Certas verdades são bastante óbvias para serem problematizadas. É bastante evidente que homens são criados à imagem e semelhança de Deus e, únicos seres no mundo sensível dotados de inteligência e vontade, possuem uma dignidade intrínseca que os coloca a uma distância virtualmente infinita dos animais irracionais – inclusive dos coelhos. É óbvio, portanto, que não são coelhos os seres humanos em geral e nem muitíssimo menos os católicos em particular.
Uma outra coisa que é evidente para além de toda a evidência é que a Igreja Católica possui uma doutrina peculiar e bem conhecida a respeito da contracepção, segundo a qual – na conhecida formulação da Humanae Vitae – é “de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação” (HV 14). E à Igreja, Mestra infalível em Fé e Moral, pode-se até acusar de ser pretensiosa; jamais, no entanto, de ser incoerente consigo mesma. Admitindo que a um observador externo seja legítimo perguntar se o ensinamento católico é verdadeiro ou falso, uma sua característica ninguém pode negar: ele é incomodamente constante.
Causou certo frisson a última declaração do Papa Francisco, segundo o qual católicos não devem se reproduzir como coelhos. Ora, trata-se de verdadeira evidência. É lógico que os católicos não devem se reproduzir “como coelhos”, e sim como filhos de Deus – a quem foi dirigido aquele mandato de “crescei e multiplicai-vos”. Não foi aos coelhos que Deus ordenou encher a terra e a submeter, e sim aos homens! Cumpre, pois, a estes procriar como convém à sua dignidade – que é muito maior, repita-se, do que a dos coelhos.
Ainda, simplesmente não é possível aos católicos reproduzirem-se como os simpáticos leporídeos. Isso porque, como disse Chesterton em certa ocasião, um homem nunca age igual a um animal: ou age de modo muito superior a ele, quando se comporta como homem; ou, então, muito inferior a ele, quando se esquece de sua dignidade e age de maneira irracional, instintiva, animalesca. Os seres humanos, portanto, jamais se reproduzem como animais: caso se esqueçam de que são homens, então agirão de maneira muito mais baixa, vil e degradante do que os pobres coelhos. E uma das formas de se esquecerem de que são homens está, precisamente, na busca irresponsável e egoísta pelo prazer venéreo em si mesmo, que é marca registrada dos dias de hoje. Um homem que viva praticando relações sexuais “casuais” e sem compromisso está agindo muito mais como um animal no cio do que outro, que tenha com a sua esposa um número de filhos maior do que a nossa sociedade decadente julga “conveniente”.
Houve quem pensasse que, com a sua declaração sobre coelhos, o Papa Francisco estivesse a legitimar de algum modo o controle de natalidade. Tal é insustentável por um sem-número de razões. Em primeiro lugar, como disse um santo – recente! – da Igreja, “são criminosas, anti-cristãs e infra-humanas, as teorias que fazem da limitação da natalidade um ideal ou um dever universal ou simplesmente geral” – e o Papa, que já se disse outras vezes “filho da Igreja”, sabe perfeitamente disso.
Em segundo lugar, a doutrina da Igreja a respeito da natalidade encontra-se, por excelência, na citada Humanae Vitae de Paulo VI. E o que já disse o Papa Francisco a respeito do seu predecessor? Em duas ocasiões recentes:
1. No “Encontro das Famílias” praticamente da véspera (sexta, 16 de janeiro): “Num período em que se propunha o problema do crescimento demográfico, [Paulo VI] teve a coragem de defender a abertura à vida na família. (…) Mas ele olhou mais longe: olhou os povos da terra e viu esta ameaça da destruição da família pela falta de filhos. Paulo VI era corajoso, era um bom pastor e avisou as suas ovelhas a propósito dos lobos que chegavam. Que ele, lá do Céu, nos abençoe nesta tarde! O nosso mundo tem necessidade de famílias sãs e fortes para superar estas ameaças. As Filipinas precisam de famílias santas e cheias de amor para proteger a beleza e a verdade da família no plano de Deus e servir de apoio e exemplo para as outras famílias. Toda a ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade”.
2. No próprio vôo onde foi feita a declaração “polêmica” dos coelhos (tradução do Fratres, aqui): “O que eu quero dizer sobre Paulo VI é que a verdadeira abertura à vida é condição para o sacramento do matrimônio. Um homem não pode dar o sacramento para a mulher, e a mulher dar para ele, se eles não estão em concordância neste ponto de estarem abertos à vida. […] Mas o que eu queria dizer era que Paulo VI não era muito antiquado, mente fechada. Não, ele era um profeta que com isso nos disse para tomarmos cuidado com o neo-malthusianismo que vem chegando. Era isso o que eu queria dizer”.
