Por que não ataco o Papa Francisco? Ora, porque não sou papista!

As reações ao último texto daqui do blog ensejam uma reflexão oportuna. Sintetizando diversos comentários no mesmo sentido, um leitor acusou-me de escrever escondendo informações “importantes” e “embaraçosas” a respeito da atual situação da Igreja. Como exemplo paradigmático do tipo de informações que estão (no entender dele, injustificadamente) ausentes das minhas análises, ele afirmou o seguinte:

Você, por exemplo, nada comenta sobre a montanha de evidências que mostram o Papa Francisco favorável à comunhão dos recasados

Ora, isso não é de todo exato. Eu nada comento a respeito deste assunto e de outros correlatos, exceto quando é para dizer que aquilo de que acusam o Papa não é exatamente assim como estão dizendo — nestes casos, aliás, eu já comentei aqui muitíssimas vezes: à guisa de exemplo, eu poderia citar o que escrevi quando disseram que o Papa era a favor do desarmamento, que ele condenara taxativamente a pena de morte, que dissera que o inferno não existia e/ou eterno não era ou até mesmo — pasmem! — quando se levantou uma polêmica terrível, instaurada, claro, por S. S. o Papa Francisco, para se saber se os cãezinhos e gatinhos iam ou não para o Paraíso. Não é portanto exatamente verdade que eu nada comento sobre aquilo que é desabonador a Sua Santidade. O que é verdade — e que provavelmente é o que o autor do comentário quis dizer — é que eu não confiro ares de seriedade e importância a este tipo de informação. Não lhe concedo cidadania aqui no blog.

E isto, sim, eu assumo: não, não faço eco, não mesmo, aos boatos desabonadores a respeito do Vigário de Cristo, e nem acho que outras pessoas deveriam fazê-lo, porque isto — como disse ontem no comentário e desenvolvo melhor agora — é irrelevante para o Catolicismo, irreverente para com o Santo Padre e daninho às almas.

Em primeiro lugar é irrelevante porque o que o Papa pensa ou deixa de pensar privadamente, ou mesmo aquilo que ele insinua em conversas informais, não faz parte do Magistério da Igreja, não é de adesão obrigatória aos fiéis católicos e, portanto, não integra a “regra próxima da Fé” que deve ser seguida por todo fiel. O que o Papa diz (ou mesmo pensa) privadamente não interessa à Fé. Não faz o menor sentido, e para ninguém!, pretender que o Catolicismo seja uma religião que se constrói e apreende na coloquialidade com o Papa — ou, melhor dizendo, com o filtro que os meios de comunicação apresentam do Papa –, como se já não existissem montanhas de conhecimentos a respeito do Catolicismo, como se tudo isso não fosse desde sempre obrigatório a todo católico (inclusive ao Papa!) ou como se o Cristianismo de vinte séculos estivesse a todo momento periclitante, sempre dependendo da próxima entrevista pontifícia para ser confirmado ou ruir por terra.

A Doutrina Católica existe há dois mil anos! Ela não é uma terra virgem a ser desbravada — e só então conhecida –, palmo a palmo, pelas incursões midiáticas de Papa algum. O que o Papa Francisco supostamente disse — para ficar no exemplo mais recente — a respeito da Eucaristia para os luteranos não é elemento chave para a compreensão das regras católicas a respeito da communicatio in sacris. É deprimente até mesmo que isso esteja sendo discutido.

Ainda que o Papa fosse realmente favorável à comunhão dos recasados — concesso non dato –, corroborando a “montanha de evidências” que o meu leitor garante existir, ainda assim, isso em absolutamente nada alteraria as questões doutrinárias que estão na raiz da proibição da comunhão eucarística aos divorciados em segundas núpcias. A Doutrina Católica não está à mercê das entrevistas pontifícias, e hiperdimensionar estas manifestações informais do Romano Pontífice tem o único efeito de catalisar uma confusão que não deveria sequer existir (como se, caso o Papa “autorizasse” os divorciados recasados a comungarem, o adultério deixasse de ser pecado ou o estado de graça deixasse de ser pré-requisito para o acesso à Santíssima Eucaristia).

Agora, é mesmo o Papa pessoalmente favorável a isso ou aquilo? E se for? Façamos um pequeno exercício de imaginação. Se fôssemos imaginar um mundo em que não houvesse a facilidade das telecomunicações com as quais nos já acostumamos hoje em dia — e fazê-lo não é nem tão difícil, basta retrocedermos umas duas décadas –, se imaginássemos, dizia, um tal mundo, o que se poderia esperar de uma situação que fosse rigorosamente igual à presente (do Papa no encontro com os luteranos) em todo o resto? A esposa luterana desabafaria com o carismático líder católico, este lhe dirigiria algumas palavras anódinas de conforto e pronto. A coisa não ficaria sendo revivida e reproduzida, em texto, áudio e vídeo, nos quatro cantos do mundo, e nem ganharia a dimensão que adquire nos dias de hoje, com os teólogos de plantão esquadrinhando minuciosamente o discurso improvisado do Papa — e, pior ainda!, perscrutando-lhe implícitas intenções. Não se cogitaria de extrair contradições entre a resposta coloquial de Sua Santidade e a doutrina católica rígida e criteriosamente sistematizada nos manuais de teologia. Ora, a raiz do problema, aqui, decorre do fato (absolutamente contingente) de cada palavra do Papa ser gravada, reproduzida e analisada por um número indeterminado de pessoas e uma quantidade indefinida de vezes. Se a mesma balança pudesse ser aplicada aos Papas do passado… quem ousará dizer que Bergoglio seria o primeiro Papa a fazer-lhe o prato pender para o lado da ambiguidade?

“Papista” não é quem acha que se deva poupar o Papa do escrutínio católico. Papista, ao contrário, é quem imagina que todo e qualquer suspiro que o Papa solte, em toda e qualquer situação possível e imaginável, deva necessariamente conter a mais límpida, perfeita e impecável transmissão de toda a Doutrina Católica, sem a menor possibilidade de erro algum. E se, por acaso, o Papa falhar nesta exigência, então — diz o papista — qualquer um está autorizado a expôr a contradição, questionar a catolicidade do Papa e vaticinar um futuro terrível para a Igreja que se encontra tão mal representada.

E aqui chegamos ao segundo ponto, a irreverência. A regra da caridade para os católicos, da última vez que chequei, mandava creditar, aos outros, todo o bem de que se ouvisse minimamente falar, e não lhes atribuir senão o mal que fosse visto com os próprios olhos. Isso, que é devido a toda e qualquer pessoa, é elevado à sétima potência quando estamos falando dos membros da Igreja Docente e à “70 x 7″ª quando estamos diante do Vigário de Cristo!

“Quando se ama o Papa” — dizia São Pio X — “não se objeta que ele não falou muito claramente, como se ele estivesse obrigado a repetir diretamente no ouvido de cada um sua vontade e de exprimi-la não somente de viva voz, mas cada vez por cartas e outros documentos públicos”. E, principalmente, quando se ama o Papa (e, lembremo-nos, todo mundo está obrigado a amar o Papa!) não se faz dele o pior juízo possível, dirigindo-lhe — pelas costas e em público — os mais desabonadores epítetos existentes no mundo cristão.

