Lutero e o orgulho de se salvar sozinho

Aproveitando o ensejo dos quinhentos anos da Reforma Protestante, penso que é oportuno voltar os olhos para Martinho Lutero. Debruçando-nos sobre os escritos do velho heresiarca, penso que é possível a nós, católicos, aumentarmos a nossa Fé — ainda que por contraposição.

Por exemplo, eu muitas vezes me pego a explicar, em aulas de catequese, que aprouve a Deus tornar-nos colaboradores d’Ele na ordem da Redenção. Isso se aplica em primeiríssimo lugar à nossa própria salvação (aqui, a frase de Santo Agostinho, tão antiga mas nunca gasta: “Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti”); aplica-se, também, à Mediação Universal da Virgem Santíssima (e, aqui, o título d’Ela, justíssimo, de “Medianeira de todas as graças”), mas se aplica também a muitas outras coisas comuns e ordinárias. A intercessão mútua é o dia-a-dia dos cristãos. Somos todos, em alguma medida, co-responsáveis pela sorte eterna uns dos outros.

Deus tem duas obras: a Criação e a Redenção. Ora, Ele não determinou que a transmissão da vida natural se desse mediante o concurso do homem e da mulher, através da relação sexual? Sem dúvidas a alma é criada diretamente por Deus, mas o corpo é transmitido dos pais. Não é o homem corpo e alma? Sem corpo, pois, não há homem. A conclusão aqui é assombrosa, mas inelutável: sem o concurso humano cessa a obra criadora de Deus.

E assim como a transmissão da vida natural — a continuação da obra criadora de Deus — não se dá sem a colaboração humana, assim também, mutatis mutandis, a continuação da obra salvífica de Deus — a redenção das almas, a comunicação da vida sobrenatural — não ocorre sozinha, exigindo também ela a cooperação voluntária dos filhos de Deus. A conclusão aqui é ainda mais assombrosa, mas não é menos certa: sem que os homens cooperem, portanto, mesmo o Sacrifício da Cruz queda estéril.

(Veja-se, é possível admitir que, no reino das meras possibilidades metafísicas, as coisas até poderiam ser de outra maneira. No entanto, não cabe a nós discutir com o Altíssimo sobre a melhor maneira de estabelecer a ordem do Universo: sim, as coisas poderiam ser de outro modo, mas o fato é que elas são assim, e a nós não compete senão reconhecê-lo, a fim de agimos conforme o que as coisas são e não o que poderiam ser.)

É este o fundamento da intercessão dos santos, é isto que justifica o múnus santificador da Igreja encarnada, é à luz dessa verdade que fazem sentido as palavras de Nossa Senhora em Fátima: “Muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e reze por elas”. Sim, Deus poderia fazer sozinho todas as coisas; não o quis, no entanto, preferindo em tudo depender da liberdade de suas criaturas.

Ocorre que Lutero não entende nada disso. Para Ele Deus faz tudo sozinho e o homem está sozinho diante de Deus, nem existe cooperação do homem com a graça divina e nem existem intermediários na relação do homem com Deus. O heresiarca simplesmente não compreende que Deus possa querer redimir os homens à força das boas obras de outros homens. Veja-se, para o ilustrar, esta reveladora passagem das 95 teses:

82. Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?

Ora, a resposta a isso é bastante óbvia. Deus não esvazia o Purgatório sozinho pela exata mesma razão que Ele não salva sozinho as almas: porque Ele quer que os homens cooperem com a salvação uns dos outros. O dinheiro, em si, não tem nenhuma relevância nesta questão, o que está em jogo é a boa obra alheia. Esta pode ser uma obra indulgenciada (como, no caso do séc. XVI, era o auxílio material para a construção da Basílica de São Pedro) como pode ser qualquer outra coisa, uma oração ardente, uma tribulação suportada com paciência, um copo de água dado a um pobre, um ponto de costura dado na roupa: se por amor de Deus, se ordenada, é meritória e tem valor salvífico para nós e para o nosso próximo.

Veja-se, o problema de Lutero não é com o dinheiro. É com a “intromissão” de um terceiro na relação entre a alma e Deus. Não é que o monge atormentado achasse que o dinheiro era uma coisa suja ou que havia muita corrupção no clero da sua época, o que Lutero não aceitava era que alguém pudesse ser salvo graças a uma boa ação de uma outra pessoa. O que Lutero achava era que as pessoas deviam se salvar sozinhas. Um dos «erros de Martinho Lutero» condenados na Exsurge Domine é o seguinte:

As almas libertas do purgatório pelos sufrágios dos vivos são menos felizes do que se elas prestassem satisfação por elas mesm[as].

Não era, portanto, pelo dinheiro. Era pela noção de “boa obra”, cujo valor sobrenatural Lutero não admitia. Era por conta dos «sufrágios dos vivos» que, na concepção tortuosa de Martinho Lutero, apequenavam os mortos que os recebiam. Era, em suma, por conta do extremo individualismo do monge alemão, incapaz de aceitar que somente as mãos estendidas de outros homens (todos pecadores) poderiam resgatá-lo da danação eterna. Alegando ter acesso direto a Deus, o que Lutero desprezava era o auxílio dos seus irmãos; sob a rejeição da intercessão dos santos estava o orgulho de pretender se salvar sozinho.