Ora, quem é Paulo VI? É o Papa da condenação ao controle de natalidade. O que é “abertura à vida”? É a atitude de um casal receber generosamente os filhos que a Divina Providência julgar por bem lhe confiar. O que é “neo-malthusianismo”? É a doutrina que prega uma superpopulação atual, com a consequente necessidade de reduzirmos as nossas taxas de natalidade. Como é possível, então, que um Papa que louva o campeão da causa católica anti-contracepção, que relembra aos casais que eles devem – sob pena de nulidade matrimonial! – estar dispostos a receber os filhos que Deus lhes enviar, que manda tomar cuidado com a estória de que estamos vivendo em uma superpopulação a nos exigir controle de natalidade – como é possível, em suma, que um homem desses esteja, justo ele!, fazendo coro aos inimigos da Igreja e condescendendo à mentalidade antinatalista que ele próprio, por todos os flancos, se esmera em desconstruir? Que sentido isso faz?
Em terceiro lugar, no seio da própria entrevista concedida no vôo, apenas por duas vezes o Papa Francisco fala em números de filhos:
- “Conheci uma mulher há alguns meses numa paróquia que estava grávida de sua oitava criança, que tinha tido sete cesárias. Mas ela quer deixar 7 filhos órfãos? Isso é tentar a Deus.”
- “Eu acho que o número de 3 filhos por família que você mencionou – me faz sofrer – eu acho que é o número que os especialistas dizem ser importante para manter a população “indo”. Três por casal. Quando isso diminuiu, o outro extremo acontece. Ouvi dizer, não sei se é verdade, que em 2024 não haverá dinheiro para pagar pensionistas por causa da queda na população.”
Ou seja, se existisse algum limite concreto que o Papa estivesse tentando determinar para os católicos – coisa que não há e nem pode haver; mas o imaginemos, para argumentar – tal seria um limite mínimo de três, e não máximo de nada. Ora, isso vai muito longe do que o mundo pagão entende por “responsabilidade” familiar!
Em quarto lugar, por fim, porque há não muito tempo – há menos de um mês – o Papa Francisco dirigiu um discurso à Associação Nacional das Famílias Numerosas. Ora, trata-se de pronunciamento com um objetivo específico e previamente preparado; portanto, a mais mínima honestidade intelectual há de reconhecer ser ele mais fidedigno – para entender o pensamento do Papa a respeito da natalidade católica – do que as sabatinas feitas num voo de retorno após uma viagem de uma semana na Ásia. E, no citado discurso, é possível ler – entre outras coisas – o quanto segue:
- [O]s filhos e as filhas de uma família numerosa são mais capazes de comunhão fraterna desde a primeira infância. Num mundo muitas vezes marcado pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de partilha; e destas atitudes beneficia toda a sociedade.
- A presença das famílias numerosas é uma esperança para a sociedade.
- Portanto espero, também pensando na baixa taxa de natalidade que desde há tempos se regista na Itália, uma maior atenção da política e dos administradores públicos, a todos os níveis, a fim de dar o apoio previsto a estas famílias. Cada família é célula da sociedade, mas a família numerosa é uma célula mais rica, mais vital, e o Estado tem todo o interesse em investir nela!
- A este propósito, são João Paulo II escrevia: «As famílias devem crescer na consciência de serem protagonistas da chamada política familiar e assumir a responsabilidade de transformar a sociedade: de outra forma, as famílias serão as primeiras vítimas daqueles males que se limitaram a observar com indiferença» (Exort. ap. Familiaris consortio, 44).
Esta é, em suma, a posição de Paulo VI, de S. João Paulo II, de S. Josemaría Escrivá, do Papa Francisco, a respeito do “controle de natalidade”. Esta é a resposta de generosidade que somos chamados a dar ao mundo. Esta é a vida que a Igreja nos chama a viver. E a viveremos, por mais que se levantem contra nós as forças do mundo.
Quanto aos coelhos, que incendiaram a polêmica, há (pelo menos) duas possíveis comparações a respeito deles que é possível fazer. Por um lado, podem simbolizar o sexo irresponsável, animalesco, no cio, fugaz, instintivo: e, neste sentido, é preciso repetir fortemente, com o Papa Francisco, que evidentemente não podemos – ninguém pode! – procriar como coelhos! No entanto, os coelhos também são símbolo universal da fertilidade, de uma prole numerosa, de filhos como rebentos de oliveira ao redor de uma mesa – de uma mesa cheia de crianças. E, neste outro sentido, é preciso ter a coragem de dizer, ousadamente, com os santos, com os Papas, com a Igreja, contra quem quer que seja, che, sì, siamo tutti conigli – somos todos coelhos. Apraza a Deus que o sejamos.
Jesus era sempre reto nos seus discursos ? Se tivesse internet no tempo de Jesus , como seria que os Reinaldos da época iria interpretar essas frases de Jesus .