Só no post imediatamente anterior a este o blog foi brindado com excelentes pérolas da espiritualidade cristã, como a referência ao “maldito Concílio Vaticano II (…) e os seus porcos documentos” ou ao “Sinédrio bergogliano”. Nos demais textos aqui publicados a respeito do Papa Francisco — por exemplo, nos que citei mais acima — são bastante recorrentes as invectivas ao Vigário de Cristo, referindo-se ao seu “desatino” ou às “asneira[s]” que ele fala, por exemplo. “Antipapa” e “herege” também aparecem aqui com relativa frequência, e eu muitas vezes apago — mas basta uma passagem rápida pelas páginas de comentários de outros blogs onde este comportamento, ao contrário daqui, é incentivado, para que se veja a institucionalização do desrespeito ao Soberano Pontífice e a violação sistemática do IV Mandamento erigida a exigência de bom catolicismo, fora da qual parece não ser possível encontrar a salvação.

Tal hábito — verdadeira segunda natureza em muitos — é daninho à salvação das almas, por diversas razões, das quais as três seguintes parecem-me de não pequena relevância. Primeiro porque o distintivo do cristão deve ser a caridade fraterna, e não a maledicência — e não há nada mais contrário à caridade cristã do que um bando de marmanjos na internet, qual comadres, xingando o Papa uns para os outros sem que disso advenha nada a não ser um estado de desconfiança cada vez maior para com o Romano Pontífice. E a submissão ao Romano Pontífice é absolutamente necessária à salvação de toda criatura humana, como reza a Unam Sanctam, e nada mais difícil do que submeter-se efetivamente ao Romano Pontífice quando parte substancial do seu apostolado é consumida nos xingamentos a ele, incitando contra ele o ódio e o desprezo.

Segundo porque isso afasta as pessoas da verdadeira Igreja, na medida em que, deparando-se com a histeria histriônica dos sedizentes últimos cavaleiros católicos do mundo lutando contra a abominação instaurada na Igreja Santa de Deus, e percebendo o quanto isso é ridículo, pessoas normais e sadias terminam por ser empurradas para o “lado oposto” do combate — e o lado oposto não é o Deus lo Vult!, blog de bem pequena relevância e alcance, mas sim o modernismo relativista mais abjeto. É, portanto, no mínimo, um erro de estratégia.

Terceiro e não menos importante, porque esta atitude retroalimenta, fortalece e legitima os relatos anticatólicos dos quais se nutre o progressismo eclesial, o qual, para se impôr, precisa valer-se de um “espírito” do Concílio (ou do “sínodo”), de uma “vontade” dos líderes da Igreja que se encontra para além dos textos e documentos oficiais. Este relato adquire tanto mais relevância e verossimilhança quanto mais pessoas sérias e alfabetizadas levantam as suas armas contra o conteúdo do relato ao invés de se baterem contra o relato em si mesmo — acusando-o de falso e mentiroso, de cretino e desonesto, de não corresponder à verdade e de ser uma tentativa sórdida e canalha de ganhar a guerra do discurso uma vez perdida a guerra da doutrina, como seria de se esperar. Ora, se aceitamos em público que existe realmente um espírito do Vaticano II anticatólico (ao invés de dizer que isso é uma invenção dos inimigos de Cristo para fazer valer a sua própria vontade contra a Igreja), ou qualquer outro conceito do tipo, nós já entramos no combate concedendo ao inimigo um amplíssimo terreno ao qual ele, absolutamente, não faz jus.

A Igreja de Cristo, fora da qual não há salvação e nem santidade, é aquela formada por uma tríplice comunhão: de Fé, de Sacramentos e de Governo. Isto é matéria do Catecismo das crianças. E a comunhão “de Governo” se manifesta na submissão às mesmas autoridades legítimas, em particular ao Santo Padre, o Papa. Ora, é verdadeiramente esquizofrênico imaginar que a submissão ao Papa seja compatível com a incitação à desconfiança para com o próprio Papa. E pretender que esta sujeição não seja necessariamente visível e concreta — a um Papa visível e de carne e osso, portanto — é requentar concepções eclesiológicas já condenadas desde o Concílio de Trento. A grande discussão do mundo católico contemporâneo — a discussão verdadeiramente importante — não pode ser esta besteira de caçar interpretações heterodoxas nos discursos [de improviso] do Papa e nem a inconsequência de perscrutar as intenções do Romano Pontífice por detrás do [que os meios de imprensa apresentam do] seu dia-a-dia. Se a alta intelectualidade católica encontra-se reduzida a isso… então estamos muito pior do que nos demos conta, e surge aos nossos olhos, com horror, aquela perturbadora pergunta de Cristo a respeito de se o Filho do Homem, quando retornar, encontrará acaso ainda Fé sobre a terra.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

40 comentários em “Por que não ataco o Papa Francisco? Ora, porque não sou papista!”

  1. Perfeito, Jorge!!!

    Confesso que às vezes também desconfio um pouco do Francisco… mas tu tens razão.

    Cristo prometeu que estaria com a Igreja até o fim dos tempos. Acho que muitos católicos perderam a fé nas palavras de Cristo.

    Lembro-me da barca e da tormenta, e das palavras de Nosso Senhor: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?” (São Marcos 4, 40)

    Grande abraço e continue com o bom trabalho,
    Jonas

  2. Meu caro, congratulo e agradeço suas palavras. Não é de hoje que seu blog tem sido uma fonte de alento para mim. Creio que seja assim também para muitos outros. Portanto, tenderei a discordar da parte em que você diz que o deuslovult.org é de pouca relevância ou alcance. Muito pelo contrário.

  3. Ocorreu-me a pouco, em razão da sua imensa, inacreditável dificuldade de compreender as coisas mais comezinhas, fazer o seguinte acréscimo ao meu comentário anterior, a fim de evitar ainda mais confusão, se é que isto é possível quando se trata do nobre editor.

    Quando digo que os revolucionários dentro da Igreja buscam, em oposição ao que diz a letra da lei de Deus e a sã doutrina, uma “guerra de versões” ou uma “luta de idéias”, devo dizer também que eles assim procedem não sem antes preparar o terreno para que possam empreender esta estratégia. E esta preparação se dá, exatamente, através dos tais documentos, com disse antes, vagos, imprecisos, tortuosos, propositalmente ambíguos, que eles elaboram para aplicar o embuste. Tontos, ingênuos, incautos são aqueles que não só aceitam e legitimam tais documentos, bem como a trapaça que eles carregam, mas, numa atitude que só o embotamento mental em grau extremo pode explicar, ainda se propõem a esconder, ou fingir que não viu, todo o ardil obscenamente exibido pela máfia de clegyrman. Como explicar uma insanidade destas dentro dos limites da razão? Só que é exatamente isto o que o sr. Cleaner Ferraz, todo cheio de empáfia, recomenda que todos façamos. Como respeitá-lo como um opinador público, ou, pior ainda, como apologeta católico, quando demonstra tamanha inconsciência?

    —//—

    Só mais uma coisinha, porque parece que o sr. esta no jardim da infância no que diz respeito à história da Igreja.

    Para seu conhecimento sr. Ferraz, diversos Sínodos e Concílios da Igreja, legitimamente convocados, foram anulados ao longo da história. Oh! Que horror! O sr. não deve saber disto, não é? Do contrário não diria a bobagem que disse aqui.

    Agora, imagine que desabono para um determinado papa, ter de vir um sucessor seu e anular um Concílio ou Sínodo que ele chefiou e promulgou, sem talvez ter visto nada de errado numa constelação de erros como é o caso do malfadado Concílio Vaticano II.

  4. Só mais uma coisinha, porque parece que o sr. esta no jardim da infância no que diz respeito à história da Igreja.

    Para seu conhecimento sr. Ferraz, diversos Sínodos e Concílios da Igreja, legitimamente convocados, foram anulados ao longo da história. Oh! Que horror! O sr. não deve saber disto, não é? Do contrário não diria a bobagem que disse aqui.

