cristo
Edições Loyola, São Paulo, 1966
pp.72-74
Não sei se caiu no sábado. Não parece ter sido.
Só sei que em João, Jesus foi crucificado na preparação para a Páscoa (um dia antes), enquanto que nos demais, ele foi crucificado no dia da Páscoa.
Segundo o que eu havia dito, João atrasou um dia na crucificação de Jesus para afirmar sua visão teológica de que ele foi morto no dia da preparação da Páscoa, o dia em que os cordeiros são abatidos, para dizer que ele é “o cordeiro que tira os pecados do mundo”. Apenas João afirma isso em seu evangelho.
O meu comentário completo está aqui.
Abraços
JBC
Entendi o seu ponto, apesar de não atinar com a relevância que você lhe dá.
Apenas para constar, o texto de Jo 19,31 que você trouxe diz “for THAT Sabbath was a high day” e não que o “THE Sabbath is a high day” que seria mais apropriado para a sua interpretação. E, por curiosidade, fui ver a tradução das Bíblias que tenho em casa e traduzem assim o trecho:
“Como era a Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz durante o Sábado – porque ESSE Sábado era grande dia – (…)” Bíblia de Jerusalém
“(…) pois era um grande dia AQUELE Sábado, (…)” Bíblia de Navarra
Isso é muito simples: João não está computando os dias como os judeus, mas como os romanos, por isso, ele chama “um dia antes da Páscoa” ao dia em que para os judeus já havia começado a Páscoa (o dia para os judeus começava às vésperas do dia anterior e não ao raiar do dia).
Aqui neste link, há toda explicação para as discordâncias entre os sinóticos e o Evangelho de S. João concernente à data da Última Ceia:
http://www.newadvent.org/cathen/14341a.htm
O primeiro dia dos ázimos é 14 de nissan, véspera de Páscoa, pois desde a tarde do dia 14, é proibido aos judeus ter fermento em casa:
“No primeiro mês, aos catorze dias do mês, à tarde, comereis pães ázimos até vinte e um do mês à tarde.” (Êxodo 12:18)
Era também na véspera da Páscoa (por volta das 15h) que se efetuavam os sacrifícios e que os discípulos prepararam a Páscoa, que foi comida por Jesus e seus discípulos na naquela noite (15 de nissan). Para S. João, contudo, que escreveu para os romanos, aquele dia era antes da festa de Páscoa, pois considerava o raiar do dia como sendo sendo a distinção natural dos dias, como os romanos. Assim sempre entenderam os cristãos. Ninguém pense que descobriu a pólvora, pois a aparente contradição é conhecidíssima da Igreja desde que a mesma travou contato com o Evangelho.
Com respeito a João chamar o dia da crucificação de “parasceve pascal”, a Enciclopédia Católica diz muito bem que essa expressão não significa necessariamente que seria uma “preparação para a Páscoa”, mas podendo ser uma “preparação [para o Shabat] dentro da Páscoa”, daí o nome de pascal. Parasceve era a designação comum para toda a sexta-feira. Logo, quando João diz “parasceve pascal”, seria o mesmo que estivesse dizendo “sexta-feira pascal”.
Rui
Lampedusa,
O fato das Bíblias citarem a expressão AQUELE (era um grande dia) se refere ao sábado da Páscoa, que para os judeus era um sábado especial. A própria fonte que vocês gostam diz isso: http://www.newadvent.org/cathen/11512b.htm.
Mas só pra fechar: a expressão grega é sabbatō sabbatou megalē, como você citou. Ela não trás a preposição “aquele”.
A relevância que eu dou é a justificativa para a visão teológica de que Jesus é “o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. Por isso João atrasou um dia na narrativa da Paixão – para botar Jesus sendo crucificado no dia que em os cordeiros eram sacrificados no Templo.
Rui,
Mesmo que João estivesse contando os dias pela contagem romana, ainda sim a preparação para a Páscoa (19:14) seria um dia antes da Páscoa. Ainda sim, isso entraria em conflito com os demais apóstolos, que relatam que Jesus foi crucificado no dia da Páscoa.
Não são os romanos que contam os dias assim, são os judeus. Para os romanos o dia finda à meia noite.
Abraços a todos.
Mas, por que João precisaria fazer isso se essa visão de Cristo como Páscoa imolada já estava presente entre os cristãos? São Paulo já apresentava essa visão, por exemplo em I Corintios 5, 7: “Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento. Pois nossa Páscoa, Cristo, foi imolada”
De duas uma, ou São Paulo concorda com a datação de São João ou essa coincidência de datas não é relevante para essa visão teológica de Cristo como Cordeiro ou Páscoa imolada.
