[Reproduzo o belo comentário de Tertuliano (+ 220) com o qual o pessoal do Evangelho Quotidiano nos brindou hoje. Mostra que todos os Sacramentos foram instituídos por Cristo e sempre foram tratados com dignidade e reverência dentro da Igreja de Deus. É comum ouvirmos acusações de que “antigamente” a Igreja tinha repulsa ao sexo, o casamento era um mal tolerado, a vida conjugal era a vergonhosa saída para os que não tinham a têmpera necessária para abraçar a vida religiosa, etc.; contra estas bobagens, que se levante o testemunho do Padre de Cartago: louvando – entre fins do século II e início do III – as excelências do Matrimônio cristão.
Fonte: EAQ, 14 de junho de 2013]
Comentário do dia
Tertuliano (c. 155-c. 220), teólogo
À esposa, II, 9
Onde dois estiverem reunidos, Cristo estará presente
Onde encontrar palavras para exprimir toda a excelência e felicidade do matrimónio cristão? A Igreja redige o contrato, a oferta eucarística confirma-o, a bênção coloca-lhe o selo, os anjos que são dele testemunha registam-no, e o Pai dos céus ratifica-o. Que aliança doce e santa a de dois fiéis que carregam o mesmo jugo (cf Mt 11,29), reunidos na mesma esperança, no mesmo desejo, na mesma disciplina, no mesmo serviço! Ambos são filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor […], formando uma só carne (cf Mt 19,5), um só espírito. Oram juntos, adoram juntos, jejuam juntos, ensinam-se um ao outro, encorajam-se um ao outro, apoiam-se um ao outro.
Encontramo-los juntos na igreja, juntos no banquete divino. Partilham por igual a pobreza e a abundância, as perseguições e as consolações. Não há segredos entre eles, nenhuma falsidade: confiança inviolável, solicitude recíproca, nenhum motivo de tristeza. Não têm de se esconder um do outro para visitar os doentes, para dar assistência aos indigentes; a sua esmola não é motivo de disputa, os seus sacrifícios não conhecem escrúpulos, a observância dos seus deveres quotidianos é sem entraves. Entre eles não há sinais da cruz furtivos, nem saudações inquietas, nem acções de graças mudas. Da sua boca, livre como o seu coração, elevam-se hinos e cânticos; a sua única rivalidade é a de ver quem celebra melhor os louvores do Senhor. Cristo alegra-Se com tal união; a tais esposos Ele envia a sua paz. «Onde dois estiverem reunidos», Ele também está presente (cf Mt 18,20); e onde Ele está presente, o inimigo da nossa salvação não tem lugar.
Magnífico!O sentido verdadeiro do matrimônio.
Também achei um dos mais belos textos que já li sobre o matrimônio!