    Agora, imagine que desabono para um determinado papa, ter de vir um sucessor seu e anular um Concílio ou Sínodo que ele chefiou e promulgou, sem talvez ter visto nada de errado numa constelação de erros como é o caso do malfadado Concílio Vaticano II.

    Como dica para aguçar sua curiosidade, deixo abaixo um link que traz alguns exemplos de anulações de Sínodos e Concílios, com certeza, menos nocivos do que o (Oh! Não fique chocado) maldito CVII.

    http://speminaliumnunquam.blogspot.com.br/2015/02/concilios-anulados-da-igreja.html

  5. Não critico e nem posso, como v o papa Francisco, mas dizer que depois da saída de S João Paulo II e Bento XVI as coisas tomaram um rumo diferente, evidente que há um clima de heterodoxia, sem confrontação do papa Francisco.
    Coloquemos de um lado certos esquerdistas do Vaticano, como os Cardeais D Walter Kasper, o mais top-top, B Forte, Baldisseri, Daneels, Schöenberg, Hans Küng, Maradiaga etc., discípulos do finado Carlo Martini, mesmo aqui o nosso D Hummes, amigo pessoal do Lula, como todos estão eufóricos!
    Ao lado desses, idem o L Boff, Gutiérrez, Betto etc., da vermelha TL, hoje em dia infestando tantas paróquias, desvirtuando as mentes católicas para o humano-niilismo, nada mais, tão espalhada mundo afora, obra-prima da KGB para disseminar marxismo sob forma religiosa nas Américas e África, sincronizados aos acima!
    De igual forma os acima, muito sintonizados e parceiros dos partidos comunistas e de ditadores sanguinarios tipo F Castro, de movimentos sociais(milicias comunistas) – que lobos vorazes de uma imensa alcatéia! – acabando por se aliarem indiretamente aos diabólicos muçulmanos, já que os comunistas e seus partidos são seus aliados!
    Lembra de Dilma na ONU defendendo diálogo com o ISIS, mesmo D Leonardo da idem agora bem mais alegre CNBB, aliada da TL e PT?
    Já notou como os ferozes ataques à Igreja e ao papado praticamente cessaram, os inimigos da Igreja como dos lobbies abortista e gayzista, esse em especial estão hilariantes e elogiando o novo comportamento do Vaticano, além de a midia globalista cessar seus recorrente e virulentos ataques à Igreja?
    Ao lado oposto, Cardeais como D Schneider, D Tomasz Peta, D Bialik(Pol), D Burke, Sarah e bispos africanos, D Pell, D de Paolis, D Cafarra e varios outros que não aceitam e nem podem admitirem doravante em nome de eufemismos de aceitação do erro camuflados de “misericordia, acolhimento, compreensão, acolhimento etc., sem exigencia alguma de conversão!
    A igreja que querem os cardeais aliados ao D Kasper não seria da Igreja de Jesus, a original, mas seria comparável às 10 001 seitas relativistas protestantes em que v é o deus da bibia e o exegeta a decidir tudo a seu criterio!
    Bom seria conferir as profecias de N Senhora para os sec. XIX e XX em sequencia, trechos como a do Bom Sucesso com o caos atual, a partir de dentro da Igreja:
    “O Menino Jesus revelou a Madre Mariana que muitas almas religiosas e sacerdotais “querem servir-Me às meias, conservando seus caprichos e gênios, em tudo satisfazendo suas vontades e tomando liberdades incompatíveis com seu estado e profissão. Eu não as tolero; nada pela metade me agrada. Eu as abandono e deixo que sigam todos os desejos de seu coração pervertido para desconhecê-las diante de Meu Pai Celeste. Ai daqueles e daquelas!” (II, 93).
    “Quase não se encontrará a inocência nas crianças nem pudor nas mulheres, e nessa suprema necessidade da Igreja, calar-se-á aquele a quem competia a tempo falar (II, 7).
    Essa grave omissão é repetida por Nossa Senhora na aparição seguinte, em 2 de fevereiro de 1610:
    “Campearão vícios de impureza, a blasfêmia e o sacrilégio naquele tempo de depravada desolação, calando-se quem deveria falar” (II, 17).
    Nesse caso, tenho agido como D Schneider e similares: “non possumus”!
    A parte humana da Igreja pode ir a quase zero, no entanto, ela é indestrutível, como extensão que é do Corpo de Cristo, conf. Cl 1,18, 1,24, Ef 1, 22-23 etc., imune às intemperies e vississitudes desse mundo!

  6. Gostei de sua resposta, Jorge. Mas acho que há alguns pontos que precisam ser melhor trabalhados.

    Não é o caso de atacar o Papa Francisco. Ninguém disse que Francisco deve ser atacado. Ele é nosso Sumo Pontífice e merece de nós amor irrestrito.

    Contudo, há também a questão da Verdade. Há a questão de construir um edifício sobre alicerces sólidos, ainda que dolorosos, ou sobre mentiras piedosas.

    Seu argumento central é que a opinião pessoal do Papa é irrelevante.

    Eu sustento que a opinião pessoal do papa é relevante.

    É obviamente possível ser santo e nem sequer saber o nome do Pontífice. Mas se você quer entender as coisas que acontecem hoje na Igreja, é importante saber qual a opinião do Papa a respeito deste ou daquele assunto.

    Não duvido que no passado tenha havido papas com opiniões pessoais bastante problemáticas, mas justamente por viverem num tempo pré-mediático essas opiniões pessoais não tiveram consequências de monto e só interessam aos historiadores (e olhe lá).

    Porém, vivemos hoje numa era hipermediática.

    Frases informais ditas em contexto privado, ampliadas pela mídia, têm, quer gostemos ou não, consequências. Um comentário do Papa, uma entrevista, um telefonema, uma palavra a mais para a direita ou para esquerda altera significativamente o balanço das coisas. Não deveria ser assim, mas é assim.

    Se você não compreende isso, você não compreende a guerra cultural.

    Por fim, se infelizmente existem católicos tradicionais que se excedem nos seus comentários sobre o Papa, isso não significa que não haja espaço para análises realistas e ponderadas sobre as relações de Francisco com ala modernista da Igreja.

    Nesse sentido, você nada disse sobre os artigos/entrevistas/vídeos de Burke, Schneider, Souza e Clovis que lhe mandei no último post. São os artigos destes sacerdotes irrelevantes? Ou irreverentes? Ou daninhos à Fé?

  7. Caro Jorge, como admirador que sou de vosso trabalho neste blog, penso nesse momento que – respeitosamente – posso expressar o porquê discordo de vosso artigo. Antes de mais nada, subscrevo o comentário acima (do JB).

    Jorge, a ideia central de vosso artigo é a de que são irrelevantes as opiniões, frases, entrevistas ou discursos do Papa, uma vez que se tratam apenas de OPINIÕES e não propriamete magistério. Acontece que pessoas iguais a você – que conhecem a fundo a Doutrina Católica, inclusive os graus e distinções da autoridade do Papa (“Ex Cathedra”, etc) – representa provavelmente menos de 5% dos católicos em todo o mundo. Para os outros 95% tudo o que o Papa diz ou faz tem peso e importância. Para exemplo posso citar meus pais, católicos de “ibge” desde que nasceram e católicos “praticantes” há 15 anos. São pessoas tão simples, de “pouco estudo” como se diz, que não compreendem haver distinção entre um dogma pronunciado solenemente e uma homilia na Casa Santa Marta, entre o Concílio de Trento e o Sínodo “da Família”. Para eles tudo vem do Papa e portanto tem o mesmo peso. Meus pais, de tão simples que são, pensam que “se o papa disse, permitiu ou mudou” tal coisa, “quem somos nós para discordar”. E assim caro Jorge, meus pais, buscando ser fieis à Igreja, estão mudando sua forma de pensar em relação à indissolubilidade do Matrimônio e à recepção da Eucaristia por casais em “2ª união”.