JBC,
Acho que você entendeu errado o que a New Advent (ou pode ter sido eu) fala do Sábado, pois ela diz:
“The Saturday preceding the day of the Pasch (fifteenth) is called a “Great Sabbath”,
Ou seja, se o Sábado Santo fosse o “great Sabbath” , a Páscoa teria de ser após o sábado.
Sim, Lampedusa, é fato que Paulo já relacionava Jesus ao Cordeiro da Páscoa que foi sacrificado. O curioso é que Paulo não esteve na Última Ceia e posteriormente teria tido contato com João em Jerusalém. Agora não dá pra dizer se Paulo concorda com a data da Paixão de Jesus.
No máximo, dá pra dizer que ele pode ter influenciado a teologia de João de que Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.
A questão do Grande Sábado (Great Sabbath) parece residir no seguinte problema: ele é um dia antes da Páscoa, porque para o calendário judeu, ele vem antes do Domingo de Páscoa. Para eles, a sexta-feira é chamada de Boa Sexta (Good Friday). Ele simboliza o último dia da Semana Santa.
Observe que a Boa Sexta é um dia cristão que coincide com a “Passover” judaica.
Agora faz sentido?
Abraços!
JBC,
A preparação para a Páscoa é a segunda tarde do dia 14 de nissan (das 15h às 18h). A Páscoa começa neste mesmo dia às 18h., pois, entra o dia 15 de nissan (os judeus contam o dia a partir do crepúsculo).
E eu disse que João estava contando os dias como os romanos, pois ele contou o dia a partir da meia-noite (tanto faz o ser a partir da meia-noite ou do nascer do sol), pois considerou a quinta-feira inteira (incluindo a manhã e tarde do dia 14 de nissan e a noite do dia 15 de nissan). Por isso, João chama “um dia antes da Páscoa” ao dia que, efetivamente, começava a Páscoa (a partir das 18h.).
Com respeito a João 19,14, creio que você não leu o meu comentário anterior. A expressão usada ali e que você traduz como “preparação para a páscoa” é “paraskeue tou paskha”. Leia o meu comentário anterior sobre isso:
“Com respeito a João chamar o dia da crucificação de “parasceve pascal”, a Enciclopédia Católica diz muito bem que essa expressão não significa necessariamente que seria uma “preparação para a Páscoa”, mas podendo ser uma “preparação [para o Shabat] dentro da Páscoa”, daí o nome de pascal. Parasceve era a designação comum para toda a sexta-feira. Logo, quando João diz “parasceve pascal”, seria o mesmo que estivesse dizendo “sexta-feira pascal”.”
Leia também o link que indiquei, da Enciclopédia Católica, pois lá há a resposta para outras dificuldades de conciliação entre os evangelistas.
Rui
Para que não haja confusão com as opiniões de outros foristas católicos. O que eu advogo é o seguinte:
Cristo morreu no dia de Páscoa, sexta-feira à tarde, por volta das 15h, dia que os judeus denominam 15 de nissan. Este entendimento é mais de acordo com o ensino católico que se baseia na refeição feita por Cristo e seus Apóstolos para impor a disciplina dos pães ázimos usados na Eucaristia no rito latino.
O Grande Sábado era solene porque era o sábado dentro do período de Páscoa.
Rui, eu já entendi perfeitamente o seu ponto de vista e o da referência católica que você postou. Porém, mesmo que a expressão “pascha”, em grego, ou “pascal”, em latim, se refira ao festival conhecido como “Passover” judaico, que é diferente do “domingo de páscoa”, ao invés de se referir ao cordeiro pascal, como em Lucas 22:11, Marcos 14:12, Mateus 26:17 e João 18:28, ele deveria se referir ao dia antes do início do festival, que começa no 15º dia do Nisan.
Ou seja, mesmo que esse dia tivesse coincidido com um sábado, o que é possível, ainda há um conflito evidente, pois todos os apóstolos dizem que Jesus comeu a Páscoa (pasch – conforme os links acima) e João nada diz sobre isso.
Isso mesmo, João não diz que Jesus comeu o cordeiro pascal (paschal lamb)! Em João, não há sequer menção à Ceia Pascal (Paschal Supper). Ele apenas diz que houve a Última Ceia, que aliás foi bem diferente da dos demais, pois na Ceia de João, Jesus lava os pés dos apóstolos. Os demais apóstolos não só concordam que Jesus comeu o cordeiro pascal como que ele foi crucificado no dia seguinte (que para os judeus ainda era o mesmo dia).