Extremada loucura. É exatamente assim que acontece com todos nós: somos levados ao Céu graças somente ao trabalho incessante de uma miríade de pessoas desconhecidas, cujas orações e sacrifícios, cujas boas obras, cujos méritos aproveitam a nós e se não fosse por eles nós sem dúvidas pereceríamos miseravelmente. Esta é a realidade que Cristo nos revelou e Lutero não quis aceitar. Esta é a Fé Cristã, à qual o pai do Protestantismo tão desgraçadamente deu as costas — arrastando séculos afora uma multidão de almas à perdição atrás de si.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

46 comentários em “Lutero e o orgulho de se salvar sozinho”

  1. E o Vaticano fazendo selo ou medalha em homenagem ao desgraçado herege Lutero. Qual torto anda o staff da nossa Igreja, não?!

  2. Juro eu já estou com nojo, mas com nojo mesmo, que nestes últimos dias depois das comemorações dos 500 anos da reforma protestante, tem havido tanta gente colocando a Igreja Católica lá em baixo, sobre tudo, alegando a Igreja Católica ter atrasado o mundo, em que países protestantes são mais avançados que os países católicos.

    Tem um tal de Voltaire Schilling, que o portal terra abriu para ele colocar suas verborragias, para detonar a Igreja Católica e só paparicar os protestantes, como se nos países protestantes, só houve avanço nas ciências, economia e na cultura e nos países católicos só houve atraso em todas as áreas, fora que vi na televisão, em um canal adventistas, quando sapeando o controle remoto da minha TV, parei neste canal, e vi um programa especial sobre estes 500 anos, e o apresentador trouxe as diferenças econômicas entre países protestantes e católico, e chegou na união europeia e a crise de 2008 e a denominação PIGS, que foram os países mais afetados naquela crise e que os reflexos dos abalos econômicos daquela época são sentidos até hoje, sendo estes países: Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia. Tirando a Grécia de maioria ortodoxa, o resto é de maioria católica, e o autor da matéria televisa deu grande enfase a isto, alegando que por serem países católicos, foram os mais atingidos pela crise, por serem justamente católicos, enquanto que países de maioria protestantes, como a Suécia e a Alemanha, não foram atingidos mas hoje estão totalmente recuperados isto por são PROTESTANTES.

    Fora que esta sigla PIIGS, lembra a palavra porco, e foi isto mesmo que o autor da matéria adventista, de uma maneira indireta, nos chamou a nós todos de católicos de porcos, e é com estas igreja que a Igreja Católica procura o ecumenismo?.
    Para mim, diante destes ataques protestantes contra nós, nos considerando de idiotas, ignorantes, estúpidos e até de porcos, o ecumenismo acabava era hoje, e selo para comemorar 500 anos da reforma protestante, não existiria nunca, mas como parece que o Vaticano quer ser tuto bona gente com todo mundo, e como em troca só recebe coice, vai levar coice por muito tempo, até cair a fixa e enxergar que com aqueles que eles tanto querem manter dialogo, são estes que querem comer os fígados de todos nós católicos.

  3. Li em algum lugar que a Reforma realmente impulsionou a criação de escolas públicas acessíveis nos países onde floresceu. Pelo menos isso na Alemanha é reconhecido. Até pelo governo, conforme pronunciamento da Chanceler Angela Merkel.

  4. Então senhor Estevão Rodrigues, o senhor acredita que tudo que escrevi acima do que os protestantes pensam de nós católicos, está correto?.

  5. Senhor Sidnei, eu não disse que acredito nisso. APENAS estou retratando o que li apoiado em fatos HISTÓRICOS… sobre a EDUCAÇÃO… os jesuítas da Companhia de Jesus também foram poderosos educadores na época das colônias portuguesas e espanholas, até serem perseguidos e extintos pelos respectivos governos…

  6. O desenvolvimento econômico e material tem várias causas, uma delas é sem dúvida a religião. Eu não vejo muitos problemas em aceitar, ao menos parcialmente, a tese weberiana da prosperidade protestante. Penso mesmo que devemos nos orgulhar de uma religião que não traz aos seus aderentes prosperidade material. Penso ser um indício de valor espiritual.

    Por outro lado, a crise que a Igreja atravessa desde o Vaticano II é uma leve brisa comparada com a que crise que assolou o protestantismo desde o início do século XX. Por mais decadentes que sejam, os PIIGS ainda são muito mais religiosos que os povos sub-Cristianizados do norte da Europa.

    E qualquer pessoa bem informada e de mente sadia sabe que é muito melhor viver nos PIIGS, com crise ou sem crise, que na luterana Escandinávia, onde metade da população adulta prefere morar sozinha, por mais elevados que sejam seus IDHs. Não é uma questão de clima. É uma questão de estilo – ainda católico – de vida.

