As dimensões da JMJ

“Eu nunca vi tanto gringo no Rio de Janeiro”, dizia-me um amigo já na semana anterior à Jornada Mundial da Juventude. E a mesma coisa me foi confirmada ao longo dos dias seguintes por uma infinidade de pessoas, com uma reconfortante regularidade: taxistas, motoristas de ônibus, comerciantes, moradores da cidade que encontrávamos nas ruas, todos nos diziam o mesmo: nunca se vira tanta gente no Rio de Janeiro, nem mesmo no badalado Reveillon de Copacabana. Fomos melhores do que o «melhor do mundo».

Quando voltei pra Recife, soube que um certo pastor protestante desdenhara no Twitter dos números da JMJ. Era ridículo, dizia ele, perguntar o número de participantes para os organizadores do evento, que sempre os superestimavam. Ora, os números que divulgamos não vieram dos organizadores da JMJ, e sim da prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em parceria com outros órgãos públicos. Estes números não são nossos, e sim do Governo:

  • «Mais de três milhões de pessoas participaram da Jornada».
  • «Dados do Ministério do Turismo revelam que dois milhões de turistas estiveram no Rio durante a JMJ».
  • «Vindos de 170 países, 93% dos turistas pretendem voltar para conhecer melhor o Rio».
  • «A Comlurb removeu 345 toneladas de resíduos orgânicos e 45 toneladas de materiais recicláveis durante a Jornada Mundial da Juventude».
  • «Visitantes desembolsaram R$ 1,2 bilhão».

Os nossos números são um pouco mais generosos. D. Orani divulgou uma estimativa de 3,7 milhões para o número de participantes da Jornada, e se divulgou que o impacto econômico foi de 1,8 bilhão. Em comparação com o evento como um todo, no entanto, debater isso é discutir sobre centavos.

Ainda considerando “somente” as três milhões de pessoas estimadas pela prefeitura do Rio, ainda assim já é de longe o maior evento da história do Brasil. Nunca antes na história deste país uma cidade recebeu um evento de proporções tão gigantescas e, citando a notícia (acima mencionada) do site da Prefeitura do RJ, trata-se de «um recorde de visitação no país, considerando que todos estavam em uma mesma cidade e em um mesmo período».

Ainda considerando que os turistas tenham desembolsado “somente” 1,2 bilhão de reais durante os dias do evento, ainda assim já é um número quatro vezes maior do que os tão tagarelados “custos” (entre públicos e privados) da Jornada Mundial da Juventude. Se formos considerar somente os recursos públicos “gastos” na Jornada (R$ 118 mi), a mais baixa estimativa de retorno financeiro já é dez vezes maior do que os custos do evento. Um retorno de 1000%. Até mesmo em finanças públicas, a Igreja Católica continua sendo a única que faz milagres.

Apesar de toda a implicância ideológica dos inimigos da religião, o evento aconteceu: e foi um sucesso tão estrondoso que, por si só, cala todos os seus detratores. Querem falar de gastos públicos com um evento religioso? Vejam se conseguem seduzir com este discurso furado os comerciantes do Rio de Janeiro, que só em Copacabana dobraram o seu faturamento durante os dias da JMJ. Querem discutir talvez os tumultos característicos das grandes multidões reunidas? O que ouvíamos da polícia e do exército lá no Rio de Janeiro era que eles nunca haviam visto tanta gente para lhes dar tão pouco trabalho – coisa bem diferente dos protestos que tocaram fogo no Leblon apenas uma semana antes. Que tal alardear sobre a Igreja decrépita cujos dias estão contados, a instituição falida que não tem mais a menor importância no mundo moderno? Digam isso para os mais de três milhões de pessoas (em sua maioria jovens) que acompanharam a Missa de Encerramento no dia 28! O fato é que não há para onde correr. Sob qualquer aspecto que se lhe considere, a JMJ deu um show e reduziu ao silêncio aqueles que a criticavam. Orgulhamo-nos de ter realizado o maior e melhor evento público do qual o Brasil já foi palco. Tem coisas que só a Igreja Católica é capaz de fazer.

Os números do Datafolha são um caso à parte, porque o revisionismo numérico do instituto de pesquisa do Grupo Folha já é bem conhecido. O Datafolha usa uma unidade de medida diferente dos outros estimadores de multidões, se melhor ou pior não nos interessa analisar agora. O fato – inconteste – é que é diferente. Então, quando o Datafolha diz que em Copacabana havia no máximo 1,2 milhão de pessoas, isso não significa que havia menos gente do que no show dos Stones que reuniu lá na praia um milhão e meio de pessoas, simplesmente porque este 1,5 milhão não está em “unidades Datafolha de medida de multidões”. É bastante fácil perceber que muito mais gente foi ver o Papa Francisco do que o grupo de rock inglês: basta comparar as duas fotos.

Rolling Stones em Copacabana
Rolling Stones em Copacabana
Missa de Encerramento da JMJ em Copacabana
Missa de Encerramento da JMJ em Copacabana

Quando o Datafolha diz que havia no máximo 1,2 milhão em Copacabana, isso tem que ser comparado com outras medidas do próprio Datafolha. Ou seja, isto significa que havia seis vezes mais católicos em Copacabana do que protestantes na Marcha pra Jesus, e quase seis vezes mais católicos na Missa de Encerramento da JMJ do que manifestantes pró-sodomia na maior Parada Gay do mundo. É isto que estes números significam, e é isso que deve ser divulgado: somos muito mais do que os hereges protestantes e os militantes gayzistas juntos. Os católicos são em número muito maior do que os inimigos da Fé, e portanto não temos razão para temer. Não há por que aceitar o absurdo de que esta multidão tenha menos voz do que outras multidões incontestavelmente (muito) menores do que ela. Que não tenha espaço na vida pública a Igreja que enche as ruas é um absurdo sem tamanhos que não precisamos aceitar de graça.

Mas estas estatísticas frias e estas imagens inertes não são capazes de transmitir a exata dimensão do que foram aqueles dias. Somente quem lá esteve pode fazer deles um juízo mais acurado; a experiência daqueles dias não cabe em números e fotos. A exata dimensão da JMJ estava no sorriso de cada peregrino com o qual cruzamos pelas ruas do Rio de Janeiro; nas amizades firmadas durante as intermináveis esperas que são próprias das Jornadas; nas explosões de cânticos que surgiam espontaneamente em cada esquina; nas ruas sempre apinhadas de bandeiras e mochilas coloridas; no brilho dos olhos dos cariocas, que testemunhavam em uníssono jamais terem visto algo parecido. Estes são os registros que queremos que fiquem da JMJ! Que as pessoas possam conhecê-la e, conhecendo-a, possam se deixar seduzir por aqueles jovens que, no final de julho, maravilharam a Cidade Maravilhosa.

Sim, senhoras e senhores, a Igreja está viva. Que as águas de Copacabana testemunhem a Sua vitalidade. Que a experiência vivida naqueles dias pelos cariocas – e por todos os brasileiros! – venha em favor d’Ela. Que o brado dessas multidões – num mundo que não entende senão a linguagem das massas – possa sensibilizar os que se fazem de surdos às coisas do Alto.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

34 comentários em “As dimensões da JMJ”

  1. Caros Sidnei e Sandro de Pontes, me desculpem a intromissão, mas vocês devem se acalmar. Porque essa briga toda? Jesus deseja que cada um de nós saibamos lidar e trabalhar com as divergências, de forma harmônica e pacifica. Vocês dois, não só o Sidnei, estão nervosos. :)

  2. Sandro, eu errado?, então vai você pregar a alguém que esta passando fome. vai ensinar a ele sobre dogmas e todos os pontos de nosso credo, ele nem vai te escutar porque estará com a barriga vazia e passando mau, primeiro, vai é dá o alimento a esta pessoa, depois, fale de Jesus, e ainda terás que respeitar se esta pessoas estará ou não disposta a te ouvir, pois a caridade deverá ser feita sem esperar nada em troca, sem isto, esta caridade não terá valor nenhum diante de Deus, lembre-se da parábola do bom samaritano. E e quanto você e seus amigos estarem construindo uma escola 100% católica, meus parabéns, porém, ela servirá para todos, inclusive aos pobres, ou será uma escola particular que terão que pagar altas mensalidades para ir aí estudar, e aí também se estudará somente coisas de religião, ou serão estudados também outros estudos que foram descobertos por cientistas, historiadores, geógrafos, matemáticos não católicos, como Eisten por exemplo, que era judeu, e na falta de algum professor católico em determinada área vocês deixarão os alunos sem o estudo daquela área ou irão buscar professores que mesmo que não professem nossa fé católica, mas que se compromete somente dar aula naquela área, então o aceitarão e o introduzirão no corpo docente desta escola. Isto só para demonstrar que mesmo que nós quisermos uma escola 100% católica, indubitavelmente eremos deparar com situações que irão contras nossos princípios, e portanto diante de uma situação destas, se fosse diretor de um colégio católico, e tivesse que preencher a vaga de um professor, e que não encontrasse um que fosse católico, mas um protestante, por exemplo, eu iria contratá-lo sem dúvida, mas com a condição de não fazer nenhum proselitismo com os alunos, pois se viesse a saber, chamaria a atenção e se mesmo após esta chamada de atenção não adiantasse, ai sim, iria para o olho da rua.

  3. Sidnei, salve Maria.

    Por favor, comente o ensinamento de Pio IX.

    Cordialmente,

    Sandro de Pontes

  4. Sandro, Pio IX foi um Pai da Igreja em um determinada época, ele fez tudo o que estava ao seu alcanse para proteger seus filhos, naquela época, hoje os dias são outros, mire nos exemplo que citei acima, e verás que será quase impossível adequar nossos dias com as orientações de Pio IX, agora, se você que seguir esta linha, siga, não és obrigado a seguir a linha de nosso atual Papa, mas terás dificuldades imensas, pois volto a repetir, vivemos em uma sociedade multi religiosa, e temos que dar com várias pessoas que tem diferentes abordagens religiosas, sem renegar nossa fé, porém teremos que convier pacificamente com estas pessoas, ou é assim, ou é o isolamento, e se isolar nesta altura do campeonato é pura burrice, porque se ninguém vê nosso modo de vida, nossos testemunhos de fé, então como esta pessoas mirando nossa conduta, nosso estilo de vida, irão querer saber sobre o que cremos e o que seguimos sobre tudo a Jesus Cristo Nosso Senhor.

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