Com tudo isso eu não considero que seja impossível conciliar João com os demais apóstolos. E essa é uma boa explicação para sua visão teológica.
Abraços a todos.
Retificando:
Não considero que seja possível conciliar João com os demais apóstolos.
Na verdade, nenhum evangelista cita nenhum cordeiro pascal na Última Ceia!
O que os sinóticos falam é na preparação para a πάσχα que, como já explicado, pode perfeitamente se referir à Páscoa cristã. Nenhum registro em lugar nenhum dos Evangelhos permite concluir a existência de um cordeiro diferente do próprio Cordeiro de Deus naquela noite.
E como nenhum evangelista cita cordeiro algum, se quisermos admitir que Cristo comeu o cordeiro pascal de acordo com S. Marcos mesmo S. Marcos não falando absolutamente nada sobre um cordeiro pascal, podemos pela mesmíssima razão admitir que Cristo comeu o cordeiro pascal de acordo com S. João, que igualmente não o cita.
– JF
Não sei se você leu direito, mas esse link (ver o item 2 Thayer’s Greek Lexicon) que eu havia postado acima mostra que sim, eles citam expressamente o cordeiro pascal. Os links específicos dos evangelistas também estão lá.
Abraços.
Basta ver que toda vez que aparece a expressão πασχα (pascha) – em Lucas 22:7, 11, Marcos 14:12, Mateus 26:17 e João 18:28 – que pode significar o dia da Passover, o festival, a ceia ou o cordeiro, ela vem junto com a expressão φαγης (phago), que significa “comer”. Comer a Páscoa significa comer o cordeiro da Páscoa.
Apenas observe que neste último, João 18:28, ele fala dos judeus e não de Jesus.
Abraços.
Na verdade, este link diz que πάσχα significa «the feast of Passover». Somente como um segundo significado (aliás obviamente metonímico) é que se pode tomar o termo pelo cordeiro pascal que os judeus comiam na Pessach. Como, para os cristãos, a πάσχα verdadeira sempre foi o próprio Cristo, não há absolutamente nada que permita concluir que os evangelistas estavam se referindo ao cordeiro judaico.
Assim, a expressão «comer a πάσχα» refere-se certamente à celebração da Última Ceia, que os quatro evangelistas narram e onde Cristo e os Apóstolos podem ter comido ou não um cordeiro (em hebraico, seh, em grego, ἀμνὸς ou πρόβατον) que em ponto algum dos Evangelhos é citado.
-JF
Exatamente. E para os cristãos o cordeiro da Páscoa é Cristo, como já explicado à exaustão de citações (e como aliás é matéria de catecismo básico).
Como o cordeiro judaico (o ἀμνὸς ou πρόβατον) não é citado em nenhuma das quatro narrativas da Ceia, é possível tanto que Cristo o tenha comido e nenhum evangelista tenha julgado relevante registrar quanto que Ele não o tenha e, justamente por isso, não foi registrado. Em qualquer dos casos, a conciliação entre as quatro narrativas é evidente.
– JF
Não senhor! As referências à expressão πασχα (pascha) ser a Ceia da Páscoa estão nas passagens em Mateus 26:19, Marcos 14:16 e Lucas 22:8, segundo o link. Essas são diferentes das passagens onde é citado o cordeiro da Páscoa (Lucas 22:7, 11, Marcos 14:12, Mateus 26:17 e João 18:28).
E o link diz EXPRESSAMENTE que πασχα significa “the feast of Passover, the Passover supper or lamb“, em qualquer das definições. Basta entrar lá e ler. Está bem claro!
Isso faz algum sentido?! Por exemplo, em Lucas 22:11 é dito que “And you shall say to the owner of the house, ‘The Teacher says to you, “Where is the guest room in which I may eat the Passover with My disciples?” pelo próprio Jesus. Ele então estaria dizendo “onde fica o quarto em que poderei comer (o cordeiro da) a Páscoa com meus discípulos” significa que o cordeiro ali é ele mesmo? É sério isso???.
E sim, Jesus é o “cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”, não tenho dúvidas dessa visão teológica de João..
Cara, na boa, não adianta advogar aqui. Está bem claro pra qualquer um ver. Os discípulos citam o cordeiro da Páscoa, menos João.
Abraços.
Bom, é a mesmíssima palavra em todas as passagens citadas.