    O protestantismo seguiu seu curso lógico no norte da Europa e, com toda a sua riqueza e prosperidade, é hoje uma religião em extinção nessa parte do mundo.

  7. JB, o Conde (Leonardo Bruno) tem videos desmascarando essa palhaçada da tese weberiana. O Leonardo mostra como as pessoas que mencionam o livro “A Ética protestante e o espírito do capitalismo” NÃO leram realmente o livro.

    O Conde fala aquilo que muitos fingem não ver do que realmente se trata o livro de Max Weber.

    [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=HCVb_mCc_iE&w=676&h=411]
    [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=pF1pSuGnTz4&w=676&h=411]
    No caso das escolas públicas como foi mencionado aqui, mostra como o protestantismo criou na essência a burocracia do Estado que nós temos hoje.

  8. Renato: então você é contra a educação pública gratuita E de qualidade (como existe nos países avançados)???

  9. Complementando: o problema não está na “burocracia do Estado”… não sou contra a participação do Estado (até certo ponto) na vida da população, sou sim contra a CORRUPÇÃO, o DESVIO DE RECURSOS… criticam os tais “países nórdicos”? Sim, lá eles pagam impostos altos, e praticamente NÃO RECLAMAM… sabem por que? Porque sabem que lá eles vão quase que 100% RETORNAR para eles, em forma de educação & saúde gratuita e de qualidade. Lá os políticos até ganham bem, mas pagam tudo DO PRÓPRIO bolso, suas viagens também, muitos vão DE BICICLETA para o serviço… podem imaginar isso no nosso pobre país? E para os que criticam: vejam em quais regiões do país existam as éreas mais desenvolvidas, e vejam de QUAIS regiões os imigrantes que primeiros colonizaram estas regiões vieram… tivemos muitas áreas colonizadas por imigrantes ALEMÃES protestantes, assim como tivemos muitas áreas colonizadas por imigrantes ITALIANOS católicos… portanto essa coisa de que a “burocracia do Estado” é uma coisa “maléfica” não tem NADA a ver com religião… e se tiver?

  10. Caro Renato:

    Li o livro de Weber muitos anos atrás e assisti agora ao vídeo.

    Acho que você equivocou-se. Em nenhum momento, Leonardo Bruno “desmascara essa palhaçada da tese weberiana”. Pelo contrário, Leonardo Bruno APROVA as teses de Weber!!

    O que Leonardo Bruno faz em seu vídeo – e faz muito bem – é criticar aqueles que, sem ter lido Weber, imaginam que seu livro é um elogio ao protestantismo. Quem leu, sabe que é exatamente o contrário.

    Além disso, embora não seja o tema central do vídeo, o Leonardo Bruno confirma a relação entre protestantismo e prosperidade material, que é precisamente o ponto de minha primeira postagem. Assista ao vídeo entre os cinco e seis minutos.

    Caro Estevão:

    Eu sou contra a educação pública e gratuita que existe nos países avançados. Acho que a educação pública e gratuita só justifica-se em países pobres, como o nosso.

    Sociedades pobres não têm como organizar-se sozinhas de maneira eficiente para prover a educação de seus filhos. Nesses casos, torna-se necessário alguma ajuda estatal. Por outro lado, em sociedades ricas, que possuem capacidade de auto-organização, a educação pública estatal deveria ser paulatinamente substituída pela educação particular, começando pelas universidades, o que talvez diminuísse a eficiência do sistema, mas aumentaria a diversidade e a liberdade de pensamento. Tornaria a sociedade menos eficiente, mas mais forte e saudável.

  11. Caro JB: em primeiro lugar obrigado por comentar educadamente. Gosto disso! ;)
    Quanto à sua opinião sobre a educação: até pode ser. Mas isso levanta outras questões: geralmente países pobres o são principalmente por causa da corrupção nos seus governos, o que provoca uma desigual distribuição de renda. Como equacionar isso? E pelo que estou entendendo você defenderia então uma menor intervenção do Estado na educação, correto? Isso se aplicaria a outros campos como por exemplo, a religião? Apoiaria que cada universidade, escola, etc. ensinasse suas crenças (ou a falta delas)? Em prol da diversidade e liberdade de pensamento? Apenas curiosidade mesmo… abraços!

  12. Caro Estevão:

    Hoje em dia, como o debate político está dominado por liberais e socialistas, a posição dos católicos acaba resvalando para um lado ou outro. Na verdade, contudo, essa é uma falso dicotomia. Ambos, liberalismo e socialismo, são correntes nascidas em oposição ao pensamento tradicional e, por isso, contêm não poucas doses de anti-catolicismo, mesmo quando em suas versões mitigadas.

    A doutrina social da Igreja tem como princípio a subsidiariedade. Isso significa que o Estado não deve fazer aquilo que a sociedade é capaz de fazer por si mesma. Mas significa também que o Estado tem que, em prol do bem comum, intervir onde e quando a sociedade for incapaz de atuar por si mesma. Em países pobres, por exemplo, se o Estado não investir em educação, ninguém mais o fará.