    Com isso quero dizer que, infelizmente, 95% dos católicos em todo o mundo estão sujeitos a essa mesma influência… quantas almas não se perderão por seguirem certas “opiniões irrelevantes” do Papa?

  8. Se a palavra informal de um simples padre a gente leva em conta,sendo ocasião para edificação ou escândalo,imagine a palavra de um Papa?!??!?!

    Além do que ,seria frustrante para o supremo pastor da Igreja,merecer ser levado em conta em seus pronunciamentos,só nos casos de declarações “Ex Catedra”.

  9. JB,

    Acontece que esse “amor irrestrito” a Sua Santidade — que você muito acertadamente diz ser devido — é diretamente proporcional à, digamos, posição ocupada no mundo católico pelo que se diz tradicionalista. No geral, o cardeal tem, sim, e demonstra, amor ao Papa. O editor de blog tem bastante menos. O sedizente formador de opinião de Facebook, um pouco menos ainda. O comentarista de blog não tem quase nenhum. E é este o problema.

    Claro que há espaço para análises moderadas a respeito do Papa. O problema é o foro onde se reproduzem essas análises. Que me recorde, jamais lancei uma palavra contra S. E. Burke ou D. Athanasius aqui no blog. Agora certamente já devo ter lançado, e muitas, contra quem me vem com o Card. Burke para dizer que Francisco é um Antipapa ou congêneres.

    É evidente que “[u]m comentário do Papa, uma entrevista, um telefonema, uma palavra a mais para a direita ou para esquerda altera significativamente o balanço das coisas”. Agora, o que fazer diante disso? Aceitar que o telefonema pontifício é instrumento apto para determinar o rumo da Igreja — e reduzir a celeuma a “ficar a favor do Papa” vs. “ficar contra o Papa” — ou denunciar a instrumentalização de um ato informal para forçar a Igreja a uma posição que Ela, oficialmente, não poderia assumir?

    Claro que a guerra cultural é a guerra de relatos, como um comentarista sintetizou magistralmente no outro post. Exatamente por isso, não tem sentido algum combater a guerra sancionando o relato do inimigo. O que se há de fazer é negar que tal ou qual insinuação pontifícia / conciliar / whatever tenha o condão de governar a Igreja, e não descarregar a munição sobre o Papa / o Concílio / o-que-seja que deu margem à cretinice — como se se pudesse conduzir a Igreja na informalidade, contra o Seu discurso oficial. Ora, tal proposição evidentemente não pode ser aceita. Sim, ela é eficaz no mundo moderno, mas é uma eficácia ilegítima. Se nos esquecemos disso — e se ficamos “poxa, rapaz, o Concílio bem que poderia ter dito ‘est’ no lugar de ‘subsistit in’…” –, terminamos conferindo legitimidade à hermenêutica dos silêncios, das insinuações, das informalidades. E, nestes termos, a derrota é certa.

  10. Sr. José Santiago,

    Sim, claro que noventa por cento dos católicos conhecem o Catolicismo a partir da mídia. Mas o problema é justamente que a mídia não é o instrumento adequado para se conhecer a Doutrina Católica; é ilusório pensar que o problema pudesse ser resolvido se as autoridades religiosas deixassem de fornecer material para a mídia apresentar uma visão distorcida do Cristianismo. Isso não se pode jamais garantir.

    Nosso Senhor, quando instituiu a Igreja, não dispôs que os Papas tivessem, sempre e em qualquer circunstância, a atitude mais perfeita, a palavra mais adequada, o gesto mais inequívoco para expressar da melhor maneira possível a pureza cristalina da Mensagem Evangélica. A única garantia que Ele deu foi a da infalibilidade dentro dos contornos que nós conhecemos — e, portanto, não podemos pretender que nenhum Papa não vá jamais praticar um gesto ambíguo, uma palavra inadequada, uma atitude titubeante. Ao contrário: precisamos, na verdade, contar com que essas coisas eventualmente aconteçam, e encontrar mecanismos de tornar a nossa Fé sólida a despeito disso.

    Sim, eu sem dúvidas concordo que é possível que almas se percam por seguir opiniões inconsequentes das autoridades religiosas — inclusive dos Papas. Mas o ponto é: o que fazer diante disso? A gente vai exigir que autoridade religiosa não tenha nunca opinião leviana? Ou, ao contrário, a gente vai ensinar aos fiéis católicos que eles não devem seguir opinião leviana de seu ninguém?

    Claro que o mais fácil seria se a Igreja Docente fosse de uma clareza cristalina 24 x 7. No entanto, isso é obviamente impossível. E o caminho que leva ao Céu não é o caminho fácil de xingar o Papa e exigir dele que ele faça a Igreja ser… o que o próprio Cristo não determinou que Ela fosse.

    In casu: é preciso dizer, e com coragem, com clareza, com veemência e determinação, que “[a] Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e actuada na Eucaristia”. Este é o texto da Familiaris Consortio. Não se pode admitir que o fato de o Papa não o repetir o tempo todo signifique uma autorização para o ignorar.

    Paradoxalmente, acho que há uma hipertrofia do papel do Papa. As pessoas parecem esperar que todo e qualquer aspecto do Cristianismo, para adquirir validade, precise ser chancelado pelo Pontífice da ocasião. Isso pode até ser o pensamento em vigor nos dias de hoje, mas não é católico. Não dá pra esperar que o Papa fique o tempo todo a referendar todos os pontos da Doutrina Católica. Talvez o que se precise seja de diminuir essa dependência do fiel para com o Papa — obviamente, no que concerne aos elementos básicos e já definidos do Catolicismo

  11. Sr. Domingos,

    Naturalmente não se trata de levar a sério o Papa “só nos casos de declarações ‘Ex Catedra'”, e sim de não imaginar que os pontos elementares da Doutrina Cristã estejam sempre à mercê da chancela ou rejeição pontifícia.

  12. Gostaria de ouvir suas explicações do papa Francisco não censurar os cardeais tipo Cardeal Kasper com propostas muito divergentes da doutrina católica de sempre, e nesse Sínodo possibilidade de dar comunhão a recasados “caso a caso”, e mesmo aliviar a barra de homossexuais em prática!
    Nos tempo dos dois papas anteriores se apresentassem uns desses modenismos para eles, imagine…

  13. Caro Jorge.
    Quando li seu artigo pensei em dizer algumas palavras de apoio e outras de contestação. Mas quando li os comentários desisti porque o JB e o José Santiago já disseram o suficiente. Vou apenas acrescentar que continue sempre a escrever. O seu blog é um dos poucos sobreviventes que eu leio. Parece que um a um estão desanimando e sumindo. E acabam ficando só os progressistas e os tradicionalistas mais ferozes. E eu também acho que o meio termo (que não significa em cima do muro) é o mais próximo da verdade. Continue firme. Gosto e acompanho há tempos tudo o que voce escreve. Rezei pela sua saúde, e hoje agradeço a Deus por ela.
    Mesmo não concordando com todos seus pontos de vista, admiro seu esforço pra defender a Igreja e a Verdade de Deus. Eu certamente também falho nos meus julgamentos e opiniões mas pessoas como voce nos ajudam aos poucos a ir chegando a um melhor entendimento da vontade divina, e nos ajudam até a compreender nossos próprios pensamentos e julgamentos.
    Obrigada e vá em frente. Me parece que tem diminuído a frequência dos escritos, que não seja por desânimo.
    Não se chateie com comentários ácidos como os do Leonardo Oliveira, ele sofre, como todos nós. Alguns sofrem chorando, outros esperneando, outros xingando. Que Deus tenha piedade de todos nós. Viver nesse tempo não é mole não.

  14. “Exatamente por isso, não tem sentido algum combater a guerra sancionando o relato do inimigo. O que se há de fazer é negar que tal ou qual insinuação pontifícia…”

    É precisamente esse o meu ponto. Para você, é irrelevante se o relato do inimigo (por “relato do inimigo” inclui-se até as notícias da Rádio Vaticana…) contém alguma parcela de Verdade. Você ignora e pronto. Você faz propaganda e não apologética.

    Assim como Francisco nem sequer admite que a Igreja esteja em crise (“nunca esteve tão bem”), você sequer reconhece que o Papa Francisco, assim como antes dele Libério, Honório e João XXII, tem uma visão heterodoxa da doutrina católica.

    Por se recusar a admitir o que é óbvio a todos, você se vê obrigado a: i) Ignorar ponderações realistas como as de Burke e Schneider, que não mereceram sequer um comentário seu; e ii) Ver os acontecimentos da Igreja com os óculos mais cor-de-rosa possíveis.

    Ainda que possa lhe render frutos momentâneos, o seu afastamento da realidade mais cedo ou mais tarde vai-lhe custar caro, como se viu no lamentável episódio do crucifixo.

    Mas é ainda pior.

    Na resposta acima, ficou evidente nas entrelinhas que você sabe que Burke, Schneider, Clovis e Souza etc. estão corretos. Mas você jamais vai admitir isso publicamente. É propaganda e não apologética…

    Sei que você gosta do Michael Voris. Como ele é um leigo também, creio que você o deveria tomar como modelo. Não por amar o papa que não possamos dizer certas verdades dolorosas.

    http://www.churchmilitant.com/video/episode/the-vortexfailed-papacy

  15. JB,

    Sim, é evidente que eu não “reconheço” (verbo que você aparentemente utiliza no sentido de “alardeia na Internet”) que o Papa Francisco “tem uma visão heterodoxa da doutrina católica”. Eu não apenas não reconheço isso como o repudio com todas as forças — como qualquer mínima passagem pelo blog revela.

    E eu o repudio com todas as forças simplesmente por achar semelhante insinuação (que no seu comentário adquire curiosa característica de verdade já posta e incontestável) é falsa, caluniosa, ímpia, ofensiva aos ouvidos pios, daninha às almas. Ter “uma visão heterodoxa” é ser herege, e eu sustento que um Papa não pode ser herege.

    Você pergunta por que certas “análises” não ganham espaço no Deus lo Vult!. Ora, o seu comentário ilustra isso perfeitamente. O Card. Burke, ou dom Schneider, não escreveriam que o Papa Francisco, qual o Papa Libério, é heterodoxo. Você já dá um passo mais adiante e toma, como fato consumado, que o Papa Francisco é tão velhaco quando o Card. Duèze. Isso você, que é um comentarista culto e equilibrado…! Aí um Renato da vida pega a frase e diz que Francisco é um herege antipapa dos infernos (no que tem total razão, porque “ter visão heterodoxa da Doutrina” é irmão siamês de ser herege). E então pronto, eis a crise da Igreja elevada à n-ésima potência.

    Sim, é indiferente que o relato do inimigo tenha verdades, porque todo relato inimigo tem verdades e o que importa é o conjunto da obra. In casu, tomando como relato do inimigo a sentença “o Papa Francisco tem uma visão heterodoxa da Doutrina Católica”, que é uma falsa afirmação, ela é composta de diversos elementos de verdade (como, por exemplo, o Papa aparenta levar em consideração Kasper, ou o Papa jamais repetiu a condenação da Familiaris Consortio à comunhão dos divorciados recasados). Não tem sentido algum fazer o seguinte exercício apologético:

    – O Papa elogia Kasper. Ora, mas do elogio a uma pessoa não é possível inferir que haja concordância com tudo o que esta pessoa pensa e defende. Non sequitur.

    – O Papa nunca disse que os divorciados recasados não podem comungar. Ora, do fato de alguém não dizer uma coisa não segue que esteja afirmando o seu contrário. Non sequitur de novo.

    Ou melhor: não tem sentido algum passar a vida inteira fazendo este raciocínio, porque certamente eu já o fiz aqui, várias vezes, quando fui defender Sua Santidade das acusações levianas que lhe faziam com base nesse modus analisandi que chamei acima de “hermenêutica dos silêncios”, mas que se poderia dizer melhor das entrelinhas ou das inferências. Não é correto interpretar a Doutrina da Igreja pelas entrelinhas, e nem é caridoso fazer inferências desabonadoras sobre outrem (muito menos quando este outrem é o Papa).

    Excelente o Michael Voris, de quem de fato gosto muito e cujos vídeos já divulguei aqui no blog. Obrigado por esta última postagem, que eu ainda não vira:

    «So now, the Pope is caught — thanks to those around him — and appears to have very little room to maneuver.»

    Concordo integralmente.

    E note, a propósito, que a posição da Church Militant destoa bastante da lacônica e simplista “o Papa tem uma visão heterodoxa da Doutrina”.

  16. Muito barulho por nada. Não se desvie do assunto, por favor. Apelou, perdeu.

    Você sabe perfeitamente que heterodoxo está longe de ser o mesmo que herege. Se não sabe, aprenda. A heterodoxia é justamente a área cinzenta que existe entre a estrita ortodoxia e a heresia. Heterodoxia não significa erro; significa simplesmente diferença em relação ao padrão.

    Um Pontífice ortodoxo jamais permitiria que a comunhão dos recasados sequer fosse posta a voto, por exemplo.

    Agora, relaxe e diga-nos francamente:

    Você acha que D. Athanasius Schneider está errado em seu artigo sobre o sínodo? Sim ou não? Mais ainda, além de estar errado, você acha que ele nem deveria tê-lo escrito? Sim ou não?

    Espero que você entende que não dá para ficar em cima do muro o tempo todo. Ou você confirma que há algo de estranho/errado/heterodoxo com Francisco ou você afirma que o IPCO não deveria ter publicamente endossado o artigo de D. Schneider.

    Você concorda só com aquela frase de Voris ou você concorda com o principal de sua fala, o pontificado falhado de Francisco?

  17. Mais uma coisa: Não entendi porque você chamou velhaco ao Cardeal Dueze (Papa João XXII).

  18. Jorge, o comportamento do papa Francisco em varios casos tem deixado perplexos não só cardeais, bispos e povo católico melhor esclarecido da fé em geral, conservadores; alegres estão os liberais, como da Teologia da Libertação, os padres hereges dela, assim como apoiadores, como os os enfiados nos PCs, caso do PT.
    Tranquilos estão e caindo na onda da “misericordia” os que não têm formação religiosa e deificam demasiado o papa como se até opiniões, o informal dele fossem dogmas de fé – já notou como o Scalfari, Elton John e Pedro Stédile da vida estão rindo à toa?
    Qual jornal da midia mundialista critica o papa Francisco, muito ao contrario, os jornais e revistas que detestam a fé católica estão com ele nas alturas!
    Charlie Hebdo certa época achincalhou nosso papa emérito Bento XVI, lembra?
    E o nosso Boff, Gutiérrez, Dilma e mais da esquerda, como estão satisfeitos, críticos que eram dos 2 últimos papas que não deixavam para depois questionar esses atrevidinhos!
    Onde estão as Fêmen em mil manifestações contra a Igreja e o papa Bento XVI: até elas sumiram!
    V defende o papa Francisco parecendo torcedor fanático de um certo time de qualquer jeito, e usando uma linguagem cheia de retórica, malabarismos, contorcionismos para se justificar; desculpe-me, mais de parecendo co’o psicólogo da “DIRESSAUM SPIRITUAU” da Canção Nova, Pe Fabio de Melo!
    No entanto, gosto de ler e conferir suas mensagens!

  19. JB,

    Heterodoxia significa “diferença em relação ao padrão” assim como heresia significa escolha diferente do credo. Malgrado os seus esforços etimológicos, a passagem de uma à outra dá-se tão maquinalmente que a plêiade de sedizentes bons católicos fulminando de excomunhão o Papa Francisco baseia-se, integralmente, em arrazoados como o seu.

    Sim, acho que é um erro estratégico de D. Schneider atribuir ao Relatório Final a abertura de uma porta dos fundos para admissão dos adúlteros à Eucaristia. O artigo como um todo traz valiosa argumentação, patrística e magisterial, a favor da disciplina da Igreja Católica, de modo que — por essas coisas — acho importante que ele tenha sido escrito, sim. Naturalmente, se ele tivesse escrito isso sem endossar a tese anticatólica dos promotores da agenda Kasper seria muito melhor.

    João XXII, na questão da visão beatífica, não pode ser minimamente comparado ao Papa Francisco. Este não sustenta, privadamente, tese controversa absolutamente alguma. A minha alusão depreciativa ao card. francês foi por conta da sedimentação de Avignon como sede do papado levada a termo por Jacques Duèze. Mas concedo que eu possa ter sido demasiado duro com o último Papa João antes do séc. XX.

    Concordo substancialmente com a fala do Michael Voris. Você não viu por que o papado é um fracasso?

    On a temporal level at least, many people here in Rome are saying privately that the pontificate of Francis is shaping up to be a failure, largely owing to the unrealistic expectations that emerged in the early months. (…) Add to this the expectations stoked by the secular media. […] Despite his own blessedness, Pope Paul’s papacy — from a temporal standpoint — is largely viewed as a failure by various camps within the Church.

    O mundo tem o papado do Papa Francisco como fracassado porque ele não atendeu às expectativas (anticatólicas) artificialmente criadas em torno a ele — como não poderia jamais atender, e como eu disse aqui no blog desde o primeiro dia da eleição. Como o próprio Michael Voris, aliás, disse num vídeo clássico sobre o “sequestro do Papa” — salvo grave engano tem uma versão legendada aqui no Deus lo Vult! — poucos meses depois do conclave. Ou seja: o “fracasso” consiste justamente em que não tenham acontecido as coisas que os detratores do Papa insistem em alardear como se fossem o próprio plano de governo de Sua Santidade.

  20. Jorge,

    Se dependesse de sua visão, até hoje estaríamos sendo circuncidados. Afinal, São Pedro (o Papa) defendia posições judaizantes e São Paulo (que seria o equivalente, digamos, a “mero” cardeal) reagiu contra. Você certamente julgaria a posição de S. Paulo “um erro estratégico”, como o de D. Schneider. Você é daqueles que vão seguir o papa – quem quer que seja ela, não me refiro especificamente ao atual – até o inferno, literalmente!! No entanto, foi Nosso Senhor que se referiu a São Pedro como “Satanás” (isto é, “tentador”), mostrando-nos com clareza que mesmo aquele que era o escolhido para apascentar o rebanho tinha as suas fraquezas e não deveria ser seguido “cegamente”. Ao menos, você teve a clareza de assumir sua atitude “CLEANER”, ao dizer: “Eu não apenas não reconheço isso como o repudio com todas as forças — como qualquer mínima passagem pelo blog revela.”

    Seus argumentos são cheios de contradições, como é próprio daqueles que muito se esticam em uma ginástica de justificativas:

    1. Você diz: ” Não dá pra esperar que o Papa fique o tempo todo a referendar todos os pontos da Doutrina Católica.” DIZ A ESCRITURA: ” Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos.” (Lucas 22:31-32)
    A Escritura fala de como Pedro precisa se converter (e isso vale para todo e qualquer papa) para só então confirmar na fé os irmãos. O PAPEL O PAPA é confirmar os fiéis na fé!! É, portanto, necessário que ele repita com clareza a doutrina católica, sobretudo quando ela está gravemente ameaçada e atacada, como é o caso da doutrina sobre o matrimônio, a família e a sexualidade. Talvez você tenha achado duras as palavras de Nosso Senhor…

    2 Você diz: “Talvez o que se precise seja de diminuir essa dependência do fiel para com o Papa — obviamente, no que concerne aos elementos básicos e já definidos do Catolicismo”. Sua atitude ultra-papista demonstra o contrário. Você quer que sejamos dependentes do papa, inclusive quando ele emite opiniões ambíguas ou heterodoxas!!

    3. Você diz: “eu sustento que um Papa não pode ser herege.” Creio que você precisa comer muito arroz e feijão antes de teologizar sobre assuntos tão árduos. Seria preciso, antes de mais nada, distinguir entre o objetivo e o subjetivo, entre o formal e o material em termos de heresia. Um papa poderia defender opiniões materialmente heréticas, sem sê-lo formalmente. A coisa é muito mais complicada do que o que você diz. Seu automatismo: “defende posição herética, logo é herege” é bastante infantil…

    4. Aqueles que reagem contra o que está ocorrendo não são contra o papa e o papado. Ao contrário, amam muito o papa e o papado e por isso mesmo sofrem por ver que, ao menos humanamente, a instituição que é o papado está ruindo a passos largos desde a “primavera” conciliar.

    Aproveito para deixar um raciocínio bem estruturado seguindo as suas premissas. Pode lhe ter alguma serventia:

    Dicit Georgius:
    “um Papa não pode ser herege”.
    Um herege vai para o inferno.
    Se o papa for para o inferno, posso segui-lo,
    pois como o papa não é um herege e não vai para o inferno,
    logo, o inferno não é o inferno.
    Assim, posso segui-lo até o inferno, pois não estarei no inferno!

    Que tal? Ficou claro ou é preciso desenhar?

  21. De modo algum concordo que heterodoxia seja sinônimo de heresia. Por exemplo, é heterodoxo defender que a animação se dá depois da concepção, mas isso de modo algum é herético pois é precisamente essa a posição do aquinate sobre o assunto, ainda não definido magistralmente.

    Seja lá como for, não foi nesse sentido que escrevi e não é nesse sentido que penso.

    Quanto ao vídeo de Voris, note também que não é o mundo que avalia o pontificado de Francisco como fracassado; é ele, Michael Voris que o faz.

    Veja a comparação que Voris faz entre Francisco e Paulo VI. O mundo de modo geral acha que o pontificado de Paulo VI foi um sucesso. Quem acha que o pontificado de Paulo VI foi um fracasso são “various camps within the Church”, presumivelmente os conservadores.

    Que a fala de Voris, embora cautelosa, tem como destino principal o Papa Francisco fica evidente logo no segundo parágrafo:

    “When measure is taken of the success of leadership, a number of things are normally considered. (…) Did he [o líder] accomplish what he said he would? Did he avoid any major self-inflicted problems? Did he handle unforeseen problems that suddenly emerged on his watch in an effective way?”

    É verdade que Michael Voris não questiona a ortodoxia de Francisco. Mas ele claramente questiona sua capacidade como líder:

    “A general [Francisco] is only as good as his first officers [Rosica etc.], and here, too, may be another area of failure”.

    Os problemas que Voris em seguida comenta, e que você citou, são precisamente para provar a fraca liderança de Francisco, ainda que seja ortodoxo.

    Mas você nem sequer concede isso. Você nem sequer admite que Francisco, por sua própria loquacidade impensada, meteu a Igreja numa confusão tremenda. Chegou-se a um ponto em que você simplesmente nega a realidade.

    Fico feliz que você tenha clareado sua posição a respeito de D. Schneider. Mostra cabalmente que você está mais interessando em defender um posição, por mais louvável que seja, do que em descobrir a verdade. Suspeito também que sua opinião sobre o artigo que citei do Pe. Raymond de Souza, mostrando o que pensam os assessores próximos a Francisco, seja a pior possível.

    “Este [Francisco] não sustenta, privadamente, tese controversa absolutamente alguma.”

    Ainda bem que você é capaz de ler pensamentos.

  22. JB

    É correto chamar de ‘heterodoxa’ uma posição não condenada ou, ao menos, não definida em contrário pelo Magistério?

    Exceto a posição acerca de Nossa Senhora (que, à época não estava definida), é a primeira vez que vejo alguém chamar uma tese defendida pelo Aquinate como heterodoxa. Há outras?

  23. Sim. É exatamente essa a definição de heterodoxia. É algo que soa estranho, diferente, mas que não é frontalmente contrário ao que é tido como certo.

    Ué?! Que outro qualificativo você daria à proposição que a infusão da alma racional ocorre nos homens aos 40 dias após a concepção (e aos 80 dias para as mulheres)?

    Isso é claramente heterodoxo, pois não há nenhum teólogo conservador que defenda atualmente tal proposição, derivada basicamente das especulações de Aristóteles e com gravíssimas implicações pastorais hoje em dia.

    Não sei se há outras opiniões de São Tomás que se encaixem nessa categoria. Mas suponho que sim.

  24. JB,

    Decerto não é nesse sentido que você pensa. Mas a maior parte dos católicos não tem a sutileza intelectual necessária para evitar a passagem do seu discurso para o do Papa herege. Esta causa-e-efeito, empiricamente, é muitas ordens de grandeza mais verificável do que a dos super-alardeados frutos da ambiguidade conciliar :)

    Que a Igreja esteja “numa confusão tremenda” mostra-o a própria introdução do meu post interior — que iniciou a polêmica –, onde deploro que a mídia católica ecoe o discurso do inimigo no tocante ao Sínodo e à comunhão dos adúlteros. Por sua vez, alardear alegadas responsabilidades pela confusão é, além de inútil, potencialmente injusto. Não existe nenhuma oposição entre “defender uma posição” e “descobrir a verdade”. Afinal de contas, é verdade que incutir nos fiéis católicos o hábito de culpar o Papa pelos problemas atuais da Igreja não ajuda a Igreja a sair destes problemas, mas conduz os fiéis católicos para longe da Igreja.

    “Este [Francisco] não sustenta, privadamente, tese controversa absolutamente alguma.”

    Ainda bem que você é capaz de ler pensamentos.

    Referia-me à [falta de possibilidade de] comparação do Papa Francisco com João XXII, onde este defendeu privadamente (= como teólogo privado, em oposição a publicamente como Pastor da Igreja) que as almas dos Bem-Aventurados não gozavam de visão beatífica. Nada que o Papa Francisco tenha dito pode ser minimamente comparável ao debate que o card. Duèze comprou à sua época.

  25. Mas, Jorge, o caso é simples.

    Independente de qual seja o discurso do inimigo:

    É ou não é conforme os fatos dizer que o Sínodo “abriu as portas” (ou outra expressão que você considere mais sonante) à comunhão dos recasados?

    É uma simples questão factual.

    Diversos de nossos pastores, entre os mais ortodoxos que temos, defendem que sim. Você diz que não. Ok. Mas você não explicou sua argumentação e deplora que alguém o contradiga.

    Mutatis mutandis, o mesmo se aplica ao apoio que Francisco dá à comunhão dos recasados.

    Esqueça por um instante o discurso do inimigo:

    Se Francisco é categoricamente contra a comunhão dos recasados, como você sustenta, por que permite que esse assunto seja objeto de discussão? Essa, e muitas outras semelhantes, é uma pergunta legítima que todo o leigo informado se faz.

    Eu pelo menos não tenho conseguido ler uma resposta racional para elas que não seja num grau ou noutro desabonadora de Francisco e/ou de sua capacidade de liderança.

  26. Torre Queimada,

    Afinal, São Pedro (o Papa) defendia posições judaizantes

    Exato. Isso revela que a exigência rad-trad de que o Papa seja perfeitamente claro e inequivocamente ortodoxo em tudo quanto faz e fala está, nada surpreendentemente!, em oposição à tradição da Igreja.

    São Paulo (que seria o equivalente, digamos, a “mero” cardeal)

    Provavelmente um pouco mais. De qualquer modo, muitas ordens de grandeza acima de leigos anônimos na internet. Há um vídeo do Michael Voris falando disso: se você quiser criticar o Papa, seja primeiro como Sta. Catarina de Sena. Aí, e só aí!, você adquire o direito de questionar o Romano Pontífice. A idéia de que seja possível haver uma miríade de auto-considerados santos cujos atos de heroísmo e virtude esgotam-se na malhação pública do Vigário de Cristo, quando você percebe, é, além de profundamente estúpida, estranha ao Catolicismo.

    É, portanto, necessário que ele repita com clareza a doutrina católica, sobretudo quando ela está gravemente ameaçada e atacada,

    Sim, e ninguém pode afirmar que a posição católica a respeito do assunto seja desconhecida nos dias de hoje.

    Decerto você não leu a homilia do Papa Francisco na abertura do Sínodo, porque a sua cognição seletiva só o permite reter, do vigário de Cristo, aquilo que é desabonador. Mas leia-a, quando tiver um tempo. Só um excerto:

    Neste contexto social e matrimonial bastante difícil, a Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade, na verdade e na caridade. A Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade ao seu Mestre como voz que grita no deserto, para defender o amor fiel e encorajar as inúmeras famílias que vivem o seu matrimónio como um espaço onde se manifesta o amor divino; para defender a sacralidade da vida, de toda a vida; para defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente.

    A Igreja é chamada a viver a sua missão na verdade que não se altera segundo as modas passageiras ou as opiniões dominantes. A verdade que protege o homem e a humanidade das tentações da auto-referencialidade e de transformar o amor fecundo em egoísmo estéril, a união fiel em ligações temporárias.

    Mas você não quer saber disso. Não importa o quanto o Papa pregue com clareza a Doutrina Católica, você só enxerga aquilo que entende como não perfeitamente capaz de expressar a Doutrina Católica.

    Ah, esta homilia rendeu manchete positiva da mídia secular:

    http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/papa-defende-casamento-indissoluvel-em-abertura-do-sinodo-dt6qu8w17ucid780hndugrlrw

    Mas você não vê nada disso. Para você, nada que o Papa faça nunca será bom o suficiente. É triste.

    Você quer que sejamos dependentes do papa, inclusive quando ele emite opiniões ambíguas ou heterodoxas!!

    Claro que não. Quem defende que a Doutrina Católica seja dependente das opiniões dos pontífices são, exatamente, os que acham que todo e qualquer suspiro papal deva ser perfeitamente claro, livre de vagueza e de ambiguidade. É somente por acharem isso que ficam no rasgar de vestes histriônico sempre que o Papa não lhes parece suficientemente católico.

    Eu defendo precisamente que a Doutrina Católica independe dos atos isolados dos Papas e, portanto, julgar aquela à luz desses é um erro hermenêutico que deve ser combatido e não aceito.

    Creio que você precisa comer muito arroz e feijão antes de teologizar sobre assuntos tão árduos.

    Falou o Empanturrado…

    Meu querido, há anos que eu escrevo sobre a possibilidade do Papa herege aqui no Deus lo Vult!, inclusive antes do Papa Francisco. Portanto você pode me acusar de muitas coisas, mas não de ter alterado o meu discurso em “respeito humano” ao Card. Bergoglio.

    Antes, portanto, de vir pontificar sobre a ignorância alheia, faça o favor de usar a Google Search da coluna direita do blog para se informar minimamente sobre o que já se discutiu por aqui. Por exemplo, eu certa vez escrevi a seguinte passagem:

    Faço um adendo: a heresia pode estar – e, na minha opinião, está de fato – abundantemente disseminada na Igreja neste sentido: membros da Igreja, heresia material. Mas isso não conta para o Papa; não me parece razoável postular que o Papa possa proferir uma heresia material inadvertidamente, salvo algum caso absurdo de perda da razão ou de eleição ao Trono de Pedro de um católico qualquer que já professava heresias materiais desde sempre. Não sei se uma “Ignorância Doutrinária Invencível” para o Sumo Pontífice é uma impossibilidade teológica, mas é sem sombra de dúvidas uma enorme inverossimilhança[.]

    Sabe quando foi isso? 6 anos 9 meses 6 dias atrás! O Cardeal de Buenos Aires nem sonhava com o sólio pontifício! Que tal informar-se um pouco primeiro antes de acusar os outros de precisarem se informar?

    Aproveito para deixar um raciocínio bem estruturado

    Temos conceitos bem diferentes do que significa “raciocínio bem estruturado”. Isso explica muito das suas intervenções aqui no blog… poupe-nos do desenho! Se a escrita já é assim, não quero nem imaginar as habilidades pictóricas…

  27. JB,

    É ou não é conforme os fatos dizer que o Sínodo “abriu as portas” (ou outra expressão que você considere mais sonante) à comunhão dos recasados?

    Abriu, voz ativa, que confere ao Sínodo (p.ext. aos Padres Sinodais) a intencionalidade de permitir que adúlteros comunguem, não, não é conforme os fatos.

    Que os inimigos da Igreja utilizam-se do “fenômeno Sínodo” para propagar — ilegitimamente — sua vontade de violar a lei de Deus, sim, é conforme os fatos.

    Se Francisco é categoricamente contra a comunhão dos recasados, como você sustenta, por que permite que esse assunto seja objeto de discussão?

    Não sei. No quê esta pergunta — cuja resposta não pode ser senão especulativa — ajuda minimamente a Igreja a sair da “confusão tremenda” em que se encontra?

  28. Se não é conforme os fatos, nesse caso então, Jorge, dizer que D. Schneider cometeu um “erro estratégico” é eufemismo. Se o sínodo não abriu as portas à comunhão dos recasados, o erro de D. Schneider é portanto de base factual e não de estratégia.

    D. Schneider, segundo sua interpretação do texto sinodal, cometeu um erro fundamental e gravíssimo ao escrever em seu artigo que “montaram uma bomba-relógio pela abertura da porta dos fundos para a admissão de divorciados recasados à Sagrada Comunhão”.

    É um erro espantoso para um bispo que goza de tão boa reputação entre os conservadores. E o pessoal do IPCO, apesar de cultos e bem informados, também não perceberam esse erro. Melhor avisa-los.

    Você poderia por gentileza indicar-me algum artigo autoritativo que corrobore sua tese, a saber, que o Sínodo NÃO abriu a possibilidade da comunhão aos recasados?

    Uma resposta convincente àquela pergunta, ainda que especulativa, é fundamental se queremos convencer racionalmente alguém de que o Papa Francisco é ***contra*** a comunhão dos recasados, o que diminuiria a confusão.

  29. “Este não sustenta, privadamente, tese controversa absolutamente alguma.”

    O jesuíta Antonio Spadaro é bastante próximo ao Papa Francisco e é também editor da Cilvilta Cattolica, considerada o órgão oficioso do Vaticano. Spadaro publicou há poucos dias (a data oficial de publicação é 28/11) um artigo em que diz:

    “The Ordinary Synod has thus laid the bases for access to the sacraments, opening a door that had remained closed in the preceding Synod.”

    http://www.laciviltacattolica.it/articoli_download/extra/SINODOXIV.pdf

    Será possível que o Pe. Spadaro desconheça e contrarie tão abertamente assim o pensamento de seu chefe?

    Não é que eu duvide de você, Jorge, mas para que a tese da ortodoxia de Francisco seja convincente é necessário responder a esse tipo de perguntas. Afinal, a Civilta Cattolica não é um jornaleco qualquer e seu editor não é um pároco de aldeia que nunca viu o papa.

  30. JB,

    Erros de fato são situações às quais todos nós, por inteligentes e bem-intencionados que sejamos, estamos sempre sujeitos. Não lhe deveriam espantar tanto assim.

    Você poderia por gentileza indicar-me algum artigo autoritativo que corrobore sua tese, a saber, que o Sínodo NÃO abriu a possibilidade da comunhão aos recasados?

    Infelizmente não. Passando rapidamente a vista pelos meus bookmarks aqui, encontrei a seguinte posição no WDTPRS, que é exatamente o que venho dizendo aqui:

    Concedo: you could give a Kasperian interpretation of this document.

    Distinguo: a Kasperian interpretation of this document does not mean that the document itself supports the Kasper Proposal.

    Of course Cardinal Kasper also interprets the Scriptures in an “interesting” way to support his thesis.

    That does not mean that Scriptures support the Kasper Proposal.

    E, se você adicionar este DISTINGUO, também não encontrei nenhum artigo autorizado que o enfrentasse e rejeitasse explicitamente. Os já citados — de D. Athanasius, do Card. Burke etc. — não o levam em consideração, até onde tenha visto.

    Uma resposta convincente àquela pergunta, ainda que especulativa, é fundamental se queremos convencer racionalmente alguém de que o Papa Francisco é ***contra*** a comunhão dos recasados, o que diminuiria a confusão.

    E voltamos a andar em círculos… Você volta a defender a mentalidade ultrapapista, para a qual o Papa dar claras e inequívocas mostras a favor da Doutrina básica da Igreja é conditio sine qua non para o sujeito aceitá-la pacificamente (!), enquanto eu estou pugnando aqui por uma outra abordagem, que reputo muito mais correta e eficiente, qual seja, a de convencer as pessoas de que os silêncios dos Papas a respeito da Doutrina básica da Igreja não têm o condão de lhe afetar minimamente — e, portanto, as pessoas devem, independente de qualquer coisa, obedecer à Doutrina da Igreja (que, in casu, é básica e de mil maneiras conhecida), sem ficar o tempo todo aguardando o Papa falar ou silenciar sobre ela (e, pior, em meio a mil especulações a respeito das razões secretas pelas quais ele fala ou cala).

    Será possível que o Pe. Spadaro desconheça e contrarie tão abertamente assim o pensamento de seu chefe?

    Com a ressalva de que eu apenas passei a vista sobre este artigo, SIM, óbvio!, é perfeitamente possível que qualquer sacerdote, independente da posição de autoridade em que se encontre, contrarie abertamente o pensamento de seu chefe. Basta lembrar que Kasper é cardeal desde S. João Paulo II.

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