Exatamente. E, nos dicionários, quando há dois significados obviamente não-sinonímicos, é porque a palavra pode ter um sentido ou o outro.
É evidente que πασχα não significa “cordeiro”. Cordeiro, em grego, se diz ἀμνὸς ou πρόβατον. πασχα é a festa, e por metonímia o cordeiro que era comido na festa.
Os parênteses ficam por sua conta. Cristo estava dizendo “comer a Páscoa”, que significa simplesmente “celebrar a Páscoa”. Esta celebração pode ter ou não contado com um cordeiro (um ἀμνὸς), é irrelevante. O que interessa é que se trata de uma celebração particularíssima, evidentemente distinta da Páscoa Judaica, quando menos porque nesta última não há a consagração do Pão e do Vinho (que aí são os sinóticos que narram, e não São João).
Sim, bem-vindo ao catecismo das crianças. Cristo é o Cordeiro de Deus, e na Última Ceia Ele Se deu como alimento aos Apóstolos na Eucaristia, e isto é narrado com todas as letras nos sinóticos: «tomai e comei, isto é o Meu Corpo que será entregue por vós». O que tu estás chamando de “visão teológica de [São] João” está explícito nos outros Evangelhos, onde a Ceia é celebrada com Cristo entregando o Seu próprio Corpo para ser comido pelos Apóstolos. O paralelo com o ἀμνὸς pascal seria evidente mesmo que não existisse um Evangelho de São João.
Como já mostrado, o ἀμνὸς ou πρόβατον não é citado por nenhum dos quatro evangelistas. Portanto, Cristo tanto o pode ter comido como não: nem os sinóticos o afirmam e nem o Evangelho de São João o nega, donde fica patente que não há nenhuma dificuldade em conciliar as duas narrativas.
– JF
Bom, não vale a pena ficarmos discutindo isso.
Lampedusa e Rui são suficientemente inteligentes para acharem o que lhes parecer mais sensato.
O Lampedusa quis saber os meus motivos para a controvérsia e eu os reafirmo aqui: João atrasou um dia em sua narrativa para afirmar sua visão teológica. Os demais evangelistas citam que Jesus comeu a Páscoa, ou seja, o cordeiro da Páscoa, no dia da Páscoa. Segundo estudiosos do idioma grego, πάσχα ou pascha pode significar tanto Páscoa, quanto Ceia da Páscoa ou cordeiro da Páscoa. Isso tá no link. Só que nas passagens em Lucas 22:7, 11, Marcos 14:12, Mateus 26:17 e João 18:28 essa expressão aparece junto com φαγης, ou phago, que significa “comer”. Assim, esses mesmos estudiosos afirmam que nessas passagens está escrito que Jesus comeu o cordeiro da Páscoa.
Assim, João não diz nada sobre isso (comer a Páscoa) e ainda diz que Jesus foi crucificado na preparação da Páscoa. Se essa Páscoa se referia ao dia da Passover judaica ou ao do dia de início do festival, tanto faz, são a mesma coisa e tudo dá a entender que foi um dia antes dos demais. O que não faz sentido é achar que essa Páscoa é o domingo de Páscoa cristão, pois não há elementos que indiquem tal proposição.
Na minha opinião, tentar explicar teologicamente essa disparidade leva a conjecturas que não tem suporte nas escrituras do NT, em grego.
Abraços a todos.
Bom, se eu não perdi nada aqui, as hipóteses são a de que a Páscoa foi na Sexta em que Cristo foi crucificado ou no Sábado (dia seguinte à Crucificação). Em qualquer dos casos, foi apresentado um sem-número de hipóteses que permitem harmonizar as passagens aparentemente conflitantes.
E insisto no fato de que o primeiro (e até agora único) a «tentar explicar teologicamente» os fatos neo-testamentários foi o próprio JBC.
-JF
Admiro o Pe. José Antonio de Laburu. Tenho por ele muito carinho e estima por ser este grande homem de Deus, ou melhor enviado de Deus. Escreve coisas estupendas sobre Jesus verdades absolutas e duras.
Achei maravilhoso o livro Jesus Cristo é Deus e as citações sobre o aparecimento dele na história, mas não verifiquei nenhum comentário sobre o seu nascimento de uma Virgem, profetizado por Isaías e confirmado pelos Evangelhos, de modo especial o de São Lucas.
Será que existe uma conferência do Revmo. Pe. Laburu sobre o tema, tão importante?
Aguardo uma resposta.
Atenciosamente,
Katia