    Por isso, defendo o investimento público em educação na África ao mesmo tempo que critico o investimento público em educação na Europa. O Brasil fica a meio caminho. Liberais e socialistas, por sua vez, querem uma solução única para realidades muito diferentes.

    (Veja bem: não é que os europeus não devam investir em educação. É claro que devem. Mas devem fazê-lo através da sociedade (fundações privadas, associações particulares, etc.) e não através do Estado.)

    Religião e educação não são a mesma coisa. Só há um Deus, logo só há uma religião verdadeira. A educação é vária. O método que funciona para um não necessariamente funcionará para outro.

    Uma sociedade que tenha vários sistemas educacionais e diversos modelos de escola disponíveis, onde os pais podem livremente escolher o que acham melhor para seus filhos, inclusive optando por não matricula-los em nenhuma escola, é provavelmente uma sociedade saudável. O mesmo não se aplica à religião. Uma sociedade que trata de modo igual o Verdadeiro e o falso, é uma sociedade doente.

    Por isso, é dever do Estado, na medida do possível e do aceitável pela sociedade que o mantém, promover e sustentar a religião verdadeira em detrimento das outras.

  13. FIQUEM OS PROTESTANTES COM O $enhor deu$ E PREFERIREMOS O SENHOR DEUS DE ISRAEL, A N SENHOR JESUS CRISTO E A SS VIRGEM MARIA – FAÇAM BOM PROVEITO!
    A Sola Scriptura et sola gratia et sola fide e o pecca forte et crede fortius nas consequências da percepção luterana de uma fé católica relativizada levam à negação do livre arbítrio, à inovação dogmática dos sacramentos, à rejeição da missa como sacrifício de N Senhor Jesus Cristo na cruz, à negação do sacerdócio ministerial, com a demolição do magistério e da hierarquia da Igreja, à demonização do papado!
    Assim, Lutero reduziu sua igreja incipiente a um grupo de humanistas adotando um cristianismo atualmente incensado pela relativista TL e mais grupos que utilizam um cristianismo de laboratorios de engenharia social, reformulado a um mero social-fraternalismo de cunho ideológico e de nenhuma transcendencia!
    S Pedro Canisio: “Abomino Lutero, detesto Calvino, amaldiçoo todos os hereges; não quero ter nada em comum com eles, porque não falam nem ouvem retamente, nem possuem a única regra da verdadeira Fé proposta pela Igreja una santa católica apostólica e romana”.
    Que contraste hoje em dia nesse ecumenismo que nos pareceria sincretismo religioso, um “vale-tudo” com sacrificio da fé católica para hereges, como se fôssemos nós que tivéssemos saído do perverso protestantismo!
    O Pe Pio de Pietrelcina – hoje, São Pio – calculemos se estivesse entre nós de como estranharia com a entronização de Lutero, além de que seus asseclas nada oferecem em troca de tanta atenção especial da Igreja católica para com esses hereges, como se eles merecessem tanta deferencia!
    Além do mais, compartilhar com os cultos profanantes dentro da Casa do Senhor Deus com seus sequazes, tomar parte com hereges seria péssimo a partir de: “Entretanto, agora vos escrevo para que não vos associeis com qualquer pessoa que, afirmando-se irmão, for imoral ou ganancioso, idólatra ou caluniador, embriagado ou estelionatário. Com pessoas assim não deveis sequer sentar-se para uma refeição, 1 Cor 5 11.
    Disse Pe Pio em certa oportunidade: “Não sabeis que o protestantismo também possui um fundador sobrenatural? Sabeis agora, trata-se de um anjo, e seu nome é Lúcifer”..
    .

  14. Senhor Estevão Rodrigues, parabéns por ser imparcial, que bom se todos os protestantes fossem assim.

    JB, da minha parte também não importo que países protestantes sejam mais desenvolvidos que os países católicos, embora, para mim isto é um falácia, haja vista que também há países católicos desenvolvidos como há países protestantes não desenvolvidos, porém, para mim, o desaforo maior, não é os protestantes se vangloriarem sobre isto, para mim o desaforo maior, são os dirigentes da Igreja Católica, comemorar estes 500 anos da reforma protestante, com os protestantes, lançado até selo comemorativo por parte do Vaticano, e ainda temos que engolir estes ataques velados, com luvas de pelica, conta nós, ou será que ninguém é ingênuo o bastante, para não acreditar, que com isto os protestantes estão nos rebaixando a nós católicos, como seres atrasados e ignorantes, não só no campo religioso, como também no campo econômico e até cientifico?.

    “Há mais a matéria passou em um canal adventista, e portanto, isto é opinião deles!”
    Ledo engano, mesmo aqueles que dizem isto, se for protestante, no fundo no fundo, eles aplaudem tal matéria, pois todo protestante se hajam superiores aos católicos e todas as demais pessoas do mundo, salvos, abençoados por DEUS, enquanto o resto, já estão todos no inferno, pode vir um protestante dizer que isto não corresponde ao que eles creem, mas está na cara quando fazendo um matéria como esta apresentada por esta TV adventista, que é isto mesmo que eles pensam de nós, por isto não concordo, sob aspecto de maneira nenhuma, tal comemoração de católicos com protestantes, pois estes, sempre nos desprezarão, usando ou não luvas de pelicas, mas os católicos que não sejam bobos, fique espertos, lembrem das palavras de JESUS: “Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas.” (Mateus 10,16), pois prudência é o que parece faltar para muitos católicos nos dias de hoje.