-Não vim trazer paz, mas a espada.
– venda a sua capa e compre espada.
Queria que você tivesse falado da repreensão a mulher das múltiplas cesáreas.
Salve Maria,
Veja o trecho abaixo, quais são estes “tantos meios que são lícitos”, de acordo com a doutrina católica?
“Mas, olhe, Deus deu os meios para ser responsável. Alguns acham que — perdoe a expressão – para sermos bons católicos, temos que ser como coelhos. Não. Paternidade responsável. Isso é claro e é por isso que existem grupos de casais na Igreja, que existem especialistas nesta questão, que existem pastores que se pode procurar; e eu conheço tantos meios que são lícitos e que ajudam nisso. Você fez bem em me perguntar isso.”
At.
Tatiane,
A repreensão dirige-se somente àquela mulher específica e a mais ninguém, não sendo possível, da anedota, fazer qualquer ilação *concreta* a respeito de números de cesáreas e moralidade católica.
Sim, a cesárea é uma cirurgia e como tal envolve um risco, que deve ser obviamente levado em consideração pelo casal. Mas é claro que não é, em absoluto, uma vedação a futura(s) gravidez(es). Com o devido acompanhamento médico é possível conciliar um parto mediante cesárea com um baixo risco para a mãe e o filho.
Ainda, e mais importante, colocar a própria vida em risco por amor aos filhos ainda não nascidos pode ser prova de heroísmo e não de irresponsabilidade. Santa Gianna deixou os seus filhos órfãos e foi elevada aos altares.
Francisco,
Método de Ovulação Billings, tabelinha, temperatura basal, arborização (saliva)…
http://www.providafamilia.org/metodos_naturais.htm
Num país em que há um debate sobre controle da natalidade, a fala ambígua do Papa mais uma vez dá munição aos críticos da Igreja. E no parágrafo acima, sim, Jorge, ele afirma, obliquamente, que não devemos ter muitos filhos e usarmos métodos para isso. É patético que na sua ânsia de defender toda e qualquer palavra do Bispo de Roma, você seja cego para as pisadas na bola que ele dá. E vamos combinar uma coisa: esse “Magistério de Avião”, que ele gosta tanto, se presta a muita confusão.
Ricardo,
entre as alegadas obliquidades de entrevistas e a doutrina da Igreja expressa com clareza mediante o Magistério, é evidente que se deve ficar com esta última.
“Seu” Jorge,
É preciso muito malabarismo e muito “avestruzismo” para justificar o injustificável. Mas já era de se esperar que você fizesse isso. Foi o que previu uma mãe em suas palavras (ver em http://fratresinunum.com/2015/01/21/a-proposito-dos-catolicos-coelhos-criticados-pelo-papa):
“Evidentemente, os neoconservadores, aquele tipo de católico aparentemente esclarecidíssimo, obedientíssimo, fidelíssimo, porém covarde e cheio de respeito humano, vão defender as palavras de Sua Santidade com alguma ginástica mental afirmando que a mídia distorceu suas palavras, que tiraram de contexto o que ele disse, que ele disse “coelhas” no melhor sentido possível. Talvez digam que sim, são irresponsáveis as mulheres que tem muitos filhos. E se sentirão obedientíssimos, fidelíssimos, esclarecidíssimos!”
É impressionante a distorção de seus argumentos. Quando você diz: “Um homem que viva praticando relações sexuais “casuais” e sem compromisso está agindo muito mais como um animal no cio…”, tenta induzir o pobre leitor a pensar que o papa se referia aos “puladores de cerca” e não aos esposos fiéis, que são precisamento o alvo da critica “leporina” (em sua linguagem “merdíflua”). “Some think that — excuse the language — that in order to be good Catholics, we have to be like rabbits. ” Ele está falando para os católicos – obviamente os que vivem em matrimônio!!
E quando diz: “No. Responsible parenthood.”, faz gemer de alegria os maçônicos da “Planned Parenthood”.
Os neocons precisam de uma academica católica, pois é muita “ginástica” para explicar o inexplicável.
TQ.
Parabéns Jorge, gostei muito do texto, concordo totalmente com suas interpretações e conclusões. Tenho quatro filhos (6, 4, 2 anos, e 3 meses), não pretendo ficar por aí, e não me senti de modo algum preterido pelo St Padre, pelo contrário, senti-me acolhido, pois tive meus filhos com julgamento, discernimento e confiança na Providência == Paternidade Responsável. Concordo com ele de que há casos em que católicos têm filhos de modo irresponsável. Em alguns casos, até para “aparecerem” como os “santões” (vejam lá … aquele sujeito tem 8 filhos … ohhhhhhhh). Abraço!
O risco da oitava gestação numa pessoa com múltiplas cesáreas é de rotura uterina, razão pela qual evita-se o parto normal nesses casos. Não tem paralelo com o caso de heroísmo como o de Santa Geanna. Esta, já grávida, levou até o fim a gestação (coisa que certamente o Santo Padre não reprovaria). Parece-me que o Santo Padre quis dizer que ela poderia ter utilizado os métodos naturais por motivo de prudência ( e não que ela deveria interromper a gestação atual. É o que se depreende desta frase: “Mas ela quer deixar 7 filhos órfãos? Isso é tentar a Deus.”
Neste trecho da Catequese de hoje, o Papa Francisco deixa mais clara a questão:
“Dà consolazione e speranza vedere tante famiglie numerose che accolgono i figli come un vero dono di Dio. Loro sanno che ogni figlio è una benedizione. Ho sentito dire da alcuni che le famiglie con molti figli e la nascita di tanti bambini sono tra le cause della povertà. Mi pare un’opinione semplicistica. Posso dire, possiamo dire tutti, che la causa principale della povertà è un sistema economico che ha tolto la persona dal centro e vi ha posto il dio denaro; un sistema economico che esclude, esclude sempre: esclude i bambini, gli anziani, i giovani, senza lavoro … – e che crea la cultura dello scarto che viviamo. Ci siamo abituati a vedere persone scartate. Questo è il motivo principale della povertà, non le famiglie numerose. Rievocando la figura di san Giuseppe, che ha protetto la vita del “Santo Niño”, tanto venerato in quel Paese, ho ricordato che occorre proteggere le famiglie, che affrontano diverse minacce, affinché possano testimoniare la bellezza della famiglia nel progetto di Dio. Occorre anche difendere le famiglie dalle nuove colonizzazioni ideologiche, che attentano alla sua identità e alla sua missione”.
Grande abraço a todos!
Caro Ricardo
Não ouve ambiguidade alguma, o papa não disse que a família católica não poderia/deveria ter tantos filhos quanto quisessem, o que ele disse que uma família católica tem que estar aberta para a procriação, e quando isto não acorresse que não fosse por um “neo-malthusianismo”, mas por forças que o casal não controlasse.
Interpretação estranha, o papa não disse que a família não pode ter filhos, ele disse exatamente o oposto, para ser uma família católica TEM que ter filhos.
A preocupação é com os casais que NÃO querem ter filhos, e esperam que o sacramento do matrimônio ainda assim seja válido.
A interpretação obtusa das palavras do papa, tanto na mídia secular quanto em pretensos defensores da doutrina, não é problema ocular ou de cérebro, é dureza de coração.
Torre Queimada,
O texto da sra. Patricia, que eu já lera, é um testemunho muito bonito.
No entanto, em momento algum eu afirmei que o Papa «disse[ra] “coelhas” no melhor sentido possível» ou que «são irresponsáveis as mulheres que tem muitos filhos», nem nada nem parecido com isso. Os seus dotes de interpretação de profecias estão um pouco descalibrados…
A expressão “Responsible Parenthood” já se encontra na Humanae Vitae (n. 10), não tendo sido inventada pelo Papa Francisco. Se tal fosse razão para a PP se regozijar, a maçonaria deveria imprimir e distribuir, alegremente, exemplares da encíclica de Paulo VI.
Por fim, sobre o que significam as palavras do Papa, creio que podemos dar ouvidos a ele próprio (que me parece o melhor e mais qualificado intérprete de si mesmo), na audiência de hoje (já citada aqui em italiano, mas que está em português aqui):
É muita ginástica, mesmo…
Abraços,
Jorge
O planejamento familiar,felizmente já é uma realidade,o casal tem o direito de decidir quantos filhos podem ter.Ter uma penca de filhos que nem coelhos,sem responsabilidade alguma,é inaceitável.A própria natureza utiliza métodos de controle populacional,através da seleçaõ natural.Falou certo o Papa,a igreja naõ ensina a ter filhos de forma irresponsável,mas ao contrário.
Prezado Wilson (das 12:33)
Vamos analisar sem paixões o trecho:
“Isso não quer dizer que o cristão deve fazer filhos “em série”. Conheci uma mulher há alguns meses numa paróquia que estava grávida de sua oitava criança, que tinha tido sete cesárias. Mas ela quer deixar 7 filhos órfãos? Isso é tentar a Deus.”
Antigamente, se diria que para essa mulher seria opcional ter outro filho. Aqui o Santo Padre a critica asperamente, concluindo que ela não deveria ter outro filho e que isso seria até pecado (tentar a Deus).
E eu que tenho dureza de coração!
Lucas, in contrarium, o Papa Paulo VI:
«Na missão de transmitir a vida, eles [os esposos] não são, portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, como se pudessem determinar, de maneira absolutamente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem, sim, conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus, expressa na própria natureza do matrimônio e dos seus atos e manifestada pelo ensino constante da Igreja» (HV 10).
As pessoas deveriam ler toda a entrevista. Pois só assim entenderiam todo o contexto e consequentemente que as perguntas relacionadas à família e filhos foram feitas porque o papa demonstrou uma enorme alegria com a “manifestação da família” naquele país.
A primeira pergunta partiu de Kara David do grupo filipino dos jornalistas: “Os filipinos aprenderam muito, ouvindo a sua mensagem. Há alguma coisa que o Santo Padre tenha aprendido dos filipinos, do seu encontro connosco?”
Destaco aqui apenas a resposta relacionada ao entusiamos do papa com a família: “Os gestos! Os gestos comoveram-me. Não são gestos protocolares… São gestos bons, gestos sentidos, gestos que vêm do coração. Alguns quase fazem chorar. Neles está tudo: a fé, o amor, a família, a esperança, o futuro… Aquele gesto dos pais, quando levantavam as crianças para que o Papa as abençoasse. O gesto dum pai… Havia tantos que levantavam as crianças, quando eu passava pela estrada. Um gesto que não se vê noutros lugares. Era como se dissessem: este é o meu tesouro, este é o meu futuro, este é o meu amor; por ele vale a pena trabalhar, por ele vale a pena sofrer. É um gesto original, mas nascido do coração. (…)
Outro gesto: as mães que traziam os filhos doentes; e o modo como as mães os traziam. As mães não levantavam tanto os filhos… até aqui [até ao braço]. Sim, viam-se tantas crianças deficientes, com deficiência que fazia um pouco de impressão; mas não escondiam a criança, levavam-na ao Papa para que a abençoasse. Este é o meu filho: é assim, mas é meu. Todas as mães sabem isto e fazem-no; mas a maneira de o fazer é que me impressionou.
O gesto da paternidade, da maternidade, do entusiasmo, da alegria. E há uma palavra que é de difícil compreensão para nós porque foi demasiado vulgarizada, usada demasiado mal ou mal compreendida, mas é uma palavra que tem substância: a resignação. Um povo que sabe sofrer e que é capaz de se levantar e ir para diante.
Depois seguem perguntas sobre os planos de visita do Papa, e sobre a pobreza e o terrorismo do Estado. Até que Jan-Christoph Kitzler, de uma rádio alemã lhe pergunta: Lá (no encontro que teve com as famílias) falou da «colonização ideológica». Poderia nos explicar um pouco melhor a expressão? Depois, referiu-se ao Papa Paulo VI, falando dos casos particulares que são importantes na pastoral das famílias. Pode nos dar alguns exemplos destes casos particulares e, quem sabe, nos dizer mesmo se há necessidade de abrir as estradas, alargar o corredor destes casos particulares?
O papa responde à primeira pergunta, que não se faz necessário reproduzir aqui, e à segunda a respeito de Paulo VI: “Que queria eu dizer de Paulo VI? É certo que a abertura à vida é uma condição do sacramento do Matrimônio. Um homem não pode dar o sacramento à mulher nem a mulher ao homem, se ambos não estão de acordo sobre este ponto: estar abertos à vida. Tanto é assim que, se puder se provar que um tal ou uma tal se casou com a intenção de não estar aberto à vida, aquele matrimónio é nulo; a falta de abertura à vida é causa de nulidade matrimonial. Paulo VI estudou isto com uma comissão: como proceder para ajudar tantos casos, tantos problemas, problemas importantes que dificultam o amor da família. Problemas de todos os dias. Muitos, muitos… Mas era qualquer coisa de mais grave. A recusa de Paulo VI não incidia sobre os problemas pessoais, a propósito dos quais dirá depois aos confessores para serem misericordiosos e compreenderem as situações e perdoarem, isto é, serem misericordiosos, compreensivos. Mas, ele olhava para o neomalthusianismo universal em expansão. E como se reconhece este neomalthusianismo? É a natalidade abaixo de 1% na Itália; e o mesmo em Espanha. Aquele neomalthusianismo que visava o controle da humanidade pelas grandes potências. Isto não significa que o cristão deve fazer filhos em série. Há alguns meses, numa paróquia, censurei uma mulher porque estava grávida do oitavo depois de sete cesarianas. «Mas a senhora quer deixar sete órfãos?» Isto é tentar a Deus. Fala-se de paternidade responsável. Este é o caminho: a paternidade responsável. Mas aquilo que eu queria dizer era que Paulo VI não tivera uma visão antiquada, fechada. Não. Foi um profeta, que daquele modo nos disse: cuidado com o neomalthusianismo que está a chegar. Era isto que eu queria dizer. Obrigado.”
Depois ele respondeu a uma pergunta sobre o “soco no caso do insulto à mãe”; uma nova pergunta sobre as viagens e a beatificação de Romero;sobre corrupção; sobre as relação com a China; sobre os países muçulmanos; até que surge novamente por um outro jornalista alemão uma questão sobre a família e o controle de natalidade por meios anticoncepcionais.
A pergunta parece querer apontar uma contradição de um papa que combate ferrenhamente a miséria e a pobreza e ao mesmo tempo se alegra com o que “os estudos apontam ser o motivo da pobreza”: o número de filhos e o aumento populacional como consequencia. Assim pergunta Cristoph Schmidt: “Você falou muito sobre as crianças nas Filipinas, a sua alegria, que são muitas. De acordo com pesquisas, a maioria da população filipina acredita que o aumento dos filipinos é uma das razões mais importantes para a pobreza no país. Em média, uma mulher filipina dá à luz a três crianças em sua vida, e a posição católica sobre a contracepção parece ser uma das questões em que muitas pessoas nas Filipinas discorda com a Igreja, o que você acha sobre isso?”
Ao que o papa rebate, dizendo que o número a que ela se refere é um número ditado por estudiosos, e não pela Igreja: “Creio que o número de três por família, mencionado pelo senhor, seja importante de acordo com o que dizem os peritos para manter a população. Três por casal. Quando se desce abaixo deste nível, acontece o outro extremo, como, por exemplo, na Itália onde ouvi dizer (não sei se é verdade) que, em 2024, não haverá dinheiro para pagar os pensionistas devido a diminuição da população.”
Mas para o Papa Francisco e a Igreja a resposta é outra, por isso ele segue: Por isso a palavra-chave para responder é esta expressão que usa sempre a Igreja, e eu também: «paternidade responsável». Como se consegue isto? Com o diálogo. Cada pessoa, com o seu pastor, deve procurar o modo como fazer esta paternidade responsável. Aquele exemplo, que mencionei há pouco, de uma mulher que esperava o oitavo filho e tinha sete com partos cesáreos: isto é uma irresponsabilidade. «Não! Eu confio em Deus». «Mas atenção! Deus te dá os meios; sê responsável». Crêem alguns – desculpem a frase – que, para ser bons católicos, devem ser como coelhos. Não. Paternidade responsável. Isto é claro e por isso, na Igreja, há os movimentos matrimoniais, há os especialistas no assunto, há os pastores, e investiga-se. Eu conheço muitas e muitas soluções lícitas, que serviram de ajuda para o efeito. Mas fez bem em o dizer. Há ainda outra coisa curiosa, que é diversa mas está relacionada com isto. Para as pessoas mais pobres, um filho é um tesouro. É verdade que aqui se deve ser prudente. Mas, para eles, um filho é um tesouro. Deus sabe como ajudá-los. Talvez alguns não sejam prudentes nisto, é verdade. Paternidade responsável. Mas é preciso também ver a generosidade daquele pai e daquela mãe que vêem em cada criança um tesouro.”
Seu Jorge,
Você realmente não consegue se identificar nas palavras da mãe de família? Releia o trecho:
“Evidentemente, os neoconservadores, aquele tipo de católico aparentemente esclarecidíssimo, obedientíssimo, fidelíssimo, porém covarde e cheio de respeito humano, vão defender as palavras de Sua Santidade com alguma ginástica mental afirmando que a mídia distorceu suas palavras, que tiraram de contexto o que ele disse, que ele disse “coelhas” no melhor sentido possível. Talvez digam que sim, são irresponsáveis as mulheres que tem muitos filhos. E se sentirão obedientíssimos, fidelíssimos, esclarecidíssimos!”
E o que dizer de seu “argumento”: “A repreensão dirige-se somente àquela mulher específica e a mais ninguém, não sendo possível, da anedota, fazer qualquer ilação *concreta* a respeito de números de cesáreas e moralidade católica.”? Acaso você acha que a repreensão é correta, ainda que seja dirigida a uma mulher específica?
TQ
Fato: as entrevistas do Papa dão margem a interpretações diversas, sua fala não é objetiva e parece que ele não está preocupado com isso. Pois bem, passo a desconsiderar o que diz o Papa em entrevistas e de modo não oficial.
Veja, Jorge, quantas vezes você se esforçou para explicar o que disse o Papa, assim como alguns outros católicos se esforçaram para criticá-lo. Isto demonstra que a fala de Bergóglio não é clara. Não é o caso de uma fala com termos difíceis e que precise de interpretação, pelo contrário… encerro a partir de hoje comentários sobre as falas não oficiais do Papa.
Koopveritatis sanou qualquer mal-entendido. O papa se referiu especificamente à mulher que fez 7 cesarianas, um caso particular que poderia justificar o uso de meios NATURAIS de regulação da fertilidade devido às complicações que cesarianas múltiplas podem acarretar. Nunca porém a contracepção. O que a mídia fez foi somente isolar uma frasesinha do contexto promovendo o neomalthusianismo. Sobre este tipo de reportagens o Jorge já comentou no artigo anterior e como de costume o fez muito bem.
Torre Queimada,
Não, não consigo ver a mais remota semelhança entre o que disse a d. Patricia e o que eu escrevi. Releia este post.
Quanto à repreensão pontifícia, oras, como eu posso achar o que quer que seja sobre ela se eu não conheço o caso?! A única coisa que dá para dizer é o óbvio: a censura não é automática extensível para “mulheres grávidas pela oitava vez” em geral. Agora, além disso – que é o que interessa, uma vez que escrevo para o público em geral e não especificamente para a senhora cuja irresponsabilidade o Papa alegou -, tu ainda queres que eu me pronuncie sobre o acerto ou erro em concreto de uma admoestação pontifícia à qual não estive presente, cuja destinatária eu não sei quem é e sobre a qual só fiquei sabendo de segunda mão?! Tu não achas que esta tua sanha por julgar já está às raias do patológico não?
JF
Eu só acho que primeiro é preciso que salvem as crianças abandonadas que foram lançadas a toda sorte neste mundo e que se encontram carentes de pai, mãe, amor, em orfanatos, nas ruas, pois se aquela mulher ao invés de ter tido 7 filhos, tivesse 3 dela e adotasse 4 e desse esperança e luz para a vida dessas crianças com certeza poderíamos acreditar num mundo melhor, IGREJA está na hora de lançar a campanha VAMOS SALVAR UMA CRIANÇA, VAMOS ADOTAR OS EXCLUÍDOS E ABANDONADOS. Pois ninguém melhor que os cristãos para educar e dar um futuro digno com ensinamentos verdadeiros para essas crianças inocentes rejeitadas pela irresponsabilidade de seus progenitores.
A adoção é amplamente tratada em diversas encíclicas, exortações e documentos. E não só é tratada como uma alternativa à esterilidade física mas também como um apelo de urgência frente às questões das crianças órfãs e abandonadas. É uma preocupação também ligada a Doutrina Social da Igreja, mas mencionada por exemplo, no Decreto APOSTOLICAM ACTUOSITATEM – sobre o apostolado dos leigos, em que menciona como uma das várias obras do apostolado familiar a adoção de crianças abandonadas; na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, Encíclica Evangelium Vitae, etc.
Porém, mais importante e urgente é o matrimônio e consequentemente a família. Porque é conservando integralmente a moral conjugal, como diz a própria Humanae Vitae, que a Igreja estará contribuindo para a instauração de uma civilização verdadeiramente humana. Por mais que a adoção faça parte de uma ação pastoral, ela não é a solução da “Paternidade Responsável” que se menciona. Ela não é a solução que evitará que mais crianças sejam abandonadas ou que os pais tenham mais filhos do que podem criar. E a santificação do matrimônio, como bem diz também a Humanae Vitae, envolve “uma ação pastoral coordenada, em todos os campos da atividade humana, econômica, cultural e social: só uma melhoria simultânea nestes diversos setores poderá tornar, não só tolerável, mas mais fácil e serena a vida dos pais e dos filhos no seio das famílias, mais fraterna e pacífica a convivência na sociedade humana, na fidelidade aos desígnios de Deus sobre o mundo.”
Sobre os coelhos, veja o que disse São João Paulo II no Angelus de 17 de julho de 1994: “A Doutrina da Paternidade Responsável da Igreja se apóia nesta base antropológica e ética fundamentais. Infelizmente, nesta questão, muitas vezes é incompreendido o pensamento católico, como se a Igreja apoiasse uma ideologia de extrema fertilidade, que levaria o casal a procriar sem discernimento e sem qualquer projeto. Mas bastaria uma leitura atenta dos pronunciamentos do Magistério para ter certeza que não.”
Jorge,
Não se preocupe com minha patologia. Eu tomo meus remedinhos todo dia. Preocupe-se com sua ânsia de sempre “explicar” as declarações pontifícias. O papa tem um porta-voz. Não é preciso que você seja o Pe. Lombardi brasileiro.
Você me pergunta: “tu ainda queres que eu me pronuncie sobre o acerto ou erro em concreto de uma admoestação pontifícia à qual não estive presente…”. Você infelizmente não percebe que é exatamente isso que você faz o tempo todo com as entrevistas papais. Você fica se pronunciando para “explicá-las” segundo uma sua interpretação benevolente e “ortodoxa”. Se são apenas entrevistas, por que você sempre se apressa em “explicá-las” e defender aquele que emitiu as palavras. O papa pode se explicar ou pode fazê-lo através de seu porta-voz…
Você é que, mergulhado em sua “patologia”, não percebe a ânsia com que se lança para “explicar” e defender cada entrevista do papa. E não consegue perceber que, enquanto a mídia execrava outros papas – pobre Bento XVI -, louva o atual pelas suas, no mínimo nebulosas, declarações. Enquanto antes o papa era apoiado pelos católicos “praticantes” (termo estranho, mas você há de saber o sentido dele) e execrado e criticado pelos “não-praticantes”, que diziam que o papa era retrógado, que a Igreja precisava mudar, hoje ocorre o inverso: o papa é louvado por revistas de rock e gay e pelos católicos “não-praticantes”.
Como “você não esteve presente às diferentes entrevistas do papa”, por que resolveu comentá-las, sempre defendendo, e agora diz “tu ainda queres que eu me pronuncie sobre o acerto ou erro em concreto de uma admoestação pontifícia à qual não estive presente…”? Fico feliz que você tenha percebido minha patologia. Seria melhor para você descobrir a sua…
E fica o conselho: deixe para o Pe Lombardi a função de “apagar os incêndios”, já que você “não está presente às declarações do papa e só sabe delas por segunda ou terceira ou quarta mão”. Coerência, meu caro, coerência…
TQ
Ler a entrevista na íntegra não salva os censuráveis excertos; pelo contrário, agrava-os ao colocá-los em meio a afirmações católicas que, longe de darem a correta interpretação, confundem o ouvinte ou o leitor médio, tal como uma bebida saborosa mascara a existência de um veneno fatal, levando ao acatamento do erro no primeiro caso e à morte quem a ingere, no segundo. E na melhor da hipóteses, se as afirmações do papa naquela entrevista precisam de uma ginástica interpretativa, dele ou de quem for, para ser corretamente compreendidas, elas já seria ruim desde o princípio, porque o magistério, ou mesmo uma entrevista, não é feita para peritos em hermenêutica, e sim para o mais simples e/ou mais frágeis (na fé) dos católicos (os pequeninos aos quais Nosso Senhor se refere).
Sobre alguns pontos, o papa diz que três filhos seriam suficientes para manter um crescimento populacional, segundo os especialistas e, reprova o caso concreto da mulher na sua oitava gestação tachando-o generalizadamente de ERRO OPOSTO ao neo-malthusianismo praticado na ausência de filhos ou em número de um ou dois. A segunda observação é que o papa diz que a reprovou não enquanto tinha a intenção de ter mais filhos, e sim depois de gerar esse oitavo filho e o estar gestando em seu ventre. Isso é que coisa e oportunidade que se diga a uma mulher?! Ela também pode ter sua fraqueza, e diante dessa reprimenda ser levada ao pecado do aborto com receio desmedido do risco de sua oitava gestação. E isso pode estar ocorrendo até mesmo por quem está na primeira gestação (de maior ou menor risco) e lê tal entrevista. Então, pastoralmente, essa entrevista é um fracasso, com potenciais e graves consequências.
Torre Queimada,
Este blog existe para defender e propagar a Fé Católica; é esta, portanto, a razão pela qual venho a público expôr o que a Igreja ensina quando existem pessoas sustentando o contrário. Ninguém precisa ser “porta-voz” do Papa para fazer essa banalidade, que aliás é dever de todo batizado.
Volto a sugerir que você me leia com mais atenção. Ainda esta semana eu escrevi aqui «que a única coisa pior do que uma imprensa hostil ao Papa é uma imprensa que o festeje» – e você me acusa de não perceber esta obviedade…
Estas aspas ai não são minhas: insisto que me leia com mais atenção. Eu disse que não estive presente à admoestação feita à mulher grávida e, por não conhecer o caso, obviamente não tenho condições de saber – como você me perguntara – se «a repreensão é correta, ainda que seja dirigida a uma mulher específica». Aliás, a irrelevância da pergunta é bastante significativa: demonstrado que o Papa não disse que os católicos só deveriam ter três filhos e que ninguém pode procriar de maneira irracional, só resta, mesmo, se aferrar a uma repreensão anônima à qual ele aludiu en passant na entrevista e discutir, com ares de imponência, se ela estava conforme os ditames da caridade ou não. Francamente…
-JF
Quem fala demais dá bom dia a cavalo.
Papas deviam ser mais reservados, falar menos e só depois de uma reflexão sobre os efeitos e possíveis interpretações e significados de suas palavras.
ver no site do vaticano news.va que o próprio papa ficou triste pelas interpretações errôneas de sua entrevista sobre paternidade responsável.
Vejam hoje no site news.va do vaticano que o próprio papa ficou triste com as interpretações errôneas que deram a sua entrevista sobre a paternidade responsável e que ele não queria de modo algum recriminar as famílias numerosas
Vejam no site news.va como o próprio papa ficou triste por terem distorcido sua mensagem como se ele estivesse falando contra as famílias numerosas.