Uma seqüência de três posts do Rorate Caeli (aqui, aqui e aqui), aos quais desgraçadamente o Fratres in Unum fez eco do lado de cá do Equador (aqui), colocou recentemente o mundo católico em polvorosa. O motivo é que o Papa Francisco encontrou-se com um grupo de representantes da CLAR (Confederação Latino-americana e Caribenha de Religiosas e Religiosos) e, neste encontro, teria feito algumas declarações inusuais. O encontro é fato, mas as declarações são fofoca pura no sentido mais depreciativo da expressão. No entanto, como elas ganharam enorme repercussão (saindo até nas páginas da mídia secular, como o El Mundo), pode ser proveitoso analisá-las um pouco.
De todas as coisas que podem ser concluídas a partir da leitura do texto, a mais evidente é a sua inverossimilhança tanto maior quanto mais filo-modernistas são as palavras que a CLAR põe nos lábios do Papa Francisco. O apogeu deste delírio se encontra aqui (na tradução do Fratres):
Partilho com vocês duas preocupações. Uma é a corrente pelagiana que existe na Igreja neste momento. Há alguns grupos restauracionistas. Conheço alguns; coube a mim recebê-los em Buenos Aires. E nos sentimos como se tivéssemos voltado 60 anos atrás! Antes do Concílio… Sentimo-nos em 1940… Um relato, só para ilustrar esse grupo, não é para que riam disso, eu tive respeito, mas preocupa-me; quando eu fui eleito, recebi uma carta de um desses grupos, e eles disseram: “Sua Santidade, nós lhe oferecemos este tesouro espiritual: 3.525 rosários.” Por que eles não dizem: “nós rezamos pelo senhor, pedimos…”? Mas essa coisa de contar… E esses grupos voltam a práticas e disciplinas que eu experimentei – não vocês, porque vocês não são velhos – a disciplinas, a coisas que naquele momento aconteceram, mas não agora, elas não existem hoje em dia…
Que o Papa não tenha nenhuma predileção especial pelas disciplinas católicas pré-conciliares é uma coisa que me parece bastante evidente. No entanto, que ele fosse capaz de zombar das orações que fiéis lhe entregaram, é um absurdo sem nenhum cabimento. Não é plausível – absolutamente! – que o Papa tenha pronunciado essas palavras, por pelo menos quatro razões.
Primeiro, porque o hábito de contabilizar rosários (e missas, e comunhões, etc.) não é uma prática da década de 40. Chama-se “ramalhete espiritual” e nunca deixou de ser praticada, ao menos esporadicamente, pela totalidade do mundo católico sério. Por ocasião do conclave que elegeu o Papa Francisco foi criado um site especificamente para este fim, cujos resultados foram depois entregues aos cardeais em Roma: naquele momento, eram «37450 Missas, 121434 Pai Nossos, 661646 Ave Marias, 41038 Angelus, 41988 Terços, 13853 Vias Sacras, 20130 Adorações (horas), 17843 Jejuns (dias) e 29401 Sacrifícios». Ainda: que me conste, o Apostolado da Oração (que não tem nada de “grupo restauracionista”!) sempre teve a prática de produzir ramalhetes espirituais, e não é crível que o Arcebispo de Buenos Aires pudesse desconhecer este fato. O mais provável, certamente, é que a parte podre da vida religiosa, a cúpula da CLAR que se encontrou com o Papa, por não rezar e por estar acostumada a tratar com desdém aquelas velhinhas de fitas vermelhas, desconheça o fato de que o costume não é apanágio do mundo tradicionalista.
Segundo, porque o Papa já falou de “pelagianismo” antes, e o alvo da crítica pontifícia era exatamente o oposto do excesso de orações: era a falta delas! De fato, assim se expressou o Papa Francisco: «os cursos de auto-ajuda na vida podem ser úteis, mas viver a nossa vida sacerdotal passando de um curso ao outro, de método em método leva a tornar-se pelagianos, faz-nos minimizar o poder da graça». Estas palavras estão no site do Vaticano e, portanto, nós temos certeza de que o Papa as disse; já as da CLAR…
Terceiro, porque imaginar que o Papa – e justo o Papa Francisco! – pudesse exercer a maledicência diante uma comitiva oficial é mais do que inverossímil: é ultrajante à pessoa do Santo Padre, injurioso, inadmissível e não pode ser tomado a sério por ninguém. Como disse um amigo, tem toda a cara de ser intriga TL, que lamentavelmente o mundo tradicionalista recebe de braços abertos e divulga alegremente como se fosse a coisa mais fidedigna do mundo. Mais uma vez, estas supostas palavras do Papa Francisco estão em franca oposição às suas palavras reconhecidamente autênticas: há não muito tempo, ele disse com todas as letras que «as fofocas destroem a Igreja»! Acusá-lo de fazer em privado aquilo que ele condena em público é tremendamente ofensivo, e semelhante insinuação não deveria ser aceita por ninguém sem que fossem apresentadas provas bastante sólidas a seu favor. E o relato oficioso de uma comitiva da CLAR não atende aos critérios mínimos de confiabilidade exigidos para pôr em dúvida o caráter do Papa Francisco.
Quarto, porque quando a coisa começou a feder a presidência da CLAR veio a público dizer que não era bem assim: lamentou a divulgação do texto e acrescentou, como se fosse uma banalidade, que «não se pode atribuir ao Santo Padre, com segurança, as expressões singulares contidas no texto, mas apenas o seu sentido geral».
“Apenas o seu sentido geral”, certo. Esta declaração camaleônica pode significar qualquer coisa. Ela, no entanto, nos dá autorização para rejeitar, e com veemência, que o Papa possa ter menosprezado a piedade tradicional de tantos católicos que rezam por ele. Dá-nos autorização para descartar esta intriga que um grupelho da Teologia da Libertação parece empenhado (com a inacreditável ajuda da mídia tradicionalista!) em provocar. Entre a TL e o Papa Francisco, parece-me óbvio que todo homem de bem tem o dever moral de se colocar ao lado deste último.
E no sentido geral, será que é possível interpretar corretamente estas declarações? Será que se pode criticar esta prática tradicional de alguma maneira? Sim, por certo, e fazer esta meditação é sem dúvidas proveitoso para quem tem o costume de confeccionar ramalhetes espirituais. Para tanto, remeto à leitura deste post, do qual traduzo (rápida e livremente) apenas o finalzinho:
A oração não muda Deus, ela muda a nós. Todas as nossas orações vocais, por mais que remontem às grandes tradições da Igreja, precisam desta espécie de substrato [hinterland] se nós não quisermos moldá-las, involuntariamente, às nossas próprias paixões.
E é a isto que eu penso que o Papa se referiu quando falou de Pelagianismo no contexto de contar rosários. (…) Se a oração é um sistema preconcebido e humanamente controlável – com as numerosas parafernálias das ações racionais -, então em que medida ela pode ser uma relação com Deus, uma união de corações e mentes? Não há máquinas de rezar, como não há máquinas de amar. Estas coisas não funcionam desta maneira.
Esta reflexão, sim, este sentido geral, é razoável imaginar que o Papa Francisco possa ter feito. O tom de deboche que a CLAR empregou (certamente para indispôr bons católicos para com o Vigário de Cristo, criando atritos desnecessários dentro da Igreja de Deus), este não. Decerto não vem do Papa, e sim do ranço estrebuchante de uma teologia moribunda que, contra tudo o que esperava, está vendo no Papa Francisco o coveiro destinado pela Providência a lançar a última pá de cal sobre o seu caixão.
Last but not least, não deixem de ver a foto (ao que parece, oficial) do encontro. Notem duas coisas. Primeiro, a total falta de respeito dos membros desta comitiva, apresentando-se à paisana diante do Vigário de Cristo: sem uma legenda na foto ninguém diria que se trata de superiores religiosos. Segundo, a cara do Papa Francisco, o novo Papa-Sorriso, que ainda outro dia afirmou que «o cristão jamais é triste». Vejam o terrível efeito que a CLAR conseguiu provocar no Bispo de Roma.
Rezemos pelo Papa, porque ele precisa desesperadamente de nossas orações. Rezemos com amor e confiança, com submissão filial ao Vigário de Cristo, sem nos deixarmos perturbar com o que dizem inimigos declarados da Igreja Católica. Rezemos à Santíssima Virgem, a quem o Papa tem tão especial devoção, para que Ela o ilumine sempre no governo da Igreja e não o entregue jamais nas mãos dos seus inimigos. Mesmo dos que o visitam em comitivas oficiais. Mesmo dos que dão crédito a fofocas.
“O grande mal dos tradicionalistas é a mesma dos protestantes: a soberba de serem considerados salvos.”
Fábio, mostre provas de que os católicos tradicionais dizem que já estão salvos.
Fábio,
Ótimo comentário. O que deve ficar claro também para as pessoas que veem esses cruzados do teclado e da crítica é que os adeptos do Sedevacantismo estão excomungados automaticamente.
O Jorge Ferraz chama o Sandro de pessoa com “problemas de consciência” em relação aos “Papas conciliares”. O fato é que esta criatura defende o Sedevacantismo em algum nível. Mas a excomunhão para quem já desprezou totalmente a realidade do Papa é automática:
http://cumexapostolatusofficio.blogspot.com.br/2009/09/sedevacantismo-uma-posicao-defensavel.html
O Papa Bento cogitou um acordo com a Fraternidade S. Pio X, mas esse acordo não aconteceu. No Brasil, o Mosteiro da Santa Cruz é ligado à FSSPX. Estes aceitam que há um Papa, mas não aceitam o CVII e a Missa Nova. Como não estão em plena comunhão com a Igreja, seus padres não têm autorização para serem testemunhos oficiais em casamentos, realizarem confissões ou celebrarem Missas. As Missas são válidas, mas ilícitas. Os casamentos e confissões são, além de ilícitos, nulos. Significa que os pobres coitados não podem estar livres de pecados mortais e, se tiverem casado dentro do grupo da FSSPX, vivem em fornicação com suas supostas esposas.
Um bom católico não deve nem mesmo assistir ou comungar em um Missa celebrada por um padre da FSSPX.
Para que a FSSPX faça as pazes com a Igreja Católica, deve se submeter ao Bispo Dom Rifan, da Administração Pessoal Apostólica São João Maria Vianney, que desde alguns anos comunga com a Igreja, aceitando o CVII e a Missa Nova e têm autorização para celebrar no Rito Extraordinário desde antes do Moto Proprium. Isso seria uma humilhação porque muitos que são bispos na FSSPX deixariam de ser, tornando-se novamente simples padres que teriam de obedecer D. Rifan.
O grupo de D. Castro Mayer humilhou-se diante de Roma e obteve seu perdão e sua rica Misericórdia. A Igreja é mãe. Mas essas pessoas da FSSPX mostram-se teimosas e levam muitas ao inferno junto com elas. Não querem se submeter a nenhuma autoridade. Estão cegas com sua própria “luz”. Acham que são os restauradores da Igreja. São toscos e dignos de muita pena.
Esse pobre coitado Rodrigo Maria Antônio da Silva é um sinal de que nessa seita nunca obteve respostas para seus problemas que explodiram a ponto de hoje ter um blog asqueroso onde xinga o próprio Deus e vive uma adolescência doente e tardia comum a pessoas cheias de “problemas de consciência”.
Emanuelle, os milhões de católicos que abandonaram a Madre Igreja depois do Vaticano II é um sinal de que nessa seita conciliar nunca deu respostas para os problemas e apostasias ocasionadas que explodiram a ponto de hoje ter milhões de católicos atacando e xingando a Santa Igreja.
Renato, salve Maria.
Você é solteiro?
Abraços,
Sandro de Pontes
Sandro, não sou solteiro. Mas por que a pergunta?
Prezado Renato, salve Maria
Tem uma amiga minha que está desesperadamente precisando de um bom marido!!! Na verdade, ela anda meio estressada por conta da situação, e durante algumas de suas alucinações ela age como papisa da igreja conciliar, excomungando os discordantes.
Na verdade, ela não precisa de argumentos teológicos, os quais parece não levar nada em consideração: o que ela precisa mesmo é de muito amor e carinho!!!!
Então, como sei que você é um bom rapaz, iria apresentá-la a você: quem sabe não rolaria?
Abração,
Sandro de Pontes
Salve Maria
KKKKKKK
Essa foi boa Sandro!
O amigo do Rodrigo Maria Antônio Silva (SEXO LIVRE) fica perguntando a homens que escrevem no blog do Jorge Ferraz se são solteiros….
Sandro Periguete, o esquisitão.
Emanuelle, o Sandro perguntou isso só para mim por ironia: Eu que não tinha percebido que ele estava brincando.
Agora pior é a seita conciliar do Vaticano II que está abarrotada de homossexuais dentro dos seus seminários, o que está ocasionando os escândalos de pedofilia dentro da Santa Igreja.
Prezado Renato, salve Maria.
Estou cada vez mais preocupado: agora, além de papisa excomungadora minha amiga age exatamente como os promotores do movimento GLS, crendo que todos os discordantes são homossexuais, o que me leva a fazer alguns questionamentos.
Diz um filósofo que nós sempre enxergamos nos outros aquilo que nós somos…hum, lembrei-me daquela marchinha de carnaval: será que ela é, será que ela é…????
Canta comigo, grande Renato: será que ela é, será que ela é????
Bom, saia ela não usa, o que não é nada bom, isso é algo que você precisará remediar. Porém, como lhe disse, não poderá usar argumentos, pois estes ela os despreza, talvez por não os compreender. Você terá mesmo que utilizar muito amor e carinho, que ela está louca para dar e receber!!!!
Finalizando, para sanarmos na raiz todas estas dúvidas que nos afligem, nada como um bom partido como você. Então, posso lhe apresentar essa minha amiga confusa? O que acha? No fundo, é uma boa moça, creia-me!!!!
Aguardo ansiosamente pela vossa resposta,
Sandro de Pontes
Prezado Renato, salve Maria.
Pode parecer incrível, mas eu não estou brincando não: esta minha amiga realmente precisa de alguém, isso é verdadeiro, e ela sabe bem disso, em seu íntimo!!!!
Assim, a pergunta é séria: posso lhe apresentar para ela?
Sempre cordialmente,
Sandro de Pontes
Salve Maria
Sandro, já sou comprometido. Podemos ver se aqui entre os comentaristas existe alguém que possa se candidatar.
Emanuelle é tão espertinha que ela para atacar os sedevacantistas só consegue dar um único (mau) exemplo daqueles que traíram Cristo (Rodrigo) para tentar provar que o sedevacantismo é contra Madre Igreja. Rodrigo ainda tem a oportunidade de se arrepender. Eu rezo para que ele faça isso para o bem da alma dele.
Enquanto isso qualquer católico bem intencionado (sendo sedevacantista ou não) pode provar com vários e vários exemplos como a seita conciliar do Vaticano II levou para o sexo live (palavras de Emanuelle) e para a apostasia milhões de católicos em todo o mundo.
Prezado Renato, salve Maria
Fico feliz pelo fato de você ser comprometido: que Deus o una santamente em matrimônio.
Vou continuar pensando uma forma de ajudar minha amiga!!!
Abração,
Sandro de Pontes
Senhores, já deu essa brincadeira.
Ulteriores comentários que não sejam estritamente impessoais e sobre o assunto irão pro lixo.
Isso se estende às referências depreciativas à Santa Igreja de Deus.
-JF
[LIXO]
“…que Ela o ilumine sempre no governo da Igreja e não o entregue jamais nas mãos dos seus inimigos. Mesmo dos que o visitam em comitivas oficiais. Mesmo dos que dão crédito a fofocas.” PRINCIPALMENTE ESTES!!!