  15. “tivemos muitas áreas colonizadas por imigrantes ALEMÃES protestantes, assim como tivemos muitas áreas colonizadas por imigrantes ITALIANOS católicos… ”

    Estevão Rodrigues, só uma correçãozinha, talvez não tivesse sido este sua intenção, e talvez, nem tenha sido este seu objetivo, mas, para esclarecer quem ler esta frase, nem todos os imigrantes alemães que vieram para o Brasil eram protestantes, muitos eram também católicos, sobre tudo os alemães que vieram da região da Baviera, terra natal do Papa emérito Bento XVI, portanto, para lembrar a todos, que quando se fala em emigração alemã para o Brasil, nunca é demais lembrar, que enquanto os italianos eram em sua maioria, quase esmagadoramente, formados por católicos, por outro lado, entre os alemães, haviam católicos e protestantes.

    Mas reconheço que todos tiveram seu papel no desenvolvimento do Brasil, sobre tudo na região sul do Brasil, no estado de São Paulo e do Espírito Santo, e algumas regiões dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, o que contribuiu e muito no enriquecimento não só econômico, mas também cultural e pessoal deste país.

  16. Pelo amor de DEUS!!! Vamos parar com este conversa fiada de desenvolvimento dos países protestantes! Somente para refrescar a memória de quem pensa assim:
    – A Alemanha, sim ela mesmo, quem disse que é um país protestante? Ainda hoje é um país majoritariamente católico, principalmente do centro para o sul do país (no passado esta superioridade numérica dos católicos não era tão significativa, mas ainda assim existia e existe! E ainda só para lembrar os esquecidos de plantão, o luteranismo está morrendo e o catolicismo na Alemanha predomina mais e mais, mesmo em meio ao processo secular radical que a Europa, principalmente ocidental, vive hoje em dia);
    – A rica e super-desenvolvida Áustria (outrora um poderoso império), vizinha da Alemanha (mesma raça germânica de povo, inclusive com o mesmo idioma, o alemão), só para constar esquecidinhos, é e sempre foi um país católico!!
    – O pequeno e ultra-rico Luxemburgo, também sempre foi um país católico!;
    – A Suíça, isso mesmo, a rica, próspera e desenvolvida Suíça, lugar onde o protestantismo teve uma de suas raízes com o ultra-radical João Calvino: pois bem; nem ele conseguiu transformar a Suíça em uma país majoritariamente protestante. Apesar do marasmo religioso atual da Suíça, ela continua sendo um país majoritariamente católico;
    – A Bélgica, rica e desenvolvida, sempre foi um reduto católico, até hoje (apesar também do marasmo religioso deste país, mal ao qual já me referi, e que atinge praticamente todo os países da Europa, principalmente a Europa Ocidental);
    – Até mesmo a Holanda, país onde o protestantismo realmente fez estragos ainda maiores, bem, a Holanda, por incrível que pareça ainda é, se compararmos as religiões individualmente, por denominação, expressivamente católica (o problema triste da Holanda é o ateísmo e o indiferentismo religioso hoje em dia…);
    – Bem para não falar na poderosa e rica França, da Itália… países bem desenvolvidos e sempre majoritariamente católicos (bem, a França, está indo para o buraco em termos cristãos, pois o povo é cada vez mais indiferente a religião, para não falar no avanço dos muçulmanos…).
    Portanto, vamos pensar bem nesta história de um maior desenvolvimento nos países protestantes da Europa. Tem muita gente falando e escrevendo bobagem por aí sobre isso.

  17. Estevão Rodrigues, não ouvi e nem me interessa vindo dos meios protestantes e a interpretação fajuta que eles fazem das Sagradas Escrituras.

  18. Caro Márcio:

    Acho extremamente perigoso sustentar que não há relação entre desenvolvimento econômico e religião. Isso seria como defender a irrelevância social da religião.

    Parece-me óbvio que há traços culturais que promovem a prosperidade material e há traços culturais que a retardam. Sendo a religião o principal componente da cultura, é natural que haja uma relação entre aquela e o desenvolvimento econômico.

    O modo como os católicos encaram a riqueza e a pobreza é completamente distinto do dos protestantes. Ao longo de 500 anos, isso com certeza afetou o desenvolvimento econômico de uns e de outros. Ontem, por exemplo, os católicos celebramos um dia mundial dos pobres. Nunca ouvi falar que um protestante celebrasse tal coisa. Pelo contrário, parece que muitos deles adotam uma tal de “teologia da prosperidade”. Algum efeito material deve ter entre seus adeptos.

    Como o tema é complexo e há inúmeros outros fatores, é sempre um risco fazer comparações. A influência da religiosidade de um povo sobre suas opções econômicas não era a mesma ontem e hoje, por exemplo

    Contudo, com as devidas exceções, quer se tome a Europa toda ou cada país europeu individualmente, há a nítida tendência do norte ser mais rico e mais protestante (ou mais secularizado, o que dá na mesma) e o sul ser mais pobre (ou menos rico, se quiserem) e mais católico.

    Você parece não levar em conta a influência do ambiente cultural protestante sobre a população católica dos países que cita como exemplos, como é o caso da Alemanha, Suiça e Holanda, onde as minorias católicas conviveram com a maioria protestante adquirindo dela um certo “ethos”, favorável à experimentação e aberto à novidade. O que é bom para a matéria não necessariamente será bom para o espírito. Não por acaso, o clero católico nesses países é para lá de progressista.

    O Luxemburgo, a França e a Bélgica são países maioritariamente católicos mas já eram países largamente secularizados desde o século XIX.

    A Áustria é riquíssima hoje, mas era um império decadente desde o início da Revolução Industrial. Ao longo do século XIX, o império austríaco sofreu várias pesadas derrotas militares, às mãos dos protestantes, justamente pela sua incapacidade tecnológica.

    Quanto à Itália, a região mais desenvolvida dentro desse país é justamente o norte, onde a secularização é mais sentida. E isso para não falar nas comparações Irlanda-Dublin x Irlanda-Belfast ou Escandinávia x Ibéria.

    No Brasil, por coincidência ou não, o estado mais pobre, o Piauí, é justamente o mais católico.

  19. Mandei uma postagem ontem e ainda não apareceu. Aconteceu alguma coisa?

  20. A bem da verdade os países mais desenvolvidos (do ponto de vista de IDH – Índice de Desenvolvimento Humano) são os nórdicos, “coincidentemente” os mais “ateus” do mundo (inicialmente eram maioria católica, depois protestante, depois ateístas)… seria isso uma tendência para o futuro da humanidade??? Será que não é possível conciliar religiosidade com desenvolvimento econômico? Prosperidade? Sim, eu sei: sempre haverá a eterna discussão felicidade “material” x felicidade “espiritual”, mas e os que conseguem ser felizes das duas maneiras sem ter uma “religião oficial”? E aqueles que não sentem falta da segunda? Questões muito pertinentes para o Século XXI…

  21. Caro Estevão:

    Não tenho a menor dúvida sobre a possibilidade de conciliar desenvolvimento econômico com o Catolicismo. Aliás, pode-se mesmo argumentar que desenvolvimento econômico verdadeiro e sustentável só é possível dentro de uma sociedade católica.

    Os países protestantes, de modo geral, alcançaram notáveis taxas de crescimento econômico. Contudo, esse crescimento foi possível a um custo social elevadíssimo. Países protestantes e/ou secularizados são países praguejados por divórcios, suicídios e outras doenças da alma causadas pelo individualismo que é o subproduto dessa heresia.

    Por exemplo, parece-me óbvio que, numa sociedade onde as mulheres priorizam a carreira em relação à família, o desenvolvimento econômico será maior graças à abundância de mão-de-obra. Porém, é uma sociedade condenada a longo prazo.

    O mesmo vale para o comércio que, de uns anos para cá, passou a abrir também aos Domingos. É prático e gera empregos. Mas será que é Bom?!

    Infelizmente, muitos países “católicos” deixaram-se levar pelo canto da sereia e, em troca de crescimento econômico acelerado, destruíram, em maior ou menor grau, as estruturas sociais que lhes garantiriam crescimento econômico a taxas mais lentas, mas mais estáveis.

    Recomendo fortemente a leitura de “Return to Order”, obra recente da TFP dos EUA. O livro é escrito tendo-se em mente a realidade daquele país, mas aborda como seria possível uma economia pujante numa sociedade católica.

    http://www.returntoorder.org/

  22. Caro Sr. JB;

    A sua afirmação:
    Acho extremamente perigoso sustentar que não há relação entre desenvolvimento econômico e religião. Isso seria como defender a irrelevância social da religião.
    Em nenhum momento eu sustentei isso quando contestei a tal história do desenvolvimento econômico dos países protestantes da Europa frente aos países católicos deste mesmo continente.
    Aliás nem poderia, pois se eu não reconhecesse que não há, pelo menos, alguma relação entre desenvolvimento econômico e religião, realmente, eu estaria como que a defender a irrelevância social da religião, como o senhor havia escrito, literalmente, na sua argumentação inicial. E eu não estou.
    Ora, quando comparei o status do desenvolvimento econômico e social entre alguns países europeus protestantes e católicos, eu justamente quis, ainda que de forma não tão explícita, ressaltar que existe sim esta relação, como o senhor disse. No entanto, ela sozinha não explica todo o desenvolvimento de muitos países protestantes frente a outros países católicos (pois como mencionei, muitas nações católicas são tão ricas e desenvolvidas como estes países protestantes), conforme ressaltei naquela ocasião. Até porquê, o senhor corrobora esta minha afirmação ao dizer também:
    Como o tema é complexo e há inúmeros outros fatores, é sempre um risco fazer comparações.
    De fato, dentro desta linha, mostrando que tudo isto é complexo mesmo, quem disse que todos os países protestantes europeus são desenvolvidos meu caro? Veja o exemplo da Letônia e da Estônia, outrora baluartes do luteranismo. Estes países decididamente não são e nunca foram dos mais desenvolvidos economicamente na Europa…
    Entretanto, apesar disso tudo, em outro parágrafo o senhor insiste em dizer:
    Contudo, com as devidas exceções, quer se tome a Europa toda ou cada país europeu individualmente, há a nítida tendência do norte ser mais rico e mais protestante (ou mais secularizado, o que dá na mesma) e o sul ser mais pobre (ou menos rico, se quiserem) e mais católico.
    Bem, aqui, depois do que havia escrito, o senhor, parece-me, quis contestar a minha comparação batendo na mesma tecla, que eu já havia contestado, que é a tal história do maior desenvolvimento (ou riqueza, como queira) dos países do norte europeu, protestantes (ou mais secularizado, o que dá na mesma – aqui também literalmente como o senhor escreveu).
    De fato, realçando ainda mais tudo que havia escrito anteriormente, gostaria de lembrar-lhe que os países protestantes do norte da Europa, ricos e desenvolvidos que o senhor menciona, com razão, são as nações luteranas da Escandinávia, ou seja, Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca e Islândia. Além destas, embora não sejam nações luteranas, temos a Grã-Bretanha (ou Reino Unido), formada pelos países da Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales, que embora não sejam países luteranos, são também países protestantes (ainda que em alguns casos, um protestantismo de araque, ou de conveniência a la Henrique VIII, como a Inglaterra anglicana).
    Mas e os outros países “do norte da Europa” Sr. JB?? Continuando a refrescar sua memória, eu falo da Áustria, da Bélgica, do Luxemburgo, da Suíça, da Holanda e da própria Alemanha. Bem, estas nações, segundo o senhor indica, já não são mais países majoritariamente católicos, ou mesmo francamente católicos, como a Bélgica, o Luxemburgo e a Áustria (sobre este último país, quero fazer um comentário mais a frente sobre a “pérola argumentativa” que o senhor escreveu sobre ele), mas sim países “seculares”, argumento que o senhor arranjou para justificar suas afirmações
    Francamente Sr. JB, sempre foram países católicos SIM!! E mesmo hoje, apesar do intenso avanço do secularismo na Europa, que eu reconheço, particularmente na Europa Ocidental, continuam sendo católicos, embora muitos deles, como a Holanda e a Suíça, vivam uma religiosidade já bem apagada devido ao secularismo mencionado pelo senhor (mas é importante que se diga, que no caso destes países, qualquer religião vive um período lamentável de declínio, atingindo ainda com mais força as hostes protestantes – porque será hein? – embora igrejas católicas sendo fechadas na Holanda seja um fenômeno lamentavelmente “normal” hoje em dia).
    Embora o secularismo não seja um fato novo nestes países, ele avançou e muito, depois da 2ª guerra mundial (e não no século XIX Sr. JB…). Bem antes deste período, estes países, católicos Sr. JB, já eram ricos! E isso é incontestável. Não adianta querer dizer que eles não são mais católicos, que “já faz muito tempo que são países seculares”. Por favor, não vamos violentar a história Sr. JB!!
    Finalizando, com relação a Áustria, o senhor foi profundamente infeliz ao escrever:
    A Áustria é riquíssima hoje, mas era um império decadente desde o início da Revolução Industrial. Ao longo do século XIX, o império austríaco sofreu várias pesadas derrotas militares, às mãos dos protestantes, justamente pela sua incapacidade tecnológica.
    Mas que “salada argumentativa” que o senhor usou! Então a “Áustria é riquíssima hoje” (faz tempo que a católica Áustria é rica Sr. JB…), no que o senhor concorda inteiramente com o que disse sobre este país (não dá para contestar a realidade, não é mesmo Sr. JB?). Entretanto, o senhor ao mesmo tempo que diz isso, vem me dizer que a “Áustria foi um império decadente desde o início da Revolução Industrial. Ao longo do século XIX, o império austríaco sofreu várias pesadas derrotas militares, às mãos dos protestantes, justamente pela sua incapacidade tecnológica”.
    Ora Sr. JB, as maiores derrotas militares do outrora poderoso império austro-húngaro foram justamente para nações católicas, ou seja, a França de Napoleão Bonaparte e a Alemanha (quando foi anexada na 2ª guerra mundial).
    Por outro lado, ela foi derrotada sim pela antiga Prússia protestante (este país já de há muito não existe mais como nação independente e faz parte da Alemanha há muito tempo). Uma outra “pesada derrota militar” deste império Sr. JB, e derrota decisiva por sinal, foi durante a 1ª guerra mundial (1914-1918), e diga-se de passagem, ela estava aliada da Alemanha (que também não era exatamente um país protestante…), que foram derrotadas por uma aliança de países católicos e protestantes (França e Inglaterra, somente para mencionar 2 países). Foi esta derrota que desintegrou o finado império austro-húngaro.
    Quanto as derrota militares terem sido causadas pela “incapacidade tecnológica” da Áustria, francamente Sr. JB, este país teve ao longo da história grandes cientistas, economistas, etc., e eu gostaria que o Brasil tivesse na época da época da Revolução Industrial fosse um “império decadente e incapacitado tecnologicamente” como a Áustria…
    Talvez seja por causa disso que hoje em dia, a ainda católica Áustria seja um dos países com maior IDH do mundo, com um avançado e rico parque industrial, comércio super-desenvolvido e forte, universidades importantes, além de ser um dos países com maior índice de preservação ambiental na Europa, mostrando que é possível ser rico e desenvolvido e ainda preservar com equilíbrio o meio ambiente.

    Finalmente, eu não vou falar nem da Itália e nem da França novamente com o senhor…

  23. Caro Márcio:

    Pelo tom da sua mensagem, está claro que sua paciência (e seus argumentos) acabaram. É pena. Mas vamos lá.

    Bem, se há uma relação entre religião e desenvolvimento econômico, essa relação tem que ser ou positiva ou negativa.

    Pelo que entendi de sua mensagem, você defende que há uma relação **negativa** entre Protestantismo e o desenvolvimento econômico. Ou seja, et ceteris paribus, países protestantes tendem a ser mais pobres que países não-protestantes.

    É isso mesmo o que você defende?

    O secularismo, infelizmente, não é um fenômeno pós-1945. A influência huguenote, galicana, jansenista e iluminista na França, por exemplo, já data do século XVIII. No século XIX, a França já era um país largamente secularizado. Não por acaso, o divórcio foi aprovado naquele país já em 1884. Não por acaso, a França é a pátria de Lamennais, Loisy e Dupanloup.

    >as maiores derrotas militares do outrora poderoso império austro-húngaro foram justamente >para nações católicas, ou seja, a França de Napoleão Bonaparte e a Alemanha (quando foi >anexada na 2ª guerra mundial).

    É a primeira vez que vejo a “França de Napoleão Bonaparte” seja adjetivada como católica, mas ainda ouviremos você argumentar que Napoleão, Napoleão III, Garibaldi e Cavour eram católicos. (E não eram?!)

    No início do século, os Habsburgos foram obrigados a aceitar o fim do Sacro Império Romano-Germânico. Em meados do século, estalou a guerra austro-prussiana. Os austríacos, embora fossem mais numerosos, estavam equipados com obsoletos fuzis de antecarga e foram literalmente massacrados pelos prussianos, já equipados com fuzis de retrocarga. Estes últimos não só permitiam uma cadência de tiro muito superior como também permitiam que seus soldados recarregassem suas armas deitados, enquanto os austríacos eram obrigados a ficar de pé para recarregar suas armas. As perdas territoriais que a Áustria sofreu só não foram maiores que sua perda de prestígio. Por mais avançada que fosse a Áustria, qualquer observador do século XIX perceberia que se tratava de um império decadente, comparado ao que já havia sido até o século XVIII. Não por acaso, os austríacos receberam o anschluss com risos e festas.

  24. Caro Márcio:

    Entre as grandes potências europeias do século XIX, as menos industrializadas eram precisamente as duas mais reacionárias, a Áustria e a Rússia. A Áustria era rica sim, mas sua riqueza era mais agrícola que industrial. Sua inferioridade tecnológica ficou patente na chamada Guerra das Sete Semanas em 1866.

    Embora fossem numericamente inferiores, os prussianos em apenas sete semanas forçaram os austríacos à rendição, com 50 mil baixas austríacas e apenas 10 mil baixas prussianas. Não apenas o armamento prussiano era superior. Os soldados prussianos dirigiam-se para o front de trem, enquanto os austríacos marchavam a pé. O exército prussiano já era profissional e meritocrático, enquanto o exército austríaco era aristocrático e as promoções deviam-se mais a condição de nascimento do que a mérito.

    Por suas consequências, a derrota de 1866 para a Prússia foi a pior derrota sofrida pelos Habsburgos em sua centenária história até a I Guerra. A Áustria perdeu o que lhe restava de influência sobre a Alemanha, perdeu seus territórios italianos e, ironicamente, foi forçada a aliar-se, em condição subalterna, à própria Prússia.

    Como resultado da derrota, o imperador precisou aceitar uma nova constituição para seu império. A constituição austríaca de 1867 introduziu o casamento civil, a educação pública e outras medidas modernizadoras. Em 1870, os ventos liberais já sopravam com tal força que o governo austríaco rompeu a concordada que tinha com a Santa Sé.

    Mas pior que tudo isso, foi a mudança operada no coração e na mente dos austríacos. A humilhante derrota para os prussianos protestantes fez com que os austríacos paulatinamente deixassem a sua identidade católica em segundo plano, pondo em primeiro nível o nascente pan-germanismo. Em vários sentidos, a Áustria católica deixou de existir nesse